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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Declaracao politica: com desculpas aos meus leitores - Paulo Roberto de Almeida


Declaração política: com desculpas aos meus leitores

Paulo Roberto de Almeida

Meu site, meu blog e eventuais plataformas em outras ferramentas são usualmente dedicados a temas de relações internacionais e de política externa do Brasil, mas também ao debate de ideias, se possível inteligentes, em áreas afins a meus campos de pesquisa acadêmica e de trabalho profissional: políticas públicas, desenvolvimento, relações econômicas internacionais e políticas setoriais: comercial, financeira e tecnológica, de preferência em perspectiva histórica e em escala comparativa, no plano internacional.
Minhas preocupações primárias, essenciais, são essas, e o que coloco nesses veículos tem motivações basicamente didáticas, e já explico por que. Tendo começado na vida acadêmica muito tempo atrás, no século passado, sempre empreguei o essencial de meu tempo livre e de minhas reflexões intelectuais com essa orientação especificamente didática, ou seja, traduzir minhas leituras em linguagem compreensível para alunos de graduação e de pós-graduação.
Sobre isso acrescento minha experiência profissional, na diplomacia, o fato de ter vivido em muitos países, ter viajado intensa e extensivamente, e de ter recolhido, sempre, impressões e informações empiricamente embasadas sobre tudo o que eu vi, tudo o que eu li, tudo a que assisti e registrei nesses anos todos (todos os meus trabalhos, desde o início, estão relacionados em meu site pessoal).

Pois bem, a despeito de todas essas preocupações intelectuais, também sou um cidadão brasileiro e não por ser obrigado a votar nas eleições -- sou contra o voto obrigatório, mas mesmo sendo facultativo eu votaria, em qualquer circunstância -- sou a favor de tomadas de posição, pois é evidente que é o meu destino, o de meus familiares e descendentes que está em jogo a cada escrutínio eleitoral.
Cada eleição é o momento de delegarmos a alguém a faculdade de usar o nosso dinheiro para fazer alguma coisa que reputamos importante, para nós mesmos ou para o Brasil.
Assim, não sou de me eximir em nenhum momento, e o ato de renunciar ao dever eleitoral -- sendo o voto obrigatório ou não -- me parece uma renúncia de escolha, uma indiferença que pode ser fatal, pois, queiramos ou não, nosso dinheiro vai ser usado por políticos para fazer algo de bom ou de menos bom -- talvez até algo de ruim -- no quadro da democracia representativa -- por certo falha -- em que vivemos.

Pensando assim, e pedindo mais uma vez desculpas a meus leitores, por trazer um tema fora dos meus focos habituais de pesquisa e de debate, vou tomar posição.
Não a favor de qualquer um dos candidatos do segundo turno, pois eu não os considero os candidatos ideais, pelo menos não são os que eu escolheria para me representar. Tenho restrições a ambos, mas um dos dois vai "sobreviver", e passar a decidir como gastar o "meu" dinheiro a partir de 1o. de janeiro de 2015.
Sendo assim, prefiro, numa escolha de simples bom-senso, ou de senso comum -- o que não é o meu hábito -- escolher pelo menos ruim, pelo que vai desperdiçar em menor proporção o meu dinheiro.
Mas isso não é tudo, e talvez não seja o mais importante. Também entram aqui considerações questões menos prosaicas, que não tem a ver com dinheiro e sim com valores, com princípios, com a ética na vida pessoal e profissional.

Como sabem todos os que me leem, eu tenho alergia a certas atitudes, entre elas a exaltação da ignorância. Mas alerto imediatamente: não à ignorância “normal”, das pessoa que não tiveram condições de se educar no plano formal; todos nascemos igualmente ignorantes, mas muita gente, infelizmente, não tem chances de estudar e de se aperfeiçoar. Eu me refiro à incultura deliberadamente cultivada, que é aquela escolha por permanecer ignorante mesmo tendo todos os meios à disposição para se informar e esclarecer questões que são importantes para todos nós. A ignorância voluntária, se ouso dizer, é algo grave, quando todos os meios existem para alguém se informar e fazer escolhas inteligentes.
Mas, o que mais tenho horror, mesmo, ojeriza, asco, repúdio absoluto, é por desonestidade intelectual, ainda que o adjetivo intelectual não deveria ser aplicado neste caso. Explico. Desonestidade intelectual é quando a pessoa tendo todos os instrumentos à mão para fazer uma escolha racional e para declarar isso de público, prefere recorrer à mentira por escolha política, por vantagens pessoais, por oportunismo profissional, enfim, por uma série de razões que não são confessáveis de público, e que ela justamente procura esconder, pois aquela escolha racional contrariaria, digamos, sua situação pessoal, seu conforto material, suas vantagens financeiras, enfim, tudo, menos o compromisso com a verdade e com a honestidade.

Sendo assim, vou pedir desculpas a meus leitores e proclamar abertamente minhas escolhas, de maneira honesta, objetiva, sincera, como sempre procurei ser neste blog, ou em qualquer outro espaço público que me é oferecido para expressar meu pensamento.
Como também sabem todos os que seguem meu blog ou minhas eventuais intervenções em outras plataformas, grande parte do que é disponibilizado não me pertence, mas sim a terceiros: notícias, informações, análises, artigos de opinião, estudos de instituições de pesquisa, etc., enfim, tudo aquilo que alimenta minhas reflexões e esparsos comentários precedendo cada uma das postagens.
Eventualmente eu também coloco algumas das minhas produções, e meu site pessoal lista escrupulosamente tudo o que produzo, e tento colocar à disposição tudo aquilo que se presta a tal possibilidade (à exclusão, portanto, de material que pertence a alguma editora ou a revistas que exigem exclusividade).
Em também tento seguir os mesmos procedimentos nas plataformas que uso, ou seja, postar material de fontes diversas, tentando sempre distinguir o que é FATO e o que é OPINIÃO, e encimando, sempre quando possível, de comentários meus sobre o que segue no post, ou seja, tomando partido, cada vez que isso for necessário, em relação ao material divulgado.

Creio que assim estarei sendo honesto, em primeiro lugar comigo mesmo -- já que tenho opiniões e posições um pouco sobre tudo, sem querer parecer pretensioso -- e em segundo lugar com meus leitores, que me honram com suas visitas e comentários (sempre bem-vindos, mesmo alguns malucos “claramente” ilegíveis).
Estamos vivendo agora um momento decisivo na vida do país, e a escolha que fizermos agora vai influenciar nossas vidas pelo menos pelos próximos quatro anos, e provavelmente mais além, pois ações governamentais possuem o dom do que se chama de “lasting effects”, ou seja efeitos prolongados no futuro.

Não vou me eximir, não vou me ausentar, farei o que todo cidadão deve fazer, em sua comunidade, em sua "ágora", em seu país, para fazer da nação (e quem sabe até do mundo) um lugar melhor do que o que recebemos, para que os que vierem atrás de nós não tenham de se bater com os mesmos problemas que enfrentamos hoje: uma nação ainda insuficientemente desenvolvida, um sistema político tremendamente corrupto, ausência de segurança para todos os que saem às ruas das grandes metrópoles (e de outras cidades também), ameaças de desemprego, de inflação, de aumento de tributos, de falhas nos serviços públicos, de péssima qualidade nos sistemas públicos de saúde, de educação, de transportes, os preços absurdos que pagamos para nos alimentar, para nos abrigar, nos comunicar, enfim, tudo isso que vocês reconhecem como problemas reais do Brasil.
Meu esforço de contribuir para uma melhor solução a esses problemas -- não a ideal, por certo, mas uma mais aceitável do que a outra -- vai refletida nos próximos posts.
Os que escolhem voluntariamente ler o que escrevo, sabem perfeitamente qual é o meu “partido”, qual é a minha escolha: o partido da inteligência, a escolha da honestidade, a da defesa de certos valores que são facilmente dedutíveis de tudo o que vai acima. Na verdade, não tenho partido e nunca terei. Não sou de partidos, sou apenas eu sozinho e minha consciência .

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 21 de outubro de 2014.

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