O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

sábado, 19 de dezembro de 2020

O nacionalismo fundiário é mais uma das jabuticabas malditas no Brasil: sou contra qualquer nacionalismo

 EXPRESSO

A venda de terras para estrangeiros de volta à pauta no Brasil

Senado aprovou projeto que muda as regras para a aquisição de propriedades rurais por pessoas e empresas de fora do país.

O Senado aprovou na terça-feira (15) um projeto de lei que facilita a venda de terras rurais para estrangeiros. O texto foi aprovado em menos de uma hora, como parte de um esforço dos senadores para votar várias matérias antes do final do ano. Os trabalhos no Congresso ficaram travados em parte do segundo semestre de 2020.

O projeto segue para a Câmara dos Deputados, onde a expectativa é de que seja alterado. Isso obrigaria o texto a voltar para o Senado antes de seguir para sanção presidencial. Se for aprovado sem mudanças pela Câmara, vai direto para a análise do presidente Jair Bolsonaro.

O texto aprovado pelos senadores havia sido elaborado em 2019, e passou a maior parte de 2020 engavetado. O assunto da venda de terras para estrangeiros é alvo frequente de discussão em Brasília.

O que diz a legislação atual

A lei que atualmente regula a venda de terras para estrangeiros no Brasil data de 1971. Ela foi publicada no governo de Emílio Garrastazu Médici, em um contexto de críticas às vendas de terrenos por órgãos públicos e grileiros para estrangeiros.

A lei que vigora permite – com restrições – a compra de terras por: empresas estrangeiras autorizadas a operar no Brasil; pessoas físicas estrangeiras que moram no Brasil; e companhias brasileiras com maioria do capital social vindo de fora do país. Isso significa que empresas que não são autorizadas a atuar no Brasil e estrangeiros não residentes ficam proibidos de adquirir terras no país.

Pela legislação, as empresas de fora que podem comprar propriedades rurais no Brasil devem usar os terrenos para “projetos agrícolas, pecuários, industriais ou de colonização”. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) precisa autorizar a compra de terras de grande porte por essas companhias.

Entre as restrições impostas pela lei, está a limitação do tamanho da propriedade adquirida por estrangeiros. Esse limite é de 50 Módulos de Exploração Indefinida para pessoas físicas e 100 Módulos de Exploração Indefinida para pessoas jurídicas.

O tamanho de um módulo varia de acordo com o município em que se localiza a propriedade. A área de 100 Módulos de Exploração Indefinida equivale, no máximo, a cerca de 7.000 hectares. Terrenos com área acima desse limite precisam de autorização do Congresso Nacional para serem negociados para empresas de fora.

O texto vigente também limita a um quarto o total do município que pode ser de posse de estrangeiros. Ou seja, ao menos 75% do território de cada município rural tem de pertencer a brasileiros. Além disso, empresas de uma mesma nacionalidade só poderão ter até 10% de todo esse limite.

Por fim, a lei diz que a compra por estrangeiros de terras em “área considerada indispensável à segurança nacional” precisa ser aprovada pelo Conselho de Segurança Nacional. Esse conselho é formado pelo presidente da República – que também preside o órgão –, o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado e ministros de pastas como Justiça, Relações Exteriores, Defesa e Economia.

Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo no final de 2018 mostrou que menos de 1% do território nacional pertencia a estrangeiros naquele momento.

Como foi a evolução do debate

Ao longo de quase cinco décadas, a legislação de 1971 foi alvo de diferentes interpretações. O escopo de empresas estrangeiras às quais se aplicariam as restrições foi alterado duas vezes.

Em 1994, um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) retirou as restrições para empresas brasileiras com participação estrangeira e para empresas estrangeiras com participação brasileira. Isso facilitou as aquisições de imóveis agrícolas por estrangeiros, que cresceram ao longo dos anos seguintes.

No final da década 2000, no contexto de recessão global após a crise financeira que eclodiu em 2008, o interesse por compras de terras cresceu. As propriedades agrícolas passaram a ser vistas como investimentos seguros, não só pelo valor do imóvel mas também pelo boom de commodities que se instalava.

A presença de estrangeiros no mercado de terras rurais no Brasil ficou cada vez maior – em especial empresas chinesas. Em Brasília, circulou um temor sobre uma potencial “invasão” de fora.

Nesse cenário, a AGU voltou atrás em seu entendimento de 1994. Em 2010, um novo parecer do órgão fez com que as restrições às compras de terras por estrangeiros voltassem a valer. Portanto, voltou a vigorar o regime que tinha durado entre 1971 e 1994. As aquisições que tinham sido feitas nos 16 anos anteriores não foram alteradas ou revisadas.

Ao longo da década de 2010, algumas tentativas foram feitas para retirar os obstáculos para a compra de propriedades rurais por estrangeiros. O debate avançou pouco no governo de Dilma Rousseff (2010 a 2016), mas ganhou espaço sob Michel Temer (2016 a 2018), que assumiu após o impeachment da petista em 2016.

Em 2018, na campanha eleitoral, Jair Bolsonaro chegou a demonstrar preocupação pela presença chinesa em “nossas terras agricultáveis”. Mas o tema foi levado ao plenário do Senado na terça-feira (15) com apoio da base do governo Bolsonaro.

O que diz o texto aprovado no Senado

O projeto de lei aprovado pelo Senado revoga a lei de 1971 e instala um novo regime para a regulação de venda de terras rurais para estrangeiros no Brasil. O novo texto retira boa parte das restrições que valem na legislação atual.

O texto facilita a aquisição de propriedades rurais no Brasil por pessoas físicas e jurídicas de fora do país. A proposta também regulamenta o arrendamento – espécie de aluguel para produção – desses terrenos para estrangeiros.

A condição para que empresas de fora tenham acesso à terra brasileira é o cumprimento dos “princípios da função social da propriedade”. Esses princípios são geralmente ligados à responsabilidade social e ambiental da exploração da terra e também são exigidos de proprietários brasileiros, mas nem sempre são cumpridos.

Pelo projeto aprovado no Senado, estrangeiros não precisam pedir autorização para adquirir terras rurais com até 15 Módulos Fiscais, outra unidade de área. Assim como o Módulo de Exploração Indefinida, o Módulo Fiscal também varia de acordo com cada município e pode ter de 5 a 110 hectares.

O limite para o tamanho das terras de posse estrangeira também teve regra alterada. O máximo de um quarto do município que pode pertencer a pessoas e empresas de fora foi mantido, mas agora empresas de uma mesma nacionalidade poderão ter até 40% desse limite em cada município – e não mais somente 10%.

Por fim, o projeto mantém a necessidade de acionamento do Conselho de Defesa Nacional em alguns casos. O grupo tem de aprovar compras de terras no bioma Amazônia, por exemplo. Também de que dar aval para aquisição de terrenos por ONGs (Organizações Não-Governamentais) estrangeiras e fundos soberanos administrados por governos de outros países.

Quais os argumentos do debate

A discussão a respeito da venda de terras para estrangeiros é antiga no Brasil. Por um lado, há aqueles que defendem que facilitar a presença de empresas de fora irá ajudar a atrair investimentos externos no país. A ideia é que isso aumente a capacidade de geração de empregos e de produção de alimentos no Brasil.

Além disso, a mudança da lei de regulação de venda de terras é vista como uma forma de reduzir a insegurança jurídica no país. Isso porque o histórico da legislação mostra como há diferentes interpretações possíveis sobre a aquisição de propriedades por estrangeiros – uma nova lei definitiva reduziria as margens de diferentes leituras.

Do outro lado do debate, quem critica a maior facilidade para a compra de terras costuma argumentar que isso pode levar a um aumento da demanda por propriedades rurais, o que pode encarecer o preço da terra. Com a terra mais cara, os alimentos também podem ficar mais caros – o que seria especialmente grave no contexto de alta inflação de alimentos na virada de 2020 para 2021. Usando esse argumento, senadores opositores afirmaram na terça-feira (15) que a instalação de empresas estrangeiras exportadoras de alimentos será prejudicial à segurança alimentar no país.

A oposição também criticou a atuação do Conselho de Defesa Nacional para aprovar a aquisição de terras. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que o texto aprovado na Casa não define regras e procedimentos claros para as reuniões do conselho. Ainda afirmou que o órgão quase nunca se reúne, dada a necessidade de presença de vários ocupantes de cargos de alto escalão.

Um dos argumentos mais usados contra a permissão da venda de terras para estrangeiros é o da soberania nacional – o que segue a mesma linha de raciocínio da fala de Bolsonaro em 2018. A ideia é que a maior presença de empresas e pessoas de fora iria contra os interesses do país, que teriam maior poder sobre a produção agrícola nacional. O relator do projeto no Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), negou que o texto seja uma ameaça à segurança brasileira.


Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/12/17/A-venda-de-terras-para-estrangeiros-de-volta-%C3%A0-pauta-no-Brasil

© 2020 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O “buraco negro fiscal” se aproxima?

 

Paulo Guedes deixou o ministério da economia para ser o tesoureiro da campanha de Bolsonaro (Ricardo Bergamini).

 

Prezados Senhores

 

Já entrando na segunda metade do mandato, o governo Bolsonaro mantém a economia numa situação catastrófica e sem rumo. Na última semana, o Ministério da Economia finalmente fixou uma meta fiscal para 2021, depois de uma advertência do TCU, que apontou um possível crime de responsabilidade na exótica “meta flexível” que o ministro Paulo Guedes tentava emplacar. Agora, a previsão é que o rombo nas contas públicas chegará a R$ 247,1 bilhões no próximo ano, R$ 14 bilhões a mais do que o previsto anteriormente. É mais um sinal do descontrole fiscal que faz os analistas duvidarem da recuperação da economia.

 

Déficit primário

 

Guedes tinha uma meta inicial de zerar o déficit público no primeiro ano do governo. O déficit primário ocorre quando as despesas superam as receitas. Nessa conta não são considerados os gastos do governo com o pagamento de juros da dívida pública.

 

Dinheiro não aceita desaforos: seja de esquerda, ou de direita. 

 

 

 

 

cid:image001.jpg@01D6D531.071A5B90

 

 

 

 

O Cenário se deteriora

 

O presidente lava as mãos diante da explosão fiscal, do aumento da inflação e da falta de reformas. Balcão de negócios no Congresso pode agravar esse quadro

 

Crédito:  Marcelo Chello

PARALISIA Paulo Guedes não deve emplacar nenhuma grande reforma (Crédito: Marcelo Chello)

 

Marcos Strecker/ISTOÉ

 

18/12/20

 

Já entrando na segunda metade do mandato, o governo Bolsonaro mantém a economia numa situação catastrófica e sem rumo. Na última semana, o Ministério da Economia finalmente fixou uma meta fiscal para 2021, depois de uma advertência do TCU, que apontou um possível crime de responsabilidade na exótica “meta flexível” que o ministro Paulo Guedes tentava emplacar. Agora, a previsão é que o rombo nas contas públicas chegará a R$ 247,1 bilhões no próximo ano, R$ 14 bilhões a mais do que o previsto anteriormente. É mais um sinal do descontrole fiscal que faz os analistas duvidarem da recuperação da economia.

 

Passadas as eleições, imaginou-se que Bolsonaro se debruçaria sobre os problemas urgentes na economia: a explosão da dívida pública, o fim do auxílio emergencial (que deu fôlego à economia na pandemia), a alta da inflação e o crescimento do desemprego. Depois de meses a reboque da pandemia e sem definir prioridades, o presidente passou a apostar na mudança da direção do Congresso para facilitar suas pautas. A esperança veio com a decisão do STF que vetou a recondução de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre nas presidências da Câmara e do Senado. Nunca o presidente esteve tão perto de ter um aliado no comando do Legislativo. Maia, inimigo de Guedes, tem tido dificuldades em montar uma chapa que possa bater Arthur Lira (PP), o líder do Centrão que tem o apoio de Bolsonaro. A questão é que uma eventual presidência Lira, ao contrário do que sugere o governo, não iria garantir a manutenção da disciplina fiscal, nem destravar as reformas. Elas não caminharam até o momento porque o próprio presidente não apoia mudanças como o enxugamento da máquina pública e as privatizações. Por causa disso, quase todo o primeiro escalão do Ministério da Economia se demitiu. Atualmente, o teto de gastos é a única garantia de que o governo não ficará insolvente entrando num processo semelhante ao do final do governo Dilma. Por isso, Guedes tem se esforçado em garantir que ele não será mexido, apesar da pressão da ala desenvolvimentista para mais investimentos públicos e do presidente por um calendário com obras eleitoreiras.

 

Independentemente de quem vencer a disputa pela direção do Congresso em 1º de fevereiro, Maia sustenta que esse Congresso é reformista. Mas o apetite do Centrão por cargos e obras de visibilidade regional indicam outro caminho. Se o próprio presidente não defende medidas duras e impopulares para conter o déficit fiscal e modernizar o Estado, por que seus aliados fisiológicos se desgastariam com isso? Há muita pressão de gastos e pouca atenção às áreas prioritárias como educação e saúde.

 

Desarticulação

 

A equipe econômica aproveitou a emergência sanitária para justificar a inação. A pandemia representou uma situação excepcional que levou, de forma correta, ao aumento do déficit para financiar os gastos com saúde e auxílio emergencial. Mas a falta de prioridades do governo e sua absoluta desarticulação no Congresso, que permaneceu mesmo diante do acordo com o Centrão no primeiro semestre, impediram que temas urgentes progredissem. “Votamos a LDO em dezembro, o que deveria ter acontecido no meio do ano”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Os mercados mundiais estão positivos no curto prazo por conta da euforia com a vacina e com a eleição de Biden apontando para estímulos econômicos profundos. Há um excesso de liquidez e de otimismo no mundo, mas é de curto prazo”, diz. Se a equipe econômica não encaminhar as reformas, o câmbio tende a voltar a se depreciar. “O próximo ano vai ser ainda bastante complicado, com uma ressaca da pandemia e sem soluções concretas.”

 

Com a falta de iniciativa do governo, deve-se esperar uma versão piorada do que foi a primeira metade do governo Bolsonaro, com baixo crescimento. Segundo a própria equipe econômica, a relação entre dívida bruta e Produto Interno Bruto (PIB) deve chegar a 94,5% ao fim de 2021 e a 95,5% no fim de 2023 — são números excessivos para uma economia em desenvolvimento. Com a indefinição em relação à questão fiscal, existe uma deterioração da expectativa dos agentes do mercado, reforça Juliana Damasceno, pesquisadora do IBRE-FGV. “A PEC Emergencial foi paralisada e a aprovação do Orçamento já ficou para o próximo ano. Existe um descolamento da curva de juros futuros. A inflação não é um problema resolvido. A falta de comunicação e comprometimento do governo impacta juros e câmbio”, diz. Existem agravantes. Há um número muito grande de títulos do governo vencendo no primeiro trimestre de 2021, aponta a economista.

 

Para o atual presidente da Câmara, a responsabilidade com o ajuste fiscal já está comprometido. “O governo não vai mais caminhar na linha de reorganizar as contas públicas”, diz. Comprovando a tese, Bolsonaro abriu um balcão de negócios no Congresso para eleger Lira. Tem oferecido cargos, barganhado emendas e acenado com a criação de ministérios. O arranjo se estende ao Senado, onde ele pode apoiar o senador Rodrigo Pacheco (DEM), o preferido de Alcolumbre. Porém, esse jogo pode ser implodido pelo próprio presidente, o que trará ainda mais incerteza. Aliados tentam convencer o mandatário a patrocinar a candidatura da ministra Tereza Cristina (Agricultura) para a direção da Câmara. Temem que o Centrão passe a mandar no governo e que Lira vire um “novo Eduardo Cunha”. Se Bolsonaro rifar Lira, pode minar sua base já precária no Congresso. Isso terá impacto na agenda econômica. A melhor alternativa para o avanço das reformas é o fortalecimento do grupo de Maia. O provável indicado dele será Baleia Rossi, o presidente do MDB que é autor de uma das principais propostas de Reforma Tributária. O emedebista tem conquistado o apoio crescente da bancada de esquerda, que será o fiel da balança na disputa pela direção da Câmara. Se o grupo de Maia e os partidos de esquerda se unirem com sucesso em torno de Rossi, pelo menos o Congresso poderá tentar dar algum rumo à economia.

 

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

Alguém ainda acha que Bolsonaro vai melhorar, vai se corrigir? Ilusão - Philipp Lichterbeck (Deutsche Welle)

 As pessoas aprendem, por vezes pela via mais difícil, a da frustração, da desilusão...

COLUNA CARTAS DO RIO

O que Jairzinho não aprendeu, Jair jamais aprenderá

Agora até o Fagner resolveu reclamar das "besteiras" ditas pelo presidente. Mas esperavam o quê, afinal? E essas "loucuras" nem são o pior, mas a crescente corrupção e impunidade no governo Bolsonaro.

    
Brasilien Brasilia | Jair Bolsonaro, Präsident

O cantor Fagner concedeu entrevista ao jornal O Globo, na qual diz que se arrepende de ter votado em Jair Bolsonaro em 2018. "Votei para que tocasse o Brasil, não para falar besteira", diz ele, a certa altura. Numa outra: "A atuação do Bolsonaro é ridícula. Ninguém está precisando ouvir as loucuras que ele fala. (...) Quero que governe!"

É uma reclamação que se ouve com mais frequência de eleitores de Bolsonaro arrependidos, como o colega cantor de Fagner, Lobão, ou o deputado Alexandre Frota. Isso me surpreende por três motivos.

Em primeiro lugar, Jair Bolsonaro construiu toda sua carreira de 30 anos como político dizendo "loucuras" e "besteiras". O que Fagner e os demais esperavam? Que ele entenda aos 65 o que não entendia aos 45? Na Alemanha existe um belo ditado, que traduzido diz mais ou menos assim: "O que Hansinho não aprendeu, Hans jamais aprenderá". Pode-se dizer também que um adulto que deseja publicamente a morte de 30 mil brasileiros ("Se ​​vai morrer alguns inocentes, tudo bem. Em tudo quanto é guerra morre inocente") não se torna um Gandhi só porque ganhou uma faixa listrada de amarelo e verde para pendurar no corpo.

Em segundo lugar, surpreende o apelo de Fagner para que Bolsonaro governe. Aparentemente, Fagner espera que ele seja competente na solução dos numerosos problemas do Brasil. Gostaria que os eleitores do presidente me dissessem quando Bolsonaro alguma vez demonstrou competência para algo em sua carreira, fora ser reeleito a cada quatro anos ou colocar seus filhos na lucrativa política brasileira. Na pandemia do coronavírus fica agora evidente de forma exemplar como o desprezo pelo ser humano e a incompetência do presidente e de seu ministro da Saúde colocaram o país numa situação catastrófica.

Em terceiro lugar, e o que mais me assombra, é que Fagner critica o presidente pelo lado completamente errado. Não são as "loucuras" que mais incomodam, mas a crescente corrupção sob o governo de Bolsonaro, com a qual o Brasil vai se acostumando. Supostamente, este governo queria restaurar a lei e a ordem e combater a corrupção.

Impunidade

Em vez disso, criminosos são apoiados, como os grileiros na Bacia Amazônica. Eles estão ocupando ilegalmente terras públicas – terras que são de todos os brasileiros, inclusive de vocês, caros leitores – e destruindo a flora e a fauna. Mas esse governo recompensa os criminosos por meio da impunidade e da isenção de multas. Não é à toa que o próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem seus problemas com a Justiça. Em 2018, ele foi condenado em São Paulo por improbidade administrativa. Este ano, é investigado e teve o sigilo bancário quebrado pelo Ministério Público de SP. Existe suspeita de crimes de sonegação e lavagem de dinheiro. O MP divulgou que o ministro teria enriquecido R$ 7,4 milhões em cinco anos atuando no governo do estado.

Outro exemplo é o recentemente demitido ministro do Turismo, Marcelo Álvaro. A PF já o indiciaraem 2019 como chefe do esquema de laranjas do PSL. A PF pediu que ele fosse condenado por três crimes. Mas ele continuou no governo até este dezembro. Foi demitido por uma briga interna no gabinete e não por corrupção. Mesmo assim, o presidente e seus seguidores repetem incansavelmente que não existe corrupção neste governo. Não existe para quem não quer ver.

Família se apodera do Estado

Basta olhar para a própria família do presidente. Parece que está tentando privatizar o Estado brasileiro para colocá-lo aos seus interesses. Nisso não é muito diferente da sempre tão criticada Venezuela, onde uma pequena elite corrupta sequestrou o Estado e o está usando para seus interesses. O caso do filho Renan Bolsonaro, o 04, que utilizou gratuitamente, em benefício da sua empresa, uma produtora que presta serviços ao governo federal, também poderia ter acontecido por lá. É coisa de republiqueta de bananas.

Assim como o caso Flávio Bolsonaro, que segundo o Ministério Público por anos roubou dinheiro público e também tinha uma proximidade surpreendente com a máfia do Rio. Para ser bem claro: Flávio Bolsonaro, filho do presidente, é acusado de ter roubado o dinheiro dos seus impostos, caros leitores! Mas o aparato estatal do Brasil (também financiado com seus impostos) agora o ajuda a se defender dessa investigação: para esse fim, foi usado o serviço secreto, a Abin. A Abin serve, segundo sua própria descrição, "para garantir a segurança da sociedade e do Estado brasileiro". Não deve resolver problemas pessoais dos filhos do presidente.

Em países normais, tudo isso daria origem a uma crise de Estado. Mas no Brasil as coisas anormais viram normais. As pessoas já se habituaram aos roubos de terras públicas e aos enormes incêndios que a cada ano destroem um pouco mais da maravilhosa natureza do Brasil. Ministros "um pouco corruptos" são considerados normais. E, obviamente, o presidente acredita que ele e sua família estão acima da lei.

Que ele toda hora fale "besteiras" é até o menor dos males.

--

Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para jornais na Alemanha, Suíça e Austria. Ele viaja frequentemente entre Alemanha, Brasil e outros países do continente americano. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.

The End of Efficiency in Economics - Robert Skidelsky (The Telegraph)

  The End of Efficiency

Economists have been strangely blind to the need to trade off efficiency for longer-term sustainability, largely because their equilibrium models regard the future as simply an extension of the present. But there is no reason to believe that what is efficient today will be efficient tomorrow and always.

Robert Skidelsky

The Telegraph, Londres – 18.12.2020

 

 Economics is the study of economizing, or using the least amount of time and effort to produce the greatest amount of satisfaction. The more we can economize on the use of scarce resources, the more “efficient” we are said to be in getting what we want. Efficiency is a prized goal because it literally cheapens the cost of living. Cheapness in obtaining the goods and services we want is thus the key to a better life.

Efficiency lies at the heart of trade theory. In the early nineteenth century, the economist David Ricardo argued that each country should concentrate on making what it could produce at the lowest relative cost. The late Nobel laureate economist Paul Samuelson described Ricardo’s theory of “comparative advantage” as the most beautiful in economics, equally applicable to the division of labor between people, businesses, and countries. It remains the underlying theoretical rationale for globalization.

Efficiency is also why economists have been fretting over labor productivity in advanced economies. In the United Kingdom, for example, workers produce, on average, no more output per hour today than they did in 2007, so there has been no gain in efficiency. This means that UK living standards have remained flat for 13 years – the longest period of stagnation since well into the Industrial Revolution. Economists have published hundreds of articles in learned journals trying to explain this “productivity puzzle.”

But the broader mood music has changed. Google’s Ngram Viewer, a tool that uses a database of millions of books and journals to chart the frequency with which words appear, indicates that use of “efficiency” and “productivity” has plummeted since 1982, whereas that of “resilience” and “sustainability” has spiked. We now talk more about the sustainability of economic life, meaning its resilience to shocks. Efficiency-focused economists are well behind the cultural curve.

Three factors seem to account for this shift. The first is growing concern that focusing only on the present cost of using resources will deplete the planetary resources available to continue the human species. Because what is cheap today may become impossibly expensive tomorrow, we need to invest in sustainable technologies that can yield a long-run return to humanity, rather than just short-run gains for businesses and consumers.

Second, COVID-19 has made us much more aware of the fragility of global supply chains. Ricardo’s beautiful theory threatens to spawn a nightmare if countries lose access to essential supplies because they have accepted the logic of procuring from the cheapest markets. During the pandemic, most people in the West were shocked by the extent of their reliance on China for essential medical supplies.

Lastly, it is more widely understood that the quest for efficiency at any cost, whether through globalization or automation, threatens the security and sustainability of employment. “The end of production is consumption,” Adam Smith proclaimed with impeccable logic. But sustainable consumption requires sustainable incomes, which come mainly from wages; and we are far from having a system that allows for consumption without wages. In fact, in the name of efficiency, we have allowed huge wealth and income inequality.

Economists are normally keen to speak of trade-offs. But they have been strangely blind to the need to trade off efficiency for sustainability – that is, to broaden their concept of efficiency to one of efficiency over time. This is largely because contemporary economists’ equilibrium models make no provision for time, and regard the future as simply an extension of the present. What is efficient today will be efficient tomorrow and always.

But, as John Maynard Keynes pointed out, the future is uncertain. There is no reason to believe that the conditions that today make free trade, global supply chains, automation, and poverty wages efficient will continue. As Keynes said in a notable response to the econometrician (and future Nobel laureate) Jan Tinbergen: “Is it assumed the future is a determinate function of past statistics? What place is left for expectations and the state of confidence relating to the future? What place is allowed for non-numerical factors, such as inventions, politics, labor troubles, wars, earthquakes, financial crises?” We could compile a similar list of contemporary risks.

It follows that economic policymakers need to pay much more attention to the “precautionary principle,” or the principle of “least risk of harm,” which aims to control risk rather than maximize benefits. The economist Vladimir Masch calls this approach “Risk-Constrained Optimization,” and argues that it “is needed under [the] highly dangerous, uncertain, and complex conditions of this century.” Using mathematical modeling, Masch has constructed a number of risk-constrained candidate strategies.

Such a prudential decision-making rule may lead us to uncomfortable lines of thought. For example, how sustainable is an uncontrolled increase in global population? We continue to put our faith in science and education to restrict population growth in time, but we don’t know how much time is available. There are surely grounds for the Malthusian concern that the increase in the number of people will exceed the resources available to support them, resulting in large-scale plagues, famines, floods, and wars – which traditionally have reduced overpopulation.

Likewise, a sustainable technology is surely one that does not make extreme demands on our power of adaptability, threatening widespread economic and social redundancy and the predictable political backlash. We currently view technological progress exclusively through the lens of efficiency, and allow its pace to be set by cost-cutting market competition. The prudential principle implies adapting technology to people, rather than the other way round.

Finally, how sustainable is a capitalist political economy that must allow its financial system to crash periodically on the grounds that it is “efficient” at managing risks?

So far, we have only started to scratch the surface of such questions. But as the language of efficiency and sustainability shifts, economic thought must catch up with the new disposition.  (P.S.)

 

Robert Skidelsky, a member of the British House of Lords, is Professor Emeritus of Political Economy at Warwick University. The author of a three-volume biography of John Maynard Keynes, he began his political career in the Labour party, became the Conservative Party’s spokesman for Treasury affairs in the House of Lords, and was eventually forced out of the Conservative Party for his opposition to NATO’s intervention in Kosovo in 1999.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Congresso Internacional do Bicentenário da Revolução de 1820 - Lisboa, 11-13/10/2021

Recebi esta comunicação dos organizadores deste 

Congresso Internacional do Bicentenário da Revolução de 1820


Caro(a)s participantes no Congresso,


Voltamos ao contacto convosco para reiterar o nosso empenho na organização do Congresso comemorativo da revolução liberal de 1820.

Neste ano tão atípico, e com tantas perturbações ao normal funcionamento de encontros académicos nacionais e internacionais, o adiamento deste Congresso tornou-se inevitável.


Agradecemos a vossa compreensão e a vossa disponibilidade para estarem presentes no próximo ano, nos dias 11 a 13 de outubro de 2021.

Recordamos que a lista das comunicações aprovadas e respetivos resumos é a que consta da página do Congresso - https://cbr1820.com/programa/ .

Pedimos a todos os autores que enviem as suas comunicações até dia 31 de maio de 2021. As regras relativas à extensão e formato dos textos são apresentadas no ficheiro em anexo.


Estamos certos que o adiamento não perturbará o alcance que este Congresso vai ter, atendendo à qualidade das comunicações agendadas.

Oportunamente enviaremos informações adicionais sobre a organização do Congresso. E iremos também disponibilizar algumas notícias na página oficial. 


A todos desejamos um Bom Natal e um Novo Ano sem os constrangimentos dos últimos meses.


Cumprimentos calorosos


A Comissão Organizadora do CBR1820

Comissão Organizadora: Miriam Halpern Pereira (ISCTE-IUL), Presidente. Jorge Fernandes Alves (UPorto/FL), Ana Cristina Araújo (UCoimbra/FL) José Luís Cardoso (ULisboa/ICS), Zília Osório de Castro (UNL/FCSH), Maria Alexandre Lousada (ULisboa/FL), Luís Espinha da Silveira (UNL/FCSH).

Comissão Científica: José Viriato Capela (UMinho), Fátima Sá e Melo Ferreira (ISCTE-IUL), Sérgio Campos Matos (ULisboa/FL) Maria Fátima Nunes (UÉvora), José Miguel Sardica (UCP/FCH), Cristina Nogueira da Silva (UNL/FD), Maria Beatriz Nizza da Silva (USP), Susana Serpa Silva (UAçores), Luís Reis Torgal (UCoimbra/FL), Isabel Vargues (UCoimbra/FL), Telmo Verdelho (UAveiro).

Apoio de Secretariado: Ricardo de Brito (ULisboa/FL), Joana Paulino (UNL/FCSH) e Sofia Rocha (ISCTE-IUL/CIES)


PAINÉIS TEMÁTICOS: LISTA DAS COMUNICAÇÕES ACEITES


Informações e contactos: cbr1820@gmail.com


Estou inscrito logo no primeiro painel, com 16 outros participantes: 

As revoluções na América do Sul 

The revolutions in South America [17]

As revoluções na América do Sul

Coordenação:
Ana Frega

anafrega@fhuce.edu.uy

Universidad de la República de Uruguay, Instituto de Ciencias Históricas
Lúcia Maria Bastos P. Neves

lubastos52@gmail.com

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de História
Maria Beatriz Nizza da Silva

mclaudio5@gmail.com

Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Com este painel, pretende-se recuperar os ecos gerados nas antigas colónias ibero-americanas pela Revolução de 1820 em Portugal e pelos movimentos liberais em outras partes da Europa nesse período. Tem-se em vista uma mais precisa caracterização da cultura política que então surgia e das reações que provocava. Valoriza-se a utilização de novas fontes, como a literatura de circunstância, a imprensa e qualquer documentação privada.

Em primeiro lugar, buscam-se os múltiplos ecos do constitucionalismo nas desarticuladas províncias do Reino do Brasil, que integrava, desde 1815, o Reino Unido com Portugal e Algarves; na Cisplatina, então inserida neste espaço; e também nos demais países em formação da América meridional. Em segundo lugar, o aprofundamento das discussões, já em curso para essa região geográfica, em torno de conceitos como constituição, liberdade, política, soberania, nação e religião, assim como das linguagens políticas do liberalismo a que se recorriam na conjuntura, indicando a circulação de ideias entre os dois lados do Atlântico. Em terceiro lugar, a análise das associações, festas, símbolos e rituais associados ao constitucionalismo. E, por fim, o reexame da historiografia, que tendeu a atribuir um duplo carácter à Revolução de 1820: liberal na Europa e recolonizadora na América.

Meu paper: 

A revolução liberal de 1820 como precursora da independência do Brasil: o papel do Correio Braziliense de Hipólito da Costa

THE 1820 LIBERAL REVOLUTION AS A PRECURSOR TO BRAZILIAN INDEPENDENCE: THE ROLE OF HIPOLITO DA COSTA’S CORREIO BRAZILIENSE

Paulo Roberto de Almeida
Programas de mestrado e Doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub); Ministério das Relações Exteriores do Brasil

Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823), natural de Sacramento, criado no Brasil, teve sua carreira de assessor de D. Rodrigo de Souza Linhares precocemente amputada pela Inquisição portuguesa. Ao refugiar-se na Inglaterra desde 1805, tornou-se o criador, redator e editor do Correio Braziliense: foi o primeiro jornal verdadeiramente independente do futuro Estado brasileiro, que ele passou a ver como a sede de um grande império luso-brasileiro geograficamente transcontinental, quadro de um governo monárquico-constitucional que ele augurou desde o deslanchar da revolução no Porto. Por meio do seu “armazém literário” seguiu os trabalhos das Cortes de Lisboa a partir dos quais, ao ver a redução do Brasil a status anterior de colônia, não hesitou em aderir, ainda que tardiamente, à tese da independência de sua pátria de origem. O Correio foi importante do ponto de vista das lutas políticas e jornalísticas, pela liberdade de expressão e no controle das autoridades. Quando dos episódios de 1807-1808, refletindo sobre os destinos do Brasil, ele não hesitou em apontar os caminhos que se abriam à nação que passava a acolher a corte metropolitana, que ele julgava que deveria aperfeiçoar-se na melhoria dos costumes e da moral pública, assim como empenhar-se em livrar-se da nódoa do tráfico e do opróbio da escravidão. Acompanhando a marcha dos acontecimentos no Brasil desde a partida de D. João VI e a assunção de D. Pedro como príncipe regente, Hipólito não deixa de recomendar importantes mudanças quanto à forma de melhor governar o Brasil, na suposição inicial de que Brasil e Portugal deveriam permanecer unidos. Ele não se opôs à constituição de um Estado brasileiro, apenas se pronunciava pela unidade do Império, vendo o Brasil como o centro de uma grande unidade de propósitos entre as diferentes partes dos imensos domínios marítimos de Portugal, a base provável de uma nação espalhada em vários continentes, podendo colocá-la quase em igualdade de condições com outros impérios existentes ou em formação. Na fase final de seu trabalho como editor do Correio Braziliense, em julho de 1822, Hipólito veio a assumir novo posicionamento, já que ele era favorável, até a ocorrência da revolução do Porto e a “constituinte” portuguesa, à continuidade da união política entre Portugal e o Brasil sob a forma de uma monarquia constitucional. Temia acima de tudo uma “independência intempestiva” ou o retorno do Brasil a uma situação de colônia. Sua mudança de atitude se deu no quadro dos debates nas Cortes portuguesas, quando são discutidas diversas medidas no sentido de “recolonizar” o Brasil. Quando esse Estado se constituiu de forma autônoma ao governo de Portugal, evolução, aliás, à qual ele não se opôs de maneira definitiva, ele estava pronto para servir à nova nação, mesmo na condição  meramente instrumental de cônsul na Grã-Bretanha, início provável de uma carreira de estadista que o teria levado de volta à terra natal. Ele foi designado cônsul do Brasil na Grã-Bretanha no início de 1823. Sua morte precoce impediu-o de desempenhar um papel de estadista e diplomata brasileiro.

Palavras-chave:

Hipólito da Costa, Correio Braziliense, Revolução do Porto, Independência do Brasil, Cortes de Lisboa, Império Luso-Brasileiro


Hipolito José da Costa Pereira (1774-1823), born in Sacramento, raised in Southern Brazil, was a young assistant to D. Rodrigo de Souza Linhares, whose career was precociously cut short by the Inquisition. Exiled in England from 1805 onwards, he created the first, truly independent, Brazilian newspaper, Correio Braziliense. He conceived, at the onset of Oporto Liberal revolution, a great role for his birth country, which he considered the siege of a great Luso-Brazilian Empire, under a united constitutional monarchy. Following attentively the debates at the Lisbon Cortes, pointing to the retrocession of Brazil back to a colonial status, he adhered, albeit at a later stage, to the independence of Brazil. From a point of view of political and media debates, Correio was really important, as it followed (and censored) the Crown and ministers’ activities. Printing and distribution in Portugal and Brazil – despite the censorship – started almost immediately after the transfer of the court to Brazil (1807-1808): Hipolito foresaw a new opportunity to upgrade the situation on Brazil, mainly in the political realm and by the elimination of the traffic and the slave system. After the departure of King John VI (1821), pressed by the Lisbon Cortes, and the designation of his son as Regent Prince, Hipolito suggested important changes for the administration of Brazil, while stating that the two parts of the United Kingdom should be kept together under a single monarchy. He was not opposed to the constitution of a Brazilian state, only preferring the unity of a big Empire, within which Brazil would be the center of a big commonwealth of purposes, among the different parts of the huge Portuguese maritime dominions: its spread over many continents would put it at the same level of other empires. During his final phase as publisher of Correio Braziliense, mid 1822, Hipolito started to change somewhat his position as regards the unity between Brazil and Portugal under a single constitutional monarchy. He was afraid of an “early independence” or the going back of Brazil to a new colonial status, as decided within the workings of the Lisbon constitutional assembly.At that point, Brazil was already marching quickly towards Independence, and Hipolito started to put his endeavors at the service of the new nation, deciding to close the Correio by a definitive issue at the end of that year. He would probably start by acting as a Brazilian consul in London, the beginning of new career which could bring him back to the country of his youth or to the inception of a diplomatic assignment. He was formerly chosen as consul in Great Britain at the beginning of 1823, but his early death prevented him to raise as a great statesman or a Brazilian diplomat.

Keywords:

Hipolito da Costa, Correio Braziliense, Oporto revolution, Independence of Brazil, Lisbon Constitutional Assembly, Luso-Brazilian Empire


O caso curioso dos assassinatos inconscientes - Paulo Roberto de Almeida

 O caso curioso dos assassinatos inconscientes

(Mas ainda não solucionados por Hercule Poirot)

Paulo Roberto de Almeida


Da postagem em Twitter de jornalista ou atuante em comunicação:

“Hoje conversei com um médico que atua em um famoso hospital de  SP. 

E ele: 

“Perdi a conta de quantos intubei, você que atua em comunicação, me diz, o que eu preciso fazer para que as pessoas não façam festas e reuniões no fim do ano? O que vc acha que funciona? Faço qualquer coisa!” 

Eu: ...”


PRA: Em algumas circunstâncias, em processos judiciais, o dono da arma também pode ser considerado culpado se não foi responsável o suficiente para evitar uma tragédia. Por exemplo, o adulto que deixou arma carregada em caso de suicídio ou morte indesejada de menor.

Seria igualmente o caso desses disseminadores do virus no caso da morte de inocentes alheios a qualquer evento onde se propagou o virus?

Estamos assistindo à normalização de todo um contingente de irresponsáveis inconscientes?

Deveriam eles ser responsabilizados criminalmente, caso comprovada a transmissão?

Paulo Roberto de Almeida