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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: pesquisas Datafolha e Ibope, com toneladas de sal

Transcrevo apenas postagem do conhecido economista Mansueto Almeida, que por sua vez transcreve nota de colega economista não identificado -- provavelmente trabalha para o governo, ou para algum banco, e não quer sofrer retaliações, como outros, anteriormente -- com observações muito pertinentes sobre a "fiabilidade"das duas pesquisas que colocam a candidata oficial na frente.
Resumindo: esses institutos realizaram uma distorção na amostragem para obter um resultado que satisfaça a candidatura oficial.
Outras pesquisas provavelmente teriam respeitado os critérios metodológicos corretos.
Paulo Roberto de Almeida

Eleição apertada a ser definida nas urnas

Ontem recebi de um amigo uma análise muito boa dos últimos resultados das pesquisas de intenção de voto. Esse amigo é um excelente economista com larga experiência na análise cuidadosa de dados.
Ele explica que os números das pesquisas recém divulgadas são muito próximos e sinalizam para uma eleição muito apertada. É verdade que, na margem, as intenções de voto na presidente Dilma cresceram. Mas não dá para falar absolutamente nada além disso em uma eleição tão competiria como esta. Segue a análise.

“…. os números tanto IBOPE quanto Datafolha não podem ser levados ao pé da letra. Tenho analisado a amostra de ambas pesquisas, nos dois casos encontrei uma amostra com muito mais pobres do que no mundo real. A diferença é inexplicável.
Na PNAD são 26% das pessoas em idade de votar que pertencem a famílias com mais de 5 salários mínimos de renda. Em uma das pesquisas essa fração é de apenas 12 por cento. Uma discrepância similar ocorre com o sinal trocado entre as famílias pobres. Corrigindo por esse erro, até 3 por cento dos votos saem da coluna do PT para a coluna do Aécio (o que empataria a pesquisa do Datafolha e cortaria a vantagem do PT no IBOPE para 2pp).

Existem outros fatores que favorecem Aécio e tornam a eleição mais apertada e competitiva. Tanto Datafolha quanto IBOPE não controlam para o efeito da abstenção, que é historicamente correlacionada com IDH (municipios mais pobres tendem a ter maior abstinência, nulos e brancos). Mais que isso, o aumento na abstinência no segundo turno tende a ser correlacionado com o IDH. Esse efeito não é grande, mas em uma eleição apertada pode fazer a diferença….”
 [Nota PRA: o economista quis dizer abstenção, e não abstinência, que costuma estar ligada a abstinência de alimentos ou de sexo...]

Esta é uma eleição muito competitiva e quem ganha são os brasileiros que têm a chance de escolher projetos diferentes. A grande diferença de propostas entre os candidatos, do meu ponto de vista , não é o social, pois gastos sociais são serão prioritários quem quer que seja o presidente da República. A grande diferença é a política econômica – os meios para  a retomada do crescimento econômico e progresso social do Brasil- e a capacidade de administração do governo federal e da coalização política.
Bos sorte a todos no domingo e vamos ajudar o próximo presidente eleito, seja o Senador Aécio Neves ou a atual presidente Dilma Rouseff, a cumprir com suas promessas de campanha.
No caso do senador Aécio, acho que ficou claro que será necessário um ajuste corretivo na economia brasileira. No caso da presidente candidata Dilma, a sua campanha negou a necessidade de um ajuste pós eleições, mas uma das primeiras medidas do seu governo, independente do resultado das urnas, será comunicar para o mercado que a meta do resultado primário para este ano de 1,9% do PIB não será cumprida.
Adicionalmente, se a presidente for reeleita, não e claro como a sua promessa de campanha de manutenção e ampliação dos subsídios do BNDES e de outros bancos públicos será cumprida. De onde vem o dinheiro eu não sei.
Boo final de semana a todos, boa votação e vamos torcer para que o próximo presidente consiga avançar nas reformas estruturais e no ajuste macroeconômico que precisamos para retomarmos o crescimento econômico com progresso social. Não é normal uma economia com a brasileira crescer apenas 1,6% ao ano (média do governo Dilma). Podemos mais!!!

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Addendum:
Observação de um facebookiano:

Caras, o Datafolha e o IBOPE usam os pesos do Censo do IBGE de 2010 para ponderar os votos por faixa de renda. 

Se você usar os pesos da PNAD 2013 (que retrata com maior precisão a situação atual), o Aécio está na frente em AMBAS as pesquisas IBOPE e Datafolha.

Aécio vai ganhar. Acreditem.

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