A “doutrina Trump” e o Brasil
Paulo Roberto de Almeida
A nova National Security Strategy de Trump para os Estados Unidos é o exato contrário do que afirma seu titulo e o oposto do que pretende o seu conteúdo.
Ela representa, simplesmente, a inauguração de uma International Insecurity Proposal, que vai tornar o mundo mais instável, mais inseguro e mais imprevisível, pois que pretende impor a sua desordem autocentrada baseada não no Direito e na Ética, mas na força e na ambição nacional, sem qualquer condição de trazer Paz e Segurança para a prosperidade comum da humanidade, como foi a intenção dos EUA de 1944-45.
Será breve, como todos os projetos inexequíveis apresentados por personalidades megalomaníacas, como são o próprio Trump e seu amigo criminoso de guerra Putin, talvez o seu mestre e manipulador.
Uma nova administração americana resultante das eleições de 2028 trará uma inevitável revisão a essa estratégia do caos proposta por um notório desequilibrado demencial.
A diplomacia brasileira, mais até do que a sua politica externa — que parece comprometida com alianças infelizes, traçadas no início do século— precisa serenamente se preparar para o pós-Trump, sabendo que a capacidade do Brasil de influenciar ou de agir nos grandes (des)equilíbrios geopoliticos mundiais é muito limitada, cabendo-nos a tarefa de pensar e de atuar nas circunstâncias “orteguianas” que são as da nossa geografia e escopo: a América do Sul. Os diplomatas são extremamente bem preparados e capazes de traçar cenários, projetos e propostas que sejam compativeis com nossa própria capacidade de projeção, sabendo que nem todos os paises da região terão um comprometimento regional que corresponda a nossos interesses nacionais e regionais: uma zona de paz e de prosperidade conjunta, visando à integração econômica e à estabilidade política com base no Direito Internacional e numa ordem moral democrática e defensora dos direitos humanos.
Quase 70 anos atrás, confrontado aos desafios do momento, o presidente Juscelino Kubitschek, assessorado por diplomatas experientes, propôs uma Operação Pan-Americana, a primeira iniciativa multilateral brasileira, que pretendia fundar um amplo programa de cooperação nas Américas, da qual resultou o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Talvez seja o caso, agora, quando a Doutrina Monroe — unilateral, mas que o Brasil e outros países da região se empenharam em multilateralizar — se transforma num monstruoso “corolário” unilateral, impositivo e baseado no poder da força, que ameaça abrir uma nova era de caos, de instabilidade e de guerras, de a diplomacia brasileira propor uma nova iniciativa regional sul-americana em tom moderado e cooperativo, sem os desafios existentes anteriormente do chavismo e do kirchnerismo, e sem pretensões a uma liderança indesejada e inexequível, mas suficientemente propositiva para iniciar um processo de consultas com outros países dispostos a superar ou contornar os problemas do momento.
O Brasil tem capacidade econômica e politica de apresentar ideias aos demais países vizinhos e iniciar um processo de consultas formais com vistas a metas modestas e possíveis.
Cabe trabalhar nesse sentido.
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 9/12/2025
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