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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Postura de um general de reserva sobre as ameaças à Amazonia - Carlos Alberto Pinto Silva (Defesanet)

Creio que este general reflete bastante do pensamento dos militares brasileiros no tocante a supostas ameaças à soberania nacional, no caso, mais uma vez, a famosa "internacionalização" da Amazônia.
Não tenho tempo, nesta madrugada de segunda-feira (02:31 da madrugada) de comentar em detalhe seus argumentos, mas eles são reveladores de certas reações primárias compatíveis com a paranoia normal dos militares no tocante a supostas ameaças à soberania do Brasil.
Não creio que vá mudar muito, pois a obrigação dos militares é, por definição, cultivar a paranoia, inclusive por razões orçamentárias.
Lamento pela descoordenação com uma política internacional sensata por parte do Brasil.
Estamos em tempos paranoicos, mais do que o normal.
Paulo Roberto de Almeida

Texto de fundamental importância do Gen Ex R1 Pinto Silva para os leitores de DefesaNet

MACRON E AS AÇÕES HOSTIS AO BRASIL  
“O Brasil para ser desenvolvido e respeitado pelos os demais Estados têm de lutar em defesa de sua soberania e por ideias que exerçam apelo além de suas fronteiras”[1].

Carlos Alberto Pinto Silva[2]

Defesanet, 1/09/2019

A cobiça sobre as incalculáveis riquezas da Amazônia não é uma exclusividade dos dias atuais. O objetivo de integrá-la definitivamente ao contexto nacional tem sido buscado ao longo das gerações, sem ser, contudo, alcançado plenamente.

Dissociada do restante do território nacional, a Amazônia tem sofrido fortes ameaças que atentam contra a soberania nacional, como é o caso da atual cometida pelo Presidente Macron, da França.

O presidente francês afirmou que está “em aberto o debate sobre a internacionalização jurídica da floresta amazônica”.

A situação vivida na atual conjuntura brasileira é a de paz relativa, uma Guerra Política[3] Permanente, não há inimigo e sim estados com ações hostis em defesa dos seus interesses. Está acontecendo um “Conflito na Zona Cinza”, caracterizado por uma intensa competição política, econômica, informacional, mais acirrada que a diplomacia tradicional, porém inferior à guerra convencional, realizada por Estados[4] que têm seus interesses desafiados pelo Brasil.

Ninguém começa uma Guerra Política contra um país amigo do seu povo, ou melhor, ninguém de bom senso deve fazê-lo, sem ter bem claro em sua mente o que com ela pretende alcançar. França e Alemanha motivadas pela assinatura do acordo MERCOSUL e União Europeia, acusam o Brasil de estar destruindo a Amazônia e de não cumprir com acordos relativos ao meio ambiente, e ameaçam com retaliações políticas e econômicas, mal disfarçando o verdadeiro motivo que é o de proteger suas economias.

A decisão de empreender uma “Guerra Política” contra o Brasil poderia ser baseada numa avaliação de custos e benefícios, ser empreendida com vistas a alcançar-se um objetivo político que fosse de interesse do Estado Frances, e nunca para atender a necessidade do Presidente Macron de se projetar internacionalmente como “defensor da humanidade”, e recuperar sua reputação na política interna protegendo seus agricultores. 

O centro de gravidade da ação dos Estados hostis ao Brasil, na atual conjuntura, está voltado a desestabilizar o governo, a desacreditar autoridades, a criar o caos na sociedade com o auxílio do potencial de protesto da oposição e da imprensa simpática à social democracia, sucedendo-se a uma inevitável crise política.

Devido às nossas possíveis atividades de defesa serem de um país em desenvolvimento contra países do G7, as ações devem ter um objetivo político claramente definido e responsabilidades políticas firmemente estabelecidas. Devemos criar, com a participação da sociedade, uma “Frente Nacional” de defesa do país.

Existem certas medidas fundamentais, entre elas, como manobra interior:
  
- despertar o interesse da sociedade pelos assuntos de defesa;

- buscar a harmonização dos três Poderes em assuntos de defesa e política externa;

 - buscar a integração das diversas ferramentas do Poder Nacional e dos grupos não estatais em benefício da defesa dos interesses nacionais do país, forçando o oponente a confrontar vários campos de batalha, simultaneamente;

 - permitir usar todos os elementos do Poder Nacional, em uníssono e com a combinação certa de instrumentos diplomáticos, econômicos, militares não cinéticos, políticos, jurídicos e culturais para cada situação;

- buscar a participação da própria população na defesa da soberania da nação;

- todos os fatores do Poder Nacional possuem uma estreita dependência do poder econômico, a ciência de bem aplicá-los na defesa da nossa soberania está na sua integração e harmonização;

- buscar a excelência nas atividades de guerra em rede, de inteligência artificial, segurança cibernética, e espionagem eletrônica;

- buscar que todos os brasileiros saibam o que é um “Conflito na Zona Cinza[5]”;- usar a Guerra Assimétrica Reversa [6] e a Assimetria Estratégica [7];