O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 3 de maio de 2021

03 de Maio: 213 anos atrás, nesse mesmo dia, Francisco de Goya pintava o quadro El 3 de Mayo en Madrid

03 de Maio: 213 anos atrás, nesse mesmo dia, Francisco de Goya pintava o quadro El 3 de Mayo en Madrid.

Pintado por Goya para o governo espanhol, a pintura referencia um levante espanhol contra a ocupação francesa, durante a Guerra Peninsular (1807-1814). À direita, soldados franceses metralham, impiedosamente, os revolucionários espanhóis capturados, à esquerda. A obra está dividida em duas seções por uma linha diagonal. Na seção diagonal esquerda, há luz. Na diagonal direita, escuridão e sombras dominam. O que Goya queria dizer? A luz acompanha o povo em sua resistência genuína, enquanto o governo francês age no escuro. Por meio dessa pintura, que tem uma irmã, El 2 de Mayo en Madrid, Goya transgride as normas do estilo neoclássico para revelar o despertar de um estilo novo e pessoal. Valorização dos sentimentos do autor e idealização da pátria e do povo, além de um apelo à liberdade. Qual seria esse novo estilo? 


Fernão de Magalhães, o primeiro globalizador - número especial da revista L'Histoire (2020)


 

L'énigme Magellan

Magellan reste associé à la première circumnavigation, achevée il y a cinq cents ans. Mais le navigateur portugais mourut en route et ne fit jamais le tour du monde.

D’ailleurs son projet était autre : trouver une route vers l’Asie et ses îles aux Épices, promesse de richesses pour son nouveau souverain Charles Quint.

Le « grand voyage », qui dura trois ans, n’a pas livré tous ses mystères. De la péninsule Ibérique aux Philippines, il continue de travailler les mémoires nationales. On s’intéresse aujourd’hui aussi bien aux petites mains de l’expédition qu’aux sociétés qu’elle a traversées, celles d’un monde de plus en plus interconnecté.

Avec Carmen Bernand, Romain Bertrand, Michel Chandeigne, Juan Gil, Christian Grataloup, Rui Manuel LoureiroOlivier Thomas




Le premier tour du monde en 1124 jours

Magellan reste associé à la première circumnavigation, achevée il y a 500 ans. Pourtant le navigateur portugais mourut en route et ne fit jamais le tour du monde.

L'objectif du capitaine général Magellan n'était d'ailleurs en aucun cas de faire le tour du monde, mais de trouver une voie vers les Moluques, les riches « îles aux Épices ». A la tête de cinq nefs, il partit de Séville le 10 août 1519 et s'élança sur l'océan le 20 septembre. Seul un bateau revint, avec à son bord des survivants exsangues, dont les témoignages permettent de connaître, presque jour par jour, cette expédition.


Globalisation : acte I

Europe, Amérique, Asie, monde musulman : à partir des années 1520 les Grandes Découvertes permettent le développement du commerce intercontinental et une diffusion inédite des savoirs.

La découverte du détroit de Magellan est une révolution : elle précise les contours du Nouveau Monde et l'étendue réelle de l'océan Pacifique. La première circumnavigation achevée par Elcano a des répercussions rapides en Europe et dans le bassin méditerranéen.

Bien que le calcul des longitudes reste encore imprécis jusqu'au XVIIIe siècle, l'image globale du monde est mieux connue, comme le montre pour la première fois la mappemonde de Battista Agnese qui, en 1543, incorpore d'ailleurs dans son dessin les routes du « grand voyage ». La partition du monde entre Espagne et Portugal, établie depuis 1494 par le traité de Tordesillas, jusqu'alors contestée en Asie, se concrétise : en 1529, quelques années après le retour de la Victoria à Séville, le traité de Saragosse accorde les Philippines à l'Espagne tandis que les Moluques reviennent finalement au Portugal, moyennant une compensation financière.


Comissão de Relações Exteriores da CD recebe o Ministro Franco França - 28/04/2021

Comissão de Relações Exteriores - Ministro Franco França e prioridades do MRE para 2021- 28/04/2021

https://www.youtube.com/watch?v=qSnD6bRht_U

Comissão recebe novo ministro das Relações Exteriores nesta quarta-feira A Comissão de Relações Exteriores recebe, nesta quarta-feira (28), o ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França. O objetivo da audiência pública, solicitada pelo presidente do colegiado, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), é conhecer as prioridades da Pasta para o ano de 2021, além de outros temas relacionados à política externa brasileira. O novo ministro foi nomeado há menos de um mês para o cargo. 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

domingo, 2 de maio de 2021

Postagens recentes no Academia.edu - Paulo Roberto de Almeida

 Nas últimas semanas postei os seguintes trabalhos na minha página da plataforma Academia.edu:


Tem muito mais evidentemente...



O Brasil a caminho da inviabilidade como país - Ricardo Bergamini, Jacqueline Mendes (IstoÉ Dinheiro)

 A Constituição de 1988, no plano político, há o hibrismo entre presidencialismo e parlamentarismo. No plano congressual, levou a um anárquico multipartidarismo (Roberto Campos).

 

Prezados Senhores

 

Essa vergonha internacional para elaboração do nosso orçamento de 2021, aprovado em abril de 2021, mas ainda em debate por ser uma peça de ficção, retrata, de forma cabal e irrefutável, o fim do presidente da república como responsável pelo governo brasileiro, devendo ficar apenas com o comando do estado. Parlamentarismo já em 2022. 

 

Não existe nenhum sentido lógico em colocar um “boneco de posto de gasolina” para comandar 5,8% do orçamento, como ocorreu em 2020.

Ricardo Bergamini

  

 


O que começa errado…

 

O orçamento de 2021 mal foi aprovado e o governo federal já precisou rever o tamanho do rombo para este ano. O Ministério da Economia reconhece que vai precisar emitir mais título para cobrir o déficit de R$ 286 bilhões, e crava o oitavo ano consecutivo no vermelho.

 


FUTURO NO VERMELHO 

Presidente Jair Bolsonaro e seu fiador na economia, Paulo Guedes, garantiram, na campanha eleitoral, zerar o déficit das contas públicas. Com a pandemia, ele saiu de controle. 

 

Jaqueline Mendes/ISTOÉ DINHEIRO

 

30/04/21 - 11h00

 

Quando o assunto são as contas públicas, nada é tão ruim que não possa piorar no Brasil. E o Ministério da Economia prova isso. Um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionar o Orçamento de 2021, em 22 de abril, o Ministério da Economia aumentou de R$ 247,1 bilhões para R$ 286 bilhões a previsão de déficit para este ano — o oitavo balanço consecutivo de contas no vermelho. O valor, que consta do relatório extemporâneo de avaliação das receitas e despesas, sinaliza que a União terá de emitir mais títulos da dívida para honrar as contas. Na prática, é como se um assalariado que gasta mais do ganha tomasse empréstimos de longo prazo para adiar a falência.

 

E, como todo endividado sabe, a bola dá dívida nunca para de crescer se não houver freio nas despesas. De acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o rombo das contas públicas poderá chegar a R$ 300 bilhões neste ano. A tragédia fiscal projetada por ele equivale a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), o que fará com que a dívida pública chegue a 88,7% do PIB até o fim do ano. Hoje, esse percentual está em 90% devido aos gastos extraordinários relacionados à pandemia. Poderia ser maior, não fossem as devoluções de aportes do Tesouro Nacional. O governo prevê receber do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 100 bilhões ainda este ano. Em março, R$ 28 bilhões foram devolvidos à União. Outros R$ 62 bilhões deverão entrar nos cofres do Tesouro ao longo de 2021.

 

“Com os contingenciamentos esperados, acreditamos que o déficit primário poderá piorar parte do valor de aumento das despesas, ou seja, chegar a cerca de R$ 300 bilhões”, afirmou Vale, em relatório. Para 2022, ele prevê um rombo de R$ 200 bilhões, o equivalente a 2,5% do PIB, com dívida pública bruta voltando a crescer e chegando a 92,1% do PIB.

 

Há também o risco de avanço na taxa Selic este ano, fator que eleva consideravelmente o desembolso com os juros da dívida pública, sufocando ainda mais o governo. Para se ter uma ideia, caso a taxa atinja 5%, valor considerado plausível pelo mercado em um horizonte que vislumbre 2022, o governo teria um incremento anual de R$ 95,4 bilhões apenas em juros da dívida, segundo estimativa da Tendências Consultoria.

 

Se a situação ainda pode piorar, quer dizer que agora é não está tão ruim? Sim. E é nisso que a equipe econômica de Paulo Guedes tem tentado se prender. Com o acerto em torno do Orçamento de 2021, os olhares já começaram a se voltar para o desenho do Orçamento de 2022, que foi enviado ao Congresso Nacional e, para ser aprovado, terá de responder algumas questões importantes. Iremos atingir a vacinação em massa? A economia terá reagido? A renda e o emprego terão voltado?

 

Se engana quem pensa que o caos do Orçamento deste ano foi um acidente de percurso. A Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada dia 27 de abril pelo governo ao Congresso Nacional simplesmente ignorava qualquer efeito da pandemia nas contas e despesas públicas. Segundo o relatório preliminar dos parlamentares, “O PLDO [projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias] 2022 não aborda, de forma separada, os riscos que podem afetar receitas, despesas e dívida pública em razão dos efeitos da Covid-19”. O alerta é de servidores das comissões de Orçamento da Câmara e do Senado.

 

GASTOS EXTRAORDINÁRIOS No acumulado de 2020, o governo contabilizou R$ 524 bilhões em gastos que não haviam sido previstos e que foram necessários para tentar conter os efeitos da pandemia — agravada pela demora do próprio presidente em reconhecer a gravidade da doença e buscar vacinas. Agora, para 2021, a previsão é de R$ 103 bilhões em gastos extraordinários. “Esse é um dos problemas estruturais mais difíceis do governo atualmente”, disse o economista Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos. “A economia brasileira é um grande barco sem motor, sustentado por boias”.

 

Para que o mesmo erro de percurso não ocorra em 2022, a conta do que poderia vir a ser despesa extraordinária precisaria ser feita agora, em um esforço conjunto entre os Poderes Executivo e Legislativo, tendo como principal foco o interesse o povo. O mesmo povo que todos eles juraram servir perante à Constituição. Mas, na terra onde tudo sempre pode piorar, temos que lembrar que o fundo do poço tem subsolo.

 



O mundo, no limiar do holocausto nuclear em 1983: Stanislav Petrov, o homem que salvou o mundo - Martin Caparrós (El País)

Stanislav Petrov, o homem que salvou o mundo

Por 15 minutos, Stanislav Petrov teve o destino da humanidade em suas mãos. Foi o tempo que durou o alarme falso de um ataque nuclear

Fotografia do tenente coronel soviético Stanislav Petrov tirada en 1999.
Fotografia do tenente coronel soviético Stanislav Petrov tirada en 1999.NIKOLAI IGNATIEV / ALAMY IMAGES

Dizem que o mundo nunca esteve tão perto de desaparecer como naquele dia. Naquele dia, o presidente Reagan discursava contra os comunistas na ONU, a França continuava vetando a entrada da Espanha na Europa, os ditadores argentinos concediam anistia a si mesmos e a dupla Simon & Garfunkel se despedia do cenário musical para sempre. Naquele dia, ocorreria a inauguração de um centro comercial em La Vaguada [em Madri] e temiam-se ataques terroristas; a nova lei socialista de ensino, que reduzia a presença da religião nas escolas, era atacada por bispos e conservadores.

MAIS INFORMAÇÕES

Naquele dia, 26 de setembro de 1983, Stanislav Petrov estava com 44 anos de idade e era um tenente-coronel do exército soviético responsável pelo Centro de Detecção de Ataques Nucleares da URSS. A partir desse bunker, ele gerenciava a imensa rede de radares, satélites, técnicos e analistas que procuravam proteger seu território contra os mísseis atômicos norte-americanos. No meio da noite, o centro foi sacudido por um alarme: os computadores tinham detectado um míssil que estaria voando em direção à Rússia a 24.000 quilômetros por hora. Petrov pediu que se confirmasse a informação; os computadores a mantiveram, embora os satélites de observação não conseguissem ver o tal míssil. Petrov achou — eram outros tempos — que as máquinas e seus algoritmos podiam se enganar. Decidiu aguardar; nos cinco minutos seguintes, mais quatro alarmes foram disparados. Um único desses mísseis tinha — tem — o dobro do poder explosivo de todas as bombas da Segunda Guerra Mundialreunidas.

Deve ser muito esquisito pensar que se tem nas mãos o destino do mundo. Se Petrov tivesse seguido o protocolo e alertado seus superiores, em poucos minutos várias centenas de mísseis nucleares teriam sido disparados em direção ao território norte-americano. Em apenas uma hora, a guerra nuclearteria acabado com a vida de milhões e milhões de pessoas. Mas Petrov decidiu esperar. Os computadores reconfirmavam a informação, mas não havia nenhuma confirmação visual dela. Deve ser muito estranho saber que, se você tomar uma decisão equivocada, a humanidade inteira pagará por isso.

Stanislav Petrov nasceu em Vladivostok, em 1939; não gostava de ser militar, mas vinha lidando com a função com facilidade. Menos agora, pois ali não havia nenhuma margem para dúvidas. Decidiu, então, que o alarme devia resultar de algum erro. Não fazia sentido que os EUA estivessem mandando apenas cinco mísseis em vez de centenas, como se poderia prever. Alguns minutos depois, o radar confirmou que não havia ataque nenhum.

Petrov acabara de salvar o mundo, mas o mundo não ficou sabendo disso, e tudo continuou como se nada tivesse acontecido. Os militares russos silenciaram sobre o caso. Seu sistema de defesa tinha falhado demais para que divulgassem o acontecido, de modo que só ficamos sabendo do episódio 20 anos depois. E, por alguma razão, o fato de nos inteirarmos disso não nos leva a perguntar quantas outras coisas nós também ignoramos hoje, coisas que estariam acontecendo neste momento e que só saberemos, talvez, em algum dia do futuro.

Stanislav Petrov não permaneceu por muito mais tempo no exército. Sua esposa morreu e ele pediu para ser reformado. Hoje, é um senhor de idade raivoso, fumante, irritadiço, trancafiado em um apartamentinho da periferia de Moscou, meio cansado de ser procurado apenas para falar sobre aqueles 15 minutos, que não parece ter outras coisas a dizer além daquilo que se passou naqueles 15 minutos, quando o seu grande acerto foi não fazer nada: a decisão de que a inação era a melhor ação possível. O fato de ele estar no comando ali, naquela hora, foi um acaso; talvez um outro militar tivesse seguido ao pé da letra o protocolo, talvez o mundo não existisse mais. Sua vida são esses 15 minutos, mas esses 15 minutos salvaram o mundo: poucas vidas — tão plenas, tão vazias — pesaram tanto para o destino como a sua.

As bombas continuam por aí: Estados Unidos, Rússia, China, França, InglaterraÍndiaPaquistão e Coreia do Norte possuem milhares delas, capazes de fazer tudo voar pelos ares. Mas, por alguma razão, isso já não parece nos preocupar. Mesmo estando, como sempre, ao sabor de um acaso desconhecido. Ou de um bastante conhecido, um tal de Donald Trump, que ameaça com “fogo e fúria como o mundo nunca viu”, e que pode fazê-lo.

Por Martín Caparrós

Martín Caparrós é jornalista e escritor, nascido em Buenos Aires em 1957. Deixou o seu país de origem em meados dos anos 70 e se exilou na Europa. Cursou História na Sorbonne, em Paris, e depois mudou para Madri, onde viveu até 1984, quando, com a democratização da Argentina, voltou para o seu país natal. Desde então, sua vida tem sido marcada por constantes idas e vindas entre um lado e outro do Atlântico. Em seu livro Lacrónica, de 2015, ele trata de seus 30 anos no mundo do jornalismo.


Lutando contra o autoritarismo - Manfred F. R. Kets de Vries (Knowledge Insead)

Leadership & Organisations - BLOG

Dictatorial types gain and maintain power through a number of social processes and psychological dynamics.

From our Palaeolithic roots onwards, dictators – whether they led tribes, fiefdoms, countries, religions or organisations – have always been with us. We have always been attracted to individuals who appear strong. Some people are easily persuaded to give up their freedoms for an imaginary sense of stability and protection, not to mention an illusion of restored greatness.

Generally speaking, times of social unrest have always been the feeding ground for dictators. Periods of economic depression, political or social chaos give dictators the opportunity to appear as saviour and, when conditions allow it, seize power by coup d’état or other means. Their populist demagoguery can seduce broad swathes of the population. However, most of their inflated promises turn out to be no more than hot air. So how is it that they’re able to gain and maintain power? They succeed by taking full advantage of known social processes and dynamics.

Riding the confirmation bias: First, they are extremely talented at inflaming the “wish to believe”. Their cries of patriotism and righteousness are just what the populace wants to hear. The unquestioning acceptance of a dictator’s rhetoric is rooted in humankind’s most pervasive bias – the confirmation bias. This compels us to look for evidence to support our ideas and desires, while discounting contradictory information. Such a bias simplifies the complexity of our world, but can also be seen as a form of “neurological laziness”. As expert manipulators, dictators take advantage of this universal cognitive shortcut.

Identification with the aggressor: Dictators are also especially good at targeting socially and economically vulnerable people – those who are not always very well educated or informed and, as such, often feel confused and insecure. Dictators exploit the rage and frustration of this population through the psychological process of “identification with the aggressor”. Many of the disempowered see in the “strong” man or woman both a reflection of themselves and the promise of a victory over their downtrodden state. They are caught in the allure of illusions and magical thinking. They become brainwashed.

The blame game: Whatever the societal wrong, dictators are adept at inciting blame and scapegoating. They play off the primitive defence mechanism of “splitting”, positioning issues in terms of in- and out-groups, magnifying external threats and fanning a collective paranoia. At the same time, dictators offer themselves as steadfast saviours. Buying into the simplistic, binary propositions, their followers align themselves with the “good fight” against evil and become intolerant of those they perceive as different.

Propaganda lords: Dictators quickly learn the value of indoctrination. To maintain their hold on power, they seek to control information, ideally by centralising all mainstream media. Positive news is attributed to them and negative news is ascribed to enemies of the state. With the help of the propaganda machine, dictators become an integral part of everyone’s life. During elections, they manipulate the final outcome by curtailing press freedom, limiting the opposition’s ability to campaign and spreading misinformation – “fake news”. Dictators also try to prevent or destroy social frameworks and institutions serving as countervailing forces.

Who’s responsible for dictators?

There will always be people whose personality makeup predisposes them to dictatorship. Many past and contemporary dictators suffer from extraordinarily high levels of narcissism, psychopathy and paranoia. They have an inflated sense of self-importance and feel entitled to the admiration of others. An inherent lack of empathy, guilt or remorse allows the most malignant to commit unspeakable atrocities.

But while it is easy to vilify dictators, we should also realise that, in many ways, we (the people) are the ones enabling them. After all, a dictator cannot function without followers. Although we may not admit it out loud, it’s attractive to have others tell us what’s right and what’s wrong. But abdicating personal responsibility cripples freedom of expression and derails democratic processes. The good news is, however, that although we enable dictators, we can also disable them.

Creating a responsible electorate

In many established democracies, the descent towards dictatorship is becoming a real threat. In this light, we need to consider two urgent questions: Can dictators in the making be “cured”? And can we prevent dictators from assuming power?  

I’m afraid that the response to the first question is: “not likely”. Historical experience has proven otherwise. From a clinical perspective, most psychotherapists believe that dictators (with their psychopathic traits) tend to be untreatable. Thus, many opposing powers are needed to address the second question on how to prevent their ascension.

Prevention is better than cure, so we need to recognise potential dictators before they stealthily compromise and destroy our lives. Once they are in power, it is often too late.

A healthy democracy finds footing in a populace able to listen to different points of view and manage ambiguities. It also implies a voting population that’s knowledgeable, mobilised and engaged – not the kind to believe that voting is somebody else’s business. To prevent dictators from coming to the fore requires a population that cares for liberty and takes responsibility for it.  Furthermore, the government, the head of State, the legislature, the courts, the press and the electorate should all be independent to provide countervailing oversight.

Striving for a better world

In the 1940 film The Great Dictator, Charlie Chaplin satirises Nazism and Adolf Hitler while playing the role of a Jewish barber who, in a case of mistaken identity, is forced to impersonate the absolute ruler of fictional Tomainia. At the end of the film, Chaplin delivers an impassionate speech asking the populace to unite and fight against dictatorship:

"You, the people, have the power to make this life free and beautiful, to make this life a wonderful adventure… In the name of democracy let us use that power; let us all unite… 

Dictators free themselves but they enslave the people… Let us fight to free the world, to do away with national barriers, to do away with greed, with hate and intolerance.” 

Unfortunately, we are still far from the kind of world that Chaplin described. Many of our present world leaders are making a great effort to endanger the democratic processes. Narrow-minded nationalism, xenophobia, greed and unimaginable violence is present everywhere. It makes it even timelier to strive for the kind of world envisioned by Chaplin.

Manfred Kets de Vries is the Distinguished Clinical Professor of Leadership Development & Organisational Change at INSEAD and the Raoul de Vitry d'Avaucourt Chaired Professor of Leadership Development, Emeritus. He is the Founder of INSEAD's Global Leadership Centre and the Programme Director of The Challenge of Leadership, one of INSEAD’s top Executive Development Programmes.

Professor Kets de Vries is also the Scientific Director of the Executive Master in Coaching and Consulting for Change (EMCCC). His most recent books are: You Will Meet a Tall, Dark Stranger: Executive Coaching ChallengesTelling Fairy Tales in the Boardroom: How to Make Sure Your Organisation Lives Happily Ever After; and Riding the Leadership Rollercoaster: An Observer’s Guide.

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Assim marcha o capitalismo: as 20 maiores companhias (nacionais ou mundiais) em 1989 e em 2021: uma mudança arrasadora - Berkshire Hathaway

 Copio da postagem de Brett Berson (@brettberson) no Twitter

From the Berkshire Hathaway annual meeting - top 20 companies in the world today vs. 30 years ago. Amazing what can happen in just 30 years.

As maiores em 1989:

As maiores em 2021:


Meu comentário (PRA):

Não se trata exatamente da maior "fortaleza" americana, assim, como não se trata, supostamente, da "fraqueza" atual do Japão ou da emergência da China. 

O conceito geográfico de dominação econômica ou hegemonia mundial – que os sociólogos adoram – não casa bem com esses movimentos tectônicos, que devem ser analisados em função da microeconomia da INOVAÇÃO. 

Sim, os EUA concentram atualmente as empresas mais inovadoras, mas empresas não são exatamente "patrióticas", pois elas visam antes de mais nada o lucro para seus acionistas principais. Capitalistas não têm pátria, eles têm CAPITAL.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2/05/2021

As quatro grandes tragédias do Brasil na presente conjuntura - Paulo Roberto de Almeida

As quatro grandes tragédias do Brasil atual 

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

[Objetivorefletir sobre o declíniofinalidadealertar para os impasses atuais]

  

Mini reflexão depois das manifestações de sábado 1/05/2021, em apoio ao Bolsovirus e à disseminação ainda maior da pandemia da Covid-19, que é a isso a que estão convidando os manifestantes das ruidosas marchas em apoio ao degenerado. Uma indesejada subida aos extremos, a infeliz descida à polarização, a despedida do conhecimento, a renúncia à racionalidade.

De fato, o grau de apoio a Bolsonaro assusta demais, algo parecido ao fenômeno trumpista. Como é que dois mentecaptos perversos conseguem capturar tanta gente, nos EUA e no Brasil? Será uma doença mental, imbecilidade congênita, idiotice consumado. É assustador, sim!

Isso significa que, mesmo que o degenerado seja derrotado em 2022, no primeiro (o que seria o ideal) ou no segundo turno, a sociedade brasileira já está irremediavelmente dividida entre, aproximadamente, um terço de bolsonaristas (que é um fenômeno, não um movimento), um terço de lulopetistas (que formam um movimento) e um terço de indecisos, que podem decidir o nosso destino no primeiro ou no segundo turno (pois que não sabem o que fazer no primeiro turno).

Isso também significa que a classe média, que é quem determina o resultado das eleições no Brasil - 70% dos eleitores são das classes C e D, ou seja, classe média, excluindo a classe média alta, B, e os pobres, classe E, não determinantes – pode levar ao mesmo impasse que ocorreu em 2018, quando a polarização nos deixou com duas opções igualmente desastrosas (mas a que levou Bolsonaro ao trono foi infinitamente pior).

Isso significa, também, que um candidato centrista terá imensas dificuldades para se qualificar no primeiro turno, o que levará o Brasil mais uma vez à divisão do país e à fragmentação política.

Merecemos isto? 

Aparentemente sim, uma vez que fomos incapazes de gerar um ESTADISTA capaz de apresentar um programa credível para gregos e goianos, ou seja, para as classes A até E, contemplando as diversas reformas e propostas de políticas públicas para tentar salvar o Brasil de uma decadência estilo argentina. 

É muita frustração para todos aqueles que recusam tanto o bolsonarismo, quanto o petismo, mas sabendo que o primeiro é INFINITAMENTE PIOR para o país, para a cultura, para a inteligência. Eu até acredito que Lula vai conseguir o apoio do Grande Capital (uma minoria reduzidíssima na classe A) e ganhar as eleições de 2022, o que também significa uma grande derrota para a luta contra a corrupção.

Mas não acredito que o PT roubará tanto quanto o fez entre 2003 (já vinha de antes) e 2016; as instituições estão mais preparadas, a despeito da imensa ajuda que a (in)Justiça vem dando aos corruptos. 

O Brasil tinha duas grandes tragédias: a má educação e a corrupção política. Passou a ter três, agregando a insegurança jurídica com a ajuda dos aristocratas da magistratura. Agora tem quatro: a divisão do país que nos pode levar a uma decadência a perder de vista.

 

Difícil imaginar o que se passa na cabeça de certas pessoas — até de classe média bem informada — que são objetivamente a favor da infecção e contra a democracia, e que se manifestam voluntariamente na direção exatamente oposta ao que seria o desejável para si próprias. O que pode impulsionar tais efeitos macabros e tal postura pró-ditadura? Não tenho explicações racionais para tal. 

Do lado do petismo, também vejo pouca racionalidade, e sobretudo nenhuma disposição para lutar contra a corrupção e contra os reais fatores das desigualdades sociais, não contra seus efeitos superficiais apenas: populismo e demagogia acabam preservando não só as desigualdades como as iniquidades, sobretudo no plano da justiça (já dominada pelos novos aristocratas de um Ancien Régime demodé e anacrônico).

O sectarismo e a intolerância, o fundamentalismo de tipo político ou religioso, a incapacidade de pensar com sua própria cabeça, a “necessidade” de se ter alguém que aponte o caminho e lhe diga o que fazer, o que pensar, levam a isso.

Quando vejo universitários pós-graduados se rebaixarem a discutir seriamente um execrável programa de TV feito para voyaeuristas compulsivos, constato que poucos estão ao abrigo da irracionalidade. 

O abandono do conhecimento me dá calafrios quanto ao futuro da nação.

Somos tão poucos assim, dispersos e sozinhos, na nau dos insensatos?

A chegada a bons portos deve demorar bem mais do que deveria, e isso não depende apenas do capitão do navio: o do Titanic era, ao que parece, experiente. 

Os que pretendem nos conduzir estão há décadas na pantomima política...

Compreendo, agora, "a atroz angústia de ser [um] argentino" culto, talvez acadêmico, quando não se é nem peronista, nem conservador e se contempla a decadência constante, impulsionada por governos civis e militares, liberais ou estatizantes, de esquerda ou direita, e o país afunda continuamente, inexoravelmente. Nem a psicanálise ajuda a entender a complexa trama de fatores que arrastam o país para a mediocridade e a pobreza. 

No caso deles, ainda mais exasperante do que no nosso caso, pois que já foram mais ricos, pelo menos para certa franja da população, excluindo os gauchos guaudérios. A nossa pobreza sempre foi propriamente estrutural, vinda das oligarquias tradicionais, do escravismo das elites (todas elas), do nacionalismo canhestro, do patriotismo rastaquera, que sempre arrastaram as massas para a não educação, a economia do país para a introversão, a cultura dos letrados para a cópia superficial, a política para o patrimonialismo renitente, com a corrupção sempre pujante e renovada.

Rui Barbosa já tinha visto isso, mas também achava que a Argentina estava "condenada" a um futuro brilhante, que nada podia dar errado. Mas isso foi em 1916; depois que ele morreu, o país só andou para trás, antes mesmo do desastre peronista, um cadáver que sequestrou até hoje um país inteiro e não está perto de desaparecer. Eu nunca entendi como se pode ser universitário e peronista ao mesmo tempo: certas coisas superam nossa capacidade de entendimento.

O Brasil tem outras, talvez ainda mais terríveis...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3904, 2 de maio de 2021