O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Educação. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de julho de 2013

A frase da semana: Roger Scruton e a verdade subversiva

Educação real sempre é, em certa medida, subversiva. A posição padrão da humanidade é a conformidade ideológica e a busca da verdade é sempre ameaçadora. Hoje nós vivemos em um mundo com valores socialistas moderados, aceitação acrítica da igualdade e uma suspeita institucionalizada para com o sucesso, a distinção e a alta cultura; este tipo de coisa tomou conta de nossas universidades. Hereges são perseguidos, como sempre foram, e os mesmos têm que trabalhar secretamente ou em algum grau de privacidade. Mas eles também se alegram com isso, pois esta é a prova de que estão certos.

Roger Scruton, entrevista à revista Vilanova, 10/07/2013
http://revistavilanova.com/entrevista-com-o-filosofo-roger-scruton/

Addendum: definição rápida de Scruton sobre o conservadorismo:
"O conservadorismo significa encontrar o que você ama e agir para proteger isso. A alternativa é encontrar o que você odeia e tentar destruir. Certamente a primeira alternativa é um modo melhor de viver do que a segunda."

E, para completar com Scruton: 
"...Brasília, aquele ícone internacional da alienação urbana..."

domingo, 23 de junho de 2013

Educacao no Brasil: de mal a pior; artigos e livros Gustavo Iochpe, resenha de Paulo Roberto de Almeida

O tema é educação, que continua a decair assustadoramente no Brasil. Eu escrevi sobre isso, mas quando os desastres ainda eram pequenos, no primeiro governo Lula. A coisa continuou a se deteriorar desde então.  
Leitora deste blog me indica a leitura deste livro, que efetivamente devo ler, embora conheça muito do conteúdo, que já na Veja: 

Um dos livros que li recentemente, somente me aprimorou em pensamentos contrários aos da Pedagogia do Oprimido, por exemplo. Não sei se o Sr. já leu: "O que o Brasil quer ser quando crescer?", de Gustavo Ioschpe. Os artigos que ele selecionou para o livro foram artigos base para pensamentos de educadores que querem mudar a educação nesse país, mas não no sentimentalismo e sim em lógicas e estatísticas. Se ainda não leu, indico. Excelente livro.

Respondi o que segue, indicando todas as postagens deste blog relativas a esse autor (index: Ioschpe). Ao final, transcrevo a versão completa de minha resenha (de 2006) sobre o primeiro livro dele, pois creio que nunca a havia postado aqui:

Ainda não li esse livro, que é uma coleção de artigos que ele publicou na Veja, muitos dos quais eu já li, mas já tinha lido o primeiro livro dele, que eu recomendo: 
A ignorância custa um mundo: o valor da educação no desenvolvimento do Brasil (São Paulo: Francis, 2004, 234 p.). 

Eu fiz uma extensa resenha desse livro, como registrado aqui: 
1537. “A educação é cara?; experimente a ignorância...”, Brasília, 22 janeiro 2006, 3 p. Resenha de Gustavo Ioschpe: A ignorância custa um mundo: o valor da educação no desenvolvimento do Brasil (São Paulo: Francis, 2004, 234 p.). Feita versão resumida sob o título “Reforma do ensino no Brasil”. Publicada, sob o título de “O custo da ignorância”, em Desafios do Desenvolvimento (Brasília, IPEA-PNUD, a. III, n. 20, mar. 2006, p. 62). Colocado no blog “Book Reviews”, sob nº 29 (link: http://praresenhas.blogspot.com/2006/04/29-educao-cara-experimente-ignorncia.html#links). Expandido a pedido de Roberto Macedo para a revista de Relações internacionais e Economia (Trabalho n. 1602). Relação de Publicados n. 632.

Conheço bem as ideias e materiais do autor, e já postei muita coisa dele neste mesmo blog, como se pode ver abaixo:
Diplomatizzando: Educacao:utopia e realidade - Gustavo Ioschpe
13 Abr 2013
Gustavo Ioschpe Revista Veja, 13/04/2013. A missão da boa escola é ensinar as disciplinas fundamentais aos alunos, e não tentar corrigir as desigualdades do Brasil. Um dos males que assolam nossa educação é a ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
A educacao no mundo ea deseducacao no Brasil - Gustavo Ioschpe
20 Fev 2012
Gustavo Ioschpe. Revista Veja, 22/02/2012. O ensino superior do futuro. Há uns anos, fui dar uma palestra em uma universidade privada. Perguntei ao diretor qual era o maior desafio deles. Imaginei que ele fosse me dizer ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: A escola brasileira degringola, literalmente...
30 Jun 2010
Minha atenção foi chamada para este artigo do Gustavo Ioschpe pelo meu colega de resistência anti-irracionalidades Orlando Tambosi, que o postou em seu blog. Conheço outros trabalhos do autor, entre eles este seu livro, ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: A destruicao da escola publica pela universidade ...
21 Ago 2011
Como pai da ideia, o empresário e economista Gustavo Ioschpe, pensador ad hoc da educação, esteve em Goiânia respaldando a decisão do secretário de Educação, Thiago Peixoto. Em seu Twitter, no final da tarde de ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: Educacao na China, educacao no Brasil: tudo a ...
20 Dez 2011
Educacao na China, educacao no Brasil: tudo a ver? Gustavo Ioschpe um economista conhecido por ser especialista em educação, passou algum tempo na China, inquirindo sobre a educação. O resultado completo está na ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: 2081) Brasil: potencia economica de semiletrados
12 Abr 2010
(Shanghai, 13.04.2010) Brasil: a primeira potência de semiletrados? Gustavo Ioschpe Revista Veja, 14.04.2010 "Apesar do oba-oba, o Brasil está próximo de ser um colosso econômico e esquecer a formação de sua gente"
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: Educacao no Brasil: salarios e desempenho dos ...
30 Mai 2010
Artigo • Gustavo Ioschpe Revista Veja, edição 2167 - 2 de junho de 2010 "A partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do Brasil, mas não houve melhoria na qualidade do ...
http://diplomatizzando.blogspot.com/
Diplomatizzando: Descontruindo a educacao brasileira
09 Mai 2010
Acho que o Gustavo Ioschpe é tão preocupado quanto este escriba no que se refere à tragédia que é a educação brasileira, em todos os níveis. Paulo Roberto de Almeida. 10/05/10 11:38 · Paulo R. de Almeida disse.
http://diplomatizzando.blogspot.com/

Educação e desenvolvimento: como o Brasil vem falhando nos dois lados

Gustavo Ioschpe:
A ignorância custa um mundo: o valor da educação no desenvolvimento do Brasil
(São Paulo: Francis, 2004, 234 p.)

“Se você acha a educação cara, experimente a ignorância”. A frase é de um antigo reitor (presidente) de Harvard, respondendo a reclamações de pais de alunos quanto ao custo da universidade. Ninguém que já esteja ou que tenha colocado o seu filho no ensino superior tentará a via alternativa, obviamente, o que promete reclamações contínuas pelo futuro previsível e custos crescentes no terceiro ciclo, tanto para as famílias quanto para os governos. Todos os países desenvolvidos possuem universidades de primeira linha, assim como o Brasil (ainda que as nossas ainda não figurem no panteão das “excelências” mundiais). Elas custam caro, muito caro, qualquer que seja seu modo de financiamento, pela via privada, pela via pública, ou por combinações variadas de ambas.
Nem sempre qualidade equivale a custos, mas há uma razoável expectativa de que a melhor qualidade exija e corresponda a uma fatura mais elevada. Os retornos, segundo se depreende das experiências conhecidas, são proporcionais aos investimentos, embora existam países que insistem em desmoralizar a teoria e o registro histórico, como se pode adivinhar pela singular trajetória brasileira de custos elevados e qualidade nem sempre compatível com o retorno esperado. Mas este não parece ser o problema mais importante que nos deveria ocupar neste momento, haja visto o fato de que o Brasil parece possuir universidades que constituem um poço sem fundo do ponto de vista orçamentário, sem que elas consigam exibir uma produtividade à altura. O que justamente distingue o Brasil dos países desenvolvidos é que estes também exibem qualidade boa ou aceitável nos dois ciclos anteriores ao ingresso nas universidades, o que não parece ser o caso do Brasil. Este é um dos problemas de que se ocupa este denso e instigante livro, um dos mais importantes a ter sido publicado no Brasil nesta área extremamente problemática de planejamento e de aplicação de políticas públicas setoriais nos três níveis da federação.
Quanto o autor do livro propôs, em 1997, a cobrança de mensalidades dos alunos abastados das universidades públicas, as reações foram inusitadamente fortes, o que comprovou que ele tocara em um ponto caro (e como) às classes médias. Afinal de contas, elas já tinham sido obrigadas a pagar pelos dois ciclos precedentes em instituições privadas e agora gostariam de usufruir o que existe de melhor na educação brasileira. Mas o importante a ser ressaltado no excelente livro de Ioschpe é que o ensino superior não é o problema principal do Brasil, ou pelo menos este não é O problema nacional, ainda que os indicadores a esse respeito nos coloquem abaixo da média dos países emergentes e muito aquém dos países da OCDE. A grande questão, obviamente, é a má qualidade do ensino nos dois primeiros ciclos. Esta é a verdadeira tragédia nacional.
Para situar os problemas da educação no Brasil, Gustavo Ioschpe não esconde o seu pessimismo: “estamos pior do que se poderia imaginar” (p. 132). Também, pudera: o secretário de educação do maior estado da federação publicou, em 2003, no maior jornal do país, um artigo no qual ele defende uma concepção “poética” para a educação, no qual ele diz ser “necessário que os educadores propiciem aos seus aprendizes a consciência do que é o bem, o bom e o belo”!!! Como diz o autor, seria preciso que os “aprendizes” soubessem, antes, ler e escrever – e contar, eu acrescentaria –, “coisa que hoje não sabem fazer” (p. 15). “O resultado dessa visão da educação desprovida de qualquer sentido prático e objetivos mensuráveis é uma confusão de sentimentos nobres e resultados pífios, em que a incompetência se traveste de qualquer rótulo pedagógico ou posicionamento ideológico que a torne inatacável. Em última escala, esse desacerto conduz ao atoleiro do atraso, no qual o Brasil se afunda cada vez mais à medida que seus concorrentes evoluem a passos largos na popularização do conhecimento” (idem).
No seu prelúdio, “para que serve o governo”, Ioschpe descarta duas possíveis objeções à sua abordagem. Ele não adota, em primeiro lugar, uma visão economicista da educação, “como se sua única função fosse gerar aumento de renda”, mas ele pensa, sim, a educação como “ferramenta” para o crescimento e para o desenvolvimento econômico. Ele não pensa, em segundo lugar, que uma educação voltada para o desenvolvimento é necessariamente técnica, profissionalizante, ou “alienadora”, como se dizia antigamente. Ele crê ser necessária uma “vasta base intelectual – multidisciplinar, horizontal”. É com base nessas duas premissas que ele estuda o impacto da educação sobre o crescimento e busca propor mudanças no sistema educacional brasileiro para que essa relação se torne não apenas viável mas virtuosa. 
Na primeira parte, ele traça um quadro abrangente sobre o papel da educação no crescimento – mostrando o impacto altamente relevante dessa variável no desempenho econômico relativo dos países, com base em amplo espectro de estudos especializados –, o que lhe permite fazer, na segunda parte, um diagnóstico preciso desses problemas no Brasil. A situação é estarrecedora: temos poucos jovens nas escolas e os testes aplicados, tanto internamente como no contexto de programas da OCDE, dão resultados não só pífios, como caminhando para pior. Na educação, como na política, o Brasil consegue realizar o milagre que caminhar para trás...
Uma frase resume o sentido de sua crítica. “No Brasil, um país onde a educação é um dos principais responsáveis pela desigualdade de renda, assiste-se a uma grande mistificação sobre o assunto, em grande parte porque aqueles que se dizem esquerdistas e igualitaristas no discurso acabam defendendo, na prática, um modelo elitista e exclusivista que mantém e protege as desigualdades reinantes” (p. 158). A solução não está em aumentar a oferta de vagas nos níveis mais baixos (já perto de 100%), mas sim a de concluintes capazes de entrar nos segundo e terceiro ciclos e a única solução para isso é “aumentando a qualidade dos níveis mais baixos de educação” (p. 161).
Antes de propor a reforma completa do ensino no Brasil, não custa nada eliminar alguns mitos, como por exemplo o de que o Brasil gasta pouco em educação. Não: gastamos mais (5,1% do PIB) do que a média da OCDE (4,9%). Colocar mais dinheiro seria aumentar a ineficiência do sistema. Os professores tampouco ganham mal, para o número de horas efetivamente trabalhadas, ao contrário: eles ganham um pouco mais do que outros profissionais de mesmo nível de qualificação, sem falar das outras benesses do serviço público (estabilidade, melhor pensão, menos anos para aposentadoria etc.). Descobre-se que o Brasil gasta dinheiro nos níveis errados, com prioridades erradas.
Alguns dados, entre outros: “os universitários de instituições públicas representam menos de 2% das matrículas da educação do Brasil, mas recebem 29% dos gastos públicos destinados à educação” (p. 183). O custo por aluno é quase o dobro da média da OCDE, a relação aluno-professor é inferior, a formação leva mais tempo e o professor universitário recebe por uma pesquisa que ele não faz. No Brasil, o custo de um aluno universitário do setor público pode ser 4 a 9,5 vezes mais do que o similar do setor privado, contra uma média internacional de 2,3 para 1 (p. 189).
Quanto à reforma do ensino no Brasil, não é que faltem metas: os MEC as tem demais, mas esse ministério tão cheio de pedagogas e de técnicos educacionais continua insistindo nos caminhos errados. Como o livro foi escrito no primeiro ano do governo Lula, com base em pesquisas conduzidas bem antes, é provável que, se lhe fosse dado o lazer de atualizar os dados com base nas propostas para os vários ciclos efetuadas nestes três últimos anos, o autor contemplasse estarrecido o cenário de desolação que se desenha e que continua a se desenvolver no Brasil. A começar pela insistência do MEC em pretender monitorar ideológica e administrativamente as universidades privadas e em dar foros de igualitarismo às universidades públicas, contra a vontade dos próprios reitores, que, diga-se de passagem, insistem por outro lado em elevar o seu quinhão no bolo de recursos que já se destina ao terceiro ciclo público. Ora, pesquisas efetuadas nos anos 1990, com base no desempenho das universidades públicas confrontado aos seus custos, revelam que elas ostentam resultados apenas 67% melhores do que as privadas, para “um custo 950% maior!” (p. 190).
Os problemas mais dramáticos estão, obviamente, nos dois primeiros ciclos, com um estrangulamento ainda mais preocupante no secundário. A proposta do autor é que o Brasil tenha 66% de taxa de escolarização líquida no segundo ciclo até 2014, ou seja, que 2/3 dos jovens de 15 a 17 anos consigam completar o ensino médio. Para que isso se faça, seria preciso alfabetizar todas as crianças ao final da primeira série e a dificuldade, aqui, é bem mais gerencial do que pedagógica. É preciso melhorar a qualidade do ensino e redirecionar os recursos dos abonados do terceiro ciclo para os pobres do primeiro.
O plano de reformas do autor compreende a ampliação do FUNDEF, cobrindo o ensino médio (como no FUNDEB), a premiação da melhoria do desempenho nos estados e municípios, o fim do abatimento no imposto de renda dos gastos em escolas privadas e o fim da gratuidade no ensino superior, com transferência dos recursos para o FUNDEB. A distribuição do dinheiro adicional deveria premiar não aqueles que menos têm, mas os que melhorarem seu desempenho, relativamente. Segundo ele, o novo fundo “deveria transferir recursos de acordo com a diminuição das taxas de repetência de cada estado” (p. 223). O fim da gratuidade no ensino superior público é, obviamente, o grande elefante no meio da sala: “o estrangulamento nacional não deve acabar enquanto a universidade pública não se tornar mais eficiente e menos custosa, para que possa voltar a se expandir” (p. 231). O dinheiro arrecadado não seria para cobrir os custos da própria universidade, mas sim deve ser transferido para o ensino básico.
As universidades públicas passariam a ter permissão para cobrar o que achassem compatível com sua estrutura de custos, segundo os cursos mais requisitados. Os alunos carentes teriam ajuda governamental garantida, dentro de certos parâmetros, e o resultado seria uma melhoria da qualidade tanto no setor público como no privado. As propostas são ousadas e dignas de reflexão, quando não de implementação imediata. A pior coisa seria maior transferência de recursos para as universidades públicas, sem a contrapartida da melhoria na eficiência. O Brasil já gasta muito nas prioridades erradas. Deve-se agora fazer o que tem de ser feito, que é o que já foi feito em outros países.
Como diz o autor, no capítulo conclusivo, todas essas variáveis “dependerão, crucialmente, das universidades públicas. No melhor dos casos, as públicas aceitam a nova realidade e passam a se preocupar com sua eficiência. Essa preocupação teria duas faces: aumentar receitas e cortar gastos” (p. 252) Não é difícil aumentar receitas, mas é provável que batalhas lamentáveis venham a se instalar nos campii, aliás, na indiferença geral da sociedade, como tem ocorrido com as últimas greves. “Antes de cortar custos”, continua o autor, “a medida indispensável e óbvia é a redução dos excessos da folha de pagamentos, com a dispensa de funcionários e professores ociosos e/ou afastados”, hoje protegidos pelo regime jurídico único, “que afasta a possibilidade de demissões”. A solução seria “transferi-los para a rede de ensino médio”, o que demandaria acordos entre a União e os estados. “O problema maior, porém, seria se as universidades tivessem uma posição menos receptiva” (p. 252).
Conhecendo-se as universidades públicas brasileiras, não se concebe outra reação: greves, paralisações, manifestações já despontam no horizonte. O autor, otimisticamente, acha que a ameaça de “suicídio” fará com que as universidades públicas se acomodem ao novo espírito reformista. O componente decisivo teria de ser a determinação política do governo de fazer as reformas. Pelo que se vê em matéria de coordenação governamental, não é provável que isto ocorra. Teremos de caminhar para a falência da universidade pública e para o estrangulamento completo do segundo ciclo antes da reforma inevitável? O autor acha que essa é uma “boa luta, e [que] o Brasil a merece” (p. 253). E você leitor?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12 de maio de 2006

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O Brasil acha que leis transformam a realidade: creches, escolas, etc...

Sempre foi assim, e não vai mudar logo.
Paulo Roberto de Almeida

Entre a boa intenção e a realidade

14 de abril de 2013 | 2h 13
Editorial O Estado de S.Paulo
 
A Emenda Constitucional n.º 59, aprovada em 2009, tornou a "educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade", o que engloba a pré-escola, o ensino fundamental e o médio. Antes, essa exigência se limitava ao fundamental. Nada mais natural, portanto, que o Congresso tenha aprovado lei, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, estabelecendo ser um dever dos pais e responsáveis matricular as crianças na pré-escola a partir dos 4 anos. A pré-escola deverá ter carga horária mínima de 800 horas por ano de, no mínimo, 200 dias letivos.
Ninguém discute que a intenção é a melhor possível. E não só porque os especialistas ressaltam a importância da medida para a educação das crianças. É também porque a creche é um lugar seguro para as mães deixarem seus filhos para poder trabalhar fora, especialmente nas grandes cidades. E um grande número de famílias depende da renda das mães. Mas salta aos olhos o irrealismo de aplicá-la a partir de 2016, como pretende o governo, tendo em vista o enorme déficit de vagas em creches existente em todo o País.
Diz o Ministério da Educação que até 2016 municípios - de quem é a responsabilidade pela pré-escola - e Estados deverão tomar as medidas necessárias para garantir a oferta de vagas para crianças e jovens entre 4 e 17 anos. Falar é fácil. Fazer é outra coisa, como mostra a própria experiência muito recente da presidente Dilma. Todos ainda se recordam que durante sua campanha eleitoral ela garantiu que construiria 6.427 creches em quatro anos. Não era apenas o fato de que isso significava inaugurar cinco delas por dia que mostrava a enorme dificuldade de transformar a promessa em realidade. Era também o fato - igualmente importante - de que isso não dependia apenas do governo federal, mas principalmente dos municípios. O resultado foi que, ao se completar dois anos de seu mandato, só 10 daquelas creches haviam sido entregues.
Mesmo que as 6.427 creches estivessem sendo construídas num ritmo que garantisse a entrega de todas elas até o fim do mandato de Dilma, em 2014, isto estaria longe de resolver o problema, porque o déficit desses estabelecimentos em todo o País é estimado em cerca de 20 mil. Isso é consequência de um enorme atraso acumulado ao longo das últimas décadas. O exemplo da cidade de São Paulo é bem ilustrativo.
Entra governo e sai governo, o déficit de vagas em creches na capital paulista oscila em torno de 100 mil. Atualmente, há 94 mil crianças cadastradas à espera de vagas. Mas, como há famílias que já se cansaram de buscar um lugar, estima-se que o déficit real ultrapasse os 100 mil. Todos os prefeitos que se sucederam nas últimas décadas construíram creches, só que muito abaixo, tanto da necessidade no momento em que fizeram suas promessas como do crescimento da demanda a partir de então. É isso que explica o déficit crônico em torno daquele número.
É muito duvidoso - para dizer o mínimo - que, com esse histórico, São Paulo consiga cumprir a nova lei até 2016. Se isso acontece com a cidade mais rica do País, é ingenuidade imaginar que a situação das demais seja muito diferente. E os milhares de pequenas cidades - a lei vale para todas - terão condições de, num prazo de apenas três anos, oferecer vagas em creches para que os pais das crianças cumpram o dever de colocá-las nesses estabelecimentos?
Há outro aspecto do problema a considerar. Mesmo que fosse possível construir até 2016 todas as creches necessárias, e ainda que elas tivessem dinheiro para honrar esse acréscimo em sua folha de pagamento, onde as prefeituras iriam encontrar o pessoal - professores e auxiliares - para fazê-las funcionar? Não consta que essa mão de obra esteja sobrando no mercado. Sem falar, é claro, dos recursos para merenda. Uma creche não é só um prédio. É tudo isso. Na verdade, ele é a parte menos custosa.
Para tornar essa lei realidade é preciso mais tempo e muito mais dinheiro do que parecem dispostos e em condições de gastar os governos federal, estaduais e municipais.

domingo, 14 de abril de 2013

E por falar em educação: o PISA, esse monstrengo revelador de nossas carencias em educacao...

Overview

The Program for International Student Assessment (PISA) is an international assessment that measures 15-year-old students' reading, mathematics, and science literacy. PISA also includes measures of general or cross-curricular competencies, such as problem solving. PISA emphasizes functional skills that students have acquired as they near the end of compulsory schooling.
PISA is coordinated by the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), an intergovernmental organization of industrialized countries and is conducted in the United States by NCES. PISA was first administered in 2000 and is conducted every three years. The most recent assessment was in 2012.
PISA 2012 focuses on mathematics literacy and also assesses reading and science literacy. PISA 2012 also includes computer-based assessments in mathematics literacy, reading literacy, and general problem solving, and an assessment of students' financial literacy. PISA 2012 results will be released on December 3, 2013.
More information about PISA and resources, including the OECD’s PISA reports, PISA assessment frameworks, and international data files, are available at the OECD’s website.
International Data Explorer You can explore the PISA data directly through NCES's online data tool — the International Data Explorer (IDE)
highlight icon of a check markNews and Highlights
Data Snapshots
PISA (International) 2009 Assessment<br />
15-year-olds mathematics literacy: 2009<br />
U.S. average score: 487<br />
OECD average score: 496
PISA (International) 2009 Assessment
15-year-olds mathematics literacy: 2009
U.S. average score: 487
OECD average score: 496

(Read entire article)

sábado, 13 de abril de 2013

Educacao nos EUA: uma nacao ainda sob risco

Coloquei os links da publicação original para permitir a recuperação dos varios materiais ali linkados; o relatório inicial tem 48 páginas e é antigo, mas talvez alguma coisa ainda seja válida (inclusive para o Brasil, que provavelmente estaria muito melhor se pelo menos contasse com uma educação tão "medíocre" quanto a dos EUA):
http://www.nytimes.com/2013/04/13/opinion/teachers-will-we-ever-learn.html
Paulo Roberto de Almeida

Teachers: will we ever learn?
Jal Mehta
The New York Times, April 13, 2013

Cambridge, MA
IN April 1983, a federal commission warned in a famous report, “A Nation at Risk,” that American education was a “rising tide of mediocrity.” The alarm it sounded about declining competitiveness touched off a tidal wave of reforms: state standards, charter schools, alternative teacher-certification programs, more money, more test-based “accountability” and, since 2001, two big federal programs, No Child Left Behind and Race to the Top.

But while there have been pockets of improvement, particularly among children in elementary school, America’s overall performance in K-12 education remains stubbornly mediocre.

In 2009, the Program for International Student Assessment, which compares student performance across advanced industrialized countries, ranked American 15-year-olds 14th in reading, 17th in science and 25th in math — trailing their counterparts in Belgium, Estonia and Poland. One-third of entering college students need remedial education. Huge gaps by race and class persist: the average black high school senior’s reading scores on the National Assessment of Educational Progress continue to be at the level of the average white eighth grader’s. Seventeen-year-olds score the same in reading as they did in 1971.

As the education scholar Charles M. Payne of the University of Chicago has put it: “So much reform, so little change.”

The debate over school reform has become a false polarization between figures like Michelle Rhee, the former Washington, D.C., schools chancellor, who emphasizes testing and teacher evaluation, and the education historian Diane Ravitch, who decries the long-run effort to privatize public education and emphasizes structural impediments to student achievement, like poverty.

The labels don’t matter. Charter-school networks like the Knowledge Is Power Program and Achievement First have shown impressive results, but so have reforms in traditional school districts in Montgomery County, Md., Long Beach, Calif., and, most recently, Union City, N.J., the focus of a new book by the public policy scholar David L. Kirp.

Sorry, “Waiting for Superman”: charter schools are not a panacea and have not performed, on average, better than regular public schools. Successful schools — whether charter or traditional — have features in common: a clear mission, talented teachers, time for teachers to work together, longer school days or after-school programs, feedback cycles that lead to continuing improvements. It’s not either-or.

Another false debate: alternative-certification programs like Teach for America versus traditional certification programs. The research is mixed, but the overall differences in quality between graduates of both sets of programs have been found to be negligible, and by international standards, our teachers are underperforming, regardless of how they were trained.

HERE’S what the old debates have overlooked: How schools are organized, and what happens in classrooms, hasn’t changed much in the century since the Progressive Era. On the whole, we still have the same teachers, in the same roles, with the same level of knowledge, in the same schools, with the same materials, and much the same level of parental support.

Call it the industrial-factory model: power resides at the top, with state and district officials setting goals, providing money and holding teachers accountable for realizing predetermined ends. While rational on its face, in practice this system does not work well because teaching is a complex activity that is hard to direct and improve from afar. The factory model is appropriate to simple work that is easy to standardize; it is ill suited to disciplines like teaching that require considerable skill and discretion.

Teaching requires a professional model, like we have in medicine, law, engineering, accounting, architecture and many other fields. In these professions, consistency of quality is created less by holding individual practitioners accountable and more by building a body of knowledge, carefully training people in that knowledge, requiring them to show expertise before they become licensed, and then using their professions’ standards to guide their work.

By these criteria, American education is a failed profession. There is no widely agreed-upon knowledge base, training is brief or nonexistent, the criteria for passing licensing exams are much lower than in other fields, and there is little continuous professional guidance. It is not surprising, then, that researchers find wide variation in teaching skills across classrooms; in the absence of a system devoted to developing consistent expertise, we have teachers essentially winging it as they go along, with predictably uneven results.

It need not be this way. In the nations that lead the international rankings — Singapore, Japan, South Korea, Finland, Canada — teachers are drawn from the top third of college graduates, rather than the bottom 60 percent as is the case in the United States. Training in these countries is more rigorous, more tied to classroom practice and more often financed by the government than in America. There are also many fewer teacher-training institutions, with much higher standards. (Finland, a perennial leader in the P.I.S.A. rankings, has eight universities that train teachers; the United States has more than 1,200.)

Teachers in leading nations’ schools also teach much less than ours do. High school teachers provide 1,080 hours per year of instruction in America, compared with fewer than 600 in South Korea and Japan, where the balance of teachers’ time is spent collaboratively on developing and refining lesson plans. These countries also have much stronger welfare states; by providing more support for students’ social, psychological and physical needs, they make it easier for teachers to focus on their academic needs. These elements create a virtuous cycle: strong academic performance leads to schools with greater autonomy and more public financing, which in turn makes education an attractive profession for talented people.

In America, both major teachers’ unions and the organization representing state education officials have, in the past year, called for raising the bar for entering teachers; one of the unions, the American Federation of Teachers, advocates a “bar exam.” Ideally the exam should not be a one-time paper-and-pencil test, like legal bar exams, but a phased set of milestones to be attained over the first few years of teaching. Akin to medical boards, they would require prospective teachers to demonstrate subject and pedagogical knowledge — as well as actual teaching skill.

Tenure would require demonstrated knowledge and skill, as at a university or a law firm. A rigorous board exam for teachers could significantly elevate the quality of candidates, raise and make more consistent teacher skill level, improve student outcomes, and strengthen the public’s regard for teachers and teaching.

We let doctors operate, pilots fly, and engineers build because their fields have developed effective ways of certifying that they can do these things. Teaching, on the whole, lacks this specialized knowledge base; teachers teach based mostly on what they have picked up from experience and from their colleagues.

Anthony S. Bryk, president of the Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, has estimated that other fields spend 5 percent to 15 percent of their budgets on research and development, while in education, it is around 0.25 percent. Education-school researchers publish for fellow academics; teachers develop practical knowledge but do not evaluate or share it; commercial curriculum designers make what districts and states will buy, with little regard for quality. We most likely will need the creation of new institutions — an educational equivalent of the National Institutes of Health, the main funder of biomedical research in America — if we are to make serious headway.

We also need to develop a career arc for teaching and a differentiated salary structure to match it. Like medical residents in teaching hospitals, rookie teachers should be carefully overseen by experts as they move from apprenticeship to proficiency, and then mastery. Early- to mid-career teachers need time to collaborate and explore new directions — having mastered the basics, this is the stage when they can refine their skills. The system should reward master teachers with salaries commensurate with leading professionals in other fields.

In the past few years, 45 states and the District of Columbia have adopted Common Core standards that ask much more of students; raising standards for teachers is a critical parallel step. We have an almost endless list of things that we would like the next generation of schools to do: teach critical thinking, foster collaboration, incorporate technology, become more student-centered and engaging. The more skilled our teachers, the greater our chances of achieving these goals.

Undergraduate education programs and graduate schools of education have long been faulted for being too disconnected from the realities of practice. The past 25 years have seen the creation of an array of different providers to train teachers — programs like Teach for America, urban-teacher residencies and, most recently, schools like High Tech High in San Diego and Match High School in Boston that are running their own teacher-training programs.

Again, research suggests that the labels don’t matter — there are good and bad programs of all types, including university-based ones. The best programs draw people who majored as undergraduates in the subjects they wanted to teach; focus on extensive clinical practice rather than on classroom theory; are selective in choosing their applicants rather than treating students as a revenue stream; and use data about how their students fare as teachers to assess and revise their practice.

THE changes needed to professionalize American education won’t be easy. They will require money, political will and the audacity to imagine that teaching could be a profession on a par with fields like law and medicine. But failure to change will be more costly — we could look up in another 30 years and find ourselves, once again, no better off than we are today. Several of today’s top performers, like South Korea, Finland and Singapore, moved to the top of the charts in one generation. Real change in America is possible, but only if we stop tinkering at the margins.

Jal Mehta, an assistant professor at the Harvard Graduate School of Education, is the author of the forthcoming book “The Allure of Order: High Hopes, Dashed Expectations, and the Troubled Quest to Remake American Schooling.”
=========
Alguns comentários: 

470 Comments

Readers shared their thoughts on this article.
Comments Closed
    • Kevin Brock
    • Waynesville, NC
    NYT Pick
    In a political environment where public schools are seen as an unmerited entitlement for the lower class, and where teachers are seen as evil incarnate, is it any wonder that teachers are not drawn from the top third of college graduates? Why would young people be attracted to a profession with low pay and long hours, only to wake up to headlines that talk about incompetence and lack of professionalism?
    • Kenneth Bergman
    • Ashland, OR
    NYT Pick
    We certainly need to make teaching an important and respected profession in this country, and be willing to pay for that professionalism by getting highly trained and motivated people to become teachers. All scholastic fields are important, but math and science are the most critical for our technological culture, so instructors who are especially adept in those areas must be solicited and paid accordingly. Subject matter should be stressed more, and teaching techniques perhaps less, in preparing future teachers for their task. One cannot teach effectively unless one has mastered the subject matter. There have been too many cases where teachers prepared in other disciplinary areas are drafted into teaching science or math courses. More rigorous instruction in English, especially reading ability, also needs to be stressed.

    One problem in the U.S. is an anti-intellectual attitude that pervades much of our society. In some communities, any striving to learn is frowned upon by peers. Compare that with, say, Japan, where excelling in school is nearly everyone's desire and where teachers are highly respected. Japan, and some of the other nations with excellent schools, have the advantage of societies that are fairly uniform culturally. In the U.S., cultural norms differ widely, with education considered a waste of time by some. Unfortunately, there is a tendency for such attitudes to spread to others as well. As a result, the dropout rate is increasing, especially for males.
    • L Owen
    • Florida
    NYT Pick
    As a public high school teacher for nine years, I was gratified to see, in this article, ideas that make sense. In my school, we teach five classes with one "planning" period and one of those classes is 90 minutes long. This is not because this is what's good for the student; it's money (or lack of money)-driven. As a teacher, I barely have enough time to grade, let alone research, discuss with other teachers, and truly plan innovative lessons. I'm frustrated by my inability to get the work done that I need to do to my own standards, let alone anyone else's. I came to teaching through an alt. cert program because, after years in publisihng, I thought paying back the good my English teacher did for me was a good idea. Little did I know that I would feel frustrated, disrespected, and back-breakingly poor most of the time. (I made more money working part-time in publishing than I do full-time in teaching.) When I reach a student, when that light bulb goes on, when a lesson plan really, really works and I have a room full of engaged learners, it's still a rush. But the system works against that happening. I would rather have more time to plan and concentrated time with my classes than the system we have now. And as for my students, a good 50% of them are not illiterate but aliterate, thanks to constant testing which burns them out of reading at a young age. I'd love to go back to English when it was reading novels. Reading manuals is boring, for me and for them.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Educacao: desempenho americano em ascensao - Tom Friedman (NYT)

My Little (Global) School

Thomas Friedman

OP-ED COLUMNIST

The New York Times, April 2, 2013 

There was a time when middle-class parents in America could be — and were — content to know that their kids’ public schools were better than those in the next neighborhood over. As the world has shrunk, though, the next neighborhood over is now Shanghai or Helsinki. So, last August, I wrote a column quoting Andreas Schleicher — who runs the global exam that compares how 15-year-olds in public schools around the world do in applied reading, math and science skills — as saying imagine, in a few years, that you could sign on to a Web site and see how your school compares with a similar school anywhere in the world. And then you could take this information to your superintendent and ask: “Why are we not doing as well as schools in China or Finland?”
Josh Haner/The New York Times
Thomas L. Friedman
Well, that day has come, thanks to a successful pilot project involving 105 U.S. schools recently completed by Schleicher’s team at the Organization for Economic Cooperation and Development, which coordinates the Program for International Student Assessment, or PISA test, and Jon Schnur’s team at America Achieves, which partnered with the O.E.C.D. Starting this fall, any high school in America will be able to benchmark itself against the world’s best schools, using a new tool that schools can register for atwww.americaachieves.org. It is comparable to PISA and measures how well students can apply their mastery of reading, math and science to real world problems.
The pilot study was described in an America Achieves report entitled “Middle Class or Middle of the Pack?” that is being released Wednesday. The report compares U.S. middle-class students to their global peers of similar socioeconomic status on the 2009 PISA exams.
The bad news is that U.S. middle-class students are badly lagging their peers globally. “Many assume that poverty in America is pulling down the overall U.S. scores,” the report said, “but when you divide each nation into socioeconomic quarters, you can see that even America’s middle-class students are falling behind not only students of comparable advantage, but also more disadvantaged students in several other countries.”
American students in the second quarter of socioeconomic advantage — mostly higher middle class — were significantly outperformed by 24 countries in math and by 15 countries in science, the study found. In the third quarter of socioeconomic advantage — mostly lower middle class — U.S. students were significantly outperformed by peers in 31 countries or regions in math and 25 in science.
The good news, though, said Schnur, “is that, for the first time, we have documented that there are individual U.S. schools that are literally outperforming every country in the world.”
“BASIS Tucson North, a nonselective high school serving an economically modest middle-class student population in Arizona, outperformed the average of every country in the world in reading, math, and science,” the report said. “Three nonselective high schools in Fairfax, Va., outperformed the average of virtually every country in the world.” One of them, Woodson, outperformed every region in the world in reading, except Shanghai. But the pilot also exposed some self-deception. “One school, serving students similar to Woodson’s, lags behind 29 countries in math but received an A on its state’s accountability system based primarily on that state’s own test,” Schnur said.
Paul Bambrick-Santoyo is managing director of North Star Academies in Newark, an Uncommon Schools network of nine low-income charter schools that took part and cracked the world’s Top 10. “We have always had state tests and SATs,” he told me, “but we never had an international metric. This was a golden opportunity to see where we stand — if we have to prepare our kids to succeed not only in this country but in a global marketplace.” He said he was particularly motivated by the fact that Shanghai’s low-income kids “could outperform” most U.S. schools, because this gave his school a real international peer for a benchmark.
“We got 157 pages of feedback” from participating in the pilot, added Jack Dale, the superintendent of Fairfax County’s schools, which is so valuable because the PISA test exposes whether your high school students can apply their math, science and reading skills to 21st-century problems. “One of my principals said to me: ‘This is not your Virginia Standards of Learning Test.’ ”
So what’s the secret of the best-performing schools? It’s that there is no secret. The best schools, the study found, have strong fundamentals and cultures that believe anything is possible with any student: They “work hard to choose strong teachers with good content knowledge and dedication to continuous improvement.” They are “data-driven and transparent, not only around learning outcomes, but also around soft skills like completing work on time, resilience, perseverance — and punctuality.” And they promote “the active engagement of our parents and families.”
“If you look at all the data,” concluded Schnur, it’s clear that educational performance in the U.S. has not gone down. We’ve actually gotten a little better. The challenge is that changes in the world economy keep raising the bar for what our kids need to do to succeed. Our modest improvements are not keeping pace with this rising bar. Those who say we have failed are wrong. Those who say we are doing fine are wrong.” The truth is, America has world-beating K-12 schools. We just don’t have nearly enough.

domingo, 24 de março de 2013

Deterioracao do ensino: do pre-primario a pos-graduacao

Se existe uma certeza no Brasil de hoje, é esta.
Mentira da reitora da UFRRJ que 'e o resultado de décadas de descaso.
Apenas uma década de governo popular...
Paulo Roberto de Almeida


 Reinaldo Azevedo 3/24/13 4:43 AM 

Estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro ocuparam dependências da reitoria na noite de quarta-feira, dia 13. Protestam contra as péssimas condições da instituição. Já chego lá. Antes, algumas considerações.
Os petistas são craques na criação de realidades virtuais. Contam, é verdade, com a colaboração das corporações sindicais — estas, sim, aquinhoadas pelo regime — e de importantes setores da imprensa, que eliminaram do seu conjunto de referências a palavra “eficiência”. Com as exceções de praxe, as redações se tornaram cartórios das demandas das ditas minorias. Estamos perdendo a noção do conjunto. “Ah, mas o país avança!”, objetam alguns. É certo! Sempre se avança um pouco, a despeito, frequentemente, do estado e até contra ele. Temos setores dinâmicos na economia, que seguem fazendo o seu trabalho. Mas é inquestionável que o Brasil se desenvolve abaixo do que poderia, abaixo do seu potencial.
Uma das áreas em que se aponta uma revolução — justamente a que mais excita a pena dos áulicos e dos demagogos — é a educação. Anotem aí: estamos perdendo a batalha para o tempo e, há muito, para outros países. Confunde-se quantidade com qualidade, o que é já um clichê da gestão desastrada, e se alimenta a farsa de que primeiro é preciso operar um grande processo de inclusão para, depois, cuidar da qualificação. É claro que as coisas não acontecem desse modo. E a razão é simples e lógica: a carência, o remendo, o improviso, a incúria, o desleixo, tudo isso também é uma realidade dinâmica, que vai mudando a cada dia. Também as espirais para baixo se movem.
Procurem aí no arquivo e vocês verão quantos posts já foram escritos aqui apontando o que tenho chamado de farsa da expansão do ensino das universidades federais.
O pior é que os setores que deveriam lutar pela excelência são hoje parte do problema. As entidades estudantis foram cooptadas pelo regime se tornaram suas assalariadas. A UNE se transformou no pior exemplo de peleguismo de que se tem notícia. Foi comprada. Os sindicatos de professores, do mesmo modo, são apenas extensões do poder, braços dos partidos políticos como o PT  e o PCdoB (que também manda na UNE). Quando não é assim, quem manda é o PSOL, em parceria com o PSTU, o que piora tudo. A imprensa, no geral, não dá muita bola para o assunto. Os nossos valentes editores estão ocupados demais ajudando a vaiar o pastor Feliciano porque “ele não pensa o que a gente pensa”. As oposições, sempre com as exceções costumeiras, são burocráticas, descoladas dos problemas reais da população, reféns das fantasias com o que o petismo anima o noticiário.
É só na educação? Não é, não! Vejam a patética fila de caminhões rumo ao porto de Santos, que chegam a 30 quilômetros. Há dez anos, a atual presidente da República, Dilma Rousseff — que hoje se elegeria no primeiro turno, indicam as pesquisas — é considerada a maga (patológica?) da infraestrutura. Sim, a MP dos Portos é boa, eu mesmo a elogiei aqui (e mantenho o elogio), mas vem com atraso. Certamente será aprovada com concessões àqueles mesmos setores corporativistas que se tornaram sócios do poder.
O atraso dos portos, no entanto, com um plano agressivo de investimentos, até pode ser superado num prazo, sei lá, de 10, 15 anos. Mas não é assim na educação. Nesse caso, o que se está corroendo não é só o presente. Também o futuro está indo para o lixo. O mundo não conhece revolução do conhecimento que não privilegie o saber e os mais aptos. E o Brasil escolheu o caminho contrário. “Ah, mas Dilma será reeleita; o povo está feliz!” Que seja! Também não sou juiz da felicidade alheia. Nada disso, no entanto, torna certo o que está errado.
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
O Globo trouxe neste sábado uma reportagem impressionante sobre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, que reproduzo no pé deste post, com algumas fotos. Muito bem, vindos os fatos e as fotos à luz, o que vai acontecer? Nada! As corporações de ofício vão avançar como aranhas saltadeiras sobre os críticos e ainda acusarão uma conspiração contra a popularização do ensino universitário, a exemplo do que fizeram no Twitter alguns vagabundos, que saíram em defesa do MEC no episódio das redações-deboche. Dois estudantes, movidos pela pena da ironia e da galhofa (ainda voltarei a eles), prestaram um grande serviço ao país. Foram três parágrafos que provaram a farsa em que se transformou o Enem, seja como instrumento de avaliação do ensino médio, seja como vestibular.
Na UFRRJ, alunos de educação física fazem aulas práticas — eu escrevi “práticas” — de natação e remo no seco, fora d’água, porque não há piscina ou tanque de remo. O professor se deita numa mesa para ensinas a remada, explica uma aluna. Sabem por quê?
O tanque de remo para instrução está assim, ó (todas as fotos são de autoria de Hudson Pontes, da Agência Globo).

E o parque aquático, fechado há quase um ano, está assim.

O laboratório do Departamento de Tecnologia de Alimentos, do Instituo de Tecnologia, está inundado. Há ali produtos tóxicos, que podem contaminar o lençol freático. Vejam.

Sem saída
Um trecho da excelente reportagem do Globo explica por que a esperança, nesse caso, pode ser vã. Reproduzo em azul:
Eleita nova reitora, mas ainda não empossada, a professora Ana Maria Dantas Soares acha que, apesar das inúmeras falhas detectadas, a universidade “está indo bem”. “Não deixamos de reconhecer os problemas. Estamos tentando resolvê-los. Foram décadas de descaso com o ensino público”, diz ela, que está na UFRRJ há 34 anos, tendo ocupado o cargo de vice-reitora nas últimas duas gestões. Ana Maria atribui algumas limitações ao Reuni, programa criado pelo governo federal em 2007 para ampliar o acesso ao ensino superior, por meio de aumento de vagas e de cursos, inovações pedagógicas e combate à evasão. “O problema, na verdade, não é o Reuni, mas a forma como ele foi adotado. Se tivéssemos tido a oportunidade de construir prédios, criar os cursos e só depois virem os alunos, tudo bem. Mas não foi assim, pois era um projeto de governo, não de Estado”, observa, referindo-se à pressa na implantação do programa.
Voltei
Foi vice-reitora por duas gestões; é, agora, reitora. É sinal de que há continuidade de mando. Apresentada aos descalabros, acha que a universidade “está indo bem”. Os petistas estão no poder há dez anos, mas ela prefere apontar o dedo para as “décadas de descaso” — a culpa é sempre alheia. Pergunte a Lula, e ele pode culpar até Pedro Álvares Cabral. Mas resta um pouco de bom senso: ela reconhece que o tal Reuni levou alunos para as universidades, mas sem a estrutura necessária. Ah, bom… Como ele é de 2007, então as tais décadas não têm nada com isso, certo?
Abaixo, segue a íntegra (em azul) da reportagem com mais algumas fotos. Depois de tudo, volto para concluir.
*
O parque aquático da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica, tem quatro piscinas, mas os alunos do sexto período do curso de educação física têm aulas práticas de natação sem cair na água. Não se trata de um método de ensino inovador, mas de uma tentativa vã — e indignada — de compensar os prejuízos causados pelo fechamento do parque, que aconteceu há quase um ano. “O professor se deita na mesa para nos ensinar a remada”, conta a paulista Isabela Damasceno Cruz, de 20 anos, que se diz frustrada com os problemas da UFRRJ.
Antes, segundo ela, as aulas práticas eram ministradas num clube nas proximidades, mas, por inadequação da piscina e falta de transporte para levar os estudantes, o ensino agora fica só na teoria. Uma caminhada de quatro horas pelo segundo maior campus universitário da América Latina, na última quarta-feira, permite constatar um cenário de abandono. A universidade é centenária e funcionava em outro local. O atual campus começou a ser usado em 1948. Nossa equipe visitou a área após um grupo de alunos enviar um dossiê relatando uma série de problemas para a seção “Eu Estudante”, da página de Educação do site do GLOBO.
No parque aquático, as piscinas têm águas sujas e azulejos quebrados, e um tanque para prática de remo está tomado por lixo. A precariedade também está presente no Instituto de Tecnologia: o laboratório do Departamento de Tecnologia de Alimentos está inundado. Além de privar os alunos de usar um recurso importante, o alagamento sistemático do local também expõe a comunidade a riscos, já que há ali produtos nocivos à saúde que podem contaminar o lençol freático.

Salas de aula estão com infiltrações, e alunos e professores convivem com o mofo, que é mais do que metáfora…
Outro laboratório, o de Informática Aplicada à Arquitetura, também está de portas fechadas. O problema ali são rachaduras que cortam o teto, as paredes e o chão. Coordenador do curso de arquitetura, o professor Carlos Eduardo da Silva Costa lamenta: “É inaceitável um curso sem laboratório de informática, mas não podemos ter aulas aqui enquanto isso não for resolvido.”
Dentro dos prédios, o risco é visível também nas instalações elétricas, onde o improviso é recorrente. Aluno do sexto período do curso de relações internacionais, Lincoln Leão, de 21 anos, não quer nem pensar nos estragos que um incêndio causaria. “Não temos brigada de incêndio. E, para piorar a situação, Seropédica não tem Corpo de Bombeiros”, observa ele, que faz parte do grupo de estudantes que ocupa a reitoria desde 13 de março.

Vejam que belo exemplo de cumprimento de normas técnicas nas instalações elétricas…
Iluminação ruim é outra dificuldade
Fora dos institutos, a insegurança também é grande. Estudantes e professores reclamam de assaltos ocorridos até mesmo à luz do dia. Aluno de engenharia química, Blayley Idegard, de 28 anos, estava sentado na porta de um imóvel hoje usado como alojamento, entretido com seu computador portátil, quando foi abordado por dois homens numa moto. “Um deles me chamou de vagabundo e apontou a arma para a minha cabeça. Para mim, foi uma surpresa ser assaltado dentro da universidade”, conta ele, que veio do interior do Pará.
Se durante o dia há riscos, à noite o quadro é mais complicado, pois há vários pontos do campus onde a iluminação é precária. Esther Saraiva, de 22 anos, aluna do quarto período de química, conta que esperava o ônibus quando dois homens chegaram numa moto e levaram sua mochila: “Perdi tudo: material de estudo, dinheiro”.
Na hora em que a fome aperta, a situação no campus é igualmente desconfortável. A fila diante do restaurante universitário assusta. Sem cobertura, os alunos ficam debaixo de sol ou chuva. Um anexo foi construído, mas os funcionários da unidade, que são terceirizados, pararam de trabalhar por causa de problemas salariais .
A estudante Esther Saraiva, de 22 anos, também não gosta da comida, mas bate o ponto no local porque, apesar de morar no alojamento, não tem fogão no quarto. “Moro no antigo hotel dos professores. Invadimos há um ano, por falta de vaga no dormitório feminino. Lá também não é adequado. Faltam água e luz.
Grupo faz diagnóstico
Coordenador do Plano Diretor Participativo da UFRRJ, o professor Humberto Kzure confirma os problemas enumerados no dossiê produzido por alunos. Ele diz categórico: “Uma  palavra que resume a situação hoje da UFRRJ é insalubridade”. Há dois anos, ele iniciou um diagnóstico da situação no campus, com a participação de professores, estudantes estagiários e técnicos administrativos. Um calhamaço de cerca de mil páginas, com fotos anexadas, mostra que a lista de problemas é extensa. “São questões que vêm se acumulando ao longo do tempo. Há problemas na qualidade dos laboratórios, no descarte de resíduos químicos, biológicos, sólidos. E os alojamentos não são adequados”.
Ainda que o pavilhão central da UFRRJ, onde fica a reitoria, esteja em condições muito superiores às demais unidades do campus, Humberto Kzure observa que há problemas na manutenção dos imóveis tombados, como a instalação irregular de aparelhos de ar-condicionado.
Eleita nova reitora, mas ainda não empossada, a professora Ana Maria Dantas Soares acha que, apesar das inúmeras falhas detectadas, a universidade “está indo bem”. “Não deixamos de reconhecer os problemas. Estamos tentando resolvê-los. Foram décadas de descaso com o ensino público”, diz ela, que está na UFRRJ há 34 anos, tendo ocupado o cargo de vice-reitora nas últimas duas gestões.
Ana Maria atribui algumas limitações ao Reuni, programa criado pelo governo federal em 2007 para ampliar o acesso ao ensino superior, por meio de aumento de vagas e de cursos, inovações pedagógicas e combate à evasão. “O problema, na verdade, não é o Reuni, mas a forma como ele foi adotado. Se tivéssemos tido a oportunidade de construir prédios, criar os cursos e só depois virem os alunos, tudo bem. Mas não foi assim, pois era um projeto de governo, não de Estado”, observa, referindo-se à pressa na implantação do programa.
Dados da execução orçamentária da UFRRJ, publicados na página do Ministério da Educação, revelam que o valor pago pelo governo à instituição aumentou quase 24 vezes entre 2005 e 2012: saltou de R$ 14,8 milhões para R$ 347 milhões. Sobre o incremento significativo, a direção da universidade informa que há erro no valor registrado no site em relação a 2005: o repasse teria sido, na verdade, de R$ 140 milhões. O MEC, porém, garante que os dados estão corretos. Considerando apenas os valores relativos ao Reuni, o ministério repassou, de 2007 até o ano passado, cerca de R$ 120 milhões. Para este ano, devem ser pagos R$ 20 milhões.
Seja qual for a quantia, os alunos que ocupam a reitoria divulgaram ontem uma pauta de reivindicações e garantem que só liberam o gabinete após o compromisso da direção de que as solicitações serão atendidas. E ainda condicionam a saída à realização de uma auditoria externa pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União.

Lixo de toda natureza fica exposto ao relento. Mas reitora acha que a culpa é das “décadas de descaso”…
Concluo
Não pensem  que a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro é exceção. Não é. No dia em que a imprensa resolver fazer um raio-X pra valer das universidades federais brasileiras, teremos então clareza das mistificações destes últimos 10 anos, marcados pela baixa qualidade de ensino, deficiência de infraestrutura e espantoso desperdício de dinheiro.
Todo mundo sabe que não sou do tipo que aplaude invasão de prédio público. Nem sei que partido ou tendência, se é que há alguma, está no comando da ação da UFRRJ. Sei que, desta feita, aplaudo, sim! Quem está descumprindo a lei e as regras do estado de direito por lá é o governo federal, é o MEC. A reitora, ora vejam, em linguagem militante, culpa “décadas de descaso”. Ela só não explica por que não consegue chamar nem mesmo o lixeiro…