Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 26 de outubro de 2014
Eleicoes 2014: o que vale mesmo e' o sentimento das pessoas: depoimento de uma juiza
Muito diferente de certo presidente do TSE, antigo (talvez ainda) menino de recados do PT, que diz que não sabe quando vamos ter os resultados das eleições: "Só Deus sabe", disse ele.
Inacreditável, da parte de um presidente do TSE.
O Brasil não é a Venezuela, e isso também vai estar refletido nos resultados.
Paulo Roberto de Almeida
OPÇÃO : Aécio
Dra. Karla Maia, Juíza Federal
"Essa não é uma eleição PT x PSDB. Não é uma eleição Lula x FHC. Não é uma eleição Bolsa Família x Passar Fome. Não é uma eleição Esquerda x Direita. Essas rivalidades são os argumentos fabricados para cada um justificar seu voto, sua torcida.
O PT não é o mesmo partido que era há mais de 12 anos atrás - muitos PTistas já reconheceram isso. O PT "se endireitou" onde precisava/queria e manteve programas sociais de esquerda.
Da mesma forma, O PSDB não é o mesmo partido de 12 anos atrás. Ele percebeu que a esquerda tem programas e pensamentos sociais bons e interessantes - e que precisam (e vão) ser mantidos. Eu não vou votar ou deixar de votar porque um ou outro candidato foi preso por roubar um banco ou se negou a fazer bafômetro.
Não vou votar ou deixar de votar porque o irmão da candidata recebe sem trabalhar ou porque falam que o tio do outro se benefício com desapropriação para um aeroporto. Essa definitivamente não é uma eleição das pessoas Dilma x Aécio. O BRASIL não é o mesmo país de 12 anos atrás. A vida da maioria de nós melhorou sim - mas não exclusivamente por causa do PT e nem exclusicamente porque o PSDB "preparou o terreno" pro governo Lula - hipocrisia dizer qualquer das duas bravatas. A vida melhorou muito, tanto por causa de um trabalho de base econômica necessária do PSDB quanto por ótimos programas trazidos pelo PT, mas principalmente pela conjectura econômica mundial. E é certo - como dois e dois são quatro - que a vida vai continuar melhorando, independente de quem vencer as eleições, não me venham com as bravatas de militantes/torcedores cegos. Os programas de bolsa família e outros vão continuar, assim como o Brasil vai continuar sendo um importante líder mundial. E essa não é a eleição do corrupto x santo. Essa é a eleição do CHEGA! Escolher o 45 no lugar do 13 é da um recado de que a corrupção já deu. E que se o PSDB roubar nós também vamos tirar ele de lá. Não se vota por idolatrar ou não um candidato, vota-se para dar um recado moral para ambos os partidos. Vou votar pra tirar o PT e dizer: eu não suporto mais! E se o PSDB for parte em tantos escândalos assim nos próximos quatro anos, eu vou pra rua de novo, vou exercer minha cidadania de novo.... e daqui quatro anos vou estar votando no PV, na Rede ou até mesmo no PT, mas de novo vou dar meu recado: chega! Dê seu recado você também, vote 45 e grite bem alto: EU QUERO UM PAÍS MELHOR!
A divergência e o debate são comuns e saudáveis em uma democracia. Podemos discordar em muitos pontos, mas tenho certeza que concordamos nos principais valores básicos, essenciais à sociedade que sonhamos para o futuro.
Podemos discordar das privatizações, mas não precisamos aceitar que a roubalheira, o aparelhamento político e a incompetência tomem conta das nossas estatais.
Podemos admirar os programas sociais do PT, mas não precisamos aceitar um governo que mente descaradamente que seus adversários acabariam com eles em um óbvio terrorismo eleitoral.
Podemos não gostar dos EUA, mas não precisamos apoiar um governo que se alia às piores ditaduras do mundo e defende países terroristas.
Podemos não gostar da Globo ou da Veja, mas não precisamos de um governo que tenta controlar a imprensa.
Podemos não gostar do PSDB, mas não podemos aceitar um governo, que se dizia guardião da ética, viver mergulhado em escândalos diários, e se aliar e defender a escória da política nacional como Maluf, Collor, Renan, Sarney, Jader Barbalho.
Podemos não gostar do Aécio, mas não podemos permitir que todas essas práticas sejam incentivadas, premiadas e perpetuadas.
Podemos querer outras alternativas, mas não podemos deixar no poder uma quadrilha cuja cúpula, mesmo presa na Papuda, é tratada como heróis e continua filiada ao partido!
Não podemos deixar que continuem a sambar na nossa cara, infiltrando membros no STF para livrar seus pares, comprando o legislativo com mesadas, sangrando nosso país em benefício próprio e de ditaduras e pseudodemocracias. Se fizermos isso será um atestado de que somos tão sem-vergonhas quanto eles, que NADA nos choca e tudo pode nessa terra porque não temos mais qualquer capacidade de indignação.
Se você não concorda com isso, é hora de mudar. Voto nulo, branco ou abstenção é o mesmo que endossar suas práticas.
É hora de união contra aqueles que tentam rachar o país, com um discurso irresponsável e preconceituoso de "nós" contra "eles", "pobres" contra "ricos", "negros" contra "brancos", "povo" contra "elite branca"...
O sentimento não é meu, é de todo brasileiro que cansou e quer um país melhor.
Eu votei no PT ao longo de toda a minha vida. Fui traída. PT nunca mais!"
Dra Karla Maia, juiza Federal
domingo, 11 de maio de 2014
Eleicoes 2014: percepcoes dos eleitores - Marcia C. Nunes; Alberto Carlos Almeida
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Nao digam que os mercados sao "perversos"...
Tem gente que acha que a volatilidade e os capitais "especulativos" são serem alienígenas que ficam à espreita, pela janela, para atacar ao menor sinal.
Sinto decepcionar esse tipo de gente, mas a volatilidade, na verdade, é interna, intrínseca às políticas econômicas erráticas, às declarações não pensadas de certos personagens políticos, enfim, a esses fatores contingentes que soem aparecer em momentos de transição política (mesmo na continuidade aparente que vive o Brasil).
Com respeito à fuga de capitais, sinto, também, decepcionar os incautos, mas os primeiros que fogem são os internos, os domésticos, os caipiras, ou seja, os nacionais - que costumam ser melhor informados do que os estrangeiros -- são os primeiros a se retrair, e buscar paragens mais amenas em centros financeiros off-shore.
Enfim, mercados não são perversos, pela simples e única razão que eles não tem cérebro, nem coração, ou seja, eles são absolutamente frios, totalmente sem coração, indiferentes aos sofrimentos e angústias de dirigentes e simples populares, aplicadores ou poupadores, especuladores ou investidores sérios.
Mercados são o que são, pois eles são os resultados não dirigidos -- muitas vezes impensados -- de milhares de pessoas que intervêm a qualquer momento, com qualquer motivações. Percepções guiam os mercados, mas quem é capaz de prever percepções, quando as informações são tantas e tão desencontradas?
Portanto, deixe os mercados em paz e faça o que tem de fazer, de modo tranquilo: toda riqueza é fruto do trabalho, não da especulação, toda receita é fruto de um trabalho prévio e não existe no ar, toda despesa tem consequencias diretas, para quem paga, e para quem recebe. Mercados são capazes de "perceber" quando algo não está bem, e aí reagem intempestivamente.
Cavec canem, beware of the dog, cuidado com o cão: o cão é o mercado...
Paulo Roberto de Almeida
Mercado cobra de Dilma definição de equipe econômica
Por Ricardo Balthazar e Toni Sciarretta
Folha de S.Paulo, 9.11.2010
A indefinição em torno dos nomes que a presidente eleita Dilma Rousseff escolherá para formar sua equipe de governo alimentou especulações de todo tipo no mercado financeiro nos últimos dias. Os investidores dizem ter dúvidas sobre a disposição de Dilma para conter a expansão dos gastos públicos, medida que julgam necessária para ajudar o Banco Central a combater a inflação. Além disso, eles se preocupam com a possibilidade de que Dilma centralize em seu gabinete as principais decisões econômicas, o que poderia reduzir a liberdade que o BC tem para subir os juros quando achar necessário. “Um presidente com mais influência na economia é algo que não vemos há algum tempo e sem dúvida trará muita incerteza ao mercado”, disse Aloisio Teles, da corretora japonesa Nomura, em nota para clientes ontem.
Embora Dilma tenha se comprometido com políticas austeras na campanha eleitoral, notícias desencontradas sobre a formação de sua equipe e o destino do presidente do BC, Henrique Meirelles, agitaram o mercado de juros futuros, onde os investidores negociam contratos para se prevenir contra mudanças nas taxas de juros. As taxas caíram nos contratos com vencimento nos próximos dois anos e subiram bastante nos contratos de prazo mais longo, sinal de que os investidores apostam numa redução dos juros no início do novo governo e preveem dificuldades depois.
As taxas de juros dos contratos com vencimento em 2017 saltaram ontem de 11,70% para 11,91%, uma variação expressiva num mercado em que pequenas oscilações fazem enorme diferença. No final do dia, as taxas recuaram para 11,86%. “Movimentos bruscos como esse só ocorrem quando há mudança de expectativa”, afirmou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. “Muita gente pensa que Dilma talvez queira reduzir os juros por decreto, embora não seja assim que as coisas funcionem.”