Transcrevo comentário de colega e amigo sobre populismo e política no Brasil:
“ Não de fato é útil a qualquer país promover endossar o populismo. O ideal é ter presidentes tão populares quanto lhes seja possível, como Juscelino e FHC (não adianta buscar exemplos em outros países, fora da nossa realidade), de preferência à tentação latino-americana do "salvador da pátria", diante da complexidade dos desafios do desenvolvimento econômico e social e da dificuldade em dispor de um sistema político-institucional que seja ao mesmo tempo democrático e funcional.
No Brasil de hoje, mesmo um presidente "ideal", qualquer que seja a sua orientação político-ideológica, teria grandes (ou até insuperáveis) dificuldades para cumprir com a plataforma que o elegeu devido ao papel que desempenham o Congresso e o judiciário, notadamente o STF. Não e trata de criticar os seus atuais integrantes, nem mesmo algumas de suas decisões, mas a Constituição de 1988, que representou um avanço em matéria de exercício de direitos civis, em outras matérias criou, involuntariamente, condições bastante desfavoráveis à governança ao permitir que os outros dois poderes pudessem exorbitar das atribuições em comparação com o funcionamento dessas mesmas instituições em países mais "avançados".
Esse fenômeno só não se manifestou durante os 13 anos de petismo porque houve uma cooptação em grande escala pela via da corrupção, mas agora o equilíbrio entre as atribuições dos três poderes dependeria de uma reforma constitucional.
Uma evolução dessa natureza foi obtida na França em 1958 com a passagem da chamada Terceira para a Quarta República e talvez se deva refletir sobre essa questão no Brasil, embora não se possa esperar pelo apoio atuais beneficiários do status quo, o que tampouco ocorreu na França, até que uma crise desperte os atores políticos de sua letargia. Até lá, a linguagem colorida das redes sociais só ilustra o lado folclórico e anódino do debate político.
Tomas Guggenheim ”