quarta-feira, 11 de junho de 2008

888) Retrato de uma outra epoca: polemica na Anpuh

Parece que foi ontem, mas a distância é de quase um século, provavelmente.

Matéria do jornal O Estado de São Paulo sobre minha participacao numa mesa redonda da Anpuh, em outubro de 2003 (retirada do blog Acredite se quiser: link)

24.10.03
Polêmica e bate-boca: é o governo 'no divã'

"Um bate-boca entre o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira e o sociólogo Octávio Ianni, num debate que por pouco não virou assembléia estudantil, foi, na quarta-feira à noite, o momento culminante do 27.º Encontro Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG). Na platéia, Ianni acusou Bresser, que estava na mesa, de ter "colaborado com o maior desmonte da máquina pública deste País" quando foi ministro da Administração do governo Fernando Henrique. Bresser, irritado, lamentou, "a manifestação patética". Foi interrompido por Ianni: "Patético não é qualificativo científico. Fiz uma reflexão."

De científico, aliás, a sessão "Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?" teve muito pouco. Com quase mil pessoas no auditório, a mesa não conseguiu impedir que o encontro se transformasse num embate ideológico. O debate mostrou que a maioria petista dos estudantes, pesquisadores e professores da Anpocs já se sente desconfortável com o governo e até aceita reparos, mas resiste a assumir uma posição mais crítica. Junto com a platéia, o PT e o governo tiveram uma noite de divã.

Na primeira manifestação, o ex-ministro condenou a obediência do governo ao mercado e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e pediu mais coragem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que é preciso "completar a revolução nacional": "Meu medo é de que, talvez por desinformação, Lula não vá enfrentar essa questão."

As primeiras vaias foram foram discretas. O constrangimento aumentou quando o sociólogo e diplomata Paulo Roberto de Almeida analisou a "conversão do PT à social-democracia". Saudou a conversão, mas destacou que seria "inconfessada e envergonhada".

O economista Ricardo Carneiro, petista assumido, confrontou a exposição do diplomata, que fez uma lista das idéias vencedoras, derrotadas e ainda indefinidas. "Vencedor sob o ponto de vista de quem? Temos de começar nos colocando", disse. "O câmbio flutuante ganhou, mas a conseqüência da vitória foi uma perda de 30% nos salários, a maior na história do País."

O presidente da Anpocs, Luiz Werneck Vianna, encerrou lembrando que houve "lucidez" ao manter a política econômica. Mas advertiu que é preciso realizar mudanças logo. A sessão de divã promete continuar fora de Caxambu."
Do Estadão.
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Como recomendou José Genoíno, presidente nacional do PT, aos petistas que não estão entendo o que o govenro está fazendo:
"- Leiam Lênin."

3 comentários:

  1. Seria possível esclarecer, para quem não estava presente na ANPOCS'03, se o economista Ricardo Carneiro citado na reportagem é o de São Paulo ou o homônimo de Belo Horizonte?

    Obrigado!

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  2. Caro Anônimo (você facilitaria muito as coisas, se quando perguntasse acrescentasse o seu e-mail), e sobretudo o nome

    Este Ricardo Carneiro é o da Unicamp, que deveria ter sido o principal economista conselheiro de Celso Daniel, na campanha eleitoral de 2002, se este nao tivesse sido assassinado (alias num cenário digno de Maquiavel).

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  3. Caro Paulo Almeida

    Porque lendo Lênin o governo do Pt se explicaria?

    tarsoadm@yahoo.com.br

    Grato

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