terça-feira, 9 de setembro de 2025

Meu posicionamento pessoal sobre o discurso diplomático de Lula no dia 8 de setembro de 2025 - Paulo Roberto de Almeida

Meu posicionamento pessoal sobre o discurso diplomático de Lula no dia 8 de setembro de 2025

Paulo Roberto de Almeida

O presidente Lula usou a cúpula virtual do Brics, em 8 de janeiro de 2025, para expor, de forma abrangente, a posição do Brics com respeito aos principais problemas da atualidade internacional, com isso reiterando, ademais da postura da diplomacia brasileira sobre esses problemas, os posicionamentos da Rússia e da China sobre as mesmas questões. 

É certo que as turbulências atuais vêm sendo causadas por um presidente notoriamente despreparado para encaminhar essas questões com base no multilateralismo, no diálogo e na cooperação entre Estados soberanos, mas os grandes problemas não começaram em sua segunda gestão, sequer na primeira, cuja efetivação teve como origem a interferência de uma grande potência nos assuntos internos dos EUA, a mesma potência que está na origem da crise atual do sistema internada, que é a Rússia de Putin. 

Em nenhum momento, o discurso de Lula se refere à fonte primacial da crise atual do sistema multilateral, que  remetem à invasão e anexação ilegais da península ucraniana da Crimeia, em 2014, por forças clandestinas da Rússia, ou à invasão geral do território da Ucrânia pela Rússia em 2022, outra grave violação da Carta da ONU e do Direito Internacional.

Ao contrário, o discurso de Lula incorpora totalmente as posições de Putin sobre esse grave atentado à paz e à segurança internacionais, como se depreende do parágrafo abaixo, totalmente condizente com as escusas inaceitáveis da Rússia sobre sua grave violação da Carta da ONU:


“No que se refere à Ucrânia, é preciso pavimentar caminhos para uma solução realista que respeite as legítimas preocupações de segurança de todas as partes.”


Todas as demais propostas feitas no discurso de Lula correspondem a posicionamentos amplamente coincidentes com a visão chinesa das relações internacionais, sobretudo a de considerar que o BRICS “já é o novo nome da defesa do multilateralismo”, o que infelizmente não corresponde à realidade da crise atual do sistema internacional.

As posições de política externa do presidente Lula, mas não apenas em relação à grave crise atual do sistema multilateral da ONU, estão, conceitualmente e operacionalmente, distantes do que recomendariam os padrões habituais de atuação da diplomacia profissional brasileira. As dissonâncias e divergências entre uma e outra são profundas e persistentes, em função de concepções inadequadas e incompatíveis com a história e as tradições da diplomacia brasileira.

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 9/09/2025


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