O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Pesquisa - O ensino e a pesquisa sobre África e América Latina nos cursos de graduação em Relações Internacionais no Brasil - Jessica da Silva C. de Oliveira (PUC-MG, Poços de Caldas)

Pesquisa - O ensino e a pesquisa sobre África e América Latina nos cursos de graduação em Relações Internacionais no Brasil
Prezado(a)(e),

É com alegria que compartilhamos este questionário vinculado ao projeto de pesquisa intitulado "Os estudos sobre África e América Latina nos
cursos de graduação em Relações Internacionais no Brasil”, financiado
pelo fundo de incentivo à pesquisa acadêmica da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Edital FIP 2024/30724) e sob a coordenação da Prof. Dra. Jessica de Oliveira (PUC Minas Poços de Caldas). Abaixo disponibilizamos um breve resumo do projeto, em curso desde fevereiro de 2023, e dos objetivos deste questionário.

Antes de mais nada, agradecemos pelo seu tempo e reflexões compartilhados no contexto deste formulário e de eventuais outras trocas que possamos realizar futuramente!

O presente estudo tem como objetivo mapear a
evolução do campo de estudos das Relações Internacionais (RI) no Brasil, tanto
em seu aspecto epistemológico mais amplo como em seu aspecto pedagógico,
através do exame da presença ou ausência de conteúdos de África e
América Latina e das interseções com a formação econômica, cultural e social do
Brasil nos cursos de graduação em Relações Internacionais do país. Coloca-se
como problema de pesquisa: tendo em vista a geopolítica do conhecimento que
marca o surgimento e a disseminação do campo de RI, de maneira geral, e o
recente estabelecimento das DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) da
graduação em RI no Brasil, como tem se dado o ensino e a pesquisa no que
concerne ao estudo de África e América Latina e as interseções étnico raciais,
históricas e culturais afro-brasileiras, africanas e latinomericanas desde
2018?

O mapeamento aqui proposto – inédito, até onde
se sabe – visa produzir um panorama do conteúdo programático dos cursos de
graduação em RI ao redor do Brasil em seu componente regional, historiográfico
e teórico - considerando o recorte temático focado no lugar do ensino de África
e América Latina na formação de internacionalistas no Brasil. A preocupação central aqui é mapear e
compreender as potencialidades e dificuldades do ensino e da pesquisa, de
maneira geral, e buscar observar os possíveis impactos do estabelecimento das
DCNs da graduação em RI no Brasil, com sua menção explícita à necessidade de conferirmos
atenção às interseções étnico raciais, históricas e
culturais afro-brasileiras – e, acrescentamos, latinoamericanas. Busca-se, ainda, um
engajamento crítico inspirado nas perspectivas pós- e decoloniais acerca do
estado da arte da formação em RI no Brasil e das alternativas ao reconhecido
eurocentrismo da disciplina mesmo quando pensada para além do Atlântico Norte.

Um recente estudo nos apresenta dados importantes sobre a formação e evolução do campo das RI no Brasil (Maia, 2019), tendo sido identificado que apenas 14% dos cursos
de graduação em RI ofereciam conteúdos de educação das relações étnico-raciais
e 34% dos cursos contemplavam temáticas relacionadas a direitos humanos. Tais
dados se tornam ainda mais alarmantes quando avançamos até o artigo 4 das DCNs,
que estabelece que o/a profissional de RI deve ter “capacidade de compreensão
de questões internacionais no seu contexto político, econômico, histórico,
geográfico, estratégico, jurídico, cultural, ambiental e social, orientada por
uma formação geral, humanística e ética”, ou seja, sensibilidade aos contextos
e às especificidades locais.

Metodologia: O estudo está sendo conduzido através do levantamento e análise de projetos pedagógicos de curso, grades curriculares e planos de ensino em voga em instituições de ensino superior (IES) em modalidade presencial nas cinco regiões do país. O presente questionário tem como objetivo auxiliar na construção deste panorama qualitativo e reflexivo/reflexivista, estabelecendo aqui um espaço para registro das experiências e percepções de docentes e pesquisadore(a)s cujas atividades acadêmicas de ensino e/ou pesquisa estejam diretamente ou transversalmente relacionadas com África e América Latina - seja enquanto recortes de área/espaciais/temáticos seja enquanto loci de enunciação.

Adicionalmente, com vistas a aprofundar as reflexões sobre a temática, propõe-se ainda um segundo movimento no âmbito deste
estudo, a saber: a formação de um grupo focal composto por docentes e pesquisadore(a)s de Relações
Internacionais situado(a)s em IES de diferentes regiões do país e atualmente
envolvido(a)s com estudo e o ensino de África e América Latina nas RI. Com
isso, espera-se viabilizar um espaço para diálogo e troca de experiências no
que tange às potencialidades e desafios de pensar o internacional e o global no
Brasil para além do Atlântico Norte e do Eurocentrismo que marca a disciplina.

[Você poderá sinalizar seu interesse e disponibilidade para participar da dinâmica de grupo focal ao final deste questionário.]

--
Esclarecemos ainda que o uso das informações aqui registradas será apenas em termos de
um mapeamento com fins de gerar reflexões sobre a temática. Não pretendemos
divulgar os nomes das universidades e colegas profissionais sem autorização prévia.
Em caso de dúvidas ou sugestões, ficaremos felizes em receber seu contato: jessicascoliveira@gmail.com ou jessicas@pucpcaldas.br; (35)99775-6767 (Whatsapp).

Com gratidão,

Jessica da Silva C. de Oliveira [Prof. do curso de Relações Internacionais da PUC Minas Poços de Caldas] & Nataly Mayla de Sá Barbosa [Graduanda do curso de Relações Internacionais da PUC Minas Poços de Caldas]

Para responder à pesquisa:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfyzoIZrn-y5TcefDgM-WvKj15hCDweaT1RYMzHA8QpPHrXnA/viewform 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Pesquisa sobre meus livros e artigos na BVBI, via Senado Federal - Paulo Roberto de Almeida

Pesquisa sobre meus livros e artigos na RVBI, via Senado Federal: 

Sua busca: Palavra autor= almeida paulo roberto de ADJ; 
Ordenados por: Ano (descendente)/Autor 
Registros: 110 (total)

Filtrado apenas para livros: 34

Contra a corrente : ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil 2014-20 (2019) 

A Constituição contra o Brasil : ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constitui (2018)

Formação da diplomacia econômica no Brasil : as relações econômicas internacionais no Imp (2017)

Oswaldo Aranha : um estadista brasileiro (2017)

O homem que pensou o Brasil : trajetória intelectual de Roberto Campos (2017) 

Nunca antes na diplomacia-- : a política externa brasileira em tempos não convencionais (2014) 

Integração regional : uma introdução (2013)

Relações internacionais e política externa do Brasil : a diplomacia brasileira no contexto da (2012)

Globalizando : ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (2011) 

O moderno príncipe : (Maquiavel revisitado) (2010)

Relações Brasil-Estados Unidos : assimetrias e convergências (2006) SEN

Relações Brasil - Estados Unidos : assimetrias e convergências (2006) CAM

Envisioning Brazil : a guide to brazilian studies in the United States, 1945-2003 (2006) 

Relações internacionais e política externa do Brasil : história e sociologia da diplomacia b (2004) CAM

Relações internacionais e política externa do Brasil : história e sociologia da diplomacia b (2004) SEN

A grande mudança : consequências econômicas da transição política no Brasil (2003) 

O nascimento do pensamento econômico brasileiro (2002) capítulo de livro, CAM, SEN

O Brasil dos brasilianistas : um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (2002) CAM, SEN

Trajetória do Mercosul em sua primeira década (1991-2001): uma avaliação política a partir (2001) CAM( 2/ 0)SEN( 2/ 0)STF( 2/ 0)STJ( 2/ 0)TST( 1/ 0)

Formação da diplomacia econômica no Brasil : as relações econômicas internacionais no Imp (2001), CAM, SEN

O Lugar da América do Sul na nova ordem mundial (2001), CAM, SEN 
(ENGANO: o livro não é meu, tenho apenas um capítulo nele)

O Mercosul no Limiar do Século XXI (2000), CAM, SEN (ENGANO: o livro não é meu,
tenho apenas um capítulo nele)

O estudo das relações internacionais do Brasil (1999), CAM, SEN

O Brasil e o multilateralismo econômico (1999), CAM, SEN, MJU

Velhos e novos manifestos : o socialismo na era da globalização (1999), CAM, SEN
 

Mercosul, Nafta e Alca : a dimensão social (1999) CAM( 1/ 0), CLD( 1/ 0)MJU( 1/ 0)SEN( 1/ 0)STF( 1/ 0), STJ( 1/ 0)TJD( 1/ 0)

Relações internacionais e política externa do Brasil : dos descobrimentos à globalização (1998) SEN 

Mercosul : fundamentos e perspectivas (1998), CAM( 1/ 0)SEN( 1/ 0)STF( 1/ 0), STJ( 1/ 0)TJD( 1/ 0)

A recuperação da história diplomática (1996), AGU( 1/ 0)CAM( 2/ 0)MJU( 1/ 0)SEN( 1/ 0) 

O Mercosul no contexto regional e internacional (1993) SEN

Mercosul : textos básicos (1992), CAM, SEN

Mercosul : legislação e textos básicos (1992) CAM, SEN

Link: http://biblioteca2.senado.gov.br:8991/F/XYFT1C6NA9YVVGY6FX1PRDBK3M1I6IQ367R1P6UJN2K75KCREN-08449?func=short-jump&jump=000031

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Arquivos Históricos, pesquisa científica e cidadania no Brasil - Rosa Vasconcelos e Fátima Argon (Canal História do Brasil como Você Nunca Viu)

 O canal História do Brasil Como Você Nunca Viu   (https://www.youtube.com/c/HistoriadoBrasilComoVoceNuncaViu) recebe no próximo sábado, 21/08/2021, às 21h, as historiadoras e arquivistas Rosa Vasconcelos e Fátima Argon para a 𝓵𝓲𝓿𝓮  

Arquivos Históricos, pesquisa científica e cidadania no Brasil


Rosa Maria Gonçalves Vasconcelos é graduada em História pelo UniCEUB e mestra em Ciências da Informação pela UnB. 

Servidora do Quadro de Pessoal do Senado Federal, exerce há mais de vinte anos o cargo de chefe do Arquivo Histórico do Senado, tendo sido, ainda, diretora-geral-adjunta da Casa. Coordenou e participou de sem-número de projetos de otimização do acesso e modernização das ferramentas de pesquisa do Arquivo, além de publicações e exposições, em especial aquela que expôs as Fallas do Throno, conjunto documental reconhecido pelo Projeto Memória do Mundo da Unesco em 2014. Publicou o livro “Dados biográficos dos senadores” (Editora do Senado, 2002). 

Maria de Fátima Moraes Argon da Matta é graduada em História pela Universidade Católica de Petrópolis, graduada em Arquivologia pela Unirio e especialista em História do Brasil pela Ucam. 

Servidora do Quadro de Pessoal do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), foi pesquisadora do Museu Imperial de 1980 a 2018, atuando por quase quatro décadas no Arquivo Histórico; em 2008, dirigiu interinamente o Museu Imperial. Coordenou projetos como a organização de publicações técnicas, seminários e exposições. Atualmente, é arquivista-titular do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (CAALL), presidente do Instituto Histórico de Petrópolis e vice-presidente da Academia Petropolitana de Letras. É associada do IHGRJ, do IHGM e de várias instituições congêneres. Autora de inúmeros artigos e capítulos sobre a história da família imperial brasileira e suas conexões com as artes e a fotografia, publicou, com Bruno Antunes de Cerqueira, o livro “Alegrias e Tristezas. Estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil” (Linotipo Digital e IDII, 2019), maior pesquisa acadêmica já produzida sobre a “Princesa Isabel”.


terça-feira, 22 de junho de 2021

A nova esquerda e a nova direita, ambas elitistas - pesquisa sobre tendências eleitorais - Thais Carrança (BBC Brasil)

 Um interessante estudo sobre tendências eleitorais em países avançados, mas com diversos vieses tipicamente acadêmicos. Em todo caso, vale ler por inteiro. Não creio que se aplique ao Brasil, a despeito de similaridades superficiais.

Voto na esquerda migrou da baixa renda para mais escolarizados e dividiu elites, diz Piketty

  • Thais Carrança
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Protesto de artistas na França, em 2014

CRÉDITO, ANADOLU AGENCY/GETTY IMAGES

Legenda da foto, 

Protesto de artistas na França, em 2014: nas economias avançadas ocidentais, elite intelectual passou a votar na esquerda, segundo estudo de Piketty e coautores

Nas décadas de 1950 e 1960, o voto na esquerda - campo que inclui partidos democratas, trabalhistas, socialistas, social democratas, comunistas e verdes - estava associado a eleitores de baixa renda e baixa escolaridade. 

Gradualmente, esses partidos passaram a atrair os eleitores de maior nível educacional. Com isso, as décadas de 2000 e 2010 foram marcadas por uma divisão política das elites, com o topo de maior renda votando à direita, e o topo de maior escolaridade optando pela esquerda. 

Nesse cenário, o conflito político deixou de ter como eixo principal questões econômicas e distributivas (que são aquelas voltadas a corrigir a desigualdade na distribuição de renda), e o eixo "sociocultural" e identitário ganhou importância. 

Como resultado, os sistemas partidários das principais democracias ocidentais deixaram de ter as classes sociais como clivagem mais relevante, substituídas pela divisão entre as elites.

(…)

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57492950 


terça-feira, 26 de maio de 2020

Covid-19 mais grave para diabéticos - Grupo de pesquisadores brasileiros (Fapesp)


Pesquisadores desvendam mecanismo que torna COVID-19 mais grave em diabéticosMaior nível de glicose no sangue é captado por células de defesa e serve como fonte de energia que permite ao vírus se replicar mais, desencadeando resposta imunológica que mata células pulmonares e desregula sistema imune (imagem: Wikimedia Commons)

Pesquisadores desvendam mecanismo que torna COVID-19 mais grave em diabéticos

25 de maio de 2020

André Julião | Agência FAPESP – Um grupo brasileiro de pesquisadores desvendou uma das causas da maior gravidade da COVID-19 em pacientes diabéticos. Como mostraram os experimentos feitos em laboratório, o teor mais alto de glicose no sangue é captado por um tipo de célula de defesa conhecido como monócito e serve como uma fonte de energia extra, que permite ao novo coronavírus se replicar mais do que em um organismo saudável. Em resposta à crescente carga viral, os monócitos passam a liberar uma grande quantidade de citocinas [proteínas com ação inflamatória], que causam uma série de efeitos, como a morte de células pulmonares.
O estudo, apoiado pela FAPESP, é liderado por Pedro Moraes-Vieira, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), e por pesquisadores que integram a força-tarefa contra a COVID-19 da universidade, coordenada por Marcelo Mori, também professor do IB-Unicamp e coautor do trabalho.
O artigo encontra-se em revisão na Cell Metabolism, mas já está disponível em versão preprint, ainda não revisada por pares.
“O trabalho mostra uma relação causal entre níveis aumentados de glicose com o que tem sido visto na clínica: maior gravidade da COVID-19 em pacientes com diabetes”, diz Moraes-Vieira, pesquisador do Experimental Medicine Research Cluster (EMRC) e do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP, com sede na Unicamp.
Por meio de ferramentas de bioinformática, os pesquisadores analisaram inicialmente dados públicos de células pulmonares de pacientes com quadros médios e severos de COVID-19. Foi observada uma superexpressão de genes envolvidos na chamada via de sinalização de interferon alfa e beta, que está ligada à resposta antiviral.
Os pesquisadores observaram ainda no pulmão de pacientes graves com COVID-19 uma grande quantidade de monócitos e macrófagos, duas células de defesa e de controle da homeostase do organismo.
Monócitos e macrófagos eram as células mais abundantes nas amostras e as análises mostraram que a chamada via glicolítica, que metaboliza a glicose, estava bastante aumentada.
As análises por bioinformática foram realizadas pelos pesquisadores Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), e Robson Carvalho, professor do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp).
Glicose e vírus
O grupo da Unicamp realizou, então, uma série de ensaios com monócitos infectados com o novo coronavírus, em que eles eram cultivados em diferentes concentrações de glicose. Os experimentos foram feitos no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve), que tem nível 3 de biossegurança – um dos mais altos –, e é coordenados por José Luiz Proença Módena, professor do IB-Unicamp apoiado pela FAPESP e coautor do trabalho.
“Quanto maior a concentração de glicose no monócito, mais o vírus se replicava e mais as células de defesa produziam moléculas como as interleucinas 6 [IL-6] e 1 beta [IL-1β)] e o fator de necrose tumoral alfa, que estão associadas ao fenômeno conhecido como tempestade de citocinas, em que não só o pulmão, como todo o organismo, é exposto a essa resposta imunológica descontrolada, desencadeando várias alterações sistêmicas observadas em pacientes graves e que pode levar à morte”, diz Moraes-Vieira.
Os pesquisadores usaram então, nas células infectadas, uma droga conhecida como 2-DG, utilizada para inibir o fluxo de glicose. Eles observaram que o tratamento bloqueou completamente a replicação do vírus, assim como o aumento da expressão das citocinas observadas anteriormente e da proteína ACE-2, aquela pela qual o coronavírus invade as células humanas.
Além disso, usaram uma droga que está sendo testada em pacientes com alguns tipos de câncer. Assim como alguns análogos, a 3-PO inibe a ação de um gene envolvido no aumento do fluxo de glicose nas células. O resultado da sua aplicação foi o mesmo da 2-DG: menos replicação viral e menos expressão de citocinas inflamatórias.
Os resultados que indicaram maior atividade da via glicolítica frente à infecção foram obtidos por meio de análises proteômicas dos monócitos infectados, realizadas em colaboração com Daniel Martins-de-Souza, professor do IB-Unicamp apoiado pela FAPESP.
Por fim, as análises mostraram que o mecanismo era mediado pelo fator induzido por hipóxia 1 alfa. Como é estudada em diversas doenças, é sabido que essa via é mantida estável, em parte pela a presença de espécies reativas de oxigênio na mitocôndria, a usina de energia das células.
Os pesquisadores usaram então antioxidantes nas células infectadas e viram que a hipóxia 1 alfa  diminuía a sua atividade e, assim, deixava de influenciar o metabolismo da glicose. Como consequência, fazia com que o vírus parasse de se replicar nos monócitos, as células de defesa infectadas, que não mais produziam citocinas tóxicas para o organismo.
“Quando intervimos no monócito com antioxidantes ou com drogas que inibem o metabolismo da glicose, nós revertemos a replicação do vírus e também a disfunção em outras células de defesa, os linfócitos T. Com isso, evitamos ainda morte das células pulmonares”, diz Moraes-Vieira.
Os estudos com linfócitos T e a análise da expressão de hipóxia 1 alfa em pacientes foram realizados em colaboração com Alessandro Farias, professor do IB-Unicamp e coautor do trabalho.
Como as drogas usadas nos experimentos com células estão atualmente em testes clínicos para alguns tipos de câncer, poderiam futuramente ser testadas em pacientes com COVID-19.
O trabalho tem como primeiros autores Ana Campos Codobolsista de mestrado da FAPESP; Gustavo Gastão Davanzo, que tem bolsa de doutorado da FAPESP e Lauar de Brito Monteiro, também bolsista de doutorado, todos no IB-Unicamp sob orientação de Moraes-Vieira.
“Esse trabalho só foi possível devido às colaborações, ao empenho dos alunos de pós-graduação, que tem trabalhado noite e dia nesse projeto, e ao financiamento rápido do FAEPEX [Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão] da Unicamp e da FAPESP”, diz Moraes-Vieira.
O artigo Elevated glucose levels favor SARS-CoV-2 infection and monocyte response through a HIF-1α/glycolysis dependent axis pode ser lido em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3606770.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Ditadura militar brasileira: relações diplomáticas Brasil-França - livro de Paulo César Gomes

Livro revela relações entre a ditadura brasileira e o governo francês



Historiador Paulo César Gomes analisa em Liberdade Vigiada como os dois países atuaram durante a ditadura por meio de suas representações diplomáticas e consulares. Resultado de quatro anos de pesquisa, livro reúne informações da Embaixada e do Consulado-Geral do Brasil na França, do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

Após o golpe militar de 1964, os recursos diplomáticos foram mobilizados com a finalidade de assegurar a legitimidade do novo regime e, durante muito tempo, prevaleceu a versão de que a diplomacia brasileira não se envolveu nas arbitrariedades da ditadura. Em 2011, no entanto, a Lei de Acesso à Informação possibilitou o acesso aos acervos documentais da época e o mundo secreto do Itamaraty estava então desprotegido. O historiador Paulo César Gomes, que atuou como pesquisador na Comissão da Verdade, debruçou-se sobre esse material e cruzou com informações do próprio governo francês. O resultado está no livro “Liberdade vigiada”, que a Editora Record acaba de lançar.

O livro examina de que forma as práticas repressivas que caracterizaram esse período da história brasileira, bem como as denúncias de tais práticas no exterior, influenciaram as relações entre os dois países. Em entrevista ao blog da Editora Record, Paulo conta que embora o governo francês tivesse plena consciência das ações arbitrárias que vinham sendo cometidas pela ditadura, amplamente veiculadas pelos principais jornais franceses, nunca se pronunciou publicamente sobre o tema. Todas as conversas eram mantidas no âmbito das correspondências sigilosas, que só recentemente vieram a público com a liberação dos documentos secretos.

“É possível afirmar que os dois grandes eixos da colaboração franco-brasileira durante a ditadura eram reforçar a cooperação comercial, e atuar conjuntamente para que as denúncias feitas por exilados brasileiros na França e, também, por religiosos, com destaque para dom Hélder Câmara, não afetassem negativamente as relações bilaterais. De início, o governo francês chegou a fazer críticas, no âmbito interno, à ruptura institucional que ocorreu no Brasil. Seja como for, logo depois das eleições indiretas que levaram Castelo Branco à Presidência da República, o governo francês reconheceu oficialmente o novo regime”, completa. O autor lembra ainda que a visita oficial do presidente francês Charles De Gaulle ao Brasil, no segundo semestre de 1964, foi a primeira de um chefe de Estado de uma grande potência após o golpe.

“Liberdade vigiada” percorre as relações franco-brasileiras do início da ditadura até a Anistia e mostra como só na década de 80, no governo de François Mitterand, começaram a aparecer documentos chamando atenção para as violações aos direitos humanos. Antes mesmo de ser presidente, Miterrand, como parlamentar, já havia alertado para as violações praticadas no Chile.
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Paulo César Gomes nasceu em Brasília, é historiador e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e é autor de vários artigos acadêmicos. Em 2014, publicou pela Editora Record o livro Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira: a visão da espionagem. É criador e editor do site de divulgação científica História da Ditadura: www.historiadaditadura.com.br
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O lançamento será no Rio (Livraria Da Vinci), nesta quinta, 30, às 18h.Também está confirmada noite de autógrafo em São Paulo (Tapera Taperá), no dia 8 de junho, sábado, às 16h.

LIBERDADE VIGIADA
Paulo César Gomes
560 páginas | R$ 74,
Rio de Janeiro: Editora Record, 2019

quarta-feira, 20 de abril de 2016

EURIAS: oportunidades para jovens e "velhos"pesquisadores na Europa


 
2017 - 2018
EURIAS FELLOWSHIP PROGRAMME
CALL FOR APPLICATIONS
The European Institutes for Advanced Study (EURIAS) Fellowship Programme is an international researcher mobility programme offering 10-month residencies in one of the 18 participating Institutes: Aarhus, Amsterdam, Berlin, Bologna, Budapest, Cambridge, Delmenhorst, Edinburgh, Freiburg, Helsinki, Jerusalem, Lyon, Madrid, Marseille, Paris, Uppsala, Vienna, Zürich. The Institutes for Advanced Study support the focused, self-directed work of outstanding researchers. The fellows benefit from the finest intellectual and research conditions and from the stimulating environment of a multi-disciplinary and international community of first-rate scholars.

EURIAS Fellowships are mainly offered in the fields of the humanities and social sciences but may also be granted to scholars in life and exact sciences, provided that their proposed research project does not require laboratory facilities and that it interfaces with humanities and social sciences. The diversity of the 18 participating IAS offers a wide range of possible research contexts in Europe for worldwide scholars. Applicants may select up to three IAS outside their country of nationality or residence as possible host institutions.

The Programme welcomes applications worldwide from promising young scholars as well as from leading senior researchers. The EURIAS selection process has proven to be highly competitive. To match the Programme standards, applicants have to submit a solid and innovative research proposal, to demonstrate the ability to forge beyond disciplinary specialisation, to show an international commitment as well as quality publications in high-impact venues.

For the 2017-2018 academic year EURIAS offers 48 fellowships (25 junior and 23 senior positions).

All IAS have agreed on common standards, including the provision of a living allowance (in the range of € 26,000 for a junior fellow and € 38,000 for a senior fellow), accommodation (or a mobility allowance), a research budget, plus coverage of travel expenses.

APPLICATION
Applications are submitted online via www.eurias-fp.eu, where, you will find detailed information regarding the content of the application, eligibility criteria, and selection procedure.
Applications period April 19th → June 8th, 2016, 12 pm (noon) GMT.
Late applications will not be considered.

SELECTION PROCEDURE
Scientific assessment by two international reviewers
Pre-selection by the international EURIAS Scientific Committee
Final selection by the IAS Academic Boards
Publication of results: January 2017
For further information on the Programme, please consult our website: www.eurias-fp.eu
For further information on the IAS and their specific working conditions: www.eurias-fp.eu/ias