Aproxima-se o próximo convescote anual do FSM, desta vez na capital do Pará, com as mesmas palavras de ordem conhecidas ha pelo menos dez anos: um outro mundo é possível, um outro Brasil, uma outra Amazônia, etc...
Transcrevo, em primeiro lugar, como é de justiça, a chamada publicitária dos organizadores do movimento, com um resumo breve do que ocorrerá.
Depois, dou uma informação sobre um recente artigo que publiquei que examina cada uma das "teses" dos antiglobalizadores, com o meu olhar crítico, como é meu hábito.
Devo dizer, antecipadamente, que por uma questão de honestidade intelectual e por simples deferência para com os dados da realidade ou do mero bom-senso, não tenho a menor complacência para as "teses" surrealistas dos antiglobalizadores.
Fórum Social Mundial defenderá paz, justiça e ética
De 27 de janeiro a 1° de fevereiro a cidade de Belém (PA) vai sediar o 9º Fórum Social Mundial, que acontece este ano com o tema "Um Novo Mundo é Possível". Durante seis dias, Belém assume o posto de centro de toda a região para abrigar o evento que reúne ativistas de mais 150 países. Algumas atividades serão realizadas nas tendas temáticas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Federal Rural da Amazônia (UFRA). A escolha pelas tendas foi feita para contemplar a demanda de público - os locais podem receber de 300 a 750 pessoas.
Serão 14 tendas divididas entre as universidades federais do Pará, que também serão espaços de debates, seminários, conferências, assembléias e atividades culturais. As diversas atividades do FSM serão realizadas em torno de alguns objetivos, definidos após a realização de uma ampla consulta pública a diversas organizações e entidades participantes do processo do FSM.
Entre esses objetivos, estão a construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas; livre de armas, especialmente as nucleares; pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação; pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes; pela construção de uma economia democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo, centrada em todos os povos; e pela defesa da natureza como fonte de vida para o planeta Terra.
Definição - O FSM é um espaço de debate democrático de idéias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, configurou-se como um processo mundial permanente de busca e construção de alternativas às políticas neoliberais. Essa definição está na Carta de Princípios, principal documento do FSM.
O Fórum caracteriza-se também pela pluralidade e pela diversidade, de caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.
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Voilà, feita a transcrição da chamada publicitária, informo agora sobre o meu trabalho recentemente publicado que faz uma análise dessas "idéias":
“Fórum Surreal Mundial: Pequena visita aos desvarios dos antiglobalizadores”, Brasília, 22 dezembro 2008, 17 p. Consolidação das críticas às idéias surreais do FSM. Publicado em Mundorama, divulgação científica em relações internacionais (27.12.2008; link: http://mundorama.net/2008/12/27/271220081129/).
Se ouso, neste momento, agregar algo, seria para contradizer uma das frases que fazem a publicidade do encontro.
NÃO, o FSM NÃO é "um espaço de debate democrático de idéias, [de] aprofundamento da reflexão, [de] formulação de propostas, [de] troca de experiências e [de] articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil", posto que só podem participar dessas atividades aqueles "que se opõem ao neoliberalismo".
Ora, se os antiglobalizadores se fecham ao debate de idéias, se proibem, ab initio, que qualquer pessoa que não partilhe de suas idéias surrealistas participe desses encontros, se eles se recusam terminantemente a ouvir outras teses, é porque se sentem tremendamente inseguros quanto à validade ou legitimidade de suas "teses".
A outra hipótese, obviamente, é que eles são tremendamente sectários e fechados a qualquer contestação de suas "verdades reveladas", o que revela um comportamento mais religioso, na verdade fundamentalista, do que racional ou aberto ao diálogo democrático.
PRA, 8.01.2009
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