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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 30 de novembro de 2008

953) Parag Khanna: O Segundo Mundo, livro

Hegemonia dos EUA e diplomacia brasileira

O jornal O Estado de São Paulo traz em sua edição deste domingo, 30 de novembro de 2008, uma entrevista do jornalista Cristiano Dias com o cientista político indiano Parag Khanna, pesquisador da New America Foundation, por ocasião do lançamento da edição brasileira de seu livro O Segundo Mundo: impérios e influência na nova ordem global (Editora Atlas, 560 p.)", sob o título "Hegemonia dos EUA chegou ao fim" (o que me parece um certo exagero).
No único trecho da entrevista que se refere especificamente ao Brasil, Khanna é perguntado sobre o papel que o Brasil terá na nova ordem global. Sua resposta:

"Estou muito otimista quanto ao Brasil por causa de sua economia diversificada, de seu corpo diplomático altamente treinado e muitas outras razões. Acho que o Brasil será protagonista em muitas áreas, como meio ambiente, comércio e desenvolvimento.'

Lendo a edição original do livro de Parag Khanna, The Second World: empires and influence in the new global order (New York: Random House, 2008), verifico que estou citado em nota de referência bibliográfica relativamente a uma passagem do capítulo 18, "Brazil, the Southern Pole" (p. 152-158), exatamente num trecho que diz o seguinte:

"Guided by its national methodology of coequal status with the United States, Brazil has always looked multidirectionally, persereving in its quest to become the anchor of Latin diplomacy (despite its Portuguese language)". (p. 154)

O trecho então remete à nota 5, que consta à p. 402, Notes, que cita como fonte esta apresentação minha de 2004, num seminário da Universidade Internacional da Florida, em Miami:

"See Paulo Roberto de Almeida, "Two Foreign Policies: from Cardoso to Lula", presentation at Florida International University, March 4, 2004.

Os interessados em conferir este pequeno texto (que foi retirado de artigo maior comparando as duas políticas externas), podem conferir a aversão pdf neste link.
Os links do final do arquivo provavelmente não correspondem mais à realidade, em vista de reorganização de meu site pessoal (www.pralmeida.org).

2 comentários:

lnm disse...

Dr. Paulo Almeida, primeiramente, minhas congratulações pelos seus preciosos textos e resenhas apresentados em seu blog. Descobri-o hoje, quanto estava buscando referencias do livro do Parag Kahnna (O Segundo Mundo). Acabei de compra-lo e em poucas folheadas, notei que o Sr. Kahnna, compara muito o sub-desenvolvimento da America Latina com a Africa Central, nesse contexto, ele generaliza ao ponto de não deixar de fora o Brasil, e continua a tecer comentários, que ao meu ver são no mínimo depreciativos para o Brasil, alegando que na America Latina como um todo (inclui-se o Brasil) há mais falta de integridade, caráter e personalidade de Estado do que propriamente nos paises do 1o. Mundo. Creio que após a recente crise Europeia, bem como o anuncio da nova ordem economica mundial, onde o Brasil encontra-se em prestigiado lugar, o renomado cientista politico deveria rever suas citações e no mínimo deveria lançar um novo livro, dando realmente os devidos créditos ao Brasil.

Obrigado pela atenção, mais uma vez reafirmo meu apreço pelo seu blog.

abraços
Marcel Ribeiro
marcel.ribeiro.silva@hotmail.com

Paulo Roberto de Almeida disse...

Marcel,
Permita-me dizer-lhe, você faz uma analise impressionista do livro de Kahnna.
Depreciativos ou não para o Brasil, e eles podem ser, os comentários de Kahnna devem ser considerados em seu mérito próprio, não em função de serem mais ou menos positivos para o Brasil e os brasileiros. O que você precisa considerar, e julgar, é se os comentários desse especialista são realistas, equivocados, adaptados ao caso brasileiro ou totalmente irrealistas e inadequados. Apenas isso.
Se ele aproxima a América Latina da Africa deve ser por algum motivo, e devem existir indicadores objetivos (de desempenho economico, de desempenho social, de educação, etc) que justifiquem essa vinculacao.
Se voce olhar os dados de crescimento ou de prosperidade social do mundo, em escala serial (historica) e comparativa, verá que a América Latina e a Africa foram os continentes que menos prosperaram nos anos 1990 e 2000, ao passo que Asia e até a Europa e América do Norte cresceram de forma mais sustentada.
O fato é que a América Latina continua a se distinguir no mundo pela extrema desigualdade social, pela má educação, pela corrupção (não é a única região, por certo), pelo fechamento comercial e por outros fatores menos positivos.
A crise europeia pode até diminuir o impero de crescimento naquele continente, mas você não pode achar que -- apenas porque o Brasil foi proclamado, erradamente até, a sexta economia mundial -- os brasileiros vivem melhor que os europeus.
Esqueça essa questão de "nova ordem mundial", isso é bobagem: o que vale é a riqueza individual, a prosperidade social, para individuos, a disponibilidade de bens públicos e privados e a capacidade de um EStado funcionar corretamente, para cumprir suas funções básicas.
O Brasil não precisa de qualquer analista lhe dando crédito, ele apenas precisa dar aos próprios brasileiros condições decentes de vida. Uma renda três ou quatro vezes mais alta, por exemplo, já ajudaria, pois os indivíduos teriam condições de adquirir bens que atualmente estão fora de seu alcance.
Para isso, o Brasil precisa crescer mais do que 4% ao ano. Para isso, ele precisa investir mais. Para investir mais, o Estado brasileiro precisa parar de ser um "despoupador" líquido dos recursos sociais, arrecando dois quintos do PIB (mais do que vários países desenvolvidos: Japão e EUA, por exemplo, têm carga fiscal de 30% do PIB) e investindo menos de 1,5% do PIB no que seriam suas funções básicas.
Creio que você precisa atentar para esse tipo de argumento, não para quem os emite...
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Paulo R. de Almeida