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quinta-feira, 3 de março de 2011

Bolsa-Familia: alem de curral eleitoral, uma escravizacao na degradacao moral

A opinião não é minha, mas partilho, em grande medida, dos argumentos deste liberal:

Escravo não é pobre, mas não é livre
JOSÉ L. CARVALHO*

Bolsa-Família terá reajuste médio de 19,4%

O governo federal vai reajustar o valor médio dos benefícios do programa Bolsa-Família em 19,4%, concedendo aumento de até 45,5% sobre o benefício variável que é pago a famílias com filhos de até 15 anos. Com isso, o valor médio mensal pago aos participantes do programa subirá de R$ 96 para R$ 115. O custo do reajuste será de R$ 2,1 bilhões, segundo o "Blog do Planalto", da Presidência da República, que divulgou as informações antes mesmo do anúncio oficial pela presidente Dilma Rousseff, em Irecê (BA).

-Vamos beneficiar quem tem mais filhos e maior dificuldade de enfrentar a vida e um nível de pobreza maior - disse a presidente.

Aparentemente, a Presidente Rousseff não considera que as pessoas reagem a estímulos. Se isso não é verdade, as ações da Presidente são inconsistentes. Primeiro, tivemos a lei de reajuste do salário mínimo e agora, temos o reajuste do Bolsa-Família. O primeiro caso já foi objeto de nosso comentário.

Aumentar as transferências pecuniárias às pessoas mais carentes parece ser uma ação humanitária. Entretanto, quando essa transferência é feita de modo permanente pelo governo e sem qualquer exigência de contrapartida do beneficiário, essa pode ser uma ação desumana. A armadilha do seguro desemprego nos Estados Unidos e na Inglaterra ilustram bem a degradação do ser humano pela perda de amor-próprio, assim como a mudança de seu comportamento para continuar enquadrado no programa governamental.

Programa governamental que cria dependência não é ação humanitária, é escravidão. Mas, argumentariam alguns, não podemos abandonar esses pobres brasileiros ao Deus dará. É verdade, mas também é verdade que no Brasil, durante o período no qual a escravidão era legal, a maioria dos escravos tinha um padrão de vida superior ao do trabalhador assalariado. Entretanto, arriscavam a vida em busca da liberdade e dos riscos que ela significava.

O estímulo do Bolsa-Família é para que o pobre continue pobre aos olhos dos responsáveis pelo programa e quanto mais filhos, melhor. Isso explica o fato de muitas pessoas beneficiárias desse programa se oferecerem para trabalhar à margem da lei. O mercado informal de trabalho não permite a identificação da renda assim gerada. O lado positivo dessa burla é o aumento da auto-estima e a satisfação do indivíduo por estar “levando vantagem”. O lado perverso é o estímulo a que outras pessoas façam o mesmo e venham a inchar mais e mais o mercado negro de trabalho, que por pejo identificamos como informal.

A mensagem ao pacato cidadão brasileiro é das piores. Pague seus impostos, respeite a lei, seja honesto e ético que em troca você poderá morrer tranqüilo em um hospital público, por falta de atendimento ou por causa dele. Seus filhos terão uma educação provida pelo Estado na Escola Cidadã e, se você não investir neles, possivelmente se tornarão cidadãos que estarão levando vantagem em tudo.

E não é só isso, se você contribuiu para o INSS, por 35 anos, tem mais de 65 anos, o governo não vai lhe garantir a aposentadoria que lhe foi prometida e que você pagou por ela, nem tão pouco ajustar o pouco que você recebe de maneira semelhante aos “criteriosos reajustes” do salário mínimo e das transferências do Bolsa-Família.

O que estamos fazendo de nossa Pindorama? Acabando com a pobreza pela escravização dos pobres?

*VICE-PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

Um comentário:

Leon disse...

Texto genial. É lamentável que, ao invés de ensinar o planejamento familiar, o governo "premie" aqueles que tem mais e mais filhos sem condições de criá-los. Lamentável que, no lugar de ampliar o emprego formal e investir naquilo que precisa de obras e correções, o governo gaste dinheiro com esse tipo de auxílio. É inegável que as pessoas não podem ser deixadas para a fome e o desalento, recebendo o auxílio de um estado que há muito se omite em ajudá-las, mas fornecer esse tipo de ajuda que encoraja o desemprego e o sub-emprego.