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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Eleicoes 2014: cai a margem de elegibilidade da favorita - Fernando Rodrigues

Dilma tem 39%, Aécio, 21%, e Campos, 10%, diz Ibope

Fernando Rodrigues
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Pesquisa foi realizada nos dias 13 a 15.jun; margem de erro é de 2 pontos percentuais
Petista teria de enfrentar um segundo turno se a disputa fosse hoje
Aprovação ao governo Dilma caiu 5 pontos percentuais em relação à última pesquisa
A presidente Dilma Rousseff (PT) lidera a corrida presidencial com 39% das intenções de voto, segundo pesquisa CNI/Ibope realizada nos dias 13 a 15 de junho. Com essa pontuação, a petista teria de enfrentar um segundo turno se a disputa fosse hoje, pois a soma de todos os seus adversários é de 40%. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
No Brasil, vence a eleição no primeiro turno quem tem, pelo menos, 50% mais 1 dos votos válidos (aqueles dados aos candidatos).
Em segundo lugar, de acordo com o Ibope, está Aécio Neves (PSDB), com 21%. Depois, vem Eduardo Campos (PSB), com 10%. E os outros: Pastor Everaldo (PSC) tem 3%, Magno Malta (PR), 2%, e José Maria (PSTU), 1%. Os demais candidatos nanicos somam 3% das intenções de voto.
Em relação ao levantamento anterior do Ibope, realizado nos dias 15 a 19 de maio, Dilma oscilou dentro da margem de erro 1 ponto percentual. Ela tinha 40%.
Todos os outros candidatos tiveram também variações dentro ou próximas à margem de erro.
Aécio Neves tinha 20% e agora está com 21%. Eduardo Campos registrava 11% e foi a 10%. Everaldo Pereira (PSC) tinha 3% e manteve o mesmo percentual.
SEGUNDO TURNO
Se Dilma enfrentasse Aécio no segundo turno, a petista venceria com 43% contra 30% do tucano, uma diferença de 13 pontos percentuais.
Em 15 a 19 de maio, no último levantamento Ibope, Dilma teria 43% contra 24% de Aécio, uma vantagem maior, de 19 pontos.
O estreitamento da liderança petista num eventual segundo turno também ocorreu em relação a Eduardo Campos. Antes, a petista venceria com 42% contra 22% do pessebista, vantagem de 20 pontos. Agora, de 43% a 27%, diferença de 16 pontos percentuais.
REJEIÇÃO
A taxa de rejeição de Dilma aferida pela pesquisa CNI/Ibope é de 43% –esse percentual dos eleitores afirma que não votará na petista “de jeito nenhum'' para presidente da República. A taxa de rejeição de Aécio Neves é de 32% e a de Campos, 33%.
A pesquisa Ibope anterior fez uma pergunta formulada de maneira diferente da realizada pelo atual levantamento quando se apurou a rejeição aos candidatos. Eis a diferença:
Pergunta sobre rejeição no levantamento divulgado nesta 2ª feira (19.jun.2014): “Gostaria que o sr. me dissesse qual destas frases melhor descreve a opinião sobre ele''. Uma das respostas era: “Não votaria nele de jeito nenhum para presidente''.
Pergunta sobre rejeição no levantamento anterior (14 a 17 de março de 2014): “E em qual desses possíveis candidatos a Presidente da República o(a) sr(a) não votaria de jeito nenhum? Mais algum? Algum outro?''
Por causa da diferença metodológica, seria um erro comparar os indicadores de rejeição dos dois levantamentos. Para registro, eis o que a pesquisa anterior do Ibope apurou:
Dilma tinha 33% de rejeição, Aécio, 20%, e Campos, 13%.
APROVAÇÃO DE GOVERNO
A taxa de aprovação à administração da presidente Dilma Rousseff caiu 5 pontos percentuais e está em 31% (quem responde que o governo é “bom” ou “ótimo”). Na pesquisa Ibope anterior que fez essa medição, custeada pela CNI, em 14 a 17 de março, o percentual era de 36%.
Para 34%, o governo Dilma é regular. E outros 33% consideram a administração petista ruim ou péssima.
Quando o Ibope pergunta sobre a maneira de governar, 44% dizem aprovar e 50% desaprovar a forma como Dilma conduz o país. Essas taxas eram de 51% e 43%, respectivamente, na pesquisa anterior.
Sobre a confiança na presidente, a taxa agora é de 41% –antes era de 48%.
A pesquisa do Ibope foi custeada pela CNI e entrevistou 2.002 pessoas nos dias 13 a 15 de junho de 2014. Está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR-00171/2014.
Este Blog mantém a mais completa página de pesquisas eleitorais da internet brasileira, com levantamentos de todos os institutos desde o ano 2000. É possível consultar os cenários do 1º turno de 2014 para as disputas de presidente,governador e senador.
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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eleicoes 2014: um academico analisa a plataforma externa de Campos-Marina

Internacional

Análise

A chapa Campos-Marina e a política externa

As propostas de Marina entram em choque com posições históricas do PSB. Como a candidatura vai resolver essa questão? Por Sebastião Velasco
por Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais — Carta Capital, 28/05/2014 14:46
Eduardo Campos e Marina Silva
Eduardo e Marina na filiação dela ao PSB. Nas questões internacionais a posição dela contrasta com algumas bandeiras do PSB
José Cruz/ Agência Brasil
Por Sebastião Velasco
Convenhamos, não é trivial. Como construir uma posição claramente diferenciada, sólida o bastante para resistir aos embates e chegar ao final da disputa com alguma chance de sucesso? Em outras palavras, como escapar à lógica binária que há décadas vem se afirmando com tal força na política brasileira? E como fazer isso quando esta lógica comanda também as estratégias dos concorrentes?
Tivemos um exemplo prático dessa verdade durante o encontro recente de Aécio Neves (PSDB-MG) e de Eduardo Campos (PSB-PE) com grupo seleto de empresários, em um resort na Bahia. Suas manifestações a respeito dos temas de suas respectivas plataformas não tem tanta importância – afinal de contas, elas estão ainda em processo de elaboração, e mesmo depois de anunciadas haverá tempo suficiente para retificá-las se for o caso. Seja como for, pouco se falou desse aspecto da conversa. O que restou do convescote foi a declaração de Aécio de que não conseguia ver em Campos um adversário, e a foto antológica dos dois estendendo a bandeira brasileira para os fotógrafos, qual capitães de times. Com este detalhe: do mesmo clube, o time titular e o reserva.
Não surpreende que esse episódio tenha feito disparar a sirene de alarme no QG marino-campista. O reposicionamento a que assistimos nos últimos dias – tímido ainda, desigual, desajeitado – é expressão do reconhecimento tardio de Eduardo Campos de que não haverá futuro para a chapa que ele encabeça se o desafio de afirmar a sua identidade própria não for enfrentado.
As manifestações de desacordo com Aécio em questões programáticas, e as indicações de que a aliança PSB-Rede disputará os governos de inúmeros estados – São Paulo e Minas inclusive – com candidatos próprios manifestam a disposição de lutar por esse objetivo.
Mas serão os esforços nesse sentido bem sucedidos?
Além da força da inércia e das artimanhas dos adversários, um fator extrínseco contribui para reforçar a lógica bipolar na política brasileira: a extrema concentração da mídia, sua tendenciosidade e a relativa homogeneidade ideológica que a caracterizam. Com grande capacidade de pautar o debate público, essa mídia não é simplesmente anti-governista: a crítica sistemática que ela despeja diuturnamente mantém sintonia fina com o discurso da oposição demo-tucana. Para a coligação que busca credenciar-se como uma terceira via, a questão é de como furar a barragem do senso comum assim produzido e interpelar o eleitor descontente com uma proposta que enquadre os problemas e as prioridades do país em uma visão ampla, diferente e persuasiva.
A tarefa de separar as águas seria mais simples se Campos e Marina Silva (PSB-AC) estivessem correndo em raias próprias. Nesse caso, seria possível selecionar algumas chaves temáticas e fazer delas o elemento discriminante. Foi o que vimos em 2010, quando Marina apresentou-se como arauto do novo – uma nova forma de fazer e viver a política – e associou essa imagem a posições características sobre temas substantivos com forte apelo para parcelas não desprezíveis da população – o desenvolvimento sustentável – tudo embalado em uma concepção de mundo um tanto etérea, que ela entoava em prosa poética. De gosto duvidoso, mas espontânea e aparentemente sincera.
Agora, como dar credibilidade à retórica da nova política quando a primeira voz no dueto é de alguém que ingressou na política como herdeiro de um patrimônio familiar antigo e exerce sobre o seu partido um estilo de mando acentuadamente personalista Como defender a opção pelas fontes renováveis de energia, quando o companheiro de chapa está nos jornais como o patrono da refinaria Abreu e Lima, tendo ademais na defesa do nuclear um item importante em seu currículo?
Dúvidas da mesma ordem assaltam o observador atento quando ele se volta para os temas da política externa, que nos interessam mais de perto aqui.
Na eleição passada, Marina demarcou-se do campo governista, nesse plano, pela crítica à timidez no posicionamento do Brasil face às denúncias de violações de direitos humanos em países próximos (caso da Venezuela e de Cuba), e não tão próximos assim (caso do Irã). Justificada às vezes por declarações infelizes, a discrição da diplomacia brasileira correria o risco de resvalar para a pura e simples conivência, ela advertia.
Pouco, para o eleitor mais exigente. Mas o seu programa de governo, divulgado em 27 de julho daquele ano, ia muito além dessa postura meramente negativa. Fazendo uma contraposição forte entre “valores” e “interesses”, ação ditada pelas “conveniências imediatas” e aquela guiada por “sólidos princípios”, o programa marinista defende uma política externa capaz de projetar o Brasil como “uma nação coerente, que abraça as causas corretas, respeita o Direito Internacional, lidera pelo exemplo”. Além de adequada de um ponto de vista normativo, essa conduta recomenda-se ainda por ser o meio pelo qual o Brasil “fortalece seu poder de persuasão e a sua influência no cenário internacional.
Essa tomada de posição de sabor “idealista” leva em conta uma tendência que vem transformando as relações entre os Estados no mundo contemporâneo: a “globalização do Direito”, por meio da proliferação e do fortalecimento de organizações e regimes internacionais.” Fiel à sua atitude básica, o documento verde agrega à constatação do fato, seu complemento normativo – “Nesse novo cenário, a relação entre Estados deve ser regida pela cooperação e pelo respeito às regras e instituições criadas em conjunto pelas nações, e não pelo uso da força
Criticando as limitações presentes nesse novo quadro, no essencial positivo – os mecanismos de governança global ainda insuficientes – o programa propõe que o Brasil se destaque como “veemente defensor da democratização das organizações e regimes internacionais.
Ao apontar alguns dos alvos da ação transformadora reclamada, o documento aproxima-se às vezes da orientação adotada tradicionalmente pelo Itamaraty – “pesos desequilibrados dos poderes de voto (como no caso do FMI e do Banco Mundial), existência de poderes de veto sem adequada representação (como no Conselho de Segurança da ONU) e desigualdade no cumprimento de obrigações internacionais (como ocorre com as metas de desarmamento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares).” Afasta-se dela, porém, ao sugerir que o Brasil avalie a participação em organizações das quais não faz parte atualmente (a OCDE e a Convenção sobre Munições de Fragmentação), e ao apoiar a incorporação de cláusulas sócio-ambientais no regime internacional de comércio  (“Os direitos trabalhistas e sociais previstos na Constituição e o esforço brasileiro para a criação de uma economia de baixo carbono não podem ser sacrificados”; “o Brasil deve defender a criação de novas regras sobre esses temas no âmbito da OMC”).
Mas é ao abordar a questão da paz e dos direitos humanos que o documento de Marina assume tom explicitamente crítico. Exaltando a busca da paz como princípio básico tradicional da política externa brasileira, ele volta a cobrar “uma postura crítica com relação a países que violem esses direitos”, e fecha o tópico com este juízo: “ao contrário do que tem acontecido, o país não deve relativizar esses princípios em suas relações de Estado.”
Haveria muito a comentar sobre esses enunciados aparentemente singelos. Mas o que importa aqui é a pergunta: o que sobrará deles no programa de governo marino-campista?
Não se trata de uma dúvida genérica, daquelas que poderíamos ter sobre o conteúdo final de um texto qualquer ainda não redigido. Ela tem origem e direção bem definidas. É que o sentido geral da proposta de Marina contrasta fortemente com o teor do debate sobre a política externa nas hostes socialistas.
Convém insistir nesse ponto, não as posições defendidas por Campos, mas as opiniões predominantes em seu partido.
Em que pese sua passagem pelo Congresso e pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, a trajetória de Eduardo Campos é a de um político regional, para quem os temas de política externa (ou internacional) têm escassa relevância. O mesmo, porém, não é verdade para a agremiação que ele preside. O PSB tem uma tradição longa de militância na área e conta com um núcleo de quadros bem preparados com forte interesse nessa matéria e posições muito firmes. Seja qual for a importância reservada ao tema por seus pares, são eles que falam em nome da tradição, e são eles também que definem nesse particular as posições do partido.
O problema é que essa tradição não se afina com o discurso de Marina. Se na análise do mundo contemporâneo este salienta o papel das organizações internacionais e o avanço da regulação jurídica, o pensamento que se expressa na fala dos socialistas põe em relevo as relações de força internacionais e as estratégias de dominação das potências imperialistas. Se um mira o ideal e nos convida a sonhar, o outro confronta a realidade para domá-la e nos adverte para seus perigos. Se o horizonte do primeiro é cosmopolita, o solo do segundo é a nação, e o pano de fundo o nacionalismo.
Essas diferenças de perspectiva ficam patentes na definição de prioridades e na tomada de posição sobre temas específicos. Prioridades: a importância conferida ao desenvolvimento de tecnologias sensíveis (nuclear e espacial, por exemplo) e à política de defesa nos documentos do PSB, em geral elípticos no tocante a temas caros ao grupo de Marina, como os debates em curso sobre o regime de direitos humanos (“responsabilidade de proteger”), para ficar em um deles. Posições discrepantes: a cobrança de uma crítica explícita à Cuba por parte de Marina, e o profundo comprometimento de expoentes do PSB com o movimento de solidariedade a esse país, a começar pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que exerce o papel de presidente da Frente Parlamentar Brasil-Cuba, desde de março próximo passado.
Tendo em vista o pequeno destaque dado às questões de política internacional em nossas campanhas eleitorais, o observador desencantado poderia desprezar essas diferenças, dando como certo que os dois grupos venham a fazer uma conta de chegar e acabarão por cobrir esse item da pauta com generalidades pouco comprometedoras.
Pode ser. Mas isso não depende apenas da vontade dos interessados. A política eleitoral tem a sua lógica própria, e os fatos da política internacional às vezes se intrometem nela mesmo sem serem chamados.
A propósito, dentro em breve Vladimir Putin deve estar no Brasil, para a VI Cúpula dos BRICS, que será aberta em Fortaleza, no dia 15 de julho.
Será um momento privilegiado para o debate da política externa. E um bom teste para a nossa dupla.
*Sebastião Velasco é professor titular da Universidade Estadual de Campinas e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

domingo, 1 de junho de 2014

Eleições 2014: Dilma se aproxima da inelegibilidade no centro-sul do Brasil - Blog Estadao

Parece aquela propaganda: Nem a pau Juvenau (sic)!
Depois do slogan "Já deu PT", daqui a pouco o pessoal vai estar dizendo: "Não se reelege nem a pau Juvenal..."
Paulo Roberto de Almeida 


Dilma se aproxima da inelegibilidade no centro-sul do Brasil
O Estado de S.Paulo, Sexta-Feira 09/05/14
Blog José Roberto de Toledo

A pesquisa Datafolha desta sexta-feira mostra a presidente Dilma Rousseff com saldo potencialmente negativo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas três, as opiniões de que seu governo é ruim ou péssimo superam as avaliações de ótimo e bom em um ponto porcentual. Está dentro da margem de erro, mas é um limiar perigoso: o histórico mostra que governantes com mais eleitores críticos do que apoiadores são praticamente inelegíveis.
O que salva a popularidade de Dilma é seu saldo amplamente positivo no Nordeste (26 pontos) e no Norte (31 pontos). Na média nacional, a presidente ainda tem nove pontos a mais de ótimo em bom (35%) do que de ruim e péssimo (26%). E é por isso que ainda é vista como a favorita a vencer a eleição em outubro pela maior parte do eleitorado nacional: 37%.
Por seu peso no total do eleitorado, o Nordeste é muito mais importante para Dilma. E é lá que o Datafolha mostra outro indicador preocupante para os petistas: a taxa de ótimo e bom do governo federal caiu 7 pontos, e a de ruim e péssimo subiu 6 no último mês. Como resultado, o saldo positivo, embora ainda alto, caiu 13 pontos. Ainda não é uma tendência, porque foi a primeira perda de popularidade da presidente na região desde novembro.
Essa divisão geográfica da avaliação do governo se reflete diretamente na corrida eleitoral. No Sudeste, Dilma está tecnicamente empatada com Aécio Neves (PSDB), segundo o Datafolha: tem 30% das intenções de voto, contra 27% do tucano. Já no Nordeste, tem quatro vezes mais que o tucano: 52% a 12%.
Entre os nordestinos, o pernambucano Eduardo Campos (PSB) aparece ligeiramente à frente do tucano, com 16% dos votos. É no Sul (19% a 8%) e, principalmente, no Sudeste (27% a 7%) que Aécio livra sua vantagem sobre o candidato do PSB. Foi esse crescimento que aumentou em 50% a distância de Aécio sobre Campos no total do eleitorado nacional.
A geografia do voto mostra ainda que caiu a vantagem de Dilma no interior do País, onde sua avaliação e intenção de voto são historicamente maiores. Nessas cidades, o saldo de avaliação que chegou a ser de 30 pontos em novembro, caiu para 12 pontos em maio – apesar de todas as suas entrevistas para rádios do interior e dos programas de entrega de máquinas às prefeituras.
A presidente continua vulnerável nas metrópoles e capitais, onde a taxa de ótimo e bom (33%) está tecnicamente empatada coma de ruim e péssimo (29%). Mas nas maiores cidades Dilma pelo menos parou de cair.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Eleicoes 2014: Eduardo Campos lanca programa do PSB-Rede

“O Brasil saiu dos trilhos”, diz Campos ao lançar plano de governoPor Marcela Mattos, na VEJA.com, 4/02/2014


Ao lançar nessa terça-feira o plano de governo do PSB-Rede, o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência Eduardo Campos dedicou parte dos 35 minutos de discurso para fazer duras críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff. Campos afirmou que o país “saiu dos trilhos” e atacou a estagnação econômica um dia após a presidente ter enviado mensagem aos Congresso Nacional pedindo socorro aos parlamentares para conter o desequilíbrio fiscal. “É possível, necessário e imperativo melhorar o país e fazer com que ele não saia dos trilhos, que é essa a percepção brasileira. Onde vamos temos a clara percepção de que o Brasil parou, de que saiu dos trilhos, que estava avançando no sentido de acumular conquistas e mais do que de repente teve a sensação de freada e de desencontro”, disse Campos em auditório na Câmara dos Deputados. Antes, o PPS recebeu as diretrizes do partido e reafirmou o apoio nas eleições deste ano.

Campos passou a subir o tom com o governo no início do ano, após texto divulgado na página do PT no Facebook tê-lo chamado de ‘playboy’ e afirmar que o governador de Pernambuco não tem programas claros de governo. Nesta manhã, o presidenciável voltou a dizer que não vai entrar no jogo de quem quer baixar o nível do debate político, mas não poupou críticas: “Não há nenhum canto nesse país onde passamos e alguém ache que mais quatro anos do que está aí vai fazer bem ao povo brasileiro. Até os que estão lá hoje contam a hora de estarem aqui conosco, essa é a verdade que vai se revelar”.
Durante o evento, a ex-senadora Marina Silva voltou a colocar Campos como o cabeça da chapa. Uma das condições para Marina aceitar entrar na disputa na vice-presidência foi o veto do PSB ao apoio ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), uma exigência feita durante a aliança PSB-Rede. “Eduardo tem vantagens em relação a mim: não tem a metade dos preconceitos que muitas vezes eu tenho de enfrentar. Eu não sou muito boa para ganhar votos para mim mesma, mas sou muito boa para pedir voto para outras pessoas”, disse, ao colocar as mãos sobre o ombro do pernambucano. “Vice é o candidato quem define, e o candidato é ele [Campos]. Vocês têm ainda alguma dúvida disso?”
Também estiveram na mira dos presidenciáveis o inchaço da máquina pública – o governo Dilma atingiu número recorde de ministérios, com 39 pastas – e as estratégias utilizadas para acomodar partidos políticos em troca de tempo de televisão. “O Estado não pode ser apropriado pela estrutura, pelos partidos políticos. Não adianta vir com o currículo de um incompetente debaixo do braço para servir ao povo porque é amigo. Esse padrão está esgotado”, afirmou Campos. Marina Silva concluiu: “É por isso que a educação figura como um dos maiores problemas do país. E mesmo com o diagnóstico de que temos graves problemas em educação, as reformas ministeriais não são feitas para resolvê-los. São feitas para acomodar aliados pensando nas eleições”. Dilma iniciou na semana passada as trocas ministeriais. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foi alçado à Casa Civil para melhorar a articulação política do governo.
Programa

A educação está entre os principais eixos da campanha da parceria PSB-Rede. Nas diretrizes para a elaboração de programa de governo, está a proposta de ensino integral e o compromisso com o fim do analfabetismo. O programa sugere um método de atuação “radicalmente novo” e com base no diálogo permanente com a sociedade.

Após ver a criação do Rede Sustentabilidade, partido em construção de Marina Silva, barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em setembro do ano passado, o programa da parceira entre socialistas e sustentáveis traz a possibilidade de candidaturas avulsas, extinguindo a exigência de filiação partidária. Também como parte de uma reforma política, a cartilha sugere a revisão do financiamento eleitoral para baratear as campanhas e “diminuir a influência do poder econômico”.
A apresentação do programa foi intercalada por performances artísticas. Os principais pontos foram explicados no formato de poesia. Em seguida, um músico tocou no pandeiro o som do frevo pernambucano.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Brasil: eleicoes presidenciais de 2014 - The Economist abre o debate entrevistando Eduardo Campos

Não na versão impressa, mas no blog da revista, em todo caso, dando amplo espaço ao candidato dissidente da maioria governamental nas eleições do próximo ano.
Com esta postagem, dou início a uma série dedicada às eleições presidenciais do próximo ano, que na verdade já tinha começado desde 2010, quando o guia genial dos povos colocou o seu poste no cerrado central, esperando retomar o poder (que ele nunca largou) assim que possível).
Paulo Roberto de Almeida

Real v official Brazil
Entrevista: Eduardo Campos
The Economist (EUA) – (blog Americas view), 15/11/2013

EDUARDO CAMPOS is both modern manager and old-fashioned political boss. As governor of the poor, north-eastern state of Pernambuco, he has attracted private investment, brought private managers into state hospitals, introduced elements of performance-based pay for teachers and made some schools operate a full eight-hour day, rather than the four-hour shifts common in Brazil.

He is also the leader of the Brazilian Socialist Party (PSB) and had long been its presumptive candidate to challenge President Dilma Rousseff of the ruling Workers' Party (PT) in a presidential poll next year. One thing he lacked was national name-recognition. That started to change on October 5th, when the PSB announced an alliance with Marina Silva, a popular environmental activist and, like Mr Campos, former minister in the cabinet of President Luiz Inácio Lula da Silva. Two days earlier the country’s highest electoral court had refused to register the Sustainability Network, a party being set up by Ms Silva, on the grounds that it had failed to submit the 492,000 supporting signatures that new parties must collect.

Rather than join one of a shoal of tiddler parties or withdraw from the fray, she unexpectedly plumped for the PSB, splashing her and Mr Campos's faces on the front pages of newspapers and covers of magazines. The decision about which of them will challenge Ms Rousseff will be made early next year. Polls put Ms Silva ahead of Mr Campos in a head-to-head contest with Ms Rousseff (who beats both of them). Would Mr Campos settle for the vice-presidency?

That was one of the questions The Economist asked Mr Campos in an interview during his brief visit to London, part of a European tour, which also took in Germany, to plug Pernambuco's business opportunities and drum up investment in the state. Besides next year's election we discussed this year's protests and Brazil's perpetual political gridlock. Here is an edited version of that conversation.

Let’s start with the news. The surprise announcement about your alliance with Marina [Silva] was a huge publicity coup. How are the negotiations with the [Sustainability] Network going?

Our meeting, of PSB and the Network, my meeting with Marina, is a natural one. We share similar origins. We come from the same political camp. We were in parliament together and took a similar stance on many issues. We served in the government of President Lula [Ms Rousseff's PT predecessor]. And both PSB and the Network have, in their own ways, been seeking a new politics.

Our encounter was provoked by the judicial decision not to register the Network as a political party for the elections in 2014. Marina decided not to remain outside the political process but also not to look for a party merely in order to be its candidate. She was looking for a programme-based alliance. She examined the political scene and found that she had most in common with the PSB.

In our first joint document issued on October 5th we set out three main points. First, our commitment to preserve Brazil’s recent achievements: democracy, economic and fiscal stability and social inclusion. Second, our wish to improve Brazilian politics in order to perfect our institutions. Third, our desire to begin a new cycle of sustainable development. These are the central points of our understanding.

Then, on October 28th, we brought together 120 politicians, scientists, researchers, activists and entrepreneurs. We began to flesh out each of the three central points with five fundamental ideas. At the beginning of next year we plan to present the outlines of our platform. We have committed ourselves to finalising the programme for government before June, in order to present to society not just a list of names to contest the election, but a way of thinking about what needs to be done in order for Brazil to make progress over the next two decades. These offer a demographic window of opportunity and thus enable an economic and social leap forward. So that Brazil succeeds in the 21st century. It is a long-term vision, with short- and medium-term objectives. It does not just take the macroeconomic perspective, but focuses on various facets of Brazilian life.

There is one potential sticking point that immediately comes to mind with respect to the coalition negotiations. One of your successes as governor of Pernambuco has been to spur agribusiness and the petrochemical industry. Marina made her name as an environmental activist who has not always been at ease with these. How would you reconcile those tensions?

Agribusiness is very important for Brazil: 25% of jobs in Brazil are linked to agriculture, from agribusiness to small family farms. Last year agribusiness's trade surplus was twice as big as the overall trade surplus. Brazilian agribusiness has close links to science and technology. We have a splendid research base in Brazil, at our universities and Embrapa [a national agricultural-research institute]. Clearly, then, Marina and I need to talk about agribusiness. And we can help it modernise, forge more links with science, recognise the value of sustainability, compete in global markets, which nowadays demand environmentally responsible production.

Both Marina and I are also familiar with the reality of hunger. She comes from the north of Brazil and I come from the north-east, two of the poorest regions. We know from studies that in the coming decades Brazil has to ramp up food production by 40% in order to prevent food shortages around the world. Brazil features in the UN’s and FAO’s strategic planning as an important food producer. We also have a responsibility towards the roughly 200m Brazilians, many of whom still go hungry.

Brazilian agriculture, then, faces a task that is not only domestic, but global. We know very well that it is fundamental to have the support of Brazilian agribusiness. And agribusiness knows that it is fundamental that we integrate these concepts and values which are represented by Senator Marina Silva, and which we also represent.

So there is no conflict. We know that we must search for a path that is good for Brazilian agribusiness. When I served in Lula’s government as minster of science and technology, I worked together with Marina to monitor deforestation, where Brazil had a great responsibility with regard to climate change. We began monitoring the Amazon with the help of satellites and other technologies. And we managed to reverse the devastation of forest areas. We know that Brazilian science has already developed technologies so that pastures can be reforested or converted to growing cereals. It is an important, respectful debate, and above all beneficial both for the economy and for nature.

Have you already decided which one of you will run for president and which will run for vice-president? Your presidential ambitions have been pretty clear for a while. Would you really be willing to take a back seat?

First we will take care of the programme. And we will make the decision as to the list already at the beginning of 2014. We do not see any problems with making this decision. The discussion today, for me and for Marina, is not about candidates. It is about the project for our country and our people.

What do you make of the latest polls? Dilma seems to have recovered from the summer slump and the polls suggest that she wins in the second round. The Network is not a registered political party, and will not have the television-campaign time that parties are afforded. How do you think you can beat Dilma?

I believe we will win with ideas. We will win with our story. We will win by showing that there is a new, sure way forward. And that this new way will inspire enthusiasm in Brazil, among Brazil’s young, artists, intellectuals, workers, entrepreneurs. They will see that there is more to Brazil than the polarisation [between Ms Rousseff's PT, which has ruled since 2003, and the centrist Party of Brazilian Social Democracy, or PSDB, which governed from 1994 to 2002], which has already given Brazil all it had to give. A rigorously performed opinion poll offers a snapshot of a moment. But I have seen plenty of people win polls and lose elections. And I have seen plenty of people lose polls and win elections. Marina and I would rather win elections than polls.

Let’s assume for a moment that you are president right now. What would you be doing differently to Dilma? Where specifically is Dilma going wrong?

Some government actions are short-termist. The government has also become part of a political alliance which no longer represents the Brazilian society. These political forces would not permit anything that comes close to a solution to Brazil's structural problems and poor public services, which need more financial and human resources. The current politics would at best leave plenty of things as they are. But at the moment we run a serious risk of regress from the end of Lula's presidency.

You said that education, health and public services need more resources. Where will the resources come from? Do you think taxes need to rise further to meet those societal needs? Taxes in Brazil are already high by the standards of an upper-middle-income country—36% of GDP.

Under no circumstances does Brazil need to raise taxes. We need a new, more intelligent tax system, which does not multiply charges, does not hamper job creation, and does not make life difficult for small and large companies. This reform can only be done if it is passed quickly but implemented incrementally.

It is fundamental, too, that this economic environment allows us to forge foreign partnerships so that Brazilian exports add to Brazilian growth. Brazil must not confine itself to multilateral and regional trade deals. It needs to intensify bilateral commercial relationships.

So we require a macroeconomic policy with a clear vision of the market, to provide a stable business environment. If this is combined with good management—and we can only have good management if we have good managers—and with clear goals, then we can indentify waste and transform bad spending into good spending. This would open the fiscal space for investment in the important areas.

Good management depends heavily on new politics. Distributing bits of wealth in complicity with political forces that are behind the times will never lead to good management of public resources. It will always lead to a lack of money that will be plugged by dipping into taxpayers’ pockets or company coffers. We need to look for money by making the economy more efficient, employing good management standards and sound macroeconomic policy.

One of the ways to make the economy more efficient is to get the state out of business. Would you be in favour of more concessions to the private sector, public-private partnerships, auctions of state assets, privatisation?

Look at what I have done as state governor. There is your answer. We are one of the three states which do most public-private partnerships. We have no prejudice against collaboration with the private sector. We understand that there need to be clear rules so that Brazilian and foreign businessmen can do business in Brazil. We must search for resources, wherever they come from in the world, to finance good projects to improve the productivity of our economy and the quality of life, for example in the area of urban transport. Private initiative can help us deliver them.

How would you encourage Brazilian firms to invest more? One of the big problems that many people are pointing to for Brazil at the moment, for instance the OECD in its latest “Economic Outlook”, is poor productivity. So growth has for a long time mainly relied on getting more people into the labour force, and very little of the growth, about a quarter, came from increased productivity. What could be done to improve Brazilians’ productivity?

Big investments in innovation, training, focused on the most important supply chains, improved telecoms and logistical infrastructure.

There was some hope that investments from abroad might help to finance infrastructure. The Chinese seemed particularly keen on transport infrastructure. In 2010 Chinese FDI amounted to over $13 billion. This year that has so far been less than $1 billion. The government is doing something to discourage foreign investment. What could be done to encourage it again?

Clear rules and clear long-term planning would raise prospects for Brazil once again. This can be done quickly to make investments happen, with a contribution from domestic as well as foreign capital, which we welcome—especially when it supports long-term investment that will have an impact across the whole of our economy, as investments in infrastructure do.

Do you agree with the government’s decision to earmark 10% of GDP for education?

Spending on education, done well, has to be applauded. But all spending has to be carefully managed to improve quality. Brazil faces a challenge to put all its primary-school-age children in schools. And Brazil has to overcome the identity crisis of secondary-school teaching. All children who wish to partake in a full day of school should be able to. We need to look at the curriculum so that it does not only shape citizens who will seek more knowledge but also makes them understand the world of work. Today our children have access to sources of knowledge other than school: mobile phones, computers. They no longer fancy boring lessons which are disconnected from their day-to-day lives and from what they perceive in the world of work. We need to create schools which our young people want to attend, because there will be interesting lessons on interesting topics which shape not just citizens but also tomorrow’s professionals.

How have you gone about doing that in Pernambuco?

With difficulties. All change encounters incomprehension and reactionary forces. You have to be open to suggestions in order to win support from the public at large and from the educational community: officials, teachers, pupils, pupils’ families. To make them see that these changes are making schools better, that when children leave school they are able to proceed to university, others join the workforce, others still start a business. It stops being a lose-lose and becomes a win-win.

Next year, wherever you are in Pernambuco you will have access to a full school day. Schools will be integrated with technical colleges that prepare pupils for the workplace. They will be integrated with universities, too, with tertiary institutions coming to each one of the state’s microregions. Such a structure to encourage knowledge-creation will affect social and economic standards; a state with universities, technical colleges and full school days is very different from a state where pupils learn part-time, professional training is entirely absent, and where universities are the privilege only of those who live in the state capital.

Speaking of states, do you think that the balance of power between states, like the one you run, and the federal government needs to change?

The Brazilian federal pact has changed markedly since 1988. The constitution of 1988 marked the re-democratisation of Brazil. [Brazil was governed by a military dictatorship between 1964 and 1985, with full democracy only restored in 1989.] At that time those who wrote it imagined a federation, which brought power closer to local communities. Municipalities and states gained clout. The central government, which had been an expression of vanquished authoritarian rule, would lose some. After the constitution of 1988 the economy hit a decade-long rough patch. Changes to the text of the constitution and in legislation actually went in the opposite direction, concentrating power in the central government again. Today there is a strong feeling that a decentralised federation needs to reassert itself.

Brazil has peculiarities which make it different to other federal countries. We have a third federal entity: the municipalities. These do not exist in such a form in other federal realities. At this moment, both municipalities and states are fiscally squeezed by a series of decisions made by the central government which decreased revenues while forcing them to increase spending. We ought to revisit the federal pact.

Brazilian bosses complain that interstate commerce is burdened with heavy taxes. For example, if one company ships some of its goods from a warehouse in one state to a warehouse in another state, that might trigger a VAT transaction. That seems to be a huge impediment to internal trade. Brazil is a big country, so it has a lot of potential for internal trade. How can this be dealt with?

This is something that is awfully wrong with the Brazilian tax system. In principle, tax on goods should be paid at their destination, where revenue is generated. Today Brazil does this in its external trade, where until the 1990s we had export taxes. In interstate commerce we still do. And why did this happen? It happened because when ICMS [a state sales tax] was grafted onto the 1988 constitution, the relevant rule was meant to be applied the following year. But if the revenue/destination principle were introduced right away, states like São Paulo would take a hit. So instead of writing a rule for the transition period, for two decades we have had the only value-added-tax system in the world where the tax burden is shared by the state which dispatches the goods and the state which receives them. This causes terrible confusion. Take logistics: some lorries carrying goods for customers who lack the right paperwork are held at tax offices, which is insane in the world of e-commerce. We are working on a transition rule which would affirm the destination principle, even before broader tax reform we could have a transition rule which reduces precisely this negative aspect of our system.

Pernambuco is a fast-growing state and Recife [the state capital] is booming. But it still has several hundred favelas [slums]. Some of your critics have said that you should do more to tackle poverty. How would you answer them?

I would like to do more. I believe that we must always strive to do more. Above all we must focus on doing more for the poorest, because poverty cannot wait. We have inherited a Brazil which has not looked after its poor throughout history. In Pernambuco, some of these critics are the heirs of those who during five centuries looked after the powerful and neglected those who lived in the favelas. And it makes me very happy to see their current preoccupation with the poor, which they did not display while governing Pernambuco.

What can be done in order to bring more people out of poverty in Brazil? It has had tremendous success in becoming an upper-middle-income country, but there are still lots of poor people.

More not only could be done, but must be done. If Brazil fails to achieve sustainable development we could see many of those who climbed out of it fall all the way back down. Because to reach their new level many took on debt, to buy a motorcycle, appliances, a television or a car. Only development will help meet these commitments. And although the social safety net has improved markedly, it would help us stitch together a better one. Ultimately, though, education is the key. It liberates people, families and communities from misery and poverty once and for all.

What do you think motivated the protest in June? Why did the protests erupt and why did they erupt at that time?

Because people wanted a better Brazil. If I weren’t governor I would have taken to the streets too. I had marched in 1984 in order to demand direct elections and to put an end to authoritarian rule. Eight years later I marched together with students calling for impeachment [of the then president Fernando Collor de Mello, who resigned but whom the Senate proceeded to impeach anyway, and bar from elected office for eight years] that would enable a coalition government which was succeeded by that of President Fernando Henrique [Cardoso, of the PSDB, who ruled in 1995-2002 and is credited with bringing Brazil out of economic chaos]. We returned to the streets in 2002 to see Lula win the presidency on his fourth attempt. That marked an important turning point for social inclusion [Lula was a union leader and not part of Brazil's ruling elite].

In contrast to other parts of the world where protests have taken place in the past months Brazilians did not take to the streets seeking to overthrow authoritarian regimes, since Brazil no longer had one. Or to demand rights of which they had been deprived, because they hadn't been. They took to the streets seeking new rights, new political standards. The institutions of the increasingly digital, real Brazil demanded change from the analogue Brazilian state. The agenda was clear: good schools, good health care, not having to spend five hours a day on the bus commuting to and from work. It has two aspects: more abstract values and the right to a utopian vision of a better society; and, concretely, a demand for better public services. When you examine this agenda and then look at the Brazilian politics charged with enacting it, you rapidly conclude there is a disconnect. Marina and I, PSB and the Network, joined up in order make that link.

One of the reasons that Brazilian politics is in such an impasse is that it is terribly fragmented. That is in part a consequence of the way in which the system is set up. How do you ensure that the political system works more efficiently?

First, we must understand that Brazilian democracy is very young. It is for less than 30 years that we have had the right to elect the president or state governors.  Second, we have to begin to set in motion a political reform in stages, as with tax reform. It is impossible to reform for the next election. To make such a reform in a democracy the legislature has to approve it. And if you are going to get a reform passed through both houses of Congress, it is only natural that people who would vote on this reform should ask themselves—not publicly, perhaps, but certainly when the time comes to cast the vote: "Is this better or worse for my party? Is it better or worse for me, in terms of retaining my mandate?" So already at its birth the reform is hampered by the interests of those who are representing us through a system that we think is imperfect, and who therefore are not the best representatives that we believe the society can have.

We must design the reform so that that it enters into force incrementally: a part in four years, a part in eight years, a part in 12 years. That way you depersonalise the process. We have yet to broach this subject in detail in our discussions with the Network but the PSB has already advocated some ideas about what to do first: make executive elections [for president, governors and mayors] coincide with legislative polls; impose five-year terms without re-election for executive offices; introduce a threshold so that only parties with at least 5% of the vote get seats in the legislative [which would leave Brazil with just seven or eight political parties]; and end proportional coalitions [the rule whereby politicians can get elected on the excess votes of others in their coalition, displacing candidates the electorate preferred]. These four proposals would already generate a political framework that is much more favourable to political reform.

This is a long-term process. It won’t be achieved within the next year. Do you think people will take to the streets again in the run-up to the World Cup and the presidential election?


At that moment, institutions responded to some of the most burning items on the agenda. Congress voted, government slashed transport fees, the president proposed a variety of pacts. Visible but marginal groups began to provoke scenes of violence in parts of Brazil. All this caused the original movement to retreat, not least because the people who took to the streets in June did not want to be associated with acts of violence and civil insubordination. But this year or next people will continue, on the internet, when casting votes, during political campaigns, to express this feeling of wanting more. I share it. The Brazilian street is teaching us a lesson: the dream has not ended. We start talking again of utopian ideals, set goals which may seem impossible but which, if achieved, will improve life in Brazilian cities and the countryside.