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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 12 de março de 2011
Ivo continua vendo abacaxis: diplomacia pouco diplomatica...
Chefes de Estado não costumam ficar reclamando do que ocorre no setor privado, inclusive porque pode, neste caso, causar constrangimentos nas relações diplomáticas.
Mas isso é um caso típico de aprendizagem. Vem com o tempo...
Paulo Roberto de Almeida
Dilma: Brasil compra "bagulheira" da China e exporta "commodities"
Chico de Gois, Eliane Oliveira e Luiza Damé
O Globo, 12/03.2011
Durante reunião com as seis centrais sindicais ontem, a presidente Dilma Rousseff reconheceu, ao comentar a relação do país com a China, que o Brasil importa “muita bagulheira” e exporta basicamente commodities. Ela afirmou que este é um dos panos de fundo para o grande desequilíbrio atual na balança comercial e, por isso, é preciso agregar valor aos produtos básicos. O excesso de compras no exterior ameaça engrenar um processo de desindustrialização nacional, que poderia levar ao fechamento de vagas.
“Há um desequilíbrio em relação à China. O Brasil exporta commodities e importa muita bagulheira. Isso ocorre principalmente entre o Natal e o carnaval. Por isso, precisamos agregar valor às commodities” disse a presidente, segundo relato de sindicalistas.
Outro motivo para os desequilíbrios comerciais é a forte valorização do real frente ao dólar. A presidente fez questão de enfatizar aos sindicalistas que o governo está vigilante e listou as medidas adotadas para conter a queda da moeda americana, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Dilma, segundo representantes das centrais, estava reagindo às críticas do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), que havia dito que o governo estava se rendendo à especulação do mercado. Sindicalistas têm acusado Dilma de manter uma política mais alinhada com a ideologia conservadora, em detrimento de demandas dos trabalhadores, como um salário mínimo maior que o enviado ao Congresso pelo Palácio do Planalto.
“Na época da campanha, falavam que eu era uma guerrilheira desenvolvimentista, agora dizem que eu sou uma monetarista” teria comentado ainda a presidente, segundo o relato de sindicalistas.
— Nós imaginávamos que o mercado tinha ganho o governo, mas ela brincou que não foi ganho ainda não. Ela fez questão de explicar a política econômica — disse Paulinho.
Ao usar o termo bagulheira, acreditam técnicos do governo, Dilma estaria se referindo aos chamados produtos populares importados, em sua maioria do Sudeste Asiático, e vendidos em estabelecimentos do tipo R$1,99. Em 2010, o Brasil importou US$3,2 bilhões em mercadorias do gênero. A estimativa da Associação Brasileira dos Importadores de Produtos Populares (Abipp) é que os gastos no exterior este ano cheguem a US$3,5 bilhões, com sete mil itens
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o intercâmbio bilateral foi favorável ao lado brasileiro em US$5,192 bilhões. Mas o desafio com a China é amplo. Segundo cálculos recentes da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a manipulação chinesa da cotação do yuan tornou os produtos daquele país 30% mais baratos que os brasileiros. Já o real fortalecido frente ao dólar encarece em 40% a produção nacional, minando a competitividade doméstica.
Na viagem que fará a Pequim em abril, Dilma pretende negociar com seu colega Hu Jintao compensações por causa do câmbio artificial. As alternativas em discussão incluem acordos setoriais de exportação e investimentos e abertura do mercado chinês para carnes, frutas e produtos industrializados do Brasil.
E está sendo preparado um leque de respostas para uma negativa chinesa, como o não reconhecimento formal do país como economia de mercado, a redução dos embarques de alimentos e minérios ao mercado chinês e o aumento das tarifas de importação de manufaturados. A taxação de supérfluos, com elevação da alíquota de importação para até 35%, está no radar.
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