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quinta-feira, 22 de julho de 2021

O que esperar da diplomacia para o século 21? - Felipe Estre (UOL) - Paulo Roberto de Almeida

Este acadêmico, aparentemente mal informado, escreve isto ao final de seu artigo: 

Sob a estrutura vigente, opaca e autocentrada, o silêncio dos funcionários do Ministério face à destruição promovida por Ernesto Araújo não foi surpreendente: era esperado. A resistência, onde possível, partiu da sociedade civil; somente muito adiante o Senado se posicionou.

Ele parece ignorar que eu, diplomata da ativa, me pronunciei contra os novos bárbaros que tomaram o Brasil de assalto desde as eleições de 2018, e já em 2019 eu começava uma série de livros de um ciclo (infeliz, pois não deveria existir) que eu chamei de "bolsolavismo diplomático", acusando e atacando a destruição da diplomacia pelos aloprados ineptos em torno do presidente ignorante, e sobretudo pelas mãos e pés de seu capacho de estimação, o chanceler acidental. Foram dois anos e meio de intensas publicações neste meu quilombo de resistência intelectual, o Diplomatizzando, depois recolhidos em livros, vários dos quais livremente disponíveis, e que relaciono a seguir: 

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5). Livremente disponível na plataforma Academia.edu e em Research Gate.

Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico); disponível nos links da Editora da UFRR e aqui;  e no site do Google books. Incorporado à plataforma Academia.edu e a Research Gate.

O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 204 p.; Edição Kindle, 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7; disponível na Amazon. Apresentação no blog Diplomatizzando

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.) Anunciado no blog Diplomatizzando. Livremente disponível em Academia.edu

O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021

(Brasília, 13 maio 2021, 114 p.; ISBN: 978-65-00-22215-9; Formato Kindle, ASIN: B094V28NGD; 927 KB). Divulgado no blog Diplomatizzando, com sumário, dedicatória e prefácio (8/05/2021); disponível na Amazon.com.br (link).

 E ainda tem este que está sendo editado para publicação: 

Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Brasília, 29 março 2021, 263 p.) Apresentação geral no blog Diplomatizzando (3/06/2021). 

Sumários de todos os livros do ciclo do bolsolavismo diplomático, postado no blog Diplomatizzando (9/05/2021).

Paulo Roberto de Almeida


Opinião

O que esperar da diplomacia para o século 21?

O que esperar da diplomacia para o século 21?... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/democracia-e-diplomacia/2021/07/21/o-que-esperar-da-diplomacia-para-o-seculo-21.htm?cmpid=copiaecola
Democracia e Diplomacia, Colunista do UOL

21/07/2021 14h31 

Por Felipe Estre*

Em fins do século 19, às margens do rio Nilo, moradores locais encontraram curiosas placas de argila nas ruínas da antiga cidade egípcia de Amarna. Assim que chegaram em mercados de antiguidade, as placas chamaram a atenção de arqueólogos, que rapidamente iniciaram escavações na região.

Os mais de 300 itens então encontrados, datados entre 1350-1330 a.C., tornaram-se uma das mais importantes descobertas daquele século: condensam enorme riqueza de informações sobre as relações entre o Reino do Egito e seus vizinhos.

Esse verdadeiro "Departamento de Correspondência do Faraó" é um registro até pouco ignorado, mas inestimável para as relações internacionais: as placas condensam mais de 300 correspondências diplomáticas, que permitem conhecer com riqueza de detalhes a dinâmica política do Oriente Próximo. São o primeiro registro conhecido do que poderíamos chamar de diplomacia.

O que chamamos de diplomacia moderna, contudo, é uma invenção bem mais recente. Suas origens podem ser identificadas na Península Itálica, ao final do século 15. A enorme insegurança das cidades-estado italianas —ricas, porém pouco protegidas— tornou imperativa a constituição de uma rede ágil e contínua de comunicação. A proximidade das cidades, que compartilhavam o mesmo idioma e religião, mostrou-se o local ideal para o nascimento das primeiras embaixadas permanentes.

O próximo passo na evolução da diplomacia moderna pode ser encontrado na França do século 16. Em 1589, o Rei Henrique 3º atribuiu ao seu secretário Louis de Revol a responsabilidade por concentrar as relações da França com as demais entidades políticas. Está aí o embrião do Ministério das Relações Exteriores. Contudo, nos tempos de Richelieu, essa era uma atribuição pessoal, em nada se parecendo com uma burocracia nos moldes atuais. Será apenas no início do século 18, nos anos finais do reinado de Luís 14, que será formada uma estrutura mais especializada, responsável pela abundante correspondência diplomática entre a França, grande poder da época, e os demais estados.

Em meados do século 18, a maioria dos estados europeus já possuía estrutura semelhante. A Secretaria de Negócios Estrangeiros de Portugal foi criada em 1736; o Foreign Office Britânico foi dos últimos a surgir, em 1782; nos Estados Unidos, nasce em 1789 o Departamento de Estado; nas décadas seguintes, China, Japão, Turquia seguem o modelo. O Brasil herdou de Portugal essa estrutura. Contudo, ela em nada se parecia com o Itamaraty dos dias de hoje.

Até fins do século 19, os Ministérios das Relações Exteriores eram estruturas bastante reduzidas e pouco burocratizadas. Além disso, havia rígida separação —não apenas funcional, mas também socia— entre os funcionários do ministério no país e os diplomatas servindo no exterior. Os primeiros eram servidores públicos que lidavam essencialmente com a correspondência externa. Já os diplomatas eram membros da elite que compartilhavam de um ethos aristocrático, financiavam com recursos próprios suas moradias no exterior, e muitos passavam anos sem retornar ao país de origem.

Era também comum que os representantes no exterior fossem divididos entre o serviço diplomático e o consular. A depender do tamanho do estado, havia até mesmo um serviço comercial especializado.

Apenas no início do século 20 as instituições como as que hoje identificamos como Ministérios das Relações Exteriores de fato começam a se formar. Em 1904, a Noruega destaca-se como pioneira na modernização ao juntar na mesma estrutura os funcionários do estado e os diplomatas no exterior. Mais do que isso, começa a haver um movimento de afastamento do modelo personalista de lidar com negócios estrangeiros em direção a uma burocratização. Interessante notar que, não obstante seus méritos, o Barão do Rio Branco promove no Brasil movimento contrário a essa inovação administrativa ao imprimir ao Itamaraty sua liderança personalista e carismática. Será apenas na década de 1930 que o Brasil promoverá essa fusão.

Se a primeira metade do século 20 promove os últimos ajustes estruturais à diplomacia moderna, a criação da Organização das Nações Unidas em 1945 promove sua pluralização temática ao impulsionar decisivamente a diplomacia multilateral. Grandes conferências, grandes convenções, grandes negociações tornam-se atividade corriqueira, exigindo franca expansão da burocracia diplomática. A agenda diversifica-se: meio ambiente, direitos humanos, imigração, cooperação, cultura, comércio. Ainda que a primeira organização internacional - a União Internacional de Telecomunicações - tenha sido criada em 1865, houve aumento exponencial na quantidade desse tipo de instituição desde meados do século 20. A diplomacia não fica para trás, e os Ministérios das Relações Exteriores diversificam-se e especializam-se. A seleção torna-se mais exigente, e há constantes treinamentos ao longo da carreira. Departamentos regionais e seções temáticos são criados.

Desde o fim da Guerra Fria, o que se vê é uma intensificação das tendências identificadas. O descongelamento da política internacional pluraliza ainda mais a agenda e mais instituições são criadas, como a Organização Mundial do Comércio e o Mercosul. A isso, soma-se a intensificação da globalização e aceleração de inovações em transporte e comunicações. Cada vez mais atores participam da política internacional: governos municipais e estaduais, organizações não governamentais, empresas transnacionais. Não mais se pode pensar em diplomacia como atividade exclusiva de estados e de seus Ministérios das Relações Exteriores. A chamada "paradiplomacia", para bem e para mal, está aí para ficar.

O que se vê globalmente é um esforço de adaptação dos Ministérios das Relações Exteriores às tendências do século 21. Aos diplomatas generalistas, somam-se especialistas. Os processos de seleção permanecem rígidos, mas há esforço de ampliação e diversificação, promovendo seleção de mais mulheres e membros de minorias. Se, antigamente, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros buscavam ser "leões de chácara", preservando as fronteiras do internacional, esforços de controle dos fluxos transnacionais hoje mostram-se não apenas infrutíferos, mas contraproducentes. A tendência global é que essas instituições atuem menos como protagonistas, mas como coordenadoras e facilitadoras das relações internacionais. A diplomacia do século 21 é mais diversa, mais descentralizada e mais cooperativa.

Se, como dizia Azeredo da Silveira, "a melhor tradição do Itamaraty é saber renovar-se", é imperativo que o ministério do século 21 assuma papéis de facilitação, ampliando esforços de coordenação e cooperação com os demais entre federados, com outros ministérios, universidades, centros de reflexão em políticas públicas e associações civis. Para isso, será preciso maior grau de abertura, caso contrário a inércia prevalecerá. Não nos esqueçamos de que diplomatas são, antes de tudo, burocratas.

Sob a estrutura vigente, opaca e autocentrada, o silêncio dos funcionários do Ministério face à destruição promovida por Ernesto Araújo não foi surpreendente: era esperado. A resistência, onde possível, partiu da sociedade civil; somente muito adiante o Senado se posicionou. Parece seguro dizer que, tornando mais porosa e democrática a diplomacia brasileira, melhor protegeremos seu acumulado histórico e mais equipada estará para contribuir com os novos e diferenciados atores e desafios das relações internacionais contemporâneas.

* Felipe Estre é doutorando em relações internacionais pela USP e King's College London e pesquisador da Rede de Segurança e Defesa da América Latina (Resdal)


segunda-feira, 5 de abril de 2021

Uma palestra no curso de pós-graduação em Direito Internacional do CEDIN - Paulo Roberto de Almeida

3883. “Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial”, Brasília, 1 abril 2021, 18 p. Palestra Magna no Curso de Pós-Graduação em Direito Internacional oferecido pela Faculdade CEDIN, a convite do professor Leonardo Nemer e da professora Amina Guerra, em 5/04/2021, 19hs, via Sympla. Feito resumo para exposição oral, com base em revisão do texto em 4/04/2021. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/45677567/Especulacoes_sobre_a_evolucao_da_ordem_global_do_seculo_XXI_a_luz_do_Direito_Internacional_e_da_Politica_Mundial_2021_) e em Research Gate.


Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial

 


Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor no Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Notas para “palestra magna” no Curso de Pós-Graduação em

Direito Internacional na Faculdade CEDIN, a convite do

professor Leonardo Nemer e da professora Amina Guerra.

Dia 5/04/2021, 19hs.

  

A despeito do título pretensioso, não existe, na verdade, uma ordem global, nunca existiu, e é duvidoso que venha a existir alguma no decorrer de nossas existências, ou em qualquer tempo futuro. Explicitando: não existe uma ordem global, pelo simples motivo da diversidade de povos e das civilizações, embora possam ter existido diversas ordens regionais parcialmente globais, eventualmente interagindo umas com as outras, por vezes cooperativamente, em outras ocasiões de maneira mais agressiva. Não existe e dificilmente existirá, no futuro previsível, uma ordem global, uma vez que a humanidade continuará diversa e desigual até onde a vista alcança. As sociedades humanas ainda não conseguiram superar as paixões, ódios, ciúmes, ambições, prepotência e arrogância que estão conosco desde a guerra de Troia, pelo menos. Mas, atenção, a Helena não tem nada a ver com a guerra de Troia, e sim tratou-se de disputas entre egos inflados de dirigentes políticos movidos por interesses bem mais mesquinhos, ligados, como sempre ocorre, a poder e dinheiro, um reforçando o outro. As paixões e os interesses estão no centro disso tudo, e assim continuará sendo, com uma humanidade ainda muito diversa e diversificada, não integrada etnicamente, socialmente, culturalmente, e menos ainda economicamente, a despeito da globalização.

O historiador britânico Arnold Toynbee foi, até meados do século XX, um grande estudioso da ascensão e do declínio das civilizações, assunto que tem a ver tangencialmente com o nosso objeto: a existência de várias ordens globais regionais – geralmente grandes impérios – e sua sucessão ao longo do tempo. Não sou nenhum Toynbee, não tenho a sua imensa capacidade de síntese histórica, e não pretendo mergulhar no itinerário das grandes civilizações do passado para tentar discernir alguns princípios evolutivos de seus itinerários respectivos, da ascensão, do clímax, do declínio e eventual desaparecimento de algumas delas, sobretudo em direção ao futuro. Parece inclusive que esses grandes exercícios comparativos resumindo a grande traços certos determinismos históricos – origem, desenvolvimento, ascensão, clímax, declínio e eventual desaparecimento de civilizações inteiras – já estão desacreditados; o que temos hoje são exercícios de história global, a propósito da qual posso começar recomendando o livro de Jürgen Osterhammel, The Transformation of the World: a global history of the Nineteenth Century (Munich 2009; Princeton 2014), que já foi chamado de o “Fernand Braudel do século XIX”, já que este dominava os séculos XVI a XVIII.

Vou concentrar-me em nosso próprio século, com algum benefício de ter observado direta e atentamente a evolução das sociedades humanas no último meio século pelo menos. Discorrer sobre a “evolução da ordem global do século XXI”, como pretensiosamente eu coloquei no título desta palestra, implica em que o palestrante tenha dons de profeta, o que nunca foi meu objetivo, daí a razão de eu ter colocado “especulações” à frente do objeto principal a ser abordado. Sim, é possível discorrer sobre a evolução do que temos atualmente, ainda que a tarefa se complique ainda mais quando se pretende fazê-lo “à luz do Direito Internacional e da Política Mundial”. 

(...)

Ler a íntegra no link: https://www.academia.edu/45677567/Especulacoes_sobre_a_evolucao_da_ordem_global_do_seculo_XXI_a_luz_do_Direito_Internacional_e_da_Politica_Mundial_2021_ 




  Não pretendo ler todo o texto, mas fazer uma glosa, pois essas leituras enfadonhas possuem virtudes dormitivas...

Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Especulações sobre a Ordem Global do século XX - Paulo Roberto de Almeida

 Voilà: estou inscrito para minha própria palestra. Espero não perder...

Paulo Roberto de Almeida


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Especulações sobre a evolução da ordem global do Século XXI

Organizador: CEDIN

  05 de abril de 2021, 19h>21h45

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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial - Paulo Roberto de Almeida

Especulações sobre a evolução da ordem global do século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial

Brasília, 1 abril 2021, 18 p. 

Palestra Magna no Curso de Pós-Graduação em Direito Internacional oferecido pela Faculdade CEDIN, a convite do professor Leonardo Nemer e da professora Amina Guerra.

5/04/2021, 19hs, via Sympla.


DESCRIÇÃO DO EVENTO

O curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Internacional do CEDIN tem por finalidade promover uma análise profunda das relações jurídicas internacionais, de modo a desenvolver nos alunos maior capacidade de compreensão dos modos de formulação de políticas e ações jurídicas de inserção internacional, capacitando os futuros especialistas a operar com o instrumental normativo das Relações Internacionais. Desde 2005, seu primeiro ano, a especialização em Direito Internacional conta com professores altamente qualificados, tratando de temas relevantes e atuais, organizados em quatro módulos, cujos conteúdos estão centrados no estudo de temas do Direito Internacional Público e Privado.

Especulações sobre a evolução da Ordem Global do Século XXI, à luz do Direito Internacional e da Política Mundial, com o Embaixador Paulo Roberto de Almeida.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Le Brésil à l'aube du XXIème siècle (1994) - Paulo Roberto de Almeida

 LE BRÉSIL À L’AUBE DU XXIe SIÈCLE

 

Paulo Roberto de Almeida

Paris, 23 novembre 1994

Texto preparado para servir de palestra do Emb. Carlos Alberto Leite Barbosa em almoço na “Maison de l’Europe”.

 

 

Il y a presque cent ans, c’est-à-dire, à l’aube du XXe siècle, l’économie brésilienne pourrait se résumer presque en un seul mot: le café. Le Brésil constituait, en effet, un exemple de ce que les économistes appellent une économie d’exportation: ses ventes externes étaient concentrées sur une seule matière de base, le café, dont l’exportation produisait les devises pour importer à peu près tout ce dont les brésiliens avaient besoin. Une partie substantielle des recettes gouvernementales, ainsi que le taux d’épargne et de la capacité d’investissement étaient aussi originaires du secteur externe de l’économie.

Tout en demeurant, en quelque sorte, à la périphérie de l’économie mondiale, l’insertion du Brésil dans le courant des échanges internationaux était beaucoup plus forte, par exemple, que celle du Japon, car il réussissait à exporter, en 1913, plus de 13,3 dollars par tête, contre moins de 7 dollars de la part du Japon. Le pays asiatique commençait alors, il est vrai, une percée formidable, puisque la distance en 1870 était beaucoup plus grande: de 7,8 dollars par tête au Brésil et seulement 40 centimes de dollar au Japon.

Trois décennies plus tard, dû à la crise de 1929 et à la dépression qui s’ensuivit, l’économie du Brésil – et avec elle celle de tous les autres pays latino-américains – se fermait au monde, amorçant un tortueux chemin dans ce que les économistes ont appelé le processus de substitution des importations. Les exportations n’ont plus jamais représenté le levier dynamique du développement national qu’elles avaient été jusqu’alors. Ce décuplement soudain de l’économie mondiale, opéré à l’insu des pays latino-américains – car provoqué par la brutale réduction de leurs marchés traditionnels d’exportation, fermeture encore renforcée par la guerre – allait être maintenu dans l’après-guerre, déjà par un choix délibéré des pays latino-américains eux-mêmes. C’était l’époque de l’idéologie d’industrialisation presque à outrance et de la protection des marchés nationaux, qui devaient demeurer isolés des grands courants des échanges internationaux.

C’est ainsi que, en dépit d’un formidable essor économique, le Brésil a maintenu, de 1945 à aujourd’hui, pratiquement le même taux de participation aux exportations mondiales: environ 1% des exportations totales, quand celle des pays asiatiques à économie dynamique triplait ou quintuplerait dans la même période. Le taux de croissance du produit brut brésilien n’a pas été négligeable au fil de ce siècle, mais le progrès social du Brésil a été sensiblement handicapé par la progression de son taux de natalité, ainsi que par une capacité réduite du système productif à générer ses propres sources de développement technologique. 

Le facteur principal, cependant, d’une performance comparativement insatisfaisante en termes de développement global doit être trouvé, pour le Brésil, dans le taux relativement bas de la productivité par tête de son système économique, ce qui est à mettre en rapport avec une formation professionnelle insuffisante de la main-d’œuvre. Ce problème représente une particularité brésilienne tout au long de son histoire, pratiquement depuis la colonisation portugaise et les inégalités héritées de l’époque de l’esclavage. Le maintien d’un processus permanent de développement économique et social a été, d’autre part, mis en échec, ces dernières années par l’aggravation du phénomène inflationniste et un certain laxisme fiscal de la part de l’État.  

À l’aube d’un nouveau siècle, le Brésil est en train de connaître un renversement notable de cette situation, avec la reprise du processus de croissance, sur la base d’une politique économique solide et soucieuse de stabilité et d’équité sociale, et d’une remarquable ouverture unilatérale à l’économie internationale. Ces phénomènes, commencés ou renforcés sous l’actuel gouvernement, devront trouver un nouvel essor sous le prochain Président, dont l’Administration sera facilitée par sa connaissance de tout une gamme de problèmes conjoncturels, étant lui-même responsable, comme ministre des Finances, de l’élaboration du nouveau programme économique, le Plan Real.

Plus qu’à aucune autre période historique dans ce siècle, le Brésil dispose maintenant de conditions favorables pour opérer une transition rapide vers un système socio-économique ajourné, pouvant déboucher sur une économie pleinement industrialisée et parfaitement intégrée à l’économie mondiale. Certes, le pays doit encore faire face à une tendance au déséquilibre fiscal et au déficit budgétaire, des problèmes qui sont pourtant typiques de la crise de l’État benefactor, tels qu’on les aperçoit dans des pays pleinement industrialisés. Il a, en plus, une structure sociale fortement inégalitaire qui doit être corrigée dans les meilleurs délais possibles. 

Mais, dès maintenant, le Brésil doit être considéré comme intégrant le peloton des premières économies du monde. En effet, selon les statistiques courantes, basées sur un taux de change nominal de la monnaie nationale par rapport au dollar, le Brésil détiendrait un Produit Intérieur Brut de l’ordre de seulement 450 milliards de dollars, soit près de 2.300 dollars par habitant (sur la base d’une population de 152 millions d’habitants). Si l’on retient cependant le critère de la parité de pouvoir d’achat, établi par la Banque Mondiale et le PNUD et qui tient compte des prix réels de marché, le PIB du Brésil serait en fait de 846 milliards de dollars, soit un PIB par tête de 5.563 dollars. Cela ne le fait peut-être pas beaucoup plus riche qu’aujourd’hui, mais ce potentiel économique le place parmi les 10 plus larges économies du monde, avant le Canada, qui est la septième économie du G7.

Une projection de la Banque Mondiale pour 2020, sur la base des taux actuels de croissance, placerait le Brésil avant l’Italie et la Grande-Bretagne et presque à égalité avec la France. En termes démographiques, avec 2,8% de la population mondiale, le Brésil est aujourd’hui le cinquième en importance dans le monde, après la Chine, l’Inde, les États-Unis et l’Indonésie, mais son comportement démographique, formidable en termes d’expansion dans le passé, est actuellement en train de rejoindre le modèle des pays développés, en passant à un taux d’accroissement de seulement 1,9% actuellement.

Le maintien d’une croissance positive en termes de produit global dans les années à venir va donc permettre au Brésil de s’incorporer solidement au groupe des plus riches économies dans le monde. Cela se fera désormais non pas à la manière traditionnelle, c’est-à-dire, par l’amélioration progressive des termes de l’échange dans le commerce de produits de base, mais surtout au moyen d’une expansion de sa participation au commerce de manufactures, ce qui veut dire par le développement encore plus poussé de son industrie. En un siècle, donc, le Brésil est passé de la domination absolue des exportations de café à une diversification notable de ses ventes à l’extérieur.

Le développement industriel brésilien, qui traditionnellement présentait des forts taux de croissance dus au modèle dit substitutif d’importations, a connu ces dernières années un important processus d’adaptation aux nouvelles conditions d’ouverture extérieure de la politique économique. Après une période de crise et de décroissance relative, l’industrie brésilienne a présenté, à nouveau, ces deux dernières années, des taux proches de 10% de croissance. Il ne s’agit pas là d’un essor temporaire, lié aux cycles de consommation forcée d’une économie encore fortement marquée par l’inflation, mais d’un changement positif dans la composition du produit industriel. En effet, les secteurs responsables du comportement favorable de l’activité industrielle – métallurgie, matériel électrique et de communications, chimie et industrie mécanique – représentent des branches productrices non seulement de biens durables de consommation, mais ceux liés à la production industrielle elle-même, y compris l’équipement. L’industrie automobile de son côté, bien connue pour ses effets d’entraînement, est revenue également à des niveaux records de production en 1993 et en 1994, malgré une arrivée massive de modèles étrangers permise par une extraordinaire ouverture parallèle aux importations, jamais connue dans l’histoire de cette branche au Brésil. 

En général, un grand nombre, sinon la majorité, des entreprises brésiliennes ou multinationales installées au Brésil ont déjà traversé le plus fort des turbulences de l’ajustement imposé par les circonstances économiques exceptionnelles que le pays a connu ces dernières années: elles se sont adaptées aux nouvelles conditions du marché domestique et international et travaillent avec un haut pourcentage de capitaux propres. Tout semble prêt, donc, pour que le Brésil reprenne le processus d’industrialisation rapide connu dans le passé, à la faveur d’un certain nombre de facteurs dynamiseurs, parmi lesquels on aura une inflation déclinante, une demande mondiale satisfaisante – à la faveur de l’implémentation des accords de l’Uruguay Round – pour des produits brésiliens d’exportation, un rôle désormais inductif, mais non plus dirigeant de l’État, ainsi qu’un apport important de capitaux étrangers sous forme d’investissements directs. 

Le Brésil continue aussi à faire des progrès sur le front du commerce extérieur, en dépit d’un comportement pas toujours positif de l’économie mondiale et de l’ouverture unilatérale aux importations, matérialisée dans des successives réductions tarifaires et dans la quasi-absence de barrières non-tarifaires. Les taux les plus élevés d’augmentation du commerce extérieur ont été réalisés dans les échanges avec la région latino-américaine, surtout dans le cadre du MERCOSUD, qui rassemble l’Argentine, le Brésil, le Paraguay et l’Uruguay, aujourd’hui notre marché le plus dynamique. L’Amérique Latine dans son ensemble est devenue le deuxième débouché brésilien, après celui de l’Union Européenne et avant même les États Unis. Le Brésil représente aujourd’hui le principal importateur pour ses partenaires du MERCOSUD, dont les économies deviennent de plus en plus intégrées. En tenant compte de l’union douanière dans le Cône Sud, qui doit entrer en vigueur le 1er janvier 1995, et des accords de complémentation économique en négociation avec d’autres pays de la région, l’Amérique du Sud est appelée à devenir un espace de croissance tout à fait exceptionnel dans les prochaines années, offrant de ce fait des opportunités d’investissement industriel et tertiaire très intéressantes.

D’une manière générale, c’est donc une nouvelle période de progrès qui démarre au Brésil. Son potentiel de croissance est confirmé par un niveau très élevé des entrées de capitaux étrangers dans les derniers mois, portant les réserves de change à un niveau jamais connu dans notre histoire économique: plus de 43 milliards de dollars. Ces réserves, avec la libéralisation commerciale déjà pratiquement achevée, la normalisation complète des rapports avec la communauté financière internationale et le maintien du programme de privatisation, constituent des facteurs qui renforcent la pleine intégration du Brésil à l’économie mondiale.

Ce tableau se complète par le développement normal du programme de stabilisation du Gouvernement et sa continuité assurée par le prochain Président. La suite tranquille de l’ajustement macroéconomique brésilien, ainsi que la stabilité, désormais totale, dans la vie politique nationale, sont les deux éléments essentiels d’une politique plus vaste qui devra transformer fondamentalement la présence du Brésil sur la scène internationale avant même le début du prochain siècle.

Le Brésil a certes une vocation essentiellement latino-américaine et c’est dans sa région qu’il est inséré de façon définitive et prioritaire. C’est là où son action rayonne le plus, suffisant de mentionner le MERCOSUD, un marché prometteur de plus de 200 millions de personnes. Cependant, l‘action extérieure du Brésil ne pouvait se restreindre à sa région géographique. Sa dimension, ses ressources, son vaste potentiel et l’esprit de son peuple sont des facteurs qui contribuent à une vocation universaliste du Brésil, dont les intérêts sont présents dans toutes les régions du monde. Les chiffres de notre commerce extérieur en sont d’ailleurs le témoin, car les échanges du Brésil sont partagés pratiquement à égalité entre l’Union Européenne, l’Amérique Latine, l’Amérique du Nord et l’Asie.

La vocation universaliste du Brésil et sa présence accrue sur la scène mondiale constituent une contribution à la paix, à la stabilité et à la prospérité, des aspirations ancrées dans l’âme du peuple brésilien.

 

 

[Paris, PRA/463: 23.11.94]

463. “Le Brésil à l’Aube du XXIe siècle”, Paris, 23 novembre 1994, 6 pp. Texto preparado para servir de palestra do Emb. Carlos Alberto Leite Barbosa em almoço na “Maison de l’Europe”.