Dos retrocessos históricos
Putin conseguiu fazer a Rússia retroceder à Segunda Guerra Mundial, ao transformar a base produtiva do país numa economia de guerra (mas desta vez sem qualquer auxílio econômico ou militar dos EUA e do Reino Unido, como ocorreu entre 1941-1945).
Ele próprio conseguiu converter-se numa reencarnação de Stalin, e tão brutal quanto o tirano soviético, ao retroceder à prática monstruosa da regra stalinista que ordenava matar qualquer soldado que recuasse na frente de batalha. Agora está valendo a mesma regra, o que indica o seu desespero em face dos fracassos na sua guerra de agressão contra a Ucrânia.
Só falta agora reintroduzir o Gulag, embora ele também recorra ao hábito de eliminar todos os concorrentes, adversários ou simples críticos, o que inclui jornalistas de modo geral.
Do outro lado do mundo, o desvairado Trump está operando um retorno dos EUA à segunda revolução industrial, à era do petróleo e do motor à explosão, ainda do carvão e das tarifas altas. Provavelmente não vai conseguir, mas tem se esforçado na tarefa. Também adotou as medidas anti-imigratórias dos anos 1920 e um comportamento xenófobo e racista similar aos tempos em que a Ku Klux Kan se exercia livremente na segregação.
No resto do mundo, as democracias recuam ante à disseminação de regimes iliberais e de governos autocráticos. Na América Latina, o populismo continua a prevalecer, sob novas formas.
É o tal do “eterno retorno”?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27/09/2025