Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 19 de março de 2020
Consequências geopolíticas da pandemia Covid-19 - Paulo Roberto de Almeida
Rodrigo Constantino também aproveita o Coronavirus para continuar a batalha ideológica
O despotismo não impediu o desempenho brilhante da China nos séculos passados, graças tanto à energia de seu povo, quanto à organização "weberiana" dos mandarins do Estado, e também fases tenebrosas de sua história – guerras civis, rebeliões, invasões estrangeiras com humilhações e genocídios, como no caso do militarismo do Japão –, o que se agravou ainda sob o maoísmo demencial dos anos 1950 aos 70, com milhões de mortos em cada um desses episódios e provações.
Epidemias existem em diferentes países e situações, que são ou não controláveis pelas autoridades sanitárias.
A ditadura chinesa errou, sim ao início do novo coronavirus, mas depois se recompôs e organizou um sistema eficaz de controle e combate, o que fez com a epidemia revertesse em dois ou três meses. A RPC oferece agora know-how, equipamentos e pessoal como colaboração a países afetados, entre eles Itália e Brasil.
Acredito que se deve separar as querelas ideológicas das questões técnicas vinculadas ao combate à pandemia, que sendo uma enfermidade global, deve ser combatida globalmente, na cooperação entre os estados nacionais, sob a coordenação da OMS e organismos regionais dessa esfera.
O exclusivismo nacionalista, assim como o dedo acusatório de natureza política não vão resolver os problemas dos países afetados.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/03/2020
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A ditadura comunista deveria indenizar o mundo pelo vírus chinês
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domingo, 15 de março de 2020
Emily Hahn e Charles Boxer, uma história fascinante (New York Times, 1997)
Recomendo igualmente a leitura deste longo artigo sobre Charles Boxer pelo historiador brasilianista Kenneth Maxwell:
Paulo Roberto de Almeida
Emily Hahn, early feminist and prolific author who wrote 54 books and more than 200 articles for New Yorker, dies at age 92
https://www.nytimes.com/1997/02/19/arts/emily-hahn-chronicler-of-her-own-exploits-dies-at-92.html
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
Bolsonaro, a Amazonia e a China - Heriberto Araújo and Melissa Chan (WP)
How Bolsonaro’s risky bet on China in the Amazon could backfire
domingo, 23 de fevereiro de 2020
A diferença entre Estados autoritários e os democráticos: China como "homem doente da Ásia" no Wall Street Journal
Qual foi a reação dos dirigentes alemães?
Nenhuma, absolutamente nenhuma.
Ou melhor, reconheceram os problemas do momento e trataram de corrigi-los para que o país retomasse seus antigos níveis de produtividade e competitividade que sempre distinguiram a Alemanha, temporariamente afetados por políticas erradas e pelos impactos reais da integração da RDA, acrescidos dos problemas trazidos pouco antes pela moratória russa, que afetou muitos bancos alemães.
A China já foi chamada de "homem doente da Ásia", no final do século XIX, quando ela realmente estava em decadência e tinha perdido guerras contra a Rússia czarista e o Japão ascendente, assim como estava sendo humilhada pelos imperialismos ocidentais, e não tinha sequer como retaliar.
Logo depois foi a vez do Império Otomano, de ser chamado de "homem doente", o que era também um fato, em breve confirmado pelo fim do Império e o nascimento da Turquia moderna, com um território reduzido em relação ao enorme império antes espalhado pelo sul da Europa, Oriente Médio e norte da África.
Hoje, a China, que não tem nada de "homem doente" da Europa, enfrenta um problema episódico, que vai ser superado dada sua enorme capacidade de reação, sua organização, seu poderio econômico.
O grande historiador e especialista de relações internacionais, Walter Russell Mead, realmente perpetrou um erro grave – ou então a responsabilidade incumbe aos editores –, ao chamar a China de "homem doente da Ásia", mas ele é um colunista baseados nos EUA, que tem liberdade para publicar o que deseja no Wall Street Journal, um jornal conservador, mas provavelmente o melhor jornal do mundo, junto com o Financial Times. A decisão da China de expulsar três jornalistas do escritório de Beijing do WSJ apenas revela o espírito totalitário do PCC, sua intolerância com as opiniões de um acadêmico, que não afetariam em nada a capacidade da China de resolver um grave problema de saúde pública.
Essa é a diferença entre as democracias e as ditaduras: as primeiras não interferem na liberdade de imprensa e sobretudo na opinião de comentaristas e acadêmicos. Ditaduras costumam controlar seus cidadãos e os próprios jornalistas estrangeiros que escrevem sobre o país. A retaliação inaceitável da China contra jornalistas estrangeiros apenas confirma essa diferença básica, que um dia será superada, para felicidade do próprio povo chinês.
Paulo Roberto de Almeida
Inside The Wall Street Journal, Tensions Rise Over ‘Sick Man’ China Headline
Apropos of nothing in particular, a word to my new Chinese followers: at American newspapers, writers typically do NOT write or approve the headlines. Argue with the writer about the article content, with the editors about the headlines.