Tarcíso está errado. Que Lula e os petistas sejam nefastos no terreno econômico, da corrupção e de uma diplomacia equivocada e míope, não quer dizer que Bolsonaro seja melhor, o que este editorial do Estadão também afirma.
Mas é preciso deixar algo MUITO CLARO: o Brasil já viveu 21 anos de ditadura militar, que fez repressão ampla contra políticos, artistas, acadêmicos, jornalistas e quaisquer pessoas que não concordavam com um regime autoritário, com polícia política à espreita e censura à cultura e às artes, à mídia e aos simples professores de esquerda, uma fauna que existe em qualquer país do mundo.
Mas quem ELOGIOU TORTURADORES, quem disse claramente que "A DITADURA MATOU DE MENOS", que o regime militar deveria ter eliminado pelo menos TRINTA MIL OPOSITORES foi Bolsonaro, o MONSTRO NEGACIONISTA, que matou, indiretamente, ALGUNS MILHARES DE INFECTADOS PELA COVID-19 durante a pandemia, em grande medida os próprios bolsonaristas, que acreditaram na FRAUDE ANTIPROFILÁTICA do presidente boçal, OPOSTO A VACINAS, e só se rendendo quando o governador de SP começou a importar vacinas.
Tarcísio se opõe acertadamente a Lula no lado econômico e moral, mas deveria com maior razão se opor ao psicopata perverso que infelicitou milhares de famílias, e que pretendia se manter no poder por meio de um GOLPE MILITAR.
Paulo Roberto de Almeida
Tarcísio está certo
Editorial O Estado de S. Paulo, 15/08/2025
Ele resumiu bem: ‘O Brasil não aguenta mais o Lula’ – e desbancá-lo é condição para superar o atraso. Mas os candidatos à direita devem saber que o Brasil também não aguenta mais Bolsonaro
“O Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula.” O desabafo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, num encontro promovido pelo BTG Pactual com outros presidenciáveis de centro-direita, como Ratinho Jr., Eduardo Leite e Ronaldo Caiado, vocaliza mais que um diagnóstico político. É a expressão condensada de um esgotamento histórico, comprovado por dados e pelo cotidiano. Não se trata de mera retórica eleitoral. O sentimento popular, traduzido em índices de rejeição, ecoa uma realidade objetiva: o modelo lulopetista é fiscalmente insustentável, economicamente estagnante, institucionalmente corrosivo e diplomaticamente anacrônico.
Na oposição, recorde-se, o PT sempre foi irresponsável, rejeitando marcos civilizacionais, a começar pela Constituição e o Plano Real. No governo, o resultado foi inequívoco: retrocesso na produtividade, deterioração fiscal, aparelhamento do Estado, corrosão da moralidade pública e uma política externa que confunde alinhamento com ditaduras e hostilidade ao Ocidente com “soberania”. Na economia, o lulopetismo substituiu reformas estruturais por expansão desenfreada do gasto corrente, subsídios distorcivos e intervencionismo improvisado. O preço está na dívida crescente, no déficit crônico, nos juros exorbitantes, na paralisia do investimento privado. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 45 anos o Brasil despencou do 48.º para o 87.º lugar no ranking de PIB per capita, aproximando-se da metade mais pobre do planeta – e isso tem relação direta com o fato de que o Brasil foi governado pelo PT em 16 dos últimos 22 anos.
A cultura institucional moldada pelo PT é adversa ao mérito e complacente com o clientelismo. A máquina pública foi loteada a aliados; as estatais, transformadas em cabides de emprego; o Congresso é tratado ora como inimigo, ora como balcão de negócios. Na política externa, Lula insiste em bajular autocratas e dar declarações contra o “imperialismo estadunidense”, mesmo enquanto China, Europa ou até o Vietnã negociam pragmaticamente com Washington. No campo moral, a marca é um relativismo corrosivo: o partido que reivindica o monopólio da ética capitaneou o maior escândalo de corrupção da história nacional.
Ao dizer que o Brasil “não aguenta mais”, Tarcísio verbaliza um limite estrutural. A população sente – e as projeções confirmam – que o País não suporta mais regimes fiscais que empilham déficits e empurram a conta para o futuro. A exaustão também é geopolítica e tecnológica: enquanto o mundo corre atrás da transição energética e da economia do conhecimento, o lulopetismo insiste em reviver debates marxistas antediluvianos, preso a um saudosismo sindical e a rancores de grêmio estudantil.
Não é preciso endossar candidaturas para reconhecer que os princípios defendidos pelos governadores durante o encontro apontam na direção certa: responsabilidade social sustentada por responsabilidade fiscal, reforma orçamentária, modernização administrativa, combate à corrupção e privilégios e uma visão de futuro conectada às oportunidades globais. É essa virada de página que importa.
Mas, para ser completa, ela não pode omitir um dado incômodo: o Brasil não aguenta mais o bolsonarismo também. Entre os muitos males que Lula e o PT causaram ao País, um dos mais degradantes foi a ascensão de Jair Bolsonaro. O populismo bolsonarista foi um subproduto dialético do populismo lulopetista. O antipetismo viabilizou a ascensão de Bolsonaro, e o antibolsonarismo viabilizou o retorno de Lula, mantendo o País cativo de um ciclo infernal de ressentimento, radicalização e estagnação. Rompê-lo é condição para avançar. Como resumiu singelamente Ratinho Jr., basta eleger “uma pessoa normal”.
Virar a página não é trocar um demagogo por outro. É abandonar a mentalidade retrógrada que nos prende a crises recorrentes, colocar a responsabilidade fiscal no centro da agenda, reafirmar o compromisso com instituições sólidas e abraçar o mundo como ele é, e não como o imaginário ideológico o descreve. O Brasil não aguenta mais Lula e Bolsonaro – e, se não superá-los de uma vez, estará condenado à mais profunda mediocridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.