O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador eleições 2014. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eleições 2014. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Alguem nao gosta do que escrevo (2): apenas apresentando números...

Já disse, em postagem imediatamente anterior, que alguém não gosta do que escrevo.
Quem será esse alguém?
Não tenho a menor ideia, ou melhor tenho uma ideia de quem seja, mas isso não tem a menor importância.
Fazem parte desse exército das sombras, que existem em todos os projetos proto e para-totalitários, que precisam controlar não só os corações e mentes, mas também os punhos e os teclados de dissidentes da verdade única do momento. Eles trabalham com mercenários pagos, que ficam vasculhando tudo, ou que recebem informações de vigilantes voluntários, gente ideologicamente comprometida com o projeto totalitário, e que não se conforma que um ridículo "gaulês" de província ouse desafiar, encore et toujours, os ukases do império vencedor.
Como disse antes: não me preocupo com isso.
Não pertenço a nenhum partido, a nenhum movimento, não atuo em coordenação com ninguém. Sou eu, apenas, e minha consciência, e meus instrumentos de trabalho (que eles tentam também controlar, com a tal de "governança da internet", ou a nefanda "democratização da mídia").
Bem, para facilitar o trabalho deles, mas para que eventuais leitores desatentos saibam do que está em causa, reproduzo aqui, sem tirar nem por nada, pequeno artigo feito para informar sobre alguns números que estavam disponíveis na ocasião.
Eu sou assim: tendo dados empíricos comprováveis, eu divulgo, para melhor informação de meus 18 leitores. Quem quiser que tire suas conclusões, gostando ou não.
Paulo Roberto de Almeida



Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 27 de outubro de  2014  

Nos dias 5 e 26 de outubro de 2014, o Brasil foi às urnas, e a população escolheu os seus dirigentes estaduais, os seus representantes no Congresso e, mais importante, o novo chefe de Estado, que, de acordo com suas atribuições constitucionais, possui mais poderes do que em outros regimes republicanos presidencialistas. O novo chefe de Estado é o mesmo que já vinha exercendo suas funções desde 1o. de janeiro de 2011, e deverá permanecer no cargo, salvo acidente de percurso, até 31 de dezembro de 2018.
Pela primeira vez em nossa história política, um mesmo partido exercerá o comando do país durante quatro gestões sucessivas, ainda que em coalizão com outros partidos. Mas, as eleições também denotaram, por um lado, uma grande divisão no eleitorado – dada a pequena margem de diferença entre os resultados dos dois concorrentes no segundo turno – e, por outro lado, o grande número de abstenções ou de votos nulos e brancos. Com efeito, sobre um eleitorado total de quase 143 milhões de eleitores, a atual presidente foi reeleita com 54,5 milhões de votos, ao passo que os abstencionistas somaram mais de 30 milhões; se somarmos aos ausentes os que votaram nulo ou branco (mais de 3 milhões), o número dos que se abstiveram de escolher um ou outro dos dois candidatos parece extremamente elevado, 26%, sendo que a votação efetiva na candidatura vencedora alcança apenas 38% do eleitorado.
Trata-se, portanto, de uma eleição que parece revelar uma fratura no país, como já indicaram vários analistas políticos, com efeitos sobre a composição do futuro gabinete ministerial e sobre a formulação e a implementação de políticas públicas. Cabe, nesse sentido, registrar a nítida regionalização do mapa eleitoral, com a predominância do voto na candidata da continuidade no Norte e Nordeste, em estados claramente dependentes do programa Bolsa Família. Assim, no Maranhão, 79% dos votantes se pronunciaram pela candidatura oficial, no Piauí, 78%, no Ceará 77% e 70% em Pernambuco. Ora, no Maranhão, exatamente 50% dos habitantes, ou 3,4 milhões de pessoas, sobre uma população total de 6,6 milhões, são beneficiários do Bolsa Família. No caso do Piauí, essa proporção alcança 48% da população, 43% no Ceará e 40% em Pernambuco. Os demais estados do Nordeste se distribuem entre 36 e 45% de dependência do programa governamental, proporção que tem o seu menor índice em Santa Catarina, com apenas 8%, e em São Paulo, com 10%. Tem-se aí um retrato perfeito do mapa eleitoral que emergiu dessas eleições, e que parece que será confirmado no futuro previsível.
O exercício da democracia consiste exatamente na expressão da vontade popular quanto às políticas que a população espera ver implementadas pelos seus representantes e dirigentes. O Brasil parece encaminhar-se para um mapa eleitoral que indica claramente a divisão entre estados contribuintes líquidos para a riqueza nacional (em proporção superior a 65% do PIB) e estados recebedores de transferências federais, a diversos títulos. A correlação entre o voto na candidatura oficial e a dependência em proporção superior a 25% das famílias está nitidamente expressa no resultado das urnas.
Paulo Roberto de Almeida
Colocado no blog Diplomatizzando, com um mapa eleitoral combinado a mapa do Bolsa Família, e tabela do número de dependentes do BF por estados (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/eleicoes-2014-o-brasil-que-emerge-das.html).

domingo, 9 de novembro de 2014

Eleicoes 2014: oposicao derrotada vai formar governo paralelo - entrevista Aecio Neves

Trata-se de uma providência óbvia, mas que parece que não foi tão óbvia nos últimos 12 anos. Acordaram tarde, mas acordaram: os líderes da oposição vão formar uma espécie de shadow cabinet, mas não com os 39 monstrengos do governo esquizofrênico, e sim com dez grupos de trabalho em áreas mais prioritárias.
Eu sugeriria, além das áres tradicionais -- tipo economia, política, relações exteriores, infraestrutura, educação -- duas fora do padrão, mas essenciais, no Brasil atual, sobretudo quando se tem um partido mafioso roubando empresas públicas e contaminando o governo com suas negociatas sujas.
Um dos "ministérios" se chamaraia simplesmente "Corrupção", e trataria de todos os aspectos ligados ao imenso mar de lama que é o governo e os partidos a ele associados. Teria de seguir todos os aspectos de um governo corrupto formado por gente corrupta, e exigir punição, independentemente do que possa fazer o Congresso, sempre suscetível de... mais corrupção, justamente.
A outra área, também estratégica nos tempos não convencionais sob os quais vivemos, se chamaria "Reformas", e trataria das várias reformas de que o Brasil precisa, e não apenas da política.
Quanto a esta, se ouso a sugestão, eu adotaria um critério muito simples e muito claro, que eu chamaria "critério Rui Falcão", não para homenagear esse tenebroso e stalinista personagem, ao contrário. Mas se trata disto: tudo o que ele propuser, em nome de sua horda de degenerados, caberia ser contra, pois certamente não serve ao povo brasileiro, e não serve ao sistema político.
Quanto ao líder do "governo paralelo", imagino que ele deva manter líderes dos partidos da coalizão para cada uma das dez áreas que ele ainda precisa anunciar. E deve manter contato com a imprensa e com o parlamento com uma frequência pelo menos quinzenal,
Vamos ver se funciona desta vez...
Paulo Roberto de Almeida


Aécio Neves: ‘Para a direita não adianta me empurrar que eu não vou’
Senador tucano reafirma que não irá abdicar do papel de oposição e que PT enfrentará “oposição conectada com a sociedade”
por Maria Lima, Lydia Medeiros e Silvia Fonseca
O Globo, 09/11/2014 7:00


Aécio diz que vai ser oposição vigilante e fiscalizadora para que os escândalos não sejam “varridos para debaixo do tapete - O Globo / Pablo Jacob
RIO - Aécio Neves chega caminhando sozinho pela rua. Vem do pediatra e entra na casa do amigo onde daria entrevista, em Ipanema, contando que os filhos gêmeos, nascidos prematuros, engordaram. Diz que depois de olhar tanto no olho da adversária que o derrotou na campanha mais acirrada da História não abdicará de seu papel de fazer oposição. Admite erros. Mas diz que, pela primeira vez, o PT enfrentará uma “oposição conectada com a sociedade, e isso os assusta”. 

Como o senhor viu a entrevista da presidente Dilma, que chamou de lorota o corte de ministérios e de ideia maluca sua proposta de choque de gestão?
A candidata Dilma estaria muito envergonhada da presidente Dilma. Para a candidata, aumentar juros era tirar comida da mesa dos pobres. Três dias depois da eleição, o BC aumentou os juros. Para a candidata, não havia inflação. A presidente agora admite que há e que é preciso controlá-la. A candidata dizia que as contas públicas estavam em ordem, e descobrimos que tivemos um setembro com o pior resultado da história. A candidata dizia que cumpriria o superávit fiscal, e agora se prepara para pedir a revisão da meta de 1,9%. Estamos assistindo ao maior estelionato eleitoral da História. O choque de gestão, que incomoda tanto o PT, nada mais é do que gastar menos com o Estado e mais com as políticas fins. É o contrário do que o PT pratica. O próximo mandato, que se inicia, já começa envelhecido. A presidente não se acha no dever de sequer sinalizar como será a política econômica. E é curioso vermos a presidente correndo desesperada atrás de um banqueiro para a Fazenda. Eu hoje chego na minha casa, coloco a cabeça no travesseiro e durmo com a consciência muito tranquila. Fiz uma campanha falando a verdade, não fugi dos temas áridos, sinalizei na direção da política econômica que achava correta. Não sei se a candidata eleita pode fazer o mesmo.
A oposição também não está envelhecida?
A oposição sai extremamente revigorada da eleição. A campanha teve duas marcas muito fortes. A primeira, protagonizada pelo PT e pela candidata que venceu: a utilização sem limites da máquina pública, do terrorismo eleitoral, aterrorizando beneficiários do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida. Inúmeras regiões ouviram durante meses, isso sim uma grande lorota, que, se o 45 ganhasse, seriam desfiliados dos programas. Infelizmente, essa é uma marca perversa. Mas há uma outra, extraordinária, que é um combustível para construir essa nova oposição. O Brasil acordou, foi às ruas. Minha candidatura passou a ser um movimento. Nosso e desafio é manter vivo esse sentimento de mudança, por ética.
Como atuar de forma diferente?
Pela primeira vez, o PT governará com uma oposição conectada com a sociedade. O sentimento pós-eleição foi quase como se tivéssemos ganhado. E os primeiros movimentos da presidente são de desperdiçar a oportunidade de renovar, de admitir equívocos, mudar rumos. Ela começa com o mesmo roteiro: reúne partidos para discutir um projeto de reforma política ou uma agenda de crescimento? Não! Reúnem-se em torno da divisão de ministérios, de nacos de poder. As pessoas não se sentam para ouvir da presidente: "Quero o apoio para um grande projeto de país." Era o que eu faria. A grande pergunta dos brasileiros será: para que novo mandato se não há projeto novo de país? Para continuar distribuindo cargos e espaço de poder para as pessoas fazerem negócios? A presidente corre o risco de começar o mandato com sentimento de fim de festa.
O PSDB fará um “governo paralelo”?
Vamos constituir dez grupos, de dez áreas específicas, para acompanhar as ações do governo. Comparar compromissos de campanha com o que acontece em cada área. Queremos subsidiar nossos companheiros, lideranças da sociedade, vereadores, governadores, parlamentares.
Isso não reforça o discurso de que vocês precisam desmontar o palanque?
Chega a ser risível ouvir o PT falar que é hora de descer do palanque. O PT, sempre que perdeu, nunca desceu. E quando venceu também não desceu. E quem paga a conta são os brasileiros. Cumprimentei a presidente pela vitória. Agora vou cumprir o papel que me foi determinado por praticamente metade da população. Vamos ser oposição vigilante, fiscalizadora, e não vamos deixar que varram para debaixo do tapete, como querem fazer, esses gravíssimos escândalos que estão aí.
Mas não houve acordo na CPI da Petrobras para blindar políticos, com apoio do PSDB?
Quero dizer de forma peremptória e definitiva: vamos às últimas consequências nessas investigações, não importa a quem atinjam. Até pelo nível de insegurança de setores da base do governo, o que pode estar vindo por aí é algo muito, mas muito grave. Não depende mais apenas da ação do Congresso ou da Justiça no país, porque essa organização criminosa que, segundo a PF, se institucionalizou na Petrobras, tem ramificações fora do Brasil. E outros países estão agindo. Nosso papel é não permitir, do ponto de vista político, tentativas de limitação das investigações. Se alguém pensou em algum acordo, e no caso do deputado Carlos Sampaio ele foi ingenuamente levado a isso, será corrigido.
Publicidade

A desconstrução marcou a campanha. Como enfrentar isso em 2018?
O marketing petista deseduca a população porque não permite o debate. Será que vai dar certo sempre? Queremos transformar o Bolsa Família em política de Estado para que saia dessa perversa agenda eleitoral. Apresentamos o projeto, e agora ficou claro porque o PT votou contra. O PT prefere ter um programa para manipular as vésperas das eleições, como se fosse uma bondade. Há uma manipulação vergonhosa de instituições como Ipea e IBGE. A presidente usou o marketing de que tinha tirado não sei quantos milhões da miséria já sabendo que a miséria aumentara. Mais um estelionato. Setembro foi o pior mês do século em geração de emprego. Há 20 milhões de jovens sem ensino fundamental e médio. Nossa educação, comparativamente a nossos vizinhos, é péssima. E o governo acha que política social é o Bolsa Família. Não. Tem que ser saúde, educação de qualidade e geração de emprego para incorporar essas pessoas ao mercado formal.
Como o PSDB se manterá unido com uma disputa interna que se anuncia para 2018?
Antecipar uma divisão no PSDB hoje é uma bobagem. Não tenho obsessão em ser candidato a presidente. O que há hoje é um PSDB, ao lado de outras forças, conectado a setores da sociedade com os quais não estávamos vinculados. Esse é o grande fato novo. Lá na frente, o candidato será aquele que tiver melhores condições de vencer.
Há uma nova direita indo às ruas e pedindo a volta dos militares. Como fazer com que o PSDB não se confunda com esse movimento?
Com nosso DNA. Sou filho da democracia. O que houve foi a utilização de movimentos da sociedade por uma minoria nostálgica que nada tem a ver conosco e com nossa história. A agenda conservadora, antidemocrática, totalitária, é a do PT. Esse documento do PT, lançado depois das eleições, é muito grave. Fala no cerceamento da liberdade da imprensa, de um projeto hegemônico de país, sem alternância de poder. Fala de uma democracia direta que, de alguma forma, suplantaria ou diminuiria a participação do Congresso na definição das políticas públicas. Teve um momento na campanha do meu avô Tancredo, em 1984, que pregaram uns cartazes em Brasília com o símbolo do comunismo. Era um movimento da direita mais radical para dizer que ele era comunista. Tancredo disse: "Olha, para a esquerda não adianta me empurrar que eu não vou." Ele era um homem de centro. E, agora, eu digo: "Para a direita não adianta me empurrar que eu não vou".
E os erros na campanha? Faltou conexão com minorias, movimentos de base?
Faltaram poucos votos que não conseguimos por falta de estrutura. Nas eleições municipais teremos candidatos com capilaridade em segmentos muito mais amplos. Em dezembro, reuniremos a Executiva com esse foco. Faremos ampla campanha, uma semana de filiação no Brasil. Com gente nas ruas, sindicatos, universidades. Estarei em Maceió, numa grande teleconferência, para sinalizar que o Nordeste sempre será prioridade para o PSDB. As pessoas estão procurando saber como participar, como se filiar. Isso nunca acontecera. Voltamos a ser depositários da confiança de parcela importante da sociedade que nunca fez política e está querendo fazer.
Quais foram os erros em Minas? É consenso que o senhor perdeu porque foi derrotado lá.
Ainda estou tentando entender. Meus adversários tiveram ação organizada muito forte nas regiões mais pobres de Minas. Temos imagens de deputados com megafones dizendo: "Aécio vai acabar com o Bolsa Família". Os Correios não levavam nosso material, e não estávamos atentos. Houve talvez certa negligência do nosso pessoal. E nossa candidatura estadual também não foi bem. No segundo turno, a força do governador eleito acabou sendo um contraponto forte. Ninguém é invencível. Eu não sou infalível. É do jogo político. Souberam ser mais competentes do que nós. A responsabilidade é minha mesmo. Vamos recuperar esse espaço. Lançar candidato a prefeito em Belo Horizonte, onde ganhamos por 60% a 30%, e em todas a grandes cidades.
E a derrota no Rio?
Eu ter tido 45% dos votos no Rio foi um ato de heroísmo. Os dois candidatos do segundo turno estavam com Dilma. E ainda espalharam jornais apócrifos me colocando como inimigo do Rio.
A aliança de oposição será mantida?
Publicidade

É bom que a oposição tenha várias caras. É um erro estratégico, além de gesto de absoluta arrogância, achar que sou o líder das oposições. Não sou. Somos um conjunto de pessoas credenciadas para falar em nome de uma parcela importante da população. Sou cioso da autonomia do Congresso. Mas gostaria de ver alguma forma essa aliança reeditada na eleição para a presidência da Câmara. Quem sabe num gesto em direção do PSB. A mim agradaria, mas é uma decisão que será tomada com absoluta autonomia pelos deputados.
O senhor sempre repete a frase de Tancredo que ser presidente, mais do que projeto, é destino. Ainda concorda?
Não é obsessão, como jamais foi. Sou hoje um homem de bem com a vida, conheci um Brasil novo, vibrante, com esperança. Não é frase de efeito. Vi coisas de emocionar. Gente que via esperança em mim. E isso é muito sério.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Eleicoes 2014: a historia nao se repete - Paulo Moura

Apenas uma frase eu destaco: "partido-máfia que busca se perpetuar no poder..."

Paulo Roberto de Almeida  

1964 NÃO SE REPETIRÁ 

Blog do Professor Paulo Moura

domingo, 2 de novembro de 2014

Na eleição que se encerra fatos inusitados passaram ao largo da percepção dos comentaristas e cientistas políticos que interpretam a política para veículos de comunicação. Milhões de pessoas saíram às ruas nas principais cidades do país para apoiar Aécio no segundo turno. Gente sem partido querendo mudança. Há algo em comum entre esse povo que carregou Aécio nos braços no chão da rua em passeatas inéditas em véspera de eleição e o espírito das manifestações de junho de 2013.

Fecharam-se as urnas. Aécio reconheceu a derrota e declarou que o desafio de Dilma é reconciliar-se com a fatia da sociedade que não aguenta mais o PT. A reação dessas pessoas sem partido nas redes sociais foi crítica a Aécio e elogiosa à declaração do senador Aloysio Nunes Ferreira que recusou a conciliação.

Em 01/11/2014 milhares de pessoas voltaram às ruas em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Belém, exigindo auditoria na apuração das eleições e garantia da investigação do escândalo do petrolão. Em meio à multidão uma minoria, também presente nas redes sociais, portava cartazes pedindo a intervenção militar para remover o PT do poder.

Imediatamente a grande mídia, já alinhada com o governo eleito, destaca esses manifestantes da multidão e tenta caracterizar as manifestações libertárias como sendo mobilizações golpistas de minorias isoladas.

O foco aqui é a preocupação com essa minoria que pensa que a Intervenção das Forças Armadas (FFAA) é o atalho para destituir o petismo do poder. Não existe atalho para uma tarefa dessa magnitude.

Quem deseja destituir o PT do poder de forma definitiva e eficaz, deve se convencer do erro que é pedir a “Intervenção Militar Constitucional” mesmo sem que o PT rompa a Ordem Constitucional de forma inequívoca e comprovada. Isso por que:

a)    As FFAA aprenderam com o golpe militar de 1964. O preço da destituição de um presidente eleito pela força desgasta e os resultados que produz são danosos à democracia e à imagem das FFAA. O resultado da remoção da esquerda do poder pela força em 1964 foi sua volta ao poder em 2002, com fortes riscos de sua perpetuação;
b)    Ao contrário do que ocorreu na Venezuela, onde Chávez, um militar, cooptou seus pares para seu projeto de poder, no Brasil a esquerda não penetrou nas FFAA, muitos menos nas escolas de formação dos militares profissionais. E isso faz muita diferença.

Não sou porta-voz das FFAA. O que digo não é opinião. É informação e análise lógica.

Isto posto, convém que esses golpistas de araque saibam que as FFAA nada farão que fira a Ordem Constitucional. Ou seja, se não for comprovado que o PT fraudou a eleição de 2014, as FFAA não darão um golpe contra a presidente eleita. Se não for comprovado que o PT financiou suas campanhas de 2010 e 2014 com dinheiro proveniente de contas no exterior abastecidas por dinheiro roubado dos brasileiros, as FFAA nada farão contra o governo do PT.

Ou seja, o foco de quem quer derrotar o PT é provar que houve fraude na eleição. Difícil. E/ou, que o PT é financiando ilegalmente com dinheiro roubado dos cofres públicos, depositado no exterior e repatriado para financiar a eleição de Dilma. Mais fácil. Alguma dúvida?

Se o PT tentar impedir a investigação do petrolão, ou tentar impedir sua divulgação, valendo-se pra isso de procedimentos ilegítimos, ascender-se-á o sinal amarelo nas FFAA. A ruptura da Ordem Constitucional por parte do PT é o que determina a atitude das FFAA. Esse recado já foi dado a Lula.

Não é por outra razão que o PT quer desmilitarizar as polícias estaduais e centralizar o policiamento ostensivo militarizado nas mãos do governo federal. Não é por outra razão que o PT defende o desarmamento dos cidadãos idôneos que desejam possuir ou portar armas para defesa pessoal. O PT não quer adversários armados.

O PT já dispõe de milícias “desarmadas” tais como o MST e os Black Blocs. Armar essa gente é fácil e rápido. O PT sabe que a os segmentos da sociedade que se opõem ao seu poder são desorganizados, desarmados e que têm entre seus integrantes gente burra o suficiente para propor a reedição do golpe de 1964. Em breve veremos os Black Blocs e as milícias do MST nas ruas agredindo os opositores do petismo. Foi assim em todos os regimes fascistas e comunistas.

Tudo o que o PT precisa é que essa minoria burra siga culpando os nordestinos pela vitória da Dilma. A vitória de Dilma se definiu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, inclusive com votos de parte da "elite branca" do sul. Tudo o que o PT precisa é que aqueles que a ele se opõem defendam o separatismo e o ódio aos nordestinos e um golpe militar.

O que justifica que um opositor do PT que vive no sul se oponha aos antipetistas nordestinos que lá combatem o PT em situação de estado de sítio? Por que abandoná-los ao jugo petista?

As FFAA jamais moverão uma palha em favor de quem joga brasileiros contra brasileiros, nordestinos contra sulistas, pobres contra ricos, negros contra brancos, mulheres contra homens, homossexuais contra heterossexuais, muçulmanos contra cristãos, evangélicos contra católicos. A razão de ser das FFAA é defender a unidade nacional.

Tudo o que o PT deseja é que, aqueles que a ele se opõem defendam a intervenção militar e a ruptura do processo democrático. Assim fica fácil, e rápido, isolar-nos e conquistar a opinião pública. Difícil para o PT, seria enfrentar o povo nas ruas tal como ocorre na Venezuela, sem ter milícias armadas atirando em manifestantes e correndo o risco de ver as FFAA irem para a rua defender o povo e a democracia contra um partido-máfia que busca se perpetuar no poder pela força. O modelo de oposição que o PT precisa e merece é o que o povo venezuelano pratica contra Maduro: ativismo intenso nas mídias sociais e multidões pacíficas nas ruas até o regime cair de podre.
 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: o Brasil que emerge das urnas - Paulo Roberto de Almeida

O Brasil votou, as escolhas estão feitas

Paulo Roberto de Almeida

Nos dias 5 e 26 de outubro de 2014, o Brasil foi às urnas, e a população escolheu os seus dirigentes estaduais, os seus representantes no Congresso e, mais importante, o novo chefe de Estado, que, de acordo com suas atribuições constitucionais, possui mais poderes do que em outros regimes republicanos presidencialistas. O novo chefe de Estado é o mesmo que já vinha exercendo suas funções desde 1o. de janeiro de 2011, e deverá permanecer no cargo, salvo acidente de percurso, até 31 de dezembro de 2018.
Pela primeira vez em nossa história política, um mesmo partido exercerá o comando do país durante quatro gestões sucessivas, ainda que em coalizão com outros partidos. Mas, as eleições também denotaram, por um lado, uma grande divisão no eleitorado – dada a pequena margem de diferença entre os resultados dos dois concorrentes no segundo turno – e, por outro lado, o grande número de abstenções ou de votos nulos e brancos. Com efeito, sobre um eleitorado total de quase 143 milhões de eleitores, a atual presidente foi reeleita com 54,5 milhões de votos, ao passo que os abstencionistas somaram mais de 30 milhões; se somarmos aos ausentes os que votaram nulo ou branco (mais de 3 milhões), o número dos que se abstiveram de escolher um ou outro dos dois candidatos parece extremamente elevado, 26%, sendo que a votação efetiva na vencedora alcança apenas 38% do eleitorado.
Trata-se, portanto, de uma eleição que parece revelar uma fratura no país, como já indicaram vários analistas políticos, com efeitos sobre a composição do futuro gabinete ministerial e sobre a formulação e a implementação de políticas públicas. Cabe, nesse sentido, registrar a nítida regionalização do mapa eleitoral, com a predominância do voto na candidata da continuidade no Norte e Nordeste, em estados claramente dependentes do programa Bolsa Família.

Assim, no Maranhão, 79% dos votantes se pronunciaram pela candidatura oficial, no Piauí, 78%, no Ceará 77% e 70% em Pernambuco. Ora, no Maranhão, exatamente 50% dos habitantes, ou 3,4 milhões de pessoas, sobre uma população total de 6,6 milhões, são beneficiários do Bolsa Família. No caso do Piauí, essa proporção alcança 48% da população, 43% no Ceará e 40% em Pernambuco. Os demais estados do Nordeste se distribuem entre 36 e 45% de dependência do programa governamental, proporção que tem o seu menor índice em Santa Catarina, com apenas 8%, e em São Paulo, com 10%. Tem-se aí um retrato perfeito do mapa eleitoral que emergiu dessas eleições, e que parece que será confirmado no futuro previsível. 

O exercício da democracia consiste exatamente na expressão da vontade popular quanto às políticas que a população espera ver implementadas pelos seus representantes e dirigentes. O Brasil parece encaminhar-se para um mapa eleitoral que indica claramente a divisão entre estados contribuintes líquidos para a riqueza nacional (em proporção superior a 65% do PIB) e estados recebedores de transferências federais, a diversos títulos. A correlação entre o voto na candidatura oficial e a dependência em proporção superior a 25% das famílias está nitidamente expressa no resultado das urnas.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 27 de outubro de  2014

domingo, 26 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: o que vale mesmo e' o sentimento das pessoas: depoimento de uma juiza

Independentemente das pesquisas e do ardor militante, para ambas as candidaturas, o que vale mesmo é o sentimento das pessoas, pessoas simples, mas também formadores de opinião, como esta juíza corajosa.
Muito diferente de certo presidente do TSE, antigo (talvez ainda) menino de recados do PT, que diz que não sabe quando vamos ter os resultados das eleições: "Só Deus sabe", disse ele.
Inacreditável, da parte de um presidente do TSE.
O Brasil não é a Venezuela, e isso também vai estar refletido nos resultados.
Paulo Roberto de Almeida

OPÇÃO : Aécio
Dra. Karla Maia, Juíza Federal

"Essa não é uma eleição PT x PSDB. Não é uma eleição Lula x FHC. Não é uma eleição Bolsa Família x Passar Fome. Não é uma eleição Esquerda x Direita. Essas rivalidades são os argumentos fabricados para cada um justificar seu voto, sua torcida.
O PT não é o mesmo partido que era há mais de 12 anos atrás - muitos PTistas já reconheceram isso. O PT "se endireitou" onde precisava/queria e manteve programas sociais de esquerda.
Da mesma forma, O PSDB não é o mesmo partido de 12 anos atrás. Ele percebeu que a esquerda tem programas e pensamentos sociais bons e interessantes - e que precisam (e vão) ser mantidos. Eu não vou votar ou deixar de votar porque um ou outro candidato foi preso por roubar um banco ou se negou a fazer bafômetro.
Não vou votar ou deixar de votar porque o irmão da candidata recebe sem trabalhar ou porque falam que o tio do outro se benefício com desapropriação para um aeroporto. Essa definitivamente não é uma eleição das pessoas Dilma x Aécio. O BRASIL não é o mesmo país de 12 anos atrás. A vida da maioria de nós melhorou sim - mas não exclusivamente por causa do PT e nem exclusicamente porque o PSDB "preparou o terreno" pro governo Lula - hipocrisia dizer qualquer das duas bravatas. A vida melhorou muito, tanto por causa de um trabalho de base econômica necessária do PSDB quanto por ótimos programas trazidos pelo PT, mas principalmente pela conjectura econômica mundial. E é certo - como dois e dois são quatro - que a vida vai continuar melhorando, independente de quem vencer as eleições, não me venham com as bravatas de militantes/torcedores cegos. Os programas de bolsa família e outros vão continuar, assim como o Brasil vai continuar sendo um importante líder mundial. E essa não é a eleição do corrupto x santo. Essa é a eleição do CHEGA! Escolher o 45 no lugar do 13 é da um recado de que a corrupção já deu. E que se o PSDB roubar nós também vamos tirar ele de lá. Não se vota por idolatrar ou não um candidato, vota-se para dar um recado moral para ambos os partidos. Vou votar pra tirar o PT e dizer: eu não suporto mais! E se o PSDB for parte em tantos escândalos assim nos próximos quatro anos, eu vou pra rua de novo, vou exercer minha cidadania de novo.... e daqui quatro anos vou estar votando no PV, na Rede ou até mesmo no PT, mas de novo vou dar meu recado: chega! Dê seu recado você também, vote 45 e grite bem alto: EU QUERO UM PAÍS MELHOR!
A divergência e o debate são comuns e saudáveis em uma democracia. Podemos discordar em muitos pontos, mas tenho certeza que concordamos nos principais valores básicos, essenciais à sociedade que sonhamos para o futuro.
Podemos discordar das privatizações, mas não precisamos aceitar que a roubalheira, o aparelhamento político e a incompetência tomem conta das nossas estatais.
Podemos admirar os programas sociais do PT, mas não precisamos aceitar um governo que mente descaradamente que seus adversários acabariam com eles em um óbvio terrorismo eleitoral.
Podemos não gostar dos EUA, mas não precisamos apoiar um governo que se alia às piores ditaduras do mundo e defende países terroristas.
Podemos não gostar da Globo ou da Veja, mas não precisamos de um governo que tenta controlar a imprensa.
Podemos não gostar do PSDB, mas não podemos aceitar um governo, que se dizia guardião da ética, viver mergulhado em escândalos diários, e se aliar e defender a escória da política nacional como Maluf, Collor, Renan, Sarney, Jader Barbalho.
Podemos não gostar do Aécio, mas não podemos permitir que todas essas práticas sejam incentivadas, premiadas e perpetuadas.
Podemos querer outras alternativas, mas não podemos deixar no poder uma quadrilha cuja cúpula, mesmo presa na Papuda, é tratada como heróis e continua filiada ao partido!
Não podemos deixar que continuem a sambar na nossa cara, infiltrando membros no STF para livrar seus pares, comprando o legislativo com mesadas, sangrando nosso país em benefício próprio e de ditaduras e pseudodemocracias. Se fizermos isso será um atestado de que somos tão sem-vergonhas quanto eles, que NADA nos choca e tudo pode nessa terra porque não temos mais qualquer capacidade de indignação.
Se você não concorda com isso, é hora de mudar. Voto nulo, branco ou abstenção é o mesmo que endossar suas práticas.
É hora de união contra aqueles que tentam rachar o país, com um discurso irresponsável e preconceituoso de "nós" contra "eles", "pobres" contra "ricos", "negros" contra "brancos", "povo" contra "elite branca"...
O sentimento não é meu, é de todo brasileiro que cansou e quer um país melhor.
Eu votei no PT ao longo de toda a minha vida. Fui traída. PT nunca mais!"
 
Dra Karla Maia, juiza Federal

Eleicoes 2014: Aecio, candidato dos banqueiros? (como querem os petistas...)

Direto de Brasília:

LINK DO EDITOR

Protegido: COLUNA DE DOMINGO, 26


De: Coluna Esplanada <site@colunaesplanada.com.br>
Data: 26 de outubro de 2014 10:02:38 GMT+1
Para:  <xxxxxxxxxx@xxxxx.com>
Assunto: Boletim Coluna Esplanada - Domingo

Para bancos, Aécio está eleito
Três grandes bancos encomendaram pesquisas não registradas, e não divulgadas, cujos resultados saíram na sexta à noite. Ao contrário do que divulgam os grandes institutos, Aécio Neves (PSDB) será eleito hoje presidente do Brasil, com 5% de vantagem sobre a presidente Dilma. Por isso as bolsas e ações se valorizaram na sexta.


Pronto: os petistas vão retomar sua campanha viciada e viciosa...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 25 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: um juiz fascisante quer impedir a informacao de chegar 'a sociedade brasileira

O juizeco, ou juiz, se não aceitarmos a fórmula carinhosa (poderia ser também juizinho, embora sem muito juízo), confunde informação com propaganda.
Registre-se que em nenhum momento a revista Veja defende, sustenta, apoia, ou se opõe, a qualquer candidatura.
Ela apenas fez uma matéria sobre fatos objetivos, de um delator premiado, cujas declarações vieram a público, e a revista cumpriu o seu DEVER de nos informar.
O juizeco, interpretando subjetivamente que essa matéria poderia prejudicar a candidata governamental, já que a corrupção ocorreu num ente estatal, quer nos impedir de tomar conhecimento dessa matéria.
Pois eu vou disseminá-la para todos aqueles que não tiveram a oportunidade de acessar a matéria.
É meu direito de fazê-lo e não me constrange nenhuma lei fascista.
Abaixo, uma outra matéria sobre o mesmo assunto.
Paulo Roberto de Almeida

Anexo: os interessados na matéria podem acessár-la neste link: https://www.academia.edu/8954948/Youssef_na_Veja_Eles_Sabiam_Lula_e_Dilma_
ou por esta via: https://www.academia.edu/attachments/35273704/download_file?s=work_strip

BOLIVARIANISMO AGONIZANTE
José Gobbo Ferreira, PhD
25/10/2014

S. Excia, o Exmo Ministro Edmar Gonzaga, que já foi advogado da campanha de Dilma Roussef em 2010, teve uma nova oportunidade de prestar-lhe importante serviço.

Ele atendeu a requerimento da defesa da campanha da candidata e expediu liminar em que proíbe que a revista faça propaganda em qualquer meio de comunicação da reportagem que afirma que Dilma e Lula sabiam das maracutaias na Petrobras. (O que, diga-se de passagem, além de nós todos, até o Faraó Ramsés, morto há milhares da anos já sabia)

Para o insigne e isento Ministro, o fato de a revista Veja informar a população e o eleitorado do mar de corrupção que afoga esse governo, por coincidência nas vésperas de uma eleição, que foi quando os fatos vieram à luz, bem como o fato de ter ela antecipado de dois dias sua edição (como, aliás o fez nas três eleições passadas),“desborda do seu elevado mister de informar, com liberdade, para convolar-se em publicidade eleitoral em favor de uma candidatura em detrimento de outra"

Faz questão ainda de avisar que a transmissão dessa informação por meio do rádio, que é um serviço objeto de concessão pelo Poder Público, constitui publicidade eleitoral em favor de um dos candidatos.

Como cidadão brasileiro, no exercício de seus direitos constitucionais entendo que, em sua singela peroração, secundado por S.Excia o Exmo Sr. Procurador Geral Eleitoral Edmar Janot, o Suas Excelências deixam claro que, no momento pré-ditatorial em que vivemos:

1. Que difundir a verdade, por todos os meios possíveis, constitui propaganda eleitoral, principalmente se a verdade atingir o candidato do governo.

2. Que é muito mais grave informar à população que um dos candidatos está pessoalmente envolvido em um crime que desviou cerca de dez bilhões de Reais de uma empresa estatal do que o crime propriamente dito.

3. Que se essa informação vier a público a tempo de evitar que essa candidata corrupta seja eleita para um mandato de quatro anos e continue delinquindo, a notícia se torna mais grave ainda.

4. Que é preciso lembrar que os meios de comunicação, em particular o rádio, são serviços objeto de concessão pelo Poder Público, e não devem ser utilizados para a livre difusão de informações que possam ferir interesses desse poder. Afinal, estamos em um Estado bolivariano...

5. Que a Justiça Eleitoral não tem interesse em punir calúnias, propaganda mentirosa ou campanhas de difamação, mas é extremamente pronta e eficaz para o combate à difusão da verdade.

VAMOS ACABAR COM ISSO AMANHÃ!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: pesquisa ISTOE/Sensus ainda coloca Aecio na frente da candidata oficial

Apenas transcrevendo...
Paulo Roberto de Almeida

Aécio lidera com nove pontos de vantagem sobre Dilma

Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que o candidato do PSDB chega à reta final da campanha com 54,6% das intenções de voto, enquanto a petista soma 45,4%

Da redação, 24/10/2014
 

 Pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada a partir da terça-feira 21 reafirma a liderança de Aécio Neves (PSDB) sobre a petista Dilma Rousseff nos últimos dias da disputa pela sucessão presidencial. Segundo o levantamento que entrevistou 2 mil eleitores de 24 Estados, o tucano soma 54,6% dos votos válidos, contra 45,4% obtidos pela presidenta Dilma Rousseff. Uma diferença de 9,2 pontos percentuais, o que equivale a aproximadamente 12,8 milhões de votos. A pesquisa também constatou que a dois dias das eleições 11,9% do eleitorado ainda não decidiu em quem votar. “Como no primeiro turno, deverá haver uma grande movimentação do eleitor no próprio dia da votação”, afirma Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. Se for considerado o número total de votos, a pesquisa indica que Aécio conta com o apoio de 48,1% do eleitorado e a candidata do PT 40%.
14983235364_cd8a5e56b2_o.jpg
Aécio Neves seria eleito presidente do Brasil se a eleição fosse hoje, afirma Sensus
 
De acordo com Guedes, a pesquisa realizada em cinco regiões do País e em 136 municípios  revela que o índice de rejeição à candidatura de Dilma Rousseff se mantém bastante elevado para quem disputa. 44,2% dos eleitores afirmaram que não votariam na presidenta de forma alguma. A rejeição contra o tucano Aécio Neves é de 33,7%. Segundo o diretor do Sensus, a taxa de rejeição pode indicar a capacidade de crescimento de cada um dos candidatos. Quanto maior a rejeição, menor a possibilidade de crescimento. Outro indicador apurado pela pesquisa Istoé/Sensus diz respeito á votação espontânea, quando nenhum nome é apresentado para o entrevistado. Nessa situação, Aécio também está à frente de Dilma, embora a petista esteja ocupando a Presidência da República desde janeiro de 2011. O tucano é citado espontaneamente por 47,8% dos eleitores e a petista por 39,4%. 0,2% citaram outros nomes e 12,8% disseram estar indecisos ou dispostos a votar em branco.
 
Para conquistar os indecisos as duas campanhas apostam as últimas fichas nos principais colégios eleitorais do País: São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. O objetivo do PSDB e ampliar a vantagem obtida em São Paulo no primeiro turno e procurar virar o jogo em Minas e no Rio. Em São Paulo, Aécio intensificou a campanha de rua, com a participação constante do governador reeleito, Geraldo Alckmin, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com as pesquisas realizadas pelo comando da campanha de Aécio, em Minas o tucano já estaria na frente de Dilma e a vantagem veio aumentando dia a dia na última semana. Processo semelhante ocorreu em Pernambuco, depois de Aécio receber o apoio explícito da família de Eduardo Campos e do governador eleito, Paulo Câmara. Os mesmos levantamentos indicam que no Rio de Janeiro a candidatura do senador mineiro vem crescendo, mas ainda não ultrapassou a presidenta. Para reverter esse quadro, Aécio aposta no apoio de lideranças locais, basicamente de Romário, senador eleito pelo PSB, que deverá acompanhá-lo nos últimos atos de campanha. Para consolidar a liderança, Aécio tem usado os últimos programas no horário eleitoral gratuito para apresentar-se ao eleitor como o candidato da mudança contra o PT. Isso porque, as pesquisas internas mostram a maior parte do eleitor brasileiro se manifesta com o desejo de tirar o partido do governo.
 
No comando petista, embora não haja um consenso sobre qual a melhor opção a ser colocada em prática nos dois últimos dias de campanha, a ordem inicial é a de continuar a apostar na estratégia de desconstrução do adversário. Nas duas últimas semanas, o que se constatou é que, ao invés de usar parlamentares eleitos para esse tipo de ação – como costumava fazer o partido em eleições passadas -- os petistas escalaram suas principais lideranças para a missão, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a própria candidata. Os petistas apostam no problema da falta d’água para tirar votos de Aécio em São Paulo e numa maior presença de Dilma em Minas para procurar se manter á frente do tucano no Estado.   
 
PESQUISA ISTOÉ/Sensus
Realização – Sensus
Registro na Justiça Eleitoral – BR-01166/2014
Entrevistas – 2.000, em cinco regiões, 24 estados e 136 municípios do País
Metodologia – Cotas para sexo, idade, escolaridade, renda e urbano e rural
Campo – De 21 a 24 de outubro
Margem de erro - +/- 2,2%
Confiança – 95%

========

Addrndum:
Observação de um facebookiano:

Caras, o Datafolha e o IBOPE usam os pesos do Censo do IBGE de 2010 para ponderar os votos por faixa de renda. 

Se você usar os pesos da PNAD 2013 (que retrata com maior precisão a situação atual), o Aécio está na frente em AMBAS as pesquisas IBOPE e Datafolha.

Aécio vai ganhar. Acreditem.

Eleicoes 2014: pesquisas Datafolha e Ibope, com toneladas de sal

Transcrevo apenas postagem do conhecido economista Mansueto Almeida, que por sua vez transcreve nota de colega economista não identificado -- provavelmente trabalha para o governo, ou para algum banco, e não quer sofrer retaliações, como outros, anteriormente -- com observações muito pertinentes sobre a "fiabilidade"das duas pesquisas que colocam a candidata oficial na frente.
Resumindo: esses institutos realizaram uma distorção na amostragem para obter um resultado que satisfaça a candidatura oficial.
Outras pesquisas provavelmente teriam respeitado os critérios metodológicos corretos.
Paulo Roberto de Almeida

Eleição apertada a ser definida nas urnas

Ontem recebi de um amigo uma análise muito boa dos últimos resultados das pesquisas de intenção de voto. Esse amigo é um excelente economista com larga experiência na análise cuidadosa de dados.
Ele explica que os números das pesquisas recém divulgadas são muito próximos e sinalizam para uma eleição muito apertada. É verdade que, na margem, as intenções de voto na presidente Dilma cresceram. Mas não dá para falar absolutamente nada além disso em uma eleição tão competiria como esta. Segue a análise.

“…. os números tanto IBOPE quanto Datafolha não podem ser levados ao pé da letra. Tenho analisado a amostra de ambas pesquisas, nos dois casos encontrei uma amostra com muito mais pobres do que no mundo real. A diferença é inexplicável.
Na PNAD são 26% das pessoas em idade de votar que pertencem a famílias com mais de 5 salários mínimos de renda. Em uma das pesquisas essa fração é de apenas 12 por cento. Uma discrepância similar ocorre com o sinal trocado entre as famílias pobres. Corrigindo por esse erro, até 3 por cento dos votos saem da coluna do PT para a coluna do Aécio (o que empataria a pesquisa do Datafolha e cortaria a vantagem do PT no IBOPE para 2pp).

Existem outros fatores que favorecem Aécio e tornam a eleição mais apertada e competitiva. Tanto Datafolha quanto IBOPE não controlam para o efeito da abstenção, que é historicamente correlacionada com IDH (municipios mais pobres tendem a ter maior abstinência, nulos e brancos). Mais que isso, o aumento na abstinência no segundo turno tende a ser correlacionado com o IDH. Esse efeito não é grande, mas em uma eleição apertada pode fazer a diferença….”
 [Nota PRA: o economista quis dizer abstenção, e não abstinência, que costuma estar ligada a abstinência de alimentos ou de sexo...]

Esta é uma eleição muito competitiva e quem ganha são os brasileiros que têm a chance de escolher projetos diferentes. A grande diferença de propostas entre os candidatos, do meu ponto de vista , não é o social, pois gastos sociais são serão prioritários quem quer que seja o presidente da República. A grande diferença é a política econômica – os meios para  a retomada do crescimento econômico e progresso social do Brasil- e a capacidade de administração do governo federal e da coalização política.
Bos sorte a todos no domingo e vamos ajudar o próximo presidente eleito, seja o Senador Aécio Neves ou a atual presidente Dilma Rouseff, a cumprir com suas promessas de campanha.
No caso do senador Aécio, acho que ficou claro que será necessário um ajuste corretivo na economia brasileira. No caso da presidente candidata Dilma, a sua campanha negou a necessidade de um ajuste pós eleições, mas uma das primeiras medidas do seu governo, independente do resultado das urnas, será comunicar para o mercado que a meta do resultado primário para este ano de 1,9% do PIB não será cumprida.
Adicionalmente, se a presidente for reeleita, não e claro como a sua promessa de campanha de manutenção e ampliação dos subsídios do BNDES e de outros bancos públicos será cumprida. De onde vem o dinheiro eu não sei.
Boo final de semana a todos, boa votação e vamos torcer para que o próximo presidente consiga avançar nas reformas estruturais e no ajuste macroeconômico que precisamos para retomarmos o crescimento econômico com progresso social. Não é normal uma economia com a brasileira crescer apenas 1,6% ao ano (média do governo Dilma). Podemos mais!!!

=====

Addendum:
Observação de um facebookiano:

Caras, o Datafolha e o IBOPE usam os pesos do Censo do IBGE de 2010 para ponderar os votos por faixa de renda. 

Se você usar os pesos da PNAD 2013 (que retrata com maior precisão a situação atual), o Aécio está na frente em AMBAS as pesquisas IBOPE e Datafolha.

Aécio vai ganhar. Acreditem.

Eleicoes 2014: A Venezuelizacao do Brasil?: uma campanha de odio na eleicoes - Paulo Roberto de Almeida


A Venezuelização do Brasil?: uma campanha de ódio na eleições

Paulo Roberto de Almeida

Carmen Lícia Palazzo e eu estamos sempre ligados nas notícias, nas informações e nos contatos, ela mais pelo lado do FaceBook e dos intercâmbios com dezenas de pessoas, em diversos países, e em diversas regiões do Brasil, eu mais ligado na rádio (diversas, com destaque para a CBN e a France Info), na imprensa (ou seja, os jornalões do PIG, mas também da esquerda, mercenários ou não, via internet), e em diversas outras fontes de informações, e costumamos trocar matérias interessantes aqui e ali.
Pois bem, hoje, a três dias do segundo turno da eleição presidencial, uma coisa nos chocou particularmente, justamente nesse cruzamento de rádio, mensagens de amigos e postagens aqui e ali, não que fosse inédita, pois havia o mesmo nas últimas semanas.
O que nos chocou especialmente foi a campanha do ódio, seja transmitido por iniciativa individual, seja organizado pelo exército de mercenários, seja levado às ruas pelos caminhões de som e caravanas e passeatas, com muitas bandeiras e muitos slogans. Apenas uma amostra dessa campanha de ódio, que visa dividir o país, garantir os desinformados, conquistar os indecisos, assustar os potenciais preconceituosos e capturar votos de um modo odioso:

1) "Vamos acabar com essas elites", caminhão com bandeiras e megafones, na rodoviária da capital da república, onde passam todos os dias milhares de trabalhadores humildes, que vão e veem de ônibus e de metrô, para suas casas e para o trabalho; imaginamos que o mesmo se reproduz em várias outras capitais e grandes cidades, onde quer que haja aglomeração e trânsito de milhares de "pessoas do povo", ou seja, gente que não é das "elites"; este é o ódio social!

2) "Esses paulistas, esses sulistas, estão pensando o quê?", em diversas cidades do Nordeste, mensagem veiculada sob diversas formas, aliás até estimuladas pelo nordestino que se fez em São Paulo e também ascendeu às "elites", numa inacreditável demonstração que jogar uma região contra a outra pode ser um grande expediente tático-eleitoral; este é o ódio regional!

3) "As elites brancas, os ricos são contra as cotas, eles querem a volta da escravidão"; várias vezes escutado, lido, ouvido, em diversos meios, para assegurar que nenhum negro, ou pardo, ou afrodescendente, possa votar a favor de quem é supostamente representante das elites brancas, que são contra as cotas e portanto contra a inclusão racial (não importando aqui que as cotas sejam, no fundo, especificamente racistas); esse é o ódio racial, na verdade racista!

4) "O candidato atacou a nossa candidata de forma agressiva; chamou-a de mentirosa, não faria isso se fosse um homem"; intensificado tremendamente depois do segundo debate televisivo, quando o candidato efetivamente disse que a candidata estava falando mentira, como se isso tivesse alguma coisa a ver com o gênero, o sexo, até a cor do seu oponente, a candidata continuista; os ataques se multiplicaram de várias formas, até os mais grotescos, com fotomontagens mentirosas e alegações fraudulentas; esse é o ódio por gênero, aliás ridículo!

5) "Eles vão acabar com o Bolsa Família, com o Minha Casa, Minha Vida, vão reduzir o salário mínimo, provocar desemprego"; são as mentiras mais comuns, disseminadas das mais diversas formas, inclusive fora da propaganda oficial, mas veiculadas oralmente, e até diretamente, em contato com as pessoas mais humildes e mais sensíveis a tais programas; esse é ódio mais virulento de todos, aquele que se baseia no coitadismo, e na exploração da ignorância dos mais humildes e desinformados (sim, desinformados); é um ódio político, partidário, de estilo nazista, já que repetindo mentiras que tendem a se manter.

Todos esses exemplos, e muitos outros mais, foram flagrados, identificados, ouvidos, lidos, recebidos em mensagens, às dezenas, às centenas, por mim e por Carmen Lícia nos últimos dias, hoje com uma intensidade tal que nos chocou.
É possível que, agindo assim, os partidários da candidatura oficial consigam atingir seus objetivos, que é o de assegurar, conquistar e manter um número suficiente de votos para obter a vitória nas urnas. É possível, portanto, que a tática do ódio, do ódio de classe, regional, de raça, de gênero, do ódio especificamente político, embora doentio e mentiroso renda seus frutos no domingo 26 de outubro.
Essa tática já assistimos durante muitos anos na Venezuela e todos podemos ver no que resultou: já nem falo da deterioração completa da vida política, das estruturas econômicas, do ambiente de negócios, mas contemplamos uma enorme emigração da classe média, os quadros mais qualificados do país, partindo viver nos EUA, no Canadá, na Espanha, em outros países, privando o país do melhor do seu capital humano. Essa foi a tática dos peronistas, na fase de ascensão, antes de se converter em uma força nacional dividida em diversas vertentes.
Essa foi e continua sendo a tática empregada pelo principal líder do partido hegemônico, a quem ouvimos desfigurado e apoplético, despejando xingamentos dos mais escabrosos contra o candidato oposicionista.

Essa campanha do ódio tem o poder de se inculcar na mente dos militantes mais fanáticos e das pessoas mais humildes, e ela nos remete a esses outros tristes exemplos de mistificação nazista e de massificação fascista.
O Brasil pode estar no limiar de conhecer uma grande fragmentação nessas diversas linhas de divisão, e, qualquer que seja o resultado eleitoral do dia 26, emergir no dia 27 como um país profundamente dividido, como numa guerra civil virtual, que geralmente divide famílias, irmãos, membros da mesma categoria profissional, pessoas de diferentes regiões e de diversos estratos sociais ou ascendências étnicas.
Esse ódio será, eventualmente, o legado mais terrível da atual campanha eleitoral.
Esse ódio, essa divisão forçada, entre classes, raças, regiões, gêneros e afiliações políticas pode estar nascendo aos nossos olhos.
O Brasil será o mesmo a partir do dia 27, diverso mas unido culturalmente, multicolorido mas sem Apartheid, regionalmente diverso mas unificado num mesmo projeto nacional, inclusivo do ponto do gênero e tendencialmente conciliador e consensual no plano político?
Tenho minhas dúvidas. Muitas dúvidas.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 23 de outubro de 2014, 22:08hs.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Tangos e tragedias nas eleicoes brasileiras - Paulo Roberto de Almeida

Tangos e tragédias nas eleições brasileiras:
menas, pessoal, menas...

Paulo Roberto de Almeida

Eu me pergunto o que diria o Chacrinha, se vivo fosse, das eleições brasileiras, versão 2014? Ele já morreu há muito tempo, e talvez se sentisse, como diríamos, um pouco deslocado no atual cenário político-eleitoral, em nada parecido com aqueles embates grotescos, que envolviam, em seu tempo, não apenas personagens histriônicos, inclusive alguns palhaços, como ele mesmo, mas também oportunistas baratos e políticos que não conseguiriam obter uma certidão de bons antecedentes. Nada disso acontece hoje, obviamente. Ou o que diria Sergio Porto, o saudoso Stanislaw Ponte Preta, que ficava selecionando frases magníficas de nossos personagens políticos para integrar a sua famosa enciclopédia da genialidade política, aliás até hoje, o Febeapá? Será que ele teria material para rechear um terceiro, ou quarto, volume da série?
Mas esses são observadores das antigas, inacessíveis aos mais jovens, ainda que estes também terão ouvido, ou lido, alguma referência a esses dois imortais, bem mais conhecidos, em todo caso, do que vários imortais da Academia Brasileira de Letras. Eu prefiro me reportar a um humorista que morreu mais perto de nós, e que deve ter assistido a magníficos exemplos de “criacionismo político”, o que lhe rendia farto material para também rechear suas páginas do melhor humor político: o que estaria dizendo Millôr Fernandes dos atuais embates, já não digo entre os próprios candidatos, mas mais propriamente entre aqueles que os apoiam, respectivamente?
De fato, tenho acompanhado, o mais das vezes pelo Facebook, alguns exemplos pouco memoráveis, e francamente patéticos, de lutas ferozes, enfrentamentos rudes e batalhas verbais x-rated, entre os defensores de uma e outra candidatura. Não que esses embates na internet possam abalar os mercados – como certas pesquisas eleitorais, cada vez que a candidata sobe um pouco nas intenções de voto – mas eles podem abalar amizades, sepultar longas convivências, destruir possibilidades de cooperação futura, até inviabilizar aquele grande projeto acadêmico. Ainda bem que tudo isso se dá no conforto do lar ou ao abrigo do escritório, não é mesmo? Do contrário poderia ocorrer até o que um ministro do Supremo, aliás presidente do TSE – e antigo advogado dos companheiros, lembram-se? –, chamou de “risca-faca”. Eu não entendo bem o que seja isso, mas deve ser algo terrível, até parecido com o que anda fazendo o Estado Islâmico. Dizem as más línguas que esse ente fabuloso da nova ordem mundial até pensou em abrir uma filial por aqui, e estava buscando oportunidades de diálogo. Se vocês souberem de alguma possibilidade nesse terreno, favor avisar o próprio (eles já estão na internet, e devem ter até Facebook, ou pelo menos Twitter).
Bem, mas não era isso que eu queria dizer. Eu apenas queria registrar que tenho ficado chocado com o que tenho lido e visto na internet, nesses embates entre gregos e goianos. É propriamente aterrador, como diria alguém, constatar que antigas amizades, e relações respeitosas entre colegas acadêmicos, podem estar se desfazendo de modo absolutamente inútil, a partir desses enfrentamentos eleitorais pré-segundo turno. Então, para restabelecer a calma na nossa gafieira, resolvi desfazer alguns mitos que têm aterrorizados os gregos e os goianos, cada tribo acusando a outra de projetarem as piores abominações em caso de vitória. Vamos a elas.

Mito: Se o PT continuar no governo vai fazer o Brasil virar comunista, ou, pelo menos, bolivariano.
Ilusão. Mesmo que quisessem – e muitos deles têm, inquestionavelmente (ops, saiu certa a palavra), o DNA do totalitarismo – os companheiros não conseguiriam implantar o comunismo no Brasil, sequer o socialismo light. Os companheiros podem ser ignorantes em matéria de história, de economia, de administração, mas eles não são estúpidos. Eles sabem que essa coisa de socialismo é para trouxas, como alguns colegas da região, especialmente os bolivarianos. Por que é que eles vão afogar os capitalistas que os mantêm no bem-bom da vida, podendo extrair tranquilamente recursos legais e menos legais, sem precisar tratar com toda aquela parafernália de planejamento estatal, controles de preços, Nomenklatura oficial, essas coisas tão démodées, à la Stalin, ou de caudilhos fascistas? Por que não continuar com esse capitalismo amestrado, todos esses banqueiros domados, esse conforto que é poder desfrutar de certas benesses, sem se chatear com aquelas bobagens cubanas e com as loucuras bolivarianas?
Minha gente: os companheiros só querem um capitalismo de face humana, entenderam?; um para o qual eles mesmos desenham a face, sorridente, generoso com os pobres (desde que os pobres continuem votando para eles), inclusivo, enfim, essas coisas que qualquer país socialdemocrata tem. A única coisa da qual eles não gostam mesmo é da tal de alternância; isso os deixa muito incomodados. Ah, sim, também tem outra coisa: eles não gostam dessas críticas da “grande mídia”; por isso eles vêm tentando, com muito denodo, democratizá-la, entenderam? Para isso, basta mandar a Receita Federal examinar os livros contábeis desses valentes do Partido da Imprensa Golpista, que ela, a RF, descobre rapidamente irregularidades em algumas das 3.500 normas da própria RF; por aí eles conseguem enquadrar esses recalcitrantes.

Mito: Se a oposição ganhar, o país vai retroceder 15 anos, e ficar entregue à direita mais reacionária, aos tucanos neoliberais, que vão novamente submeter o Brasil aos ditames de Wall Street, enquadrá-lo nas regras do Consenso de Washington, e submetê-lo às políticas recessivas do FMI.
Nem por sonho. Como é que um país, que nunca foi liberal em toda a sua história, vai virar neoliberal, assim de uma hora para a outra, sem sequer dar tempo de redecorar a casa para receber os donos da finança e os mestres do império? Como diria Mário de Andrade, lá pelos anos 1920, “progredir progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade...”. Pois é, não dá para retroceder: todas as amarras congressuais, sociais, espirituais e filosóficas, fazem do Brasil, inquestionavelmente (ah, saiu certo outra vez), um país socialdemocrata, e condenado a sê-lo. Tudo indica que não tem marcha atrás. As promessas distributivistas vão ter de ser cumpridas, e ainda não nasceu o político que vai reduzir ou acabar com programas sociais: eles só vão aumentar, e com eles a dependência de um número crescente de brasileiros da ajuda estatal. Este seria o modelo de sociedade que perseguem tucanos neoliberais e petistas distributivistas? Assim parece...
O único problema disso tudo é que o Brasil escolheu distribuir a riqueza muito antes de ficar rico, e aí corre o risco de estagnar na mediocridade do crescimento pelas próximas duas gerações, pelo menos. Como é que pode, um país que tem 16% do PIB de poupança doméstica, que investe menos de 20% do PIB (contando com uns trocados do exterior), crescer mais de 3% ao ano? Não pode. Assim, só dá para ter crescimento da renda per capita em torno de 1 a 2% ao ano, entenderam? Isso significa que a renda individual só vai dobrar para os seus netos, contentes com isso? Ou seja, vamos continuar alegremente nesse caminho socialdemocrata, orgulhosos de sê-lo, e nos contentar em exportar minério para a China. Está bem assim, ou os companheiros tem alguma solução maravilhosa que os tucanos neoliberais ainda não descobriram?
E essa coisa de alinhar o Brasil com o império? Bobagem companheira, que só os estudantes da UNE compartilham, embora alguns grandalhões continuem a repetir esse tipo de alegação maldosa, inclusive alguns diplomatas experientes. A obsessão antiamericana é uma das doenças infantis que ainda ficaram dos velhos tempos de anti-imperialismo doentio do partido burguês que hoje é o dos companheiros. Só quem acredita nisso é o Moniz Bandeira e o Samuel Pinheiro Guimarães, seriamente, eu quero dizer; o resto do pessoal continua a repetir essa bobagem para não ficar mal com os estudantes da UNE, entenderam?

Mito: Se os companheiros conseguirem vencer mais essa, eles vão lotar os órgãos estatais de gentinha da esquerda, essas ratazanas que querem expropriar fazendas, colocar um imposto contra os ricos e esquerdizar de vez as nossas instituições.
Nem chance. Os companheiros vão, sim, dar alguns empregos a essa arraia miúda do PCdoB e de outros partidecos da esquerda e até para algumas seitas alucinadas: para isso existe o Incra, o MDA, e algumas agências públicas. Mas os cargos realmente importantes vão para esses estupendos representantes da esquerda tupiniquim como podem ser o Sarney, o Collor, o Maluf, o Barbalho, o Garotinho, e até para alguns capitalistas amigos, como o Eike Batista, que precisa urgentemente de uma Bolsa Família só para ele (completa, ou seja, a dos 45 milhões de beneficiários).
Imposto contra os ricos? Mas justo agora que muitos deles fizeram o seu primeiro milhão? Não se brinca com essas coisas: imposto é só para quem não pode escapar, assalariados em geral, classe média em particular, e empresários que não puderem se entender com o Tesoureiro do partido, o shadow-Finance minister...
Esquerdizar as instituições? Não é bem isso: basta aparelhá-las com gente de confiança e o trabalho está feito. Aliás, ninguém mais se lembra do decreto bolivariano dos sovietes petistas?; aposto como vocês esqueceram. Basta subsidiar generosamente todas essas ONGGs, e a coisa está feita. O Brasil pode viver em paz com 15% de comissão (que parece ser a média na China; mais do que isso, a coisa complica).

Mito: Os tucanos, se voltarem, vão acabar com o Bolsa Família, reduzir o salário mínimo e provocar desemprego.
Só se eles fossem doidos. O que os tucanos querem fazer é administrar o BF em bases estatais, e não como curral eleitoral (mas os companheiros não acreditam nisso), fazer com que os aumentos do salário mínimo acompanhem, no mínimo (com perdão da redundância) o crescimento da produtividade, e atrair investimentos estrangeiros e estimular os nacionais para criar empregos basicamente no setor privado, em lugar de ficar aumentando o funcionalismo público como os companheiros gostam de fazer (se possível só com companheiros, que pagam o dízimo ao partido, e ainda contribuem com 10 a 30% do DAS quem tem). Os companheiros podem até ter boas intenções em direção de todas essas categorias – dependentes estruturais, classe operária e funcionários públicos, de modo geral – mas em matéria de economia eles são um pouco como esses keynesianos de botequim que pululam na UniCamp, cheios de ideias brilhantes, nenhuma delas exequível, já que acabam caindo no desastre da “nova matriz econômica” ou de algum “desenvolvimentismo” nouvelle manière.
Os tucanos são um pouco mais sofisticados, já que aderindo, em sua maior parte, à nova síntese keynesiana, que é o mainstream com pitadas de anticíclico, entenderam? Daí que eles vão ensinar aos companheiros como é que se estabiliza a economia, se reduz a inflação, e integra o Brasil aos circuitos produtivos internacionais. Eles não cultivam certas bobagens protecionistas, pois sabem que stalinismo industrial não funciona: o jeito é se lançar ao mar, e navegar sempre para a frente, na globalização, que os companheiros sempre acusam de perversa e assimétrica. Enfim, com os tucanos pelo menos não somos obrigados a ouvir aquele manancial de bobagens do Fórum Social Mundial, que os companheiros acompanhavam com verdadeiros orgasmos muito sociais (e ecológicos, claro). Enfim, vai diminuir o Febeapá 2.0.

Em conclusão, não muda muito o panorama das políticas sociais e da confusão congressual de sempre, embora o linguajar possa melhorar sensivelmente. Uma coisa é certa: depois de 12 anos de Nunca Antes, vamos respirar um pouco com coisas mais sensatas e menos grandiloquentes. Como vai ser bom descobrir que o Brasil não nasceu ontem, e poder dizer ao pessoal: olha, essa coisa de abraçar ditador não é comigo, ok? Só isso, já nos tira um peso enorme da consciência, saber que a defesa da soberania nacional não é contraditória com a preservação da dignidade na defesa de certos valores, que aliás estão inscritos em nossa carta constitucional. Por mais esquizofrênica que ela seja no plano econômico, ela não faz feio no plano de certos princípios e fundamentos, soberbamente ignorados ao longo dos últimos anos.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 23 de outubro de 2014.