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quinta-feira, 14 de março de 2013

A Journey Inside the Whale: with the genius of Mozart...

I. Allegro vivace
II. Andante cantabile
III. Allegretto
IV. Molto allegro

Estes são os quatro movimentos da Sinfonia n. 41 in C Major, K 551, dita "Júpiter", que Mozart compôs quando já estava na pior: atolado em dívidas, mulher doente, a única filhinha de seis meses morta pouco tempo antes, ele tampouco bem de saúde, mas ainda juntou forças para compor suas três últimas sinfonias,  esta a última, composta em Agosto de 1788; ele morreria 3 anos depois, na miséria.
Esta também foi a última das quatro peças que preencheram o programa The Genius of Mozart, no Bushnell Theatre, onde fomos assistir, eu e Carmen Lícia, a uma das últimas apresentações da Hartford Symphony Orchestra, da temporada de 2012-2013. Lá fora um frio de rachar (menos 6 graus Celsius), mas dentro um auditório acolhedor, simpático, bem próximo do palco, a ponto de seguir as expressões faciais mesmo do tambor lá no fundo.
Peça grandiosa, pela combinação de vários temas musicais num mesmo movimento, e a mobilização de quase todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica.
Tinha começado com a Sinfonia n. 1, in E-flat Major, K. 16, que o jovem gênio compôs em 1765, com apenas 9 anos, portanto (ele nasceu em Salzburg, em 1756, e morreu em Viena, em 1791), em três movimentos, começando por um molto allegreo e terminando por um presto. Seguiu-se uma peça do ano de sua morte, o Concerto para clarineta e orquestra em A Major, K. 622, com o famoso clarinetista Curt Blood: 25 minutos de puro enlevo.
Após o intervalo, o maestro e violinista  Leonid Sigal (de origem russa) interpretou e dirigiu o Concerto n. 3 in G Major para violino e orquestra, K. 216, que Mozart compôs em 1775, junto com outros quatro concertos para violino, no auge de sua carreira.
Maestro e orquestra magníficos, primeira violina também excellente. Eu fiquei de olho nos "baixistas", com perdão da expressão, mas um era baixinho e pequeno, e ficava imaginando como é que ele faria, depois, para carregar seu imenso baixo para o carro. Imagino que deposite um no teatro e deixe o seu em casa, para encantar os vizinhos...
Mas o que mais me encantou, mesmo, foi a genialidade, versatilidade, profundidade e diversidade das músicas de Mozart, algo que não percebemos quando apenas ouvimos suas composições em áudio, e só atinamos quando estamos ao vivo, vendo a "agitação" de cada performer e os braços e a baguette do maestro. Simplesmente incrível a capacidade que tinha Mozart de combinar 4 ou 5 melodias simultâneas numa mesma composição.
Frio de arrancar rabo de cachorro ao sair, mas nenhum arrependimento pelo espetáculo. Tem também o espetáculo dos próprios americanos, com seus estilos variados em todas as ocasiões: só não tinha bermuda e chinelo de dedo porque devia estar realmente frio, mas tinha um pouco de tudo...
Pena que chegamos tarde para a programação anual, que incluiu um pouco de tudo. Mas fica assinatura reservada para a próxima saison...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 14 de março de 2013