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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Dilma, o COFECON, e o ultraje às ‘mulheres sapiens’ - Elena Landau (Brazil Journal)

Dilma, o COFECON, e o ultraje às ‘mulheres sapiens’ 

Elena Landau

Brazil Journal (13/12/2023)

Existe uma lei no Brasil que regulamenta a profissão de economista. A data de sua promulgação já era um prenúncio dos perrengues futuros: em 1951 o presidente era Getúlio Vargas e a data, 13 de agosto. Não poderia sair boa coisa. 

No artigo 6º vem o erro fatal. Ele cria o Conselho Federal de Economia (COFECON) e os Conselhos Regionais de Economia (CORECON).

Na prática, esses conselhos funcionam como verdadeiros caça-níqueis, só para fazer política com nosso dinheiro. Exigem uma contribuição anual tanto para a pessoa física quanto para atuação como pessoa jurídica. Pagamos duas vezes por um único diploma. 

A atuação dos conselhos é puramente panfletária. Por anos, vêm atuando como braço político dos governos PT e fazendo oposição a todo governo e a qualquer reforma que leve a uma maior racionalização da economia. 

Foi assim com a reforma da Previdência e a trabalhista. Seus jornaizinhos também são meio de divulgação da “Auditoria da Dívida Pública”, cujos autores não sabem sequer distinguir o principal do pagamento de juros.  

Entre as suas atribuições estão: “contribuir para a formação de sadia mentalidade econômica e promover estudos e campanhas em prol da racionalização econômica do País.”

Mas quem vai decidir o que é sadio e racional? Não vem dando muito certo isso. 

Esse ano, o COFECON abusou. Escolheu como economista do ano ninguém menos que Dilma Rousseff. Um ato ofensivo às inúmeras ‘mulheres sapiens’ (termo cunhado pela própria), às economistas de excelente formação deste País, e um tapa na cara dos brasileiros que sofreram as consequências de sua administração desastrosa. 

Sua intervenção no setor elétrico gerou um tarifaço de 50% em dois anos; a política fiscal irresponsável legou inflação, juros elevados, dívida e recessão; em seu governo, a contratação de funcionários públicos bateu recorde; a desigualdade se agravou e o desmatamento cresceu. São muitos os seus feitos. 

Uma década perdida em apenas dois anos não foi consequência da Lava Jato. O combate à corrupção em estatais é fundamental. Ajuda a atrair investimentos e não o contrário.

Fui contra seu impeachment. Para mim era importante que Dilma encerrasse seu ciclo desastroso na esperança de que ideias tão ruins fossem para sempre abandonadas – mas principalmente, para que não aparecesse depois quem a eximisse de responsabilidade e atribuísse a herança maldita a fatores externos.

Tivemos a sorte de Michel Temer ter escolhido uma equipe excelente para ajustar a economia. Tinha uma mulher no comando da Secretaria do Tesouro, Ana Paula Vescovi. A ela falta um prêmio de reconhecimento pelo que fez pela economia brasileira. 

A lista de mulheres economistas que pesquisam, publicam e contribuem com boas políticas públicas é longa, seja liberal ou desenvolvimentista. Dilma certamente não é uma delas.

A indicação da ex-presidente segue somente a tradição do COFECON de escolher mulheres economistas ligadas ao PT. Não há sequer uma votação online. Nossa contribuição não serve nem para isso.

Faço parte de um grupo que já pensou em algumas alternativas para acabar com esses conselhos: o pagamento em juízo da contribuição; apoiar um Projeto de Lei que revogue o artigo 6º ou até mesmo montar uma chapa de oposição para assumir o conselho, mas isto seria reconhecer a legitimidade de algo inútil. 

Não faz sentido um conselho quando a atividade não coloca em risco a vida humana. O pior que pode acontecer é um péssimo profissional gerar uma recessão histórica. Uma queda de 7,7% do PIB per capita em dois anos ou 3 milhões de desempregados a mais em uma gestão, são alguns exemplos.

Ano passado encerrei minhas décadas de contribuição a esses conselhos que, se fossem só inúteis, já seriam um avanço. Aposentei-me, mas continuo olhando com muito carinho e orgulho aquele diploma na parede.

Elena Landau é advogada, mas se disser que também é economista, o CORECON-RJ vem atrás cobrar a anuidade.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Dilma será eleita presidente do banco dos Brics nesta sexta e empossada em viagem de Lula à China - Felipe Frazão (Estadão)

Dilma será eleita presidente do banco dos Brics nesta sexta e empossada em viagem de Lula à China


Por Felipe Frazão

Estadão, 23/03/2023


Sete anos depois de ter sido afastada da Presidência em decorrência de crimes de responsabilidade, Dilma Rousseff voltará a ocupar um cargo público. Dilma será eleita nesta sexta-feira, 24, para comandar o Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada em 2014 pelos Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em seguida, Dilma tomará posse no cargo no dia 29, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China.

O conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores do NDB, mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai), se reúne por videoconferência e vota a indicação de Dilma em reunião interna. Dilma foi sabatinada pelas autoridades estrangeiras ao longo deste mês, depois que o NDB comunicou o início da troca de comando.

A ex-presidente – que teve o impeachment aprovado pela Câmara e pelo Senado em um processo legal tendo como justificativa crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais” (atrasos de pagamentos a bancos públicos) e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso – é candidata única, escolhida por Lula, e ficará no cargo para completar o mandato brasileiro, até julho de 2025. Os presidentes da instituição costumam ser eleitos por unanimidade.

O banco dos Brics foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente. Uma das intenções era ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.

A sede do banco fica num prédio em Xangai, onde Dilma passará a morar e a despachar no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021. A cidade é um centro financeiro global. Ela trabalhará num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e receberá remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais, conforme executivos da instituição.

O NDB não respondeu a um pedido da reportagem sobre o valor do salário e benefícios pagos mensalmente a quem exerce a presidência do banco. O último relatório publicado não revela a remuneração, mas indica que o presidente e os cinco vice-presidentes receberam ao longo de um ano US$ 4 milhões.

O banco oferece aos empregados uma série de benefícios, como assistência médica, educacional para filhos, auxílio-viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, transporte aéreo. Em Xangai, cargos de chefia têm salário mínimo de US$ 188 mil por ano, como base

https://www.estadao.com.br/politica/dilma-sera-eleita-presidente-do-banco-dos-brics-nesta-sexta-e-empossada-em-viagem-de-lula-a-china/

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Lula embolsou 230 milhoes da Odebrecht; Dilma 170 milhoes - PGR denuncia

Grandes roubalheiras merecem registro histórico:


DILMA RECEBEU R$ 170,4 MILHÕES EM PROPINAS DA ODEBRECHT
O Antagonista, Brasil 06.09.17
Da denúncia de Lula e Dilma pela Procuradoria Geral da República como integrantes da Organização Criminosa que assaltou a Petrobras, apresentada no dia de ontem:
 
Dilma Rousseff recebeu 170,4 milhões de reais do departamento de propinas da Odebrecht, segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República.
O cálculo dos procuradores é o seguinte:
“Dilma Rousseff foi favorecida, em 2010, com a quantia de 56 milhões de reais, com débitos da Planilha ‘Italiano’, e, em 2014, de 114,4 milhões de reais, com descontos da Planilha ‘Pós-Itália’”.

LULA EMBOLSOU 230 MILHÕES, SEGUNDO PGR
O Antagonista, Brasil 06.09.17

Na denúncia por organização criminosa contra o PT, Rodrigo Janot acusa Lula de ter recebido um total de R$ 230 milhões em propinas das empreiteiras.
Ao todo, PT, PMDB e PP embolsaram R$ 3 bilhões e provocaram um dano de R$ 29 bilhões à Petrobras.

JANOT: “LULA FOI O GRANDE IDEALIZADOR DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA”
Brasil 05.09.17 21:25
Na denúncia, Rodrigo Janot diz que Lula “foi o grande idealizador da constituição da presente organização criminosa”.
“Na medida em que negociou diretamente com empresas privadas o recebimento de valores para viabilizar sua campanha eleitoral à presidência da República em 2002 mediante o compromisso de usar a máquina pública em favor dos interesses privados deste grupo de empresários.”
E ainda: “Durante sua gestão, não apenas cumpriu com os compromissos assumidos junto a estes, como atuou negociações ilícitas fossem entabiladas como forma de gerar maior arrecadação de propina.”
Lula também estruturou, com Dilma, a manutenção do esquema corrupto, segundo Janot.
“Foi o grande responsável pela coesão do núcleo político da organização criminosa e pela indicação de Dilma como candidata do PT à presidência da República em 2010.”



domingo, 1 de junho de 2014

Eleições 2014: Dilma se aproxima da inelegibilidade no centro-sul do Brasil - Blog Estadao

Parece aquela propaganda: Nem a pau Juvenau (sic)!
Depois do slogan "Já deu PT", daqui a pouco o pessoal vai estar dizendo: "Não se reelege nem a pau Juvenal..."
Paulo Roberto de Almeida 


Dilma se aproxima da inelegibilidade no centro-sul do Brasil
O Estado de S.Paulo, Sexta-Feira 09/05/14
Blog José Roberto de Toledo

A pesquisa Datafolha desta sexta-feira mostra a presidente Dilma Rousseff com saldo potencialmente negativo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas três, as opiniões de que seu governo é ruim ou péssimo superam as avaliações de ótimo e bom em um ponto porcentual. Está dentro da margem de erro, mas é um limiar perigoso: o histórico mostra que governantes com mais eleitores críticos do que apoiadores são praticamente inelegíveis.
O que salva a popularidade de Dilma é seu saldo amplamente positivo no Nordeste (26 pontos) e no Norte (31 pontos). Na média nacional, a presidente ainda tem nove pontos a mais de ótimo em bom (35%) do que de ruim e péssimo (26%). E é por isso que ainda é vista como a favorita a vencer a eleição em outubro pela maior parte do eleitorado nacional: 37%.
Por seu peso no total do eleitorado, o Nordeste é muito mais importante para Dilma. E é lá que o Datafolha mostra outro indicador preocupante para os petistas: a taxa de ótimo e bom do governo federal caiu 7 pontos, e a de ruim e péssimo subiu 6 no último mês. Como resultado, o saldo positivo, embora ainda alto, caiu 13 pontos. Ainda não é uma tendência, porque foi a primeira perda de popularidade da presidente na região desde novembro.
Essa divisão geográfica da avaliação do governo se reflete diretamente na corrida eleitoral. No Sudeste, Dilma está tecnicamente empatada com Aécio Neves (PSDB), segundo o Datafolha: tem 30% das intenções de voto, contra 27% do tucano. Já no Nordeste, tem quatro vezes mais que o tucano: 52% a 12%.
Entre os nordestinos, o pernambucano Eduardo Campos (PSB) aparece ligeiramente à frente do tucano, com 16% dos votos. É no Sul (19% a 8%) e, principalmente, no Sudeste (27% a 7%) que Aécio livra sua vantagem sobre o candidato do PSB. Foi esse crescimento que aumentou em 50% a distância de Aécio sobre Campos no total do eleitorado nacional.
A geografia do voto mostra ainda que caiu a vantagem de Dilma no interior do País, onde sua avaliação e intenção de voto são historicamente maiores. Nessas cidades, o saldo de avaliação que chegou a ser de 30 pontos em novembro, caiu para 12 pontos em maio – apesar de todas as suas entrevistas para rádios do interior e dos programas de entrega de máquinas às prefeituras.
A presidente continua vulnerável nas metrópoles e capitais, onde a taxa de ótimo e bom (33%) está tecnicamente empatada coma de ruim e péssimo (29%). Mas nas maiores cidades Dilma pelo menos parou de cair.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Amigos pero no mucho: Brasil-Venezuela - Paulo Sotero (FT)

By Paulo Sotero of the Woodrow Wilson International Center
Brazilian president Dilma Rousseff declared three days of official mourning in honour of her late Venezuelan colleague Hugo Chávez Frias, who died on Tuesday in Caracas after a two-year public battle with cancer. “We recognize a great leader, an irreparable loss and above all a friend of Brazil, a friend of the Brazilian people,” she said before leading a minute of silence at a meeting with rural leaders in Brasília carried live on national television.
There was, however, an uncharacteristic twist in Rousseff’s expression of condolences. “On many occasions,” she noted, “the Brazilian government did not agree” with the policies of the Bolivarian leader. Insiders say this was not an extemporaneous remark, but a pre-planned statement calibrated for domestic and international consumption.
Rousseff also put some distance between her government and Venezuelan Bolivarians and their allies by returning to Brasília before the official funeral ceremony on Friday, attended by three dozen leaders, including Iran’s president, Mahmoud Ahmadinejad, and Cuba’s Raul Castro.
Rousseff’s predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, who accompanied Rousseff to Chávez’s state funeral in Caracas, was similarly nuanced in an article on the Venezuelan leader in Wednesday’s New York Times.
Lula’s relationship with Chávez was not always as warm and friendly in private as their public abraços suggested. He felt betrayed and embarrassed in 2006 when Chávez masterminded with Fidel Castro and Evo Morales the nationalization of the Bolivian assets of Petrobras, Brazil’s state-controlled but publicly-traded oil and gas giant. In 2010, at a meeting of Unasur in Santiago, called in a hurry to defuse potentially explosive tensions between La Paz and states of the Bolivian Amazon governed by the opposition, Lula confronted Morales, in Chávez’s presence, with the choice of continuing on the Bolivarian path of confrontation that had led to the crisis, or negotiating with the governors, as Brazil and other neighbours advised him to do.
In his piece for the New York Times, Lula celebrated “Chávez’s boundless energy; his deep belief in the potential for the integration of the nations of Latin America; and his commitment to the social transformations needed to ameliorate the misery of his people.” Yet the former Brazilian leader, whose successful two terms in office offered a more moderate and effective path to development, social inclusion and regional integration than Chávez’s Bolivarian model, also called attention their differences.
“There is no denying that he was a controversial, often polarizing, figure, one who never fled from debate and for whom no topic was taboo,” Lula wrote. “I must admit I often felt that it would have been more prudent for Mr. Chávez not to have said all that he did. But this was a personal characteristic of his that should not, even from afar, discredit his qualities. One might also disagree with Mr. Chávez’s ideology, and a political style that his critics viewed as autocratic. He did not make easy political choices and he never wavered in his decisions.”
Most significantly, Lula downplayed the longevity of Chávez’s impact and called attention to the institutional void left by the passing of the self-absorbed Bolivarian leader. “Chávez’s legacy in the realm of ideas will need further work if they are to become a reality in the messy world of politics, where ideas are debated and contested,” Lula wrote. “A world without him will require other leaders to display the effort and force of will he did, so that his dreams will not be remembered only on paper.”
For the former Brazilian president, whose own legacy hinges on his successor’s efforts to revive a stalled economy and preserve the stability achieved by his predecessor, Fernando Henrique Cardoso, “Chávez’s sympathizers in Venezuela have much work ahead of them to construct and strengthen democratic institutions”. To maintain Chávez’s legacy, Lula wrote, “they will have to help make the political system more organic and transparent; to make political participation more accessible; to enhance dialogue with opposition parties; and to strengthen unions and civil society groups. Venezuelan unity, and the survival of Mr. Chávez’s hard-won achievements, will require this.”
Failure to do so would bring instability to Venezuela and its neighbors. This is an outcome Rousseff will want to work with Chávez’s successors to avoid. They were one target of the unusual reference to disagreements included in her statement of condolences.
One Chávez policy that Brazil vehemently disagreed with was a refusal by Caracas to come up with its 40 per cent share of investment in a major refinery Petrobrás and PDVSA, Venezuela’s oil company, agreed to build jointly in the Brazilian state of Pernambuco in the mid-2000s.
As minister of mines and energy and Lula’s chief of staff, Rousseff dealt repeatedly with the frustrations of the Abreu e Lima refinery, named after a Brazilian general from Pernambuco who fought beside Simón Bolivar in the wars of independence of Venezuela and Colombia. Estimated initially as an investment of $2.3bn, the supposedly bi-national refinery has become a headache for Brazil.
It will cost at least five times the initial estimated investment, with Petrobras bearing the cost alone to avoid further delays in the still incomplete project. According to media reports, PDVSA recently offered to pay its part in oil, which does not help the cash-strapped Petrobras. Brasília rejected the proposal, insisting it prefers to receive cash.
Another likely audience for Rousseff’s remarks is the Venezuelan opposition, which has developed a negative view of Brazil because of Lula’s expressions of public sympathy for the Bolivarian regime and Brasília’s silence about attacks on opponents and media outlets not aligned with Caracas. With more than $5bn in annual business by Brazilian companies at stake in a country facing the uncertainties of chavismo without Chávez, Rousseff is certainly interested in broadening Brazil’s connections with Venezuelan society.
According to press reports, in January, Rousseff reprimanded Marco Aurelio Garcia, her national security advisor and a Chávez sympathizer, for making public statements on how Venezuelans should interpret their own constitution regarding the succession process in Caracas.
She is also aware that most Brazilians do not share the affection held by militants of her Workers Party’s and others on the left for the late Venezuelan leader. During his long tenure in Caracas, Chávez remained rather unpopular in Brazil and was a constant source of concern for both the Cardoso and Lula governments. During the latter, Chávez was a subject of derision behind closed doors among officials close to Lula for his constant efforts to outshine the Brazilian superstar president, who enjoyed a benign international reputation.
In a telling statement on the value of pragmatism, on their way to Caracas this week Rousseff and Lula, both cancer survivors, lamented Chávez’s refusal of Brazil’s offer of treatment at the Syrian-Lebanese Hospital in São Paulo, where they were successfully treated. According to reporter Leonencio Nossa, from daily Estado de S.Paulo, Rousseff, Lula and influential members of the Workers Party believe that by opting to be treated in Cuba, “Chávez took an ideological and political decision” that may have shortened his life.
Paulo Sotero is director of the Brazil Institute at the Woodrow Wilson International Center for Scholars in Washington DC
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What’s left of the Latin left? FT Analysis
After Chávez, will China still be financing chavismo? beyondbrics
Venezuela & Russia: ties that bind, beyondbrics

domingo, 22 de julho de 2012

'A patria nada se pede, 'a patria tudo se da' - Augusto Nunes

Uma postagem antiga, que tinha passado despercebida. Sem endossar...


O sobrenome do chanceler que vive de joelhos é mais que uma contradição. É um insulto aos patriotas de verdade

Sequestrado pelas Farc em 13 de outubro de 1998, Elkin Rivas sobrevive há quase 100 mil horas ao mais brutal dos cativeiros. Ele tinha 22 anos e era tenente da polícia colombiana quando foi capturado sem ter cometido qualquer crime e sentenciado, sem julgamento formal, a um tipo de horror que não tem prazo para terminar. Aos 34, não sabe quando ─ ou se ─ retomará a vida interrompida. Enquadrado na categoria dos “reféns políticos”, Elkin é um dos 13 remanescentes do grupo cuja soltura as Farc condicionam desde 2006 ao indulto de 500 narcoterroristas capturados pelo governo e condenados pela Justiça.
A interrogação sugerida no segundo parágrafo do post de 9 de agosto de 2010, reproduzido integralmente na seção O País quer Saber, foi desfeita à bala pouco mais de um ano depois. Em 26 de novembro de 2011, em meio a uma tentativa de resgate empreendida por soldados do exército, a tropa narcoterrorista cumpriu a lei da selva: antes de fugir, matou os quatro reféns que mantinha acorrentados. Um era civil. Entre os três militares estava o tenente Elkin Rivas, executado com três tiros na cabeça.
“O Brasil tem uma posição neutra sobre as Farc”, recitou Marco Aurélio Garcia desde o começo do governo Lula, para camuflar as relações de cumplicidade entre o Planalto e a organização narcoterrorista. Em 2010, orientados pelo Assessor Especial para Assuntos Internacionais, o presidente Lula e Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, não se comoveram com o martírio imposto aos sequestrados por companheiros colombianos.
Em 2011, também monitorados pelo conselheiro Garcia, Dilma Rousseff e o atual chanceler Antonio Patriota não disseram uma única palavra sobre o desfecho do drama. O silêncio da dupla reafirmou a opção obscena por um tipo de neutralidade que iguala um governo constitucional e um bando de assassinos, o certo e o errado, a claridade e a treva. E mostrou que era Garcia o chanceler de fato.
Era e é, berra o desembaraço com que vem agindo o professor de complicações cucarachas desde o impeachment sofrido pelo companheiro Fernando Lugo. Inconformado com a perda do reprodutor de batina, decidiu no mesmo minuto que Hugo Chávez e seus estafetas bolivarianos tinham razão: houve “um golpe” contra a democracia. A descoberta do primeiro golpe da História que obedeceu ao que manda a Constituição do país foi a senha para a sequência de pontapés na verdade e na soberania do Paraguai.
Ninguém, não custa registrar, deve espantar-se com o que diz a boca à espera de um dentista: Garcia acha que a solução para o futuro do subcontinente está num passado que não deu certo. Espantoso é o silêncio dos embaixadores ainda na ativa ou aposentados. Espantoso é o servilismo dos chefes do Itamaraty escalados para a execução da política externa da cafajestagem formulada por essa velharia perdida nos escombros do Muro de Berlim.
A vassalagem de Celso Amorim garantiu-lhe o emprego e a estima de todos os liberticidas amigos de Lula. A sabujice de Antonio Patriota ratifica a fama de melhor aluno de Amorim. A ausência de luz própria identifica um integrante da tribo que consulta o chefe até para escolher o prato no restaurante. A expressão assustadiça rima com quem vive de joelhos. E está sempre pronto para defender o indefensável, como atestou a tentativa de justificar no Senado mais um papelão internacional do Brasil.
“A suspensão do Paraguai do Mercosul e da Unasul enviou um sinal claro ao governo recém-instalado em Assunção e mostrou que a região não tolera desvios que comprometam a plena vigência da democracia no continente”, declamou Patriota. Ele considerou o reconhecimento do novo governo paraguaio por dezenas de países tão irrelevante quanto o relatório de Jose Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, que voltou de uma visita ao Paraguai sem ter enxergado qualquer ilegalidade no afastamento de Lugo.
“É uma opinião pessoal”, desdenhou. “A questão paraguaia precisa ser discutida por todos os membros da OEA. Nosso compromisso com a democracia é inegociável”. As eleições presidenciais marcadas para daqui a nove meses podem normalizar as coisas, concedeu o representante do governo que exigiu a devolução a Cuba da carteirinha de sócio da OEA. Por que o Paraguai só será redimido pela aparição das urnas que sumiram há mais de 50 anos da ilha-fazenda dos Irmãos Castro? “Nenhuma democracia é perfeita”, balbuciou. A ditadura comunista, portanto, é uma democracia imperfeita.
E os países governados por tiranetes amigos só precisam de ajustes, informou a continuação do palavrório: “Todos nós estamos aqui lutando para aperfeiçoar nossa democracia e pode haver aspectos em uma democracia e outra que nos pareçam aprimoráveis”. A plateia indignada com o espetáculo do autoritarismo encenado na Venezuela, na Argentina ou na Bolívia só precisa ter paciência com o bolívar-de-hospício, a viúva-de-tango e o lhama-de-franja. Os três são “aprimoráveis”.
Antes de janeiro de 2003, as diretrizes da política externa se subordinavam aos interesses do país ─ e o cargo de ministro das Relações Exteriores decididamente não era para qualquer um. Hoje, a diplomacia brasileira revogou a altivez para atender aos interesses de um partido, aos caprichos do Planalto e às vontades de vizinhos vigaristas. No Brasil de Lula e Dilma, até um Celso Amorim pode virar ministro. Até um Antonio Patriota.
O sobrenome do chanceler é mais que uma contradição. É uma afronta à história do Itamaraty. E é um insulto aos patriotas de verdade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os problemas do "made in Brazil" sao made in Brazil: portanto...

... a solução só pode vir do próprio Brasil. Qualquer solução protecionista - de mais tarifas e maior isolamento da competição externa -- ou simplesmente cambial -- como uma desvalorizaçnao artificial da moeda brasileira -- são falsas soluções e só podem redundar em perdas para a sociedade e para a economia.
Enfrentar nossas mazelas é tarefa para a póxima presidente: veremos se ele está à altura dos desafios.
Paulo Roberto de Almeida

Pressões pelo protecionismo

Editorial O Estado de S.Paulo
21 de dezembro de 2010 | 23h 27

Aumentar o poder de competição da economia nacional será uma das principais tarefas do novo governo, se a presidente Dilma Rousseff quiser manter a produção e o emprego em crescimento. A invasão de produtos importados, o saldo comercial minguante e o crescente buraco na conta corrente do balanço de pagamentos não permitem muita hesitação. Se demorar a agir, o governo ficará perigosamente exposto a pressões de empresários e sindicalistas e terá dificuldade para evitar uma recaída do Brasil no protecionismo.
A movimentação de sindicalistas em favor de uma ação oficial contra as importações já é ostensiva, como indicou reportagem publicada segunda-feira no Estado. A presença crescente de produtos importados no mercado brasileiro é apontada como ameaça ao emprego. O risco pode ser pouco perceptível para a maioria das pessoas, neste momento, mas tende a crescer e é preciso levá-lo em conta.
Dirigentes de entidades empresariais também têm pedido socorro e tendem a articular-se com os sindicalistas na cobrança de medidas defensivas e de benefícios tributários aos produtores brasileiros.
Articulações desse tipo são perigosas. Induzem os governos a produzir respostas políticas para atender os grupos mais articulados, em vez de tomar providências mais eficazes para fortalecer a economia nacional. Protecionismo e subsídios são bons para alguns setores empresariais e para algumas categorias de trabalhadores, mas custam muito para o consumidor, para os trabalhadores de outras áreas e para os contribuintes em geral.
Para responder ao desafio, o novo governo terá de enfrentar com urgência tarefas prometidas e jamais cumpridas de forma satisfatória pelas autoridades nos últimos anos. O País dispõe oficialmente de uma Política de Desenvolvimento Produtivo, mas a ação oficial nunca foi muito além das palavras e da formulação de esquemas ambiciosos. O crescimento econômico dos últimos oito anos foi muito mais uma consequência da ação dos empresários do que das iniciativas governamentais. O ambiente internacional favorável até 2008 também ajudou muito.
Em vez de esperar pressões de sindicalistas e de empresários, a equipe do novo governo deveria examinar as deficiências da economia brasileira e pensar em como combatê-las. Pode-se encontrar um bom inventário dos problemas no estudo comparativo de competitividade publicado na sexta-feira passada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nesse estudo, o Brasil aparece em 36.º lugar numa lista de 43 países. Esse conjunto corresponde a cerca de 90% do produto bruto global. O País subiu um degrau nessa classificação, desde o levantamento anterior, mas continuou no grupo dos países de baixa competitividade (nos outros grupos estão os de competitividade alta, satisfatória e média).
A posição brasileira seria provavelmente melhor, se a classificação fosse baseada só nos atributos das empresas. Mas o poder de competição do setor produtivo é determinado por numerosos fatores, como a carga tributária, a qualidade das finanças públicas, as condições de financiamento, a qualidade e a extensão da infraestrutura, a taxa de poupança e a oferta da mão de obra adequada. Em todos esses itens o Brasil perde para as economias desenvolvidas e para a maior parte das emergentes.
O Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, tem hoje mais influência do que há oito ou dez anos. Mas isso não lhe assegura vantagem permanente no confronto com os competidores. Os dados são muito claros: o produtor nacional vem perdendo a corrida tanto no mercado externo quanto no interno. Sem as boas condições de preços dos produtos básicos, a receita de exportações teria crescido bem menos neste ano e as perspectivas seriam piores em 2011.
Há poucos dias o ministro da Fazenda anunciou estímulos ao financiamento de longo prazo. A medida é oportuna, mas o programa é limitado e não produzirá efeitos imediatos. Além disso, é preciso agir numa frente muito mais ampla. Se for rápido, o novo governo poderá desenvolver uma política racional e eficaz. Se for lento, ficará exposto a pressões perigosas.