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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Uma palestra no curso de pós-graduação em Direito Internacional do CEDIN - Paulo Roberto de Almeida

3883. “Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial”, Brasília, 1 abril 2021, 18 p. Palestra Magna no Curso de Pós-Graduação em Direito Internacional oferecido pela Faculdade CEDIN, a convite do professor Leonardo Nemer e da professora Amina Guerra, em 5/04/2021, 19hs, via Sympla. Feito resumo para exposição oral, com base em revisão do texto em 4/04/2021. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/45677567/Especulacoes_sobre_a_evolucao_da_ordem_global_do_seculo_XXI_a_luz_do_Direito_Internacional_e_da_Politica_Mundial_2021_) e em Research Gate.


Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial

 


Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor no Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Notas para “palestra magna” no Curso de Pós-Graduação em

Direito Internacional na Faculdade CEDIN, a convite do

professor Leonardo Nemer e da professora Amina Guerra.

Dia 5/04/2021, 19hs.

  

A despeito do título pretensioso, não existe, na verdade, uma ordem global, nunca existiu, e é duvidoso que venha a existir alguma no decorrer de nossas existências, ou em qualquer tempo futuro. Explicitando: não existe uma ordem global, pelo simples motivo da diversidade de povos e das civilizações, embora possam ter existido diversas ordens regionais parcialmente globais, eventualmente interagindo umas com as outras, por vezes cooperativamente, em outras ocasiões de maneira mais agressiva. Não existe e dificilmente existirá, no futuro previsível, uma ordem global, uma vez que a humanidade continuará diversa e desigual até onde a vista alcança. As sociedades humanas ainda não conseguiram superar as paixões, ódios, ciúmes, ambições, prepotência e arrogância que estão conosco desde a guerra de Troia, pelo menos. Mas, atenção, a Helena não tem nada a ver com a guerra de Troia, e sim tratou-se de disputas entre egos inflados de dirigentes políticos movidos por interesses bem mais mesquinhos, ligados, como sempre ocorre, a poder e dinheiro, um reforçando o outro. As paixões e os interesses estão no centro disso tudo, e assim continuará sendo, com uma humanidade ainda muito diversa e diversificada, não integrada etnicamente, socialmente, culturalmente, e menos ainda economicamente, a despeito da globalização.

O historiador britânico Arnold Toynbee foi, até meados do século XX, um grande estudioso da ascensão e do declínio das civilizações, assunto que tem a ver tangencialmente com o nosso objeto: a existência de várias ordens globais regionais – geralmente grandes impérios – e sua sucessão ao longo do tempo. Não sou nenhum Toynbee, não tenho a sua imensa capacidade de síntese histórica, e não pretendo mergulhar no itinerário das grandes civilizações do passado para tentar discernir alguns princípios evolutivos de seus itinerários respectivos, da ascensão, do clímax, do declínio e eventual desaparecimento de algumas delas, sobretudo em direção ao futuro. Parece inclusive que esses grandes exercícios comparativos resumindo a grande traços certos determinismos históricos – origem, desenvolvimento, ascensão, clímax, declínio e eventual desaparecimento de civilizações inteiras – já estão desacreditados; o que temos hoje são exercícios de história global, a propósito da qual posso começar recomendando o livro de Jürgen Osterhammel, The Transformation of the World: a global history of the Nineteenth Century (Munich 2009; Princeton 2014), que já foi chamado de o “Fernand Braudel do século XIX”, já que este dominava os séculos XVI a XVIII.

Vou concentrar-me em nosso próprio século, com algum benefício de ter observado direta e atentamente a evolução das sociedades humanas no último meio século pelo menos. Discorrer sobre a “evolução da ordem global do século XXI”, como pretensiosamente eu coloquei no título desta palestra, implica em que o palestrante tenha dons de profeta, o que nunca foi meu objetivo, daí a razão de eu ter colocado “especulações” à frente do objeto principal a ser abordado. Sim, é possível discorrer sobre a evolução do que temos atualmente, ainda que a tarefa se complique ainda mais quando se pretende fazê-lo “à luz do Direito Internacional e da Política Mundial”. 

(...)

Ler a íntegra no link: https://www.academia.edu/45677567/Especulacoes_sobre_a_evolucao_da_ordem_global_do_seculo_XXI_a_luz_do_Direito_Internacional_e_da_Politica_Mundial_2021_ 




  Não pretendo ler todo o texto, mas fazer uma glosa, pois essas leituras enfadonhas possuem virtudes dormitivas...

Paulo Roberto de Almeida

domingo, 4 de abril de 2021

Uma homenagem a Frank D. McCann - Martha K. Huggins

 Recebido hoje, 4/04/2021: 

 

From: mhuggins12305@yahoo.com

 

Dear friends of Frank McCann,


Forgive me for using one of Frank's email's to you but I want this to be published in a number of places in his honor. Here are my memories of Frank in the attachment below.

Martha K. Huggins

 

 

Memories of Frank McCann, my mentor, by Martha K. Huggins:

 

This is a very difficult memory to write without crying. I learned that Frank had died on Good Friday late the next evening through a letter from UC Berkeley historian Linda Lewin. I slept fitfully having lost an academic and intellectual mentor and friend of 47 years. 

My first contact with Frank was in a c.1973 in a University of New Hampshire graduate seminar that he taught on “Comparative Slave Systems.” Frank opened my eyes to Brazil and deepened my understanding of histories that I had never before been taught. Frank’s course and his careful analysis of slaves’ lives, their enforced labor, their inequitably managed religious participation and their many forms of resistance to the brutal management of their lives in the structured slave systems of Brazil, Haiti, and the U.S. South. What Frank had taught me academically and through his teaching and mentoring shaped my future teaching, mentoring, and research. Frank’s UNH seminar on slavery guided my later doctoral dissertation research (1975-1977) on slavery in Pernambuco. But I am getting ahead of myself.

Frank McCann was first and foremost my intellectual mentor. As a professor of history Frank carried his love of Brazil, accompanied by his wife Diane McCann, into their home: After teaching a seminar on Brazil students would be invited to the McCann home to meet the newest Brazilian or Brazilianist in town. We would talk while eating Brazilian food and enjoying Brazilian music. There was a Brazilian rede for relaxing in Frank and Diane’s living room; I once shared it collegially with another recently deceased, brilliant, and much loved ‘Branilianist,’ 

Frank firmly believed that researching in Brazil was impossible without knowing Brazil’s food and other essential aspects of Brazilian culture. When I missed a lecture or other ‘Brazil event’ hosted by Frank at UNH the next day as Frank passed me in the hall that linked the Sociology Department (my major) to the History Department, Frank would kindly admonish me: “Dee Dee, Dee Dee!, you missed seeing ‘Fulano de Tal’s’ lecture on Colonial Brazil but he’s coming to dinner at our house tonight, can you attend?” A soft nudge backed by a dinner invitation was an important component of Frank’s mentoring.

In 1974 I applied for a Latin American Teaching Fellowship (LATF) funded by Tuft’s Fletcher School of Law and Diplomacy and the Ford Foundation. I did not know at the time that several Brazil-related scholars had been asked by the Ford Foundation if they knew me and my work; each had said that they had no knowledge of me or my work (Information obtained by a graduate student in a research seminar directed by Historian Elizabeth Cancelli (University of São Paulo (USP), Department of History)Fortuitously, Frank McCann ran into the recruiter for the LATF fellowship lunching at a table on the sidewalk near the Copacabana Palace. Frank sat down with the recruiter and talked with him about my application. Frank’s apparently solid recommendation launched my career as a “Brazilianist.” Mentoring counts and so do chance encounters!

In Recife, between 1975 and 1977—teaching at the University Federal de Pernambuco and researching for my dissertation—published in 1985 as, From Slavery to Vagrancy in Brazil: Social Control and Crime in the Third World(Rutgers University, 1984) -- I often wrote Frank with questions and thoughts as my research broadened to include historical papers and the prison logs of the Casa de Detenção do Recife—then housed at the Ilha de Itamaracá. When my book was published in 1984 Frank expressed great pride about my publication and said that it was an ‘important’ contribution to scholarship on slavery. I especially appreciated Frank’s opinion because Frank and I had very different theoretical and disciplinary foci and training. In contrast, a well-known historian of slavery wrote briefly in his review of From Slavery to Vagrancy: “Do not read this book.” That was literally all the reviewers said. Mentoring requires patience and an acceptance of differences: Frank McCann practiced both. 

I credit Frank McCann with any success that I have had in my 42-years as a Brazilianist. As a sociologist who takes a critical criminology approach to social control by government agents, I feared that Frank would have serious reservations about the “academic quality” of From Slavery to Vagrancy in Brazil. But as always Frank McCann was supportive and encouraging.

I have carried with me throughout my career a respect for Frank McCann’s carefully researched and well-written books, his intellectual teaching, and his intense attention to student research and writing. I think of Frank McCann every time I work with students, conduct my own research, and write about what I have learned from research—to be honest, thorough, and inside the lives of those I study. 


Dear, Dear Frank, I shall miss you. Abraços de Dee Dee (Easter Sunday, April 4, 2021 

 


Museu de Valores do BC em acesso virtual: conheçam os oito padrões monetários do Brasil inflacionado...

 

Museu de Valores do BC agora pode ser acessado virtualmente; veja imagens

Lançamento on-line na última semana

Há história dos meios de pagamento

Visita é feita com câmera 360º

Acervo reúne 135 mil peças

Página inicial para começar a tour virtual no Museu de Valores do BC (Banco Central). Reprodução/Site do Banco Central 

 
04.abr.2021 (domingo) - 6h00

Museu de Valores do BC (Banco Central) passou a permitir o acesso a fotografias de alta definição do acervo de forma virtual. O usuário que tiver interesse poderá fazer o trajeto do espaço, localizado na sede, em Brasília, pelo site, por meio de imagens com visualização em 360 graus.

O passeio virtual está disponível desde 3ª feira (30.mar.2021) e poderá ser acessado no site do BC. O museu está fechado por causa da pandemia de covid-19.

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A interação digital permite que o usuário escolha por onde transitar virtualmente e possa ver imagens e histórias dos meios de pagamento, além do dinheiro. O passeio virtual inicia do lado de fora do Banco Central. O usuário escolhe se vai para o Museu de Valores ou para a galeria de arte.

Entrada do Museu de Valores no Banco Central. Reprodução/Site do Banco Central

Segundo o Banco Central, o visitante poderá percorrer, além do Museu de Valores, os espaços da Galeria de Arte, do Salão Nobre de Reuniões e da galeria dos ex-presidentes.

Reprodução/Site do Banco Central

Reprodução/Site do Banco Central

O passeio tem áudios e janelas pop up com galeria de painéis. A interface é interativa para a navegação. O Museu de Valores foi inaugurado em 1972, na cidade do Rio de Janeiro. Foi transferido para Brasília depois da construção do edifício-sede atual, no centro de Brasília. O prédio foi inaugurado em 8 de setembro de 1981.

De acordo com a autoridade monetária, o Museu tem mais de 135 mil peças de cédulas e moedas brasileiras e estrangeiras, além de barras de ouro, pepitas, condecorações, medalhas e artefatos ligados à fabricação do dinheiro.

Reprodução/Site do Banco Central

Reprodução/Site do Banco Central

Reprodução/Site do Banco Central

Reprodução/Site do Banco Central

Reprodução/Site do Banco Central

Galeria de Arte do Banco Central foi inaugurada em Brasília, em 1989. O acervo tem 554 peças de pinturas, desenhos, gravuras e esculturas, “principalmente de reconhecidos artistas brasileiros relacionados ao Modernismo brasileiro como Candido Portinari, Di Cavalcanti, Ismael Nery e Tarsila do Amaral”.

De acordo com o Banco Central, os destaques da exposição são a Pepita Canaã, a maior pepita de ouro encontrada no país, a Peça da Coroação, a barra de ouro quintado e o Patacão de 1809.

Reprodução/Site do Banco Central

Além da exposição do museu e galeria, o usuário também pode ter acesso à vista de Brasília pelo Banco Central. O prédio é localizado no centro de Brasília.

Reprodução/Site do Banco Cental

HISTÓRICO MUSEU DE VALORES

Segundo o Banco Central, a coleção do museu foi formada durante a década de 1970 depois dos processos de liquidação dos bancos de investimento Halles e Áurea. As instituições deixaram de atuar no mercado financeiro do Brasil.

“Do Banco Halles, o Banco Central recebeu 13 painéis de Candido Portinari – o grande painel Descobrimento do Brasil e os doze trabalhos da série Cenas Brasileiras. Do Banco Áurea, foi recebida uma coleção originária da falência da Galeria Collectio, que concentrava grandes nomes do mercado de artes plásticas, em regra, artistas ligados ao modernismo ou a seus desdobramentos”, disse a autoridade monetária.

Reprodução/Site do Banco Cental

Reprodução/Site do Banco Cental

Vacinados contra o golpe - Fernando Gabeira

 

Vacinados contra o golpe. Por Fernando Gabeira

VACINADOS CONTRA O GOLPE

VACINADOS CONTRA O GOLPE

FERNANDO GABEIRA

Sociedade está reduzida a protestos virtuais. Mas cedo ou tarde julgaremos Bolsonaro



GUERRA DAS VACINAS


ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM O ESTADO DE S. PAULO
 E NO SITE DO AUTOR, www.gabeira.com.br, 
EDIÇÃO DE 2 DE ABRIL DE 2021

Enquanto os líderes mundiais lançavam um comunicado considerando a pandemia o maior problema da humanidade desde a 2ª Guerra, aqui, no Brasil, Bolsonaro quis dar um golpe para evitar o combate eficaz contra o coronavírus. Esta é a leitura que faço dos episódios da semana.

Bolsonaro pressionou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não apenas para demitir o comandante do Exército, mas para ter condições de neutralizar pela força as medidas restritivas que os governadores impuseram em seus Estados para salvar vidas.

Com a demissão do ministro, os comandantes das Três Armas renunciaram em protesto contra Bolsonaro. E ficou evidente ali que o Exército não se lançaria na aventura de Bolsonaro, que, em nome da economia, tinha o potencial de matar mais ainda uma população já devastada pelo coronavírus.

A divergência entre a visão do Exército e a de Bolsonaro sobre a pandemia ficou evidente na véspera da demissão do ministro Fernando Azevedo, que ao sair se limitou a dizer que manteve a instituição militar como força do Estado, e não de um governo.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o general Paulo Sérgio, diretor do Departamento de Pessoal do Exército, mostrou como a instituição atravessou a pandemia, obedecendo os mais estritos protocolos de segurança. Previdente, como, aliás, o são todos os governos do mundo, o Exército já se preparava para uma terceira onda. O saldo do combate, na proteção de 700 mil pessoas sob sua influência, foi muito positivo. Basta comparar o índice de mortalidade na Força, que foi de 0,13%, com o do Brasil, 2,5%.

Apesar de ter processado milhares de comprimidos de hidroxicloroquina em seus laboratórios, por influência de Bolsonaro, o Exército internamente comportou-se como grande parte da humanidade, tentando seguir protocolos de segurança. Houve também a passagem desastrosa do general Pazuello pelo Ministério da Saúde. Mas no seu pronunciamento o comandante Edson Pujol ressaltou que a ida de militares para o governo era uma escolha pessoal.

A posição de Pujol a respeito da pandemia pareceu inequívoca no seu documentado encontro com Bolsonaro em Porto Alegre. Bolsonaro estendeu a mão, Pujol ofereceu o cotovelo, que é o tipo de saudação recomendado pela OMS.

Lembro-me, naquele momento, de que escrevi sobre as ligações originárias das Forças Armadas com o positivismo, o que deve ter despertado nos militares não só um respeito, mas também uma disposição de associar seu trabalho à ciência.

Felizmente, a tentativa de envolver os militares na aventura macabra de sabotar pela força as medidas contra a pandemia fracassou. Mas Bolsonaro tinha um plano B.

Ele sabe que a instituição é mais sólida do que as PMs e logo em seguida pôs o plano em prática. Por intermédio de um deputado, tentou aprovar com urgência um projeto de mobilização nacional, que lhe daria controle de todas as PMs do Brasil. Tudo indica que ele busca desesperadamente uma força militar para impor suas ideias acerca da pandemia, uma força de intimidação dos adversários ancorados no bom senso.

Fora essa tentativa desastrada de dar um golpe para aplicar sua política de morte, Bolsonaro fez uma minirreforma ministerial, que apenas colocou o Centrão dentro do palácio, com a chave do cofre, e renovou algumas indicações familiares para cargos decisivos, como, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores. Poucos se lembram de que o início da crise era a pressão do Senado para derrubar o pior chanceler da nossa História, Ernesto Araújo.

Araújo apenas teorizava as ideias toscas de Bolsonaro com tintas de Steve Bannon, Olavo de Carvalho e da própria Alt Right americana. O foco do nosso isolamento internacional, diria mesmo de nossa vergonha, é o comportamento do presidente Bolsonaro, que fez do Brasil uma ameaça internacional, pela destruição ambiental e pela tragédia sanitária.

Ao escolher um modesto diplomata, que jamais ocupou uma embaixada, Bolsonaro quer mantê-lo agradecido pelo cargo e aberto à sua influência – mais precisamente, à influência do filho Eduardo, um dos grandes artífices da nossa destruidora política externa.

Bolsonaro enfrenta essa crise profunda num momento em que as próprias condições de governabilidade se diluem. Uma clara demonstração disso foi o Orçamento aprovado no Congresso. Sempre se diz que o Orçamento no Brasil é uma peça de ficção. Mas este, que foi aprovado com uma hipertrofia dos gastos militares, talvez esteja mais para um filme de horror.

Não se trata apenas de governabilidade num momento qualquer, mas durante uma pandemia de que o Brasil é o epicentro mundial, campeão indiscutível em número de mortos.

Um presidente incapaz, entregue no campo político à voracidade dos seus aliados do Centrão, buscando de todas as maneiras sabotar a luta contra a pandemia – tudo isso compõe um cenário desolador, sobretudo porque a sociedade está reduzida, no momento, a protestos virtuais.

Cedo ou tarde, julgaremos Bolsonaro.


Fernando Gabeira*– é escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro. Atualmente na GloboNews, como comentarista especial. Foi candidato ao Governo do Rio de Janeiro. Articulista para, entre outros veículos, O Estado de S. Paulo e O Globo, onde escreve às segundas.

A chegada de Bolsonaro no inferno - Bastião da Curiboca

 A CHEGADA DE BOLSONARO NO INFERNO

Um cordel arretado de Bastião da Curiboca


Corria um dia tranquilo

Na portaria do inferno.

A fila estava pequena

Com três caboco de terno;

Um agiota, um banqueiro,

E um pastor potoqueiro

Invocando o Pai Eterno.


O capeta da guarita 

Só conferia os malfeito

Numa lista bem comprida 

Ia ticando, com jeito:  

Ladroagem, carteirada, 

Ódio, usura, mentirada, 

Consciência com defeito. 


Mais atrás vinha uma quenga

E um vendedor de seguro;

Pouco depois um pinguço

Ralando o chifre no muro; 

Uma dupla sertaneja,

Uma barata-de-igreja,

E um tarado de pau duro. 


Tudo estava nos conformes

Naquela burocracia,

Quando se ouviu ao longe 

Uma estranha tropelia.

Fazendo muita poeira,

Promovendo quebradeira, 

Xingando a democracia.


Na frente, boca espumando,

Tinha um tal de Capitão.

Com a mão fazia um gesto

Imitando um três-oitão;

Riso de psicopata,

Catinga de vira-lata,

E zóio de assombração. 


Ele logo foi dizendo:

“Sou presidente, tá oquei?

Tenho apoio da milícia,

Da rede globo e da lei. 

Vou trocar o delegado!

Eu quero um advogado,

Daqueles que eu já comprei”.


O diabo olhou o tipo

E pensou: “Lá vem encrenca!”

O cabra não vinha só,

Vinha com ele uma renca:

Tinha milico fardado, 

Fazendeiro, deputado, 

E jornalista em penca. 


“Trezentos mil. E daí?”

Relinchava o genocida,

E era aplaudido com força

Pela claque ensandecida.

Os quatro filhos vibravam,

Enquanto compartilhavam

Da rachadinha bandida.


Puxando o coro dos males,

O general  Pazuello;

Damares, Ricardo Salles,

Parecia um pesadelo!

O chanceler Araújo

Com QI de caramujo, 

Paulo Guedes num camelo. 


“Eu vim para destruir!”

Gritava o quase-demente. 

E chegou na portaria 

Querendo passar na frente.

“Não ligo pra pandemia!

Mi-mi-mi é covardia,

De quem não votou na gente!”


Capeta coçou o rosto,

E farejou confusão.

“Esse aí parece encosto,

Vou precisar de outra ação.”

E ligou prum mais chifrudo,

Mais graduado, pançudo,

Que chegou com a guarnição.

 

“O que está acontecendo

Nessa repartição? 

Aqui é lugar decente,

Não pode haver confusão. 

Não me importa a patente,

Tem de ser obediente

Em nossa jurisdição.”


O capitão gargalhou

De um jeito alucinado.

Virou-se pra sua plateia,

Soltou um berro, alterado:

“Vamos passar a boiada!

Isso aqui não é nada, 

Comparado com meu gado.”


O tinhoso, experiente,

Percebeu a desvantagem.

Era muita gente bronca

Seguindo aquela visagem.

“Vou ligar pro meu Supremo.

Briga boa eu não temo,

Mas assim é sacanagem...”


Satanás estava na mesa

Comendo um leitão assado.

Quando recebeu o zap

Caiu no chão, alarmado.

“Como é que esse bandido

Que acompanho, escondido, 

Veio parar desse lado?”


Vestiu a capa vermelha,

E procurou o tridente.

Passou um pente na telha

Deu um gole de aguardente.

Arriou uma jumenta 

Que tinha fogo na venta,

E foi pra linha de frente. 


Chegando na portaria

Viu aquela confusão.

O povo fazendo arminha,

Gritando “É o Capitão!”

Trinta pastores na grama,

Dez generais de pijama,

e o Bonner na narração.

  

Seguindo aquele fascista,

Tinha de tudo um pouquinho.

Acadêmico e artista,

Sílvio, Datena e Ratinho. 

Racista, neonazista,

comboio de taxista 

atravancando o caminho. 


O Demônio encheu o peito

Com seu bafo venenoso,

E perguntou pro sujeito:

“Cê quer o que, malcheiroso?

Não pense que me engana,

A facada foi chicana,

Recurso bem vergonhoso.”


Bolsonaro então sorri,

Lembrando a maracutaia.

“Não foi ali que morri,

Bem sabe o Rodrigo Maia.

Cheguei com apoio do Moro,

Dos tucanos de alto foro, 

E também do Malafaia.”


“Mas então você me explique”,

Interrogou Belzebu:

“Por que vem fazer chilique

Com esse bando de urubu?

Pra entrar tem que ter senha,

Espero que aqui não venha

Provocar um sururu.”


- “É Deus acima de todos,

Brasil acima de tudo!”

Desta forma inconsequente 

Blasfemou o linguarudo.

O Demo pegou a deixa, 

E transmitiu sua queixa

Para o Senhor-Pai-de-Tudo. 


“Mestre Supremo, desculpe,

Nessa hora incomodar.

Mas tem um cara suspeito,

Aqui a me atazanar.

É um tal de Bolsonaro,

Se não me falha o faro,

 É cabra ruim pra danar.”


Deus pôs a mão na testa,

deu um suspiro profundo.

“Belzebu, tu estás comigo

Desde o início do mundo.

Sabes que não ajo errado:

Se alguém vai pro teu lado,

É porque é vagabundo!”


- “Mas, Deus, será que mereço

Um castigo tão tacanho?

O cara é sociopata, 

Quem segue é um povo estranho. 

Aqui temos uma ordem,

Por mais que outros discordem, 

É disso que eu tiro o ganho.”


“Penso que um cabra desses,

Tão seguido de pastores

De igrejas tão diversas,

Guiadas por malfeitores,

Devia ir para o limbo

E receber um carimbo

Por proclamar tais horrores!”


O Supremo, com um sorriso,

Respondeu ao Lucifer:

“É justamente por isso

Que a situação requer

um jeitinho mais profano:

Aceite o miliciano

E seja o que Deus quiser!”


O Maligno, abismado, 

Achou a declaração hostil.

“Se Deus quiser, ora essa!

 Onde é que já se viu?

Agora que a coisa aperta!

Se Deus quisesse, na certa, 

Tinha salvado o Brasil!”


Belzebu ficou cabreiro 

Com aquela situação. 

Lá fora o Bozo rosnava

Incitando a multidão. 

Foi quando um diabo-raso

Preocupado com o caso, 

Disse: “eu tenho a solução!”


“Lá no Brasil tem um cabra 

Que todo mundo respeita.

Correu cinquenta países,

E em nenhum fez desfeita.

Cabra bom de Garanhuns,

Adorado por alguns,

Temido pela direita.”


Satanás, bem curioso,

Viu uma chance bem clara.

O diabinho, orgulhoso,

Sentiu que a fala tocara.

“É Lula, meu comandante!

Sei também que o meliante

Morre de medo do cara.”


“Quero o telefone agora

Dum homem desse quilate!”

Lucifer se apresentou,

E contou qual o embate.

Lula soltou uma risada,

E falou: “Esse é barbada.

Desafia prum debate!”


O Demonho, agradecido,


Foi direto pro portão.

Com a capetada ao lado

Anunciou a intenção:

“Vamos expor nossos planos.

Se os teus não forem insanos,

Te entrego a chave e o bastão!”


Bolsonaro ouvindo aquilo

Na hora empalideceu.

O suor correu na testa

E a garganta emudeceu.

Pra escapar da desgraça

Numa nuvem de fumaça,

Depressa se escafedeu.


A multidão, sem comando,

Aos poucos se diluiu.

Os diabos festejaram

A vitória sem fuzil.

Se alguém pergunta o destino

Do capitão asinino,

Saiba que está no Brasil.


Bastião da Curiboca

Mini-reflexão sobre o aprendizado da pandemia - Paulo Roberto de Almeida

Mini-reflexão sobre o aprendizado da pandemia

  

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivoexposição de ideiasfinalidadedebate público]

 

 

Um dia, o confinamento vai passar, ainda que a pandemia seja resiliente e continue impactando vidas e trajetórias por tempo indefinido. 

Cabe retirar lições dessa experiência única em nossas vidas: as crianças recuperarão o tempo perdido dos estudos, adultos talvez percam coisas ainda mais importantes que certo atraso na formação; algumas famílias, muitas, perderam entes queridos, devido à incúria dos governantes e também por irresponsabilidade individual dos vitimados. 

Mas, tudo é matéria de reflexões e ensinamentos. Em tempos igualmente sombrios, dois grandes escritores, um russo e um brasileiro, escreveram suas “recordações da casa dos mortos”, suas “memórias do cárcere”, o que todos também podemos fazer com nossas “memórias da pandemia”. Escrevam, anotem!

Aprendemos algo com esta praga causada pelo desafio humano à natureza da vida?

Muitos sim, estão adquirindo um novo ou um renovado respeito que todos devemos ter para com o meio ambiente. Outros talvez ainda não.

Aprendemos também o valor da solidariedade, da compaixão, da necessidade de fraternidade para com os mais frágeis e necessitados. Alguns não aprenderam nada e reincidem no egoísmo.

Este é um momento grave e crucial na história de nossas vidas e no itinerário da nação. No início, mais de um ano atrás, não sabíamos o que fazer, o que esperar, o que pedir, ou exigir, de quem supostamente nos governa. Hoje já sabemos.

Sabemos com quem podemos contar: prioritariamente o pessoal da saúde (embora entre eles existam médicos idiotas e “enfermeiras” espertas); depois os cientistas, especialistas na área, e os pesquisadores que fizeram o prodígio de oferecer diversas vacinas em tempo recorde.

Se não fosse por esses dedicados profissionais, e pelo avanço da ciência e da tecnologia em nossa época, poderíamos estar enfrentando uma recorrência da Peste Negra ou da Gripe “espanhola”, com centenas de milhões de mortes, e uma destruição econômica ainda mais brutal. 

Vamos nos recuperar com algumas cicatrizes, alguns com sequelas permanentes. 

Independentemente dos efeitos diversos sobre cada um de nós, o importante é retirar ensinamentos, sobre nossos muitos fracassos, sobre nossas grandes vitórias.

Eu estou sempre aprendendo, observando, anotando, refletindo, escrevendo. Tudo o que é humano me interessa, já dizia uma conhecida frase da sabedoria dos antigos. Tudo o que desumano também: e tivemos amplas demonstrações das duas coisas neste ano que passou.

Vai demorar talvez mais um ano até que recuperemos a normalidade, pelo menos aqui no Brasil, onde a lentidão e a inépcia das elites é uma certeza. 

Tenho outra certeza: a maior parte dentre nós terá uma nova consciência sobre a vida, sobre certos bens inatingíveis e, talvez, certo mal absoluto, que aprendemos a rejeitar. Pelo menos assim espero. 

Parem um pouco, anotem, reflitam, escrevam. Sejam bons e fiquem em paz, nesta Páscoa de 2021, o ano que não terminará tão cedo...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4/04/2021

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Um ano atrás (4/04/2020):

Muitos escrevem para perguntar como estamos, eu e Carmen Lícia. Minha resposta padrão: 

Estamos bem. Se eu não estivesse confinado em casa, onde tenho muitos livros, eu estaria confinado na biblioteca do Itamaraty, ou seja, mais ou menos a mesma coisa. Bem, aqui em casa tenho a máquina de expresso e a companhia de Carmen Lícia Palazzo, o que é muito melhor.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3884, 4 de abril de 2021

 

 

Queda de Araújo é derrota de Olavo de Carvalho e de seita de Steve Bannon - Marcos Augusto Gonçalves

 Como um bando de idiotas, pretensamente tradicionalistas — mas adepto de uma destruição preliminar da ordem existente, como condição para reconstruir o seu munfo imaginado — levou o Brasil ao maior desastre já conhecido em sua história: um desgoverno de desconstrução e de inação em face de problemas reais.

Paulo Roberto de Almeida 

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Queda de Araújo é derrota de Olavo de Carvalho e de seita de Steve Bannon

Indicado por guru de Bolsonaro, chanceler pediu demissão sob forte pressão do Congresso

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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Editor da Ilustríssima e editorialista. Foi editor da Ilustrada, de Opinião e correspondente em Milão e em Nova York

[RESUMO] Demissão do chanceler Ernesto Araújo representa novo fracasso do ideólogo Olavo de Carvalho, que o indicou para o cargo, e do Tradicionalismo, escola filosófica que rejeita a concepção moderna de progresso e defende um projeto reacionário de destruição da ordem estabelecida.​

Em janeiro de 2019, logo após a posse de Jair Bolsonaro, um grupo de brasileiros foi recebido para um jantar na casa de Steve Bannon, em Washington.

A “townhouse”, com imagens ao estilo grego nas paredes e carpete azul com estrelas brancas, no segundo piso, onde os comensais se reuniram, era uma espécie de embaixada do campeão da alt-right, que liderou a campanha vitoriosa de Donald Trump à Casa Branca e foi seu estrategista-chefe no início do governo.

Entre os convidados estava Ernesto Araújo, diplomata pouco conhecido que se tornara subitamente ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, por indicação de Olavo de Carvalho, seu professor e espelho inspirador.

Ernesto Araújo (esq.), Olavo de Carvalho e o presidente Jair Bolsonaro durante encontro na embaixada do Brasil em Washington, em 2019 - Alan Santos - 17.mar.19/Presidência da República/AFP

Olavo era a grande atração da noite, inaugurada com palavras entusiasmadas pelo banqueiro Gerald Brant, meio americano, meio brasileiro.

Disse ele: “É um sonho que se torna realidade. Trump está na Casa Branca e Bolsonaro, em Brasília. E nós estamos em Washington: Bannon e Olavo de Carvalho face a face. Isso é um mundo novo, amigos!”.

Bem, o jantar, as conversas, as emoções e as lágrimas contidas de alguns, tudo é descrito em pormenores no livro “A Guerra pela Eternidade” (Editora da Unicamp), de Benjamin Teitelbaum, etnógrafo e pesquisador norte-americano especializado em movimentos radicais de direita, que estava lá naquela noite (em março, em visita aos EUA, o próprio presidente seria homenageado por Bannon e Olavo).

O projeto da obra, baseado em farta pesquisa e entrevistas, era identificar, entre ideólogos internacionais do populismo de ultradireita, a influência de uma espécie de filosofia ou seita ideológica denominada Tradicionalismo —assim mesmo, com maiúscula no T, para diferenciar do uso corrente do termo.

Essa escola espiritual e política manteve um grupo reduzido e eclético de seguidores ao longo dos últimos cem anos e terminou por se amalgamar com propostas nacionalistas autoritárias recentes.

O resultado, segundo Teitelbaum, foi a emergência de “um radicalismo ideológico raro e profundo”.

Entre os principais ideólogos influenciados pelo Tradicionalismo, ainda que com diferenças e reservas, figura o russo Aleksandr Dugin —além, claro, de Bannon e Olavo.

Parafraseando resumo que fiz nesta Ilustríssima, em resenha do livro, o patriarca do Tradicionalismo foi um francês convertido ao islamismo chamado René Guénon, morto em 1951, no Cairo.

Ele e seus seguidores acreditavam que existiu um dia uma religião —“a Tradição, o cerne, ou a Tradição perene”— que se perdeu, deixando apenas fragmentos dispersos em outras religiões. A linha mestra do pensamento de Guénon vem da crença do hinduísmo de que a história humana percorre um ciclo de quatro idades: a de ouro, a de prata, a de bronze e a sombria —que antecede o retorno ao primeiro e glorioso estágio.

A idade de ouro corresponde ao poder dos sacerdotes; a de prata, ao dos guerreiros; a de bronze, ao dos comerciantes; e a das trevas, à desordem e colapso da espiritualidade e das hierarquias sociais. As duas primeiras têm protagonistas guiados por ideais. As seguintes são a degeneração materialista.

O Tradicionalismo ganhou a seguir a contribuição do barão italiano Julius Evola, que acentuou a inclinação para o ideário de extrema direita fascista. Além de uma estratificação com a espiritualidade no topo e o materialismo na base, ele também pregava hierarquizações por raça. A branca ariana, claro, acima de todos —certo, Filipe Martins?

Pela cabeça dessa turma, estaríamos agora em plena degeneração materialista, que rompe a ordem e os valores tradicionais do espírito, franqueando poderes a mulheres, negros, gays etc. E na qual o sistema capitalista internacional, instituições globais de governança e comunismo asiático são a mesma coisa. Globalização e China? “Hope you guess my name”.

Essa concepção circular da história implica a rejeição da ideia moderna de progresso. Afinal, o caminho para superar as trevas é aprofundar a decadência, num processo de destruição que levará à renovação do ciclo.

Esse é o poço profundo de Araújo, que Teitelbaum, com razão, considera mais fiel ao Tradicionalismo do que Olavo. O ex-chanceler bolsonarista cita Guénon em textos, argumentos e bibliografia. O mestre é mais safo, digamos assim.

Entender a discussão sobre o Tradicionalismo e suas imbricações com a nova direita radical (a sempre atenta Patrícia Campos Mello, aliás, entrevistou o autor antes de mim) é importante para entender um pouco melhor que nem tudo é bizarrice reacionária aleatória. Tem também, mas sobretudo evidencia-se um compromisso fundamentalista com um projeto de destruição, condição necessária para o retorno do sonhado mundo ancestral dos sacerdotes e da espiritualidade comunitária sem frestas.

derrota de Araújo é um renovado fracasso do olavismo, apoiado por Eduardo e os demais filhos zeros do presidente, e do Tradicionalismo reempacotado pelo satânico Dr. Bannon e sua alt-right sinistra, já devidamente enxotada pelos eleitores americanos.