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sábado, 18 de maio de 2024

A Primeira Vítima: as noticias falsas na tragédia do RS - Meio, edição especial

 A Primeira Vítima

Meio, edição especial

18 de maio de 2024

O tema desta edição é desinformação. Em meio à catástrofe do Rio Grande do Sul, grupos da extrema direita se mobilizaram para criar uma nova onda de campanhas de fake news ligadas à tragédia gaúcha. Ações como essas não surgem ao acaso, são coordenadas. Quem quer ganhar vantagem política ao custo de vidas? Quais podem ser as motivações dos grupos que querem criar notícias falsas que impeçam o socorro a vítimas e coloquem em xeque as iniciativas solidárias? E como diferenciá-las de distorções ou de meras críticas legítimas a autoridades e figuras públicas? Essas são as perguntas que norteiam a reportagem. Decidimos distribui-la a todos os assinantes, premium e gratuitos, por entender que a desinformação é um problema que impacta a sociedade como um todo, sobretudo em ano eleitoral. Portanto, debater esse tema com seriedade, trazendo informações confiáveis, é fundamental para preservar o debate democrático, um valor que estrutura nosso pensamento aqui na redação. Como jornalistas com anos experiência, sabemos o quanto custa produzir informação de qualidade, único antídoto para as fake news. E não só em dinheiro, mas em trabalho, nas horas e horas gastas com apuração e checagem de informações. Esta reportagem de hoje que você que não é assinante premium pode experimentar é uma amostra da produção exclusiva que fazemos todos os sábados. Quer ajudar no combate à desinformação? Assine o Meio, e contribua para a produção de um jornalismo a serviço da democracia. Os editores.

Edição de Sábado: A primeira vítima

Por Guilherme Werneck e Luciana Lima

No Palácio do Planalto, o alerta vermelho de que era preciso uma operação robusta da comunicação para combater notícias falsas sobre as cheias no Rio Grande do Sul acendeu na segunda-feira, 6 de maio. Nas redes, as atenções dos usuários estavam divididas entre dois impactos: conservadores estavam indignados com as cenas sensuais do show da cantora Madonna na Praia de Copacabana, que havia ocorrido na noite de domingo. Também todos assistiam, com perplexidade, aos vídeos divulgados da cheia do Guaíba, inundando Porto Alegre e a região metropolitana da capital gaúcha com as águas que já haviam causado estragos na região serrana do Rio Grande do Sul.

A notícia que preocupou o governo unia esses dois mundos. E inundava o Facebook e o Instagram. A narrativa era de que o governo federal, por meio da Lei Rouanet, havia patrocinado o show da Madonna e, por isso, deixado de enviar recursos para os gaúchos. Imagens mostravam cidades inteiras submersas, a estátua da liberdade da loja da Havan coberta pela metade, pontes e estradas se rompendo e gerando comoção no país. Não se imaginava no governo, no entanto, que isso seria o ambiente ideal para uma nova onda de produção de fake news “em escala industrial”, como classificou um servidor da comunicação da Presidência da República.

Quando a praia carioca recebeu a rainha do pop, a tragédia gaúcha não tinha uma semana. Lula havia visitado o Rio Grande do Sul no dia 2 de maio, na quinta que antecedeu o show. O presidente também havia dado início a articulações com os três Poderes da República, para viabilizar recursos, sem medida, fora do alcance da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ao se deparar com a falsa notícia do financiamento da festa de Copacabana com recursos públicos, Paulo Pimenta, ainda no comando da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, estava no estado, na companhia do ministro da Integração Regional, Waldez Góes. Pimenta ordenou imediatamente um esforço máximo de sua equipe em Brasília para desmentir a enxurrada de notícias falsas. O ministro também decidiu gravar um vídeo para ser divulgado nas redes do Planalto. “Desde aquele momento, estamos 24 horas no trabalho de identificar e desmentir notícias falsas que envolvam o governo e o Rio Grande do Sul”, disse ao Meio, um interlocutor do Planalto.

Acontece que, no meio dessa imensidão de mentiras puras e simples, houve também muita confusão, insegurança e crítica — cada modalidade com sua dose de legitimidade. Num cenário absolutamente caótico como o que se instalou no Sul, com áreas inacessíveis e cada cidadão com um celular na mão, as (poucas) informações que circulam não vêm depuradas. Resultam da percepção momentânea, do temor, do desamparo. Quem está atuando de má-fé se aproveita desses momentos para avançar sua agenda — no caso da extrema direita, normalmente de descrédito das instituições e de fomentação de mais caos. Quem está na defensiva, por sua vez, pode acabar desqualificando preocupações e leituras autênticas, taxando tudo de falso ou de parte do mesmo movimento.

É justamente nessa sutileza entre o que é inverdade bruta e o que é distorção ou mera desaprovação que os mal intencionados prosperam. Não raro, eles pegam um fato verdadeiro, em que um cidadão pode ter feito uma reclamação perfeitamente plausível, e aumentam ou desvirtuam um pedaço dele, divulgam com tom de indignação e pronto. Uma meia verdade se torna uma fake news inteira. O governo federal foi um dos alvos preferenciais das notícias falsas. Não foi o único. Militares entraram na dança. Influenciadores. Cientistas. Jornalistas. Pessoas vulneráveis, com desejo de encontrar culpados por suas mazelas e com razões mais que aceitáveis para estarem indignadas mesmo, embarcam na onda.

A operação de guerra do Planalto

Ao começar a busca por notícias falsas, por perfis hostis ao governo, o Planalto se deparou com um “ecossistema de destruição”, termo usado por membros da equipe. A resposta precisava ser na mesma dimensão. Antes dessa guinada, um conteúdo da presidência na página da Secom “Brasil contra Fake” alcançava em média 1 milhão de visualizações, segundo exemplo citado por um palaciano. Diante da tragédia, o vídeo com o desmentido de Pimenta teve dois milhões de visualizações só no X. Quando o influenciador Felipe Neto retuitou, o ministro teve mais de um milhão de visualizações e dessa forma foi se multiplicando. “Era um assunto que realmente preocupava as pessoas”, concluiu, em reservado. Além disso, o governo passou a postar na página “Brasil contra Fake” todo conteúdo sobre o Rio Grande do Sul, o que deu subsídios para vários outros influenciadores produzirem conteúdo próprio informando sobre as ações para minimizar os efeitos da tragédia. Nesse trabalho, o governo classificou pelo menos quatro “macro-narrativas” que precisavam de respostas urgentes, tanto na comunicação quanto em ações políticas.

Uma delas se apoia na ideia de incapacidade e ausência do Estado para socorrer as pessoas. Foi nesse contexto que surgiram “notícias” de que o governo estava barrando caminhões da divisa com o Rio Grande do Sul para evitar que donativos chegassem à população. Seis caminhões foram, de fato, multados por excesso de peso. As multas foram anuladas e eles não foram retidos. Houve uma versão em que se creditava o bloqueio dos caminhões ao próprio governo do Rio Grande do Sul, o que também é falso. Uma meia verdade que passou a revolta depois de embrulhada em distorções. Houve ainda “notícias” de que o governo estava colocando sua logomarca em cestas doadas pela população civil para os desabrigados — uma ideia que, se não desmentida, acaba desmotivando pessoas que gostariam de doar.

Outro eixo identificado foi mais surpreendente. Diz respeito aos militares. Aqui, o governo enxergou um novo rancor da extrema direita, após o fracasso do golpe de 8 de janeiro. Essa ideia apareceu sob o lema “civil salva civil”. Na tese governista, pela primeira vez, a extrema direita estaria contra o Exército, que não impediu que Lula seguisse no mandato após os ataques aos prédios públicos. Alertada sobre essa narrativa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que chegou a observar filmagens de militares e agentes da Defesa Civil sendo gravados em um momento de descanso, após uma jornada extenuante de salvamentos. “Lidar com esse tipo de coisa é muito difícil. Se alguém roubou, entrou em uma casa, fez um saque, a gente chama a polícia e é um ladrão. Agora, o que você faz com o roubo da verdade? O que você faz com o roubo da decência? O que você faz com o roubo da sensibilidade?”, questionou a ministra em entrevista ao Meio.

O próprio comandante do Exército, general Tomás Paiva, tomou para si a responsabilidade de rebater a diferenciação entre civis e militares no socorro. “Estamos colocando todo mundo. Aqui não tem que ter diferença entre Exército, Marinha e Aeronáutica, Defesa Civil. Todo mundo está trabalhando nesse momento”, disse. E fez um apelo em entrevista à Globonews. “As fake news atrapalham as pessoas que estão ajudando, principalmente nossos militares, que são a grande maioria. Dos 20 mil agentes públicos que estão trabalhando aqui, aproximadamente 10 mil são do Exército. Essas pessoas têm família também, às vezes, estão deslocadas, só que não podem ir para casa. Estão dobrando três dias, quatro dias. Às vezes não têm tempo para tomar um banho”, disse o general.

Algumas narrativas parecem delírios. Principalmente as que se referem ao negacionismo climático e à ideia de que o clima é manipulado pelos seres humanos para subjugar povos. Na enxurrada de fake news monitoradas pelo governo, a teoria “HAARP” foi identificada em várias postagens. Ela atribui a antenas de um projeto científico americano chamado HAARPa responsabilidade pela tragédia, ideia totalmente rechaçada pela ciência. Num discurso menos delirante e mais palatável a quem não quer ter de transformar o próprio modo de vida, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou a tribuna para destilar negacionismo misturado a meias verdades. "Será que o que está acontecendo agora é porque emitimos mais carbono na atmosfera do que emitia-se em 1941? Não. A realidade é que cidades foram construídas, [gerando] mais asfalto, mais cimento, prédios, menos áreas de absorção de água nessa área que já é propícia a alagamentos. É o crescimento urbano desordenado.”

Outros parlamentares extremistas fizeram o mesmo, com todo tipo de assunto. Dos caminhões retidos ao fechamento de clínicas. O ministro Paulo Pimenta pediu, então, que a Polícia Federal abrisse um inquéritopara apurar a máquina de notícias falsas que passou a funcionar em meio à tragédia. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tomou a atitude de acionar a Polícia Federal. Isso provocou os bolsonaristas, que tentaram usar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, comandada pela deputada Caroline De Toni (PL-SC), para tentar emparedar o governo.

A ideia era convocar Lewandowski para prestar esclarecimentos à CCJ, sob a acusação de uso da Polícia Federal para violar a imunidade parlamentar e a liberdade de expressão nas redes sociais. A reação, porém, foi amenizada após uma reunião marcada pela equipe que cuida da relação parlamentar do ministro na pasta da Justiça e Segurança Pública, que conseguiu articular uma conversa com Lewandowski. O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) forçava levar a convocação para o ministro, que o recebeu em seu gabinete, junto com a deputada De Toni e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e passou a explicar suas funções à frente da pasta.

Lewandowski reiterou que o ministério não tem poder para mandar abrir inquérito, como eles pensavam que poderia ocorrer. O que ele havia feito foi somente encaminhar o pedido da Secom do Planalto para a Polícia Federal, tudo sem análise de mérito. Também disse que confiava na capacidade técnica da polícia para separar o que é manifestação política do que é crime e que sobre esse trabalho ele, como ministro, não tinha qualquer ingerência. Enquanto o ministro ia falando, Eduardo Bolsonaro chegou a repetir que Lewandowski nunca foi seu alvo. O filho de Jair Bolsonaro, no entanto, não disfarçou seu foco no então chefe da Secom, que assumiu agora como ministro extraordinário para gerir a crise gaúcha. “Meu alvo nunca foi o senhor, meu foco é o Paulo Pimenta”, disse o deputado durante a reunião, de acordo com interlocutores próximos do deputado. O ministro, no entanto, não esboçou reação e reforçou sua disposição em atender a um convite futuro para esclarecer sua atuação na CCJ da Câmara.

Por que agora?

O surgimento dessa nova onda de fake news não pode ser considerado fruto do acaso. O pesquisador da David Nemer, professor de Estudos da Mídia na Universidade da Virginia e especialista em desinformação nas redes sociais, é enfático ao afirmar que é impossível pensar neste nível de desinformação sem pensar no planejamento e numa agenda. “Há uma econômica e uma política. Quem está por trás das fakes news quer ter um ganho, capitalizar em cima. No Rio Grande do Sul, a gente pode definir diversas agendas que podem explicar o porquê de as pessoas estarem tão empenhadas em desinformar”, disse ao Meio

Entre as principais agendas que engajam, segundo Nemer, estão a anticlimática, que desacredita o aquecimento global, e a agenda política, já de olho nas eleições municipais que ocorrem no fim deste ano. “Lá para outubro, muita coisa que está sendo plantada durante essa tragédia vai ser reutilizada”, afirmou. Ele defende que fenômenos como esse que estamos vendo em relação às notícias do Sul não podem acontecer apenas espontaneamente. “Quando a gente tem ondas intensas de desinformação, é porque o dinheiro para as campanhas voltou”, defendeu.

Por outro lado, o filósofo Pablo Ortellado, professor de Gestão em Políticas Públicas da Universidade de São Paulo e colunista do Globo, pensa que a questão não está sendo tratada de forma adequada. “É muito difícil você separar uma campanha orquestrada de desinformação de as pessoas emitindo opinião, justamente por que essa ação política está acontecendo sobre uma indignação que é espontânea e legítima”, disse ao Meio, considerando que as ações do governo federal e dos governos locais antes e durante a tragédia no Sul podem ser passíveis de crítica.

O que Ortellado condena é a resposta do governo federal de enfrentar o problema com a criminalização, transformando suspeitas em inquéritos da Polícia Federal. O que ele defende é que a abordagem tanto do governo quanto da imprensa ao lidar com as informações falsas seja feita com mais respeito às pessoas. Sem arrogância. “Até porque tem as coisas que são claramente falsas, mas tem muitos casos intermediários, que são baseados na realidade e que sustentam essa indignação legítima. Você não pode chegar para a pessoa e falar que o que ela está dizendo é besteira”, defendeu, embora acredite que casos graves, em que esse tipo de notícia atrapalha buscas, o trabalho dos agentes públicos e até as doações, devam sim ser investigados pela polícia.

Os dois pesquisadores concordam que o atual momento é propício para a produção de notícias falsas. Nemer sublinha que tragédias como a do Rio Grande do Sul também ganham uma dimensão maior por conta de um fenômeno midiático chamado de névoa da guerra, que ocorre em territórios em que o acesso da imprensa é dificultado, como acontece hoje na faixa de Gaza, por exemplo. “Nesses territórios, embora o acesso esteja muito difícil, você tem algumas pessoas que conseguem reportar. Elas viram porta-vozes, o que lhes dá um imenso poder de informar o que está acontecendo ali no chão, mas, se essas pessoas tiverem agendas próprias, isso abre espaço para a potencialidade da desinformação”, explicou. Já Ortellado lembra que a difusão de boatos em momentos de pânico acontece desde o século 19, mas que o alcance muda com a internet.

Para Ortellado, a desinformação não pode ser vista apenas como uma tática da extrema direita. Ele usa um conceito do Berkman Klein Center, de Harvard, que vê o crescimento de um ecossistema de mídia hiperpartidário, que compreende páginas da internet, YouTube, sites de notícia e redes sociais. “É um ecossistema digital de esquerda e de direita que está veiculando informação e alimentando a militância e a cidadania engajada. O que eles fazem é abastecer as identidades políticas. De outro lado, você tem a imprensa, que teria o papel de fazer a apuração e poder fazer um contraponto aos excessos”, explicou, dizendo que no Brasil temos um sistema tripartite. “Temos o circuito hiperpartidário de esquerda, o de direita, e um outro da grande imprensa, que tem algum tipo de sobreposição com os dois, mas é praticamente um terceiro circuito. Ele até poderia fazer o contraponto, mas não consegue dialogar com os dois campos da polarização para exercer esse papel”, concluiu.

O papel da imprensa é lembrado também por Caio Cavechini, diretor da série Extremistas.br, disponível na Globoplay. "O jornalismo profissional faz um excelente trabalho em campo e nas redações, oferecendo contextualização, dando a dimensão dos estragos e, principalmente, trazendo com sensibilidade histórias dos afetados e dos que os ajudam heroicamente. Esse trabalho dos jornalistas certamente está impactando muitos leitores e espectadores e mobilizando ajuda fora do Rio Grande do Sul. Mas, como vemos, ainda não rompe com o ‘túnel de realidade’ no qual alguns dos brasileiros trafegam. Experiências anteriores diziam que grandes tragédias eram capazes de reunificar povos divididos, que na dor prevaleceria um sentimento de unidade e solidariedade. Infelizmente, isso ainda não aconteceu por aqui."

Tanto o Cavechini quanto David Nemer vêem uma diferenciação entre as redes de direita e de esquerda. Para eles, as redes de direita têm maior poder de mobilização. Parte disso graças aos algoritmos de redes sociais, que dão mais visibilidade a conteúdos que estimulam a radicalização. Nemer também lembra da primazia do WhatsApp no Brasil, e de como ele é ideal para a divulgação de notícias falsas, sem nenhum tipo de mecanismo de controle. O que Cavechini chama de radicalização que nasce do casamento do interesse político dos extremistas com a ganância das redes sociais . “A capacidade de mobilização, de aproveitar esse mecanismo, é o que mais me impressionou durante as gravações da série e é o que ainda me impressiona, com exemplos não apenas no Brasil”, disse. 

O Brasil experimentou um alto nível de desinformação nas últimas duas semanas. Em volume e em sofisticação nos métodos. Experimentou também uma de suas maiores tragédias climáticas, que deixaram as pessoas perdidas, frustradas, desesperançadas. O reencontro com a informação verdadeira, em que se distinga mais claramente o espaço de posicionamentos e reprimendas a autoridades e outras figuras públicas, é tão urgente quanto a agenda ambiental.


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