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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Colegios militares: as sauvas freireanas rosnam - Paulo Andre Chenso

As escolas brasileiras não são o que são por acaso: é preciso muita constância no erro para transformá-las em antros de mediocridade. Esse é o resultado da aplicação da "pedagogia do oprimido" do "patrono da educação brasileira", o grande idiota Paulo Freire. Enquanto isso, os colégios militares se destacam. Os medíocres não gostam disso, como demonstra este artigo.
Paulo Roberto de Almeida 

Folha de Londrina, 15/08/2015

Escolas militares: o gemido dos medíocres


Ora, é preciso ver o programa pedagógico desses colégios antes de sair por aí falando asneiras

Paulo André Chenso 

O Colégio Militar foi criado por D. Pedro 2º em 1889, e mantido pela República. Durante 126 anos nunca se viu qualquer comentário sobre essas escolas. De repente, descobriram o filão – e como o descobriram? Simples, as escolas militares encabeçam a lista dos melhores desempenhos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), e isso, parece, incomodou alguns setores da nossa "educação civil". É como se o sucesso dos colégios militares causasse inveja aos colégios civis. São 12 colégios do Exército e 93 da Polícia Militar, com um total de mais de 30 mil alunos atendidos. Bastou aparecer na mídia o brilhante desempenho e já emergiram de suas tocas os pseudopedagogos de beira de estrada para criticar o sistema de ensino dos colégios militares. 
Na reportagem da Folha de São Paulo (12/8) afirma-se: o Colégio Militar "padroniza comportamentos", "inibe o questionamento" e "impede criar perspectiva de construção de identidade". Se durante mais de 100 anos foi assim, os colégios militares formaram uma multidão de alienados – que, no entanto, estão dando um show de desempenho. É, realmente, paradoxal. 
Sou professor há 42 anos e acompanhei gerações de alunos do nível médio, e assisti, com imensa tristeza, a deterioração do comportamento, o desinteresse, o aumento da violência, a impossibilidade de se aplicar disciplina mais rigorosa, e necessária, pois, hoje, o aluno já sabe, previamente, que não importa o que aconteça, ele será aprovado. Vi professores sendo agredidos, desrespeitados, às vezes humilhados, e por que não, abandonados pelos próprios órgãos que lhes deveriam dar apoio, como é o caso dos núcleos de ensino, com pareceres quase sempre favoráveis ao aluno. Ora, vendo tudo isso ao longo dos anos, a contínua corrupção (e corrosão) do ensino, com facilitações que chegam às raias do absurdo para justificar, alhures, que aqui não há repetências, e encerramos cada ano com alunos cada vez menos preparados. Como concordar? Alunos do nível médio que escrevem Brasil com z! Que nunca leem nada além de ridículos livrecos empurrados pelas grandes editoras - há um enorme contingente de alunos que chegam ao terceiro colegial sem ter lido um único autor clássico brasileiro. É uma vergonha! 
E agora vem a mídia e seus "especialistas" em educação tecer críticas ao único sistema, hoje, que atua na educação do jovem de forma global e completa. Ora, é preciso ver o programa pedagógico desses colégios antes de sair por aí falando asneiras como se fossem os arautos da melhor educação. Se fossem, o ensino não estaria essa tragédia. Sem contar o desinteresse absoluto do Estado, o mísero investimento feito pelo poder público. O verdadeiro abandono das nossas escolas. Dispensa comentários. 
Não vi entrevistas com os alunos, nem com os pais. Vi declarações, sim, de pessoas que parecem ignorar a real situação de nossas escolas. Ninguém mencionou na imprensa se os milhares de alunos desses colégios militares gostam ou não. É explícito nos regulamentos: caso o aluno não se adapte à disciplina militar, é imediatamente transferido para colégios civis. Ninguém é obrigado a estudar lá. E mais, para estudar nesses colégios, participa-se de um concurso na qual a média de candidatos chega a 22 mil! Será que é mesmo tão ruim, ou são nossos "pedagogos" que estão impregnados com as ideias "supermodernas" introduzidas na educação brasileira nos últimos anos?

PAULO ANDRÉ CHENSO é médico e professor em Londrina

 

Academia.edu Analytics Premium: premiando com um bocado de visitas - Paulo Roberto de Almeida

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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Brasil: o gigante para sempre adormecido - Monica De Bolle

A cama de Oblomov

O Brasil é um Estado relativamente jovem mas, como o personagem icônico do século XIX, falta-lhe vontade

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Monica de Bolle

17 Agosto 2016 | 05h00

Oblomov, personagem icônico do século XIX e do escritor russo Ivan Goncharov, é jovem, mas lhe falta vontade. Sedentário, passa seus dias prostrado na cama recebendo visitas e exalando preguiça. É da cama que toca seus negócios, e na cama que passa as primeiras 50 páginas do livro, quando, por um breve momento, levanta-se para sentar na cadeira em ato de surpreendente dinamismo. Dura pouco. Logo Oblomov está de volta à cama vendo a vida passar e seus negócios indo de mal a pior. Nem mesmo a notícia de que parte de seu patrimônio está em estado precário e de que é preciso viajar para tomar algumas decisões a respeito de suas finanças consegue demovê-lo de seu maior desejo – permanecer inerte.

O Brasil é um Estado relativamente jovem mas, como Oblomov, falta-lhe vontade. Vontade de se levantar e implantar as inúmeras reformas necessárias para que o País saia da inércia. Reformas amplamente discutidas e detalhadas no novo livro de Felipe Salto e Mansueto Almeida, coletânea que esmiúça a história e os rumos futuros de nosso Oblomov. Como argumentam os economistas na introdução do livro, não foi fácil fazer Oblomov sair da cama para a cadeira: “O caminho percorrido pelo País na busca por instituições fiscais sólidas foi penoso. Deu trabalho extinguir os laços entre o Banco Central e o Banco do Brasil, criar a Secretaria do Tesouro Nacional para gerir a dívida pública, promover a renegociação da dívida dos Estados, elaborar e aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal”. Contudo, como para o protagonista russo, houve período breve de dinamismo incontestável, sobretudo quando da criação das condições para a adoção do Plano Real nos anos 90. Infelizmente, Oblomov voltou para a cama em 2009 com as numerosas práticas fiscais de caráter duvidoso, hoje conhecidas pela alcunha de “contabilidade criativa”. Que a cama de Oblomov tenha se tornado mais robusta com o uso desenfreado dos bancos públicos durante os anos Dilma, sendo assim capaz de aguentar o peso crescente de seu ocupante parrudo, não é segredo. No entanto, para os interessados em compreender as minúcias do que levou o País à crise aguda de Oblomovite que hoje se observa, o livro de Salto e Almeida é leitura fundamental.

Dizem os autores: “O duro golpe do lulopetismo sobre o arcabouço político e institucional trouxe o País ao quadro de descrédito que hoje dita os rumos da economia, independentemente das ações do governo. A falta de credibilidade do governo é tal que todos os anúncios e promessas são vistos com desconfiança e todas as práticas de contabilidade criativa se tornaram uma herança maldita para o período 2015-2018, dificultando o ajuste fiscal”. Estão cobertos de razão.

A exacerbação de modelo político calcado na troca de favores e a desconstrução institucional não mais permitiram que Oblomov saísse de berço esplêndido. Continuamos a observar o mesmo quando a equipe econômica de Temer tenta emplacar, sem sucesso até o momento, propostas de reformas cujo objetivo principal é extinguir os mecanismos que permitem a lassidão, desmontar o leito para que dele o Estado brasileiro não possa mais se valer, eliminar a preguiça eterna de consertar as contas públicas.

“Finanças públicas: da contabilidade criativa ao resgate da credibilidade” explica com rigor analítico as origens do Brasil Oblomoviano, o efêmero flerte com a maior agilidade e dinamismo, a volta para o berço e o inchaço resultante, e os caminhos para não morrer de Oblomovite, como padece o protagonista de Goncharov ao final do livro.

Acreditar que o Brasil vai crescer mais logo, logo, é só aguardar – conforme anda-se lendo por aí – é caminho certo para infectar-se com inércia tão inerte que dela já não é possível sair. Entender porque o Brasil chegou a esse ponto e como dele se livrar não sem algum considerável sacrifício à sociedade é imprescindível para que seja possível retomar o debate – não o debate raivoso e inútil que tem sido a prática no País, mas o debate construtivo que leve a algumas soluções.

O caminho é árduo. Afinal, é nas finanças públicas que a política e a economia se entrecruzam, como o livro de Salto e Almeida tão bem documenta.

*Economista, pesquisadora do Peterson Institute For Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University.