Essas épocas delimitadas dos historiadores
Paulo Roberto de Almeida
Não gosto muito dessas delimitações cronologicamente rígidas. Mas elas se impõem pelas convenções forçadas de jornalistas e historiadores, nessa ordem. Vamos admitir um pouco esse velho hábito.
Não estamos mais no pós-Guerra Fria. Já entramos numa nova Guerra Quente, ainda não direta, mas já confrontacional e rude.
Sairemos desta? Provavelmente, mas não antes da morte de Putin e da contenção de Xi, o que deve demorar. Não sei quanto, não sou vidente, nem profeta, embora já tenha praticado astrologia diplomática. Brincadeira!
EUA e UE vão certamente resistir ao avanço das autocracias, sem contudo recorrer ao enfrentamento direto.
O Brasil se manterá neutro? Sim, por uma espécie de vocação hesitante, outro tanto por preguiça, mas não por enquanto e não por determinação de sua diplomacia profissional. A diplomacia partidária e personalista já escolheu o seu campo.
Sabemos qual é esse campo: é, ou se espera que seja, o da tal “nova ordem global”, mais um desses delírios que costumam acometer mentes febris e ambições insanas. Não tem muito perigo. As forças dominantes do Brasil, que sempre foram as oligarquias — algumas até de esquerda — vão conter a afoiteza dos amadores. Ou seja, continuaremos nossa marcha lenta em direção a um futuro indefinível, com alguns tropeços pelo caminho. Nada de muito diferente do que sempre tivemos. Somos “excêntricos”, não por bizarrice, mas geograficamente. Melhor assim…
Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 15 de maio de 2024