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terça-feira, 16 de setembro de 2014

A frase da semana: Marina Silva, sobre o chefe da mafia...

Marina rebate Lula: "Nao vou debater com auxiliares de Dilma"

Em um de seus discursos mais longos e inflamados nesta campanha, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, falou grosso contra a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e seu padrinho político, o ex-presidente Lula, nesta segunda-feira em São Paulo.

 Questionada sobre nova crítica do ex-presidente Lula, que disse que a neo-socialista pode perder seu programa de governo em razão de sua suposta instabilidade, Marina respondeu provocando: “Estou fazendo debate com Dilma e Aécio. Não vou fazer embate nem com eles, nem com seus auxiliares”, disparou num encontro com artistas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: a prostituicao da politica e do empresariado pelos companheiros - Alexandre Rands

Pela primeira vez, ever, eu vejo um nordestino descartando Celso Furtado. Isso jamais tinha ocorrido antes, e nunquinha da silva na academia. Não só os campineiros, mas a imensa maioria da academia, dos economistas, dos homens públicos (e privados também), acham Celso Furtado o máximo. Há anos que venho dizendo que o economista já estava errado desde os anos 1950, ao pregar o seu keynesianismo improvisado para o Brasil. Não podia dar certo, como não deu.
Paulo Roberto de Almeida

Dilma trata os empresários como prostitutas'
Entrevista Alexandre Rands
O Globo, 14/09/2014

Principal assessor econômico de Eduardo Campos, Alexandre Rands mergulhou na campanha de Marina Silva (PSB) após a morte do amigo de infância. Não tem com Marina a mesma relação direta que tinha com Campos, já que o economista mais próximo dela é Eduardo Giannetti, mas diz que o grupo em torno da candidata mantém um consenso: a rejeição à atual política econômica do governo, que julga excessivamente influenciada por economistas da Unicamp, onde Dilma foi doutoranda e aluna do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Que diferença haveria entre um governo de Campos e um de Marina?
Pouca. Talvez ele fizesse as mudanças na gestão mais rapidamente, pela experiência em Pernambuco. Pode ser que Marina não consiga a mesma velocidade, mas ela tem o mesmo compromisso. E tem uma qualidade: sabe ouvir.

PT e o PSDB acusam o programa econômico de Marina de copiar ideias tucanas. Qual a diferença?
O PSDB adora dizer que a gente está copiando. De fato, numa discussão, vamos concordar em 80% (dos temas). Não é porque os economistas de Marina são tucanos, mas porque hoje há alguns consensos na teoria econômica. Estão em todas as universidades americanas, em 98% das europeias, em 95% das asiáticas e 97% das brasileiras. Só uma universidade aqui não tem articulação internacional: a de Campinas (Unicamp). Ela é endógena. Mas tem uma força no governo Dilma que não tinha no de Lula, que era muito mais próximo do que Marina defende hoje. Dilma pensa com a cabeça de Campinas, que hoje é uma ilha que parou no tempo. Pela primeira vez, cada candidato tem propostas de desenvolvimento baseadas em concepções diferentes.

Quais são essas concepções?
Na visão de Marina, reformas institucionais são importantes, mas mais importante é o impulso da educação, que aumenta a produtividade. Para os tucanos, bastaria manter o gasto sob controle e crescer. Depois, isso se resolve. Dilma tem a visão estruturalista de privilegiar um ou outro setor com políticas discricionárias. O governo fica tentando aumentar o crédito para estimular a demanda. É um modelo econômico altamente inflacionário, baseado no (economista) Celso Furtado. A escola de Campinas e grande parte da esquerda brasileira não conseguiram se libertar de Celso Furtado. Só que é um modelo que gera uma crise dentro dele próprio. O que são R$ 500 bilhões do Tesouro no BNDES para subsidiar empresários? É dinheiro direto na veia dos grandes empresários. Tem coisa mais de direita do que isso?

Celso Furtado não faz mais sentido?
Não mais hoje, pelo menos. A questão, inclusive, é se já fez. Lá atrás, quem seguiu modelo diferente se deu melhor. A ditadura da Coreia do Sul, que na década de 1960 era mais pobre que o Brasil, industrializou, mas sobretudo investiu na educação.

Mas defensores da atual política industrial e do BNDES dão como exemplo justamente a Coreia. Qual a diferença?
A diferença é que a Coreia gastava 10% dos seus recursos para promover setores industriais, e 90% para garantir educação, oportunidades iguais. O governo dava prazo e meta. Aqui, temos um governo subjugado ao empresariado. Dilma detesta os empresários, mas todas as políticas são para eles fazerem o que bem entenderem. O governo bate, mas depois convida para um drinque. Trata os empresários como prostitutas. Quer estar com elas, desfrutar de suas benesses, mas depois vai denegrir sua imagem.

Se os empresários lucram, como explicar a resistência à reeleição de Dilma?
Seguindo o exemplo: você acha que as prostitutas confiam nos homens que recebem? Chamariam um deles para a festa de aniversário do filho? Claro que não. Só têm interesse e medo. E tem outra coisa: um homem agrada a três, quatro, dez prostitutas, mas não a todas as outras que não estão participando da festa.

Parte dos empresários está de fora?
Sim, boa parte. Não adianta só dar crédito barato. Eu mesmo fiz investimentos na minha empresa com linhas de 5% ao ano do BNDES. Se fossem juros de 8%, eu teria investido? Sim, do mesmo jeito. O governo escancarou o subsídio desnecessariamente. Só que o mesmo empresário que se beneficia disso tem que enfrentar Receita, INSS, regulação instável, licenciamento demorado, greves... Por que vai gostar de um governo que joga a burocracia contra o empresariado?

Marina quer mandato fixo no Banco Central. Que diferença faria para o atual presidente, Alexandre Tombini?
Ele teria subido os juros antes. Não ficaria subjugado à presidente. Poderia dizer para ela: cuida do seu quadrado e eu cuido do meu.

Campos defendeu reduzir meta de inflação dos atuais 4,5% para 3% até 2018. Isso penalizaria emprego?
Não. Conduzir a economia gradualmente para esse patamar é possível. Inflação atrapalha o crescimento. Chegar a 3% em quatro anos é possível, geraria um crescimento de mais longo prazo.

Qual seria o crescimento da economia com Marina?
O ano que vem vai ter crescimento medíocre de novo, e o segundo ano de governo ainda será difícil. Mas acho que, no quarto ano, Marina conseguiria algo em torno de 4%. O começo será difícil por causa das caveiras dentro do armário.

Roberto Setubal, presidente do Itaú, elogiou Marina. É preciso apoio do mercado financeiro para vencer?
Não estamos aqui para agradar a banco. Marina não seria como Dilma, que gosta de prometer coisas para agradar a determinados setores. Assim como Lula, Marina é uma legítima representante do povo. Ela não quer penalizar ninguém, mas não vai sacrificar a maioria pelos interesses da minoria. Se o setor financeiro apoiar, ótimo. Se não, paciência.

sábado, 6 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: desespero companheiro ve os EUA atras de Marina Silva

Não, Samuel não é um companheiro. Ele só está a serviço dos companheiros, a associação mafiosa mais corrupta que assaltou o poder no Brasil.
Não, ele não é marxista, talvez gramsciano, em todo caso anti-americano, desse anti-imperialismo infantil que a gente só imagina encontrar nis estudantes do PCdoB e do PSOL. 
No caso dele é patético observar como ele vê o dedos dos estadunidenses em tudo. Aliás é ridículo. 
Paulo Roberto de Almeida

Samuel Pinheiro Guimarães: EUA apostam em Marina

Eleição de Marina seria a vitória de um modelo diplomático alinhado aos EUA, similar ao que tivemos nos anos 90, diz embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.


Darío Pignotti (@DarioPignotti)
Agência Brasil

“Os estrategistas dos Estados Unidos seguramente estão de acordo com as diretrizes da política externa defendida pela candidata Marina Silva. Se ela for eleita, será a vitória de um modelo diplomático similar ao que tivemos nos anos 90”, declarou à Carta Maior o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Junto do ex-chanceler Celso Amorim e do assessor Marco Aurélio Garcia, Pinheiro Guimarães integrou a troika responsável por planejar de diplomacia com sotaque nas relações Sul-Sul aplicada entre 2003 e 2010. Premissas que “tiveram continuidade a partir de 2011 durante o mandato da presidenta Dilma Rousseff, que adotou medidas muito corretas sobre o Mercosul e contra a Inteligência norte-americana no escândalo da NSA, e resistiu às pressões para a compra de aviões de guerra norte-americanos”, afirmou Pinheiro Guimarães.

No programa de governo apresentado uma semana atrás por Marina, foram formuladas propostas em alguns casos antagônicas às dos governos de Dilma e Lula, além de formular críticas enredadas ao que define como uma diplomacia “ideologizada” e “partidarizada” durante as três gestões petistas.

Embaixador, estamos diante do risco de serem restaurados princípios diplomáticos que dominaram a segunda metade dos anos 90?

Considero que a candidata Marina Silva encarne a anulação do progresso conquistado nestes 12 anos. Ela e os setores que representa buscam outro modelo de inserção internacional. Um pensamento que se traduz no propósito de enfraquecer o Mercosul com o pretexto de torná-lo aberto ao mundo.

Será o fim de qualquer aspiração de uma diplomacia independente?

Até agora, a única vez que escutei Marina falar de independência foi para mencionar a independência do Banco Central (risos).

Washington aposta em Marina ou Aécio?

Não estou em Washington para dizer o que pensam. Agora, há interesses dos Estados Unidos que foram prejudicados durante os governos de Lula e Dilma, e é claro que o candidato de que mais gostavam era o Aécio.

A Embaixada norte-americana adotou um perfil muito discreto nas eleições, mas isso não deve se confundir com o fato de estarem alheios ao que acontece. Quando o Aécio fica fora do jogo, os Estados Unidos se inclinam para a Marina, por pragmatismo e porque ela representa o oposto ao PT. Além disso, é alguém sem quadros próprios e, segundo dizem, tem bons contatos nos Estados Unidos, e que demonstrou estar aberta para desmontar o Estado, reduzir sua capacidade e autonomia internacional. Interessa aos Estados Unidos que o Mercosul sejam desmontado e que projetos da era tucana sejam retomados, não nos enganemos: nestas eleições, está em jogo a retomada do processo privatizador, parcial ou total, da Petrobras, do Banco do Brasil e do BNDES.

Como a Marina implementaria esse desmantelamento do Mercosul?

Avalio que possa começar com a eliminação da cláusula que obriga os países do Mercosul a negociar conjuntamente acordos de livre comércio com outros blocos. Este ponto, que até agora não conseguiram derrubar, é uma cláusula que vem desde o Tratado de Assunção (assinado em 1991, na formação do Mercosul).

E depois de terminada esta limitação, o que aconteceria? 

Uma vez eliminada essa cláusula, o caminho estará aberto para a assinatura de acordos do Brasil com a União Europeia, sem a participação dos outros quatro integrantes do Mercosul. Mas se a cláusula continuar em pé, seria igualmente perigoso um pacto entre todo o Mercosul e a União Europeia. E essa negociação, que já se iniciou mas avança lentamente, provavelmente será acelerada durante o governo de Marina.

Quais consequências um acordo com a UE traria? 
Muitas, uma delas é a redução considerável das tarifas [de importações] industriais europeias afetando nossas fábricas. Defendo faz tempo que esta aproximação, que agrada os economistas da Marina, é o passo inicial rumo ao fim do Mercosul.

Vou resumir assim: a assinatura de um acordo entre os dois blocos significará uma extraordinária vantagem para empresas europeias que poderão exportar para cá sem que cobremos taxas, enquanto não haverá grandes benefícios para os exportadores sul-americanos.

E acrescento que se este acordo acontecer, afetará outra instituição fundamental do Mercosul, que é a Tarifa Externa Comum, fixada para terceiros países. Se isto acontece, a união aduaneira é pulverizada, qualidade central do Mercosul. E uma vez que chegarmos à hipotética assinatura do pacto de livre comércio com os europeus, os Estados Unidos reaparecerão.

De que maneira?

Os meios e os grupos de interesses brasileiros que se sentirem representados pela Marina só falam de um acordo com a União Europeia por oportunismo, pela boa imagem dos europeus, que seriam maravilhosos, educados, que nos abririam as portas do primeiro mundo. Uma retórica para ocultar que o acordo será prejudicial para nós. Quem quiser saber o que nos espera com esse acordo que pergunte aos gregos e aos espanhóis como a velha Europa é tratada.

Agora tudo isso nos leva ao começo desta conversa, que são os Estados Unidos. Por quê? Porque uma vez assinado o pacto UE-Mercosul, no outro dia, Washington vai querer igualdade de condições comerciais que europeus conquistaram, exigindo de nós um acordo de livre comércio. Os Estados Unidos nunca se esqueceram do espírito da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

MAR DEL PLATA, NOVEMBRO DE 2005

No começo da década passada, FHC sancionou Pinheiro Guimarães por ter se oposto publicamente à assinatura da ALCA, que seria enterrada durante a Cúpula das Américas, celebrada em novembro de 2005 no balneário argentino de Mar del Plata, graças a uma frente formada pelos presidentes Lula, Néstor Kirchner, Hugo Chávez e Evo Morales, apoiados por outros líderes sul-americanos diante de um atônito George Walker Bush e de seu aliado, o mexicano Vicente Fox, ex-gerente da Coca Cola com um grande bigode.

A tese da ALCA pode ser recriada com outro nome. É possível que a Marina, FHC e a inteligência neoliberal reciclem o projeto?

Tudo me leva a pensar que o projeto norte-americano de integração hemisférica comercial, de eliminação de barreiras, de sanção de um sistema de leis que privilegiam suas multinacionais etc continua em vigor. É preciso prestar atenção na Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile).

Entendo que os Estados Unidos se preparem para retomar essa proposta em caso de a Marina ganhar. Porque suas posições sobre política externa refletem as aspirações se setores empresariais, de banqueiros e grandes meios de comunicação que demonstraram certa saudade da dependência colonial.

Com Marina voltaremos ao passado anterior ao encontro de Mar del Plata?

A candidata parece estar muito aberta a essas ideias. Mas o interessante é que ela não está sozinha.

No seu entorno, se expressa esse espírito anterior à reunião de Mar del Plata. Eu me refiro ao professor André Lara Rasende, ao professor Eduardo Giannetti da Fonseca, à senhora Maria Alice Setúbal (Banco Itaú). Além disso, me parece natural que depois do primeiro turno (5 de outubro) se somem outras pessoas com pensamento similar e que hoje estão junto do candidato Aécio. Estou falando o professor Armínio Fraga, do professor Pedro Malán.

DILMA REELEITA

O senhor acredita que, apesar da subida de Dilma, a Marina será a futura presidenta?

Não, pelo contrário, acredito que, apesar de toda esta comoção, a presidenta Dilma será reeleita. Acredito que, ao longo destes dois meses, as ideias da ex-senadora vão ficar em evidência.

Neste caso, quais seriam os objetivos de sua política externa em um segundo mandato?

Em primeiro lugar, deve-se mencionar que sua política externa não teve diferenças coma de Lula, apesar de Dilma não ter o mesmo estilo de fazer política externa. Trabalho para reforçar os BRICS, impulsionou o banco dos BRICS, foi firme a favor da entrada da Venezuela no Mercosul, apesar de os Estados Unidos terem manifestado abertamente seu interesse em substituir o governo venezuelano, postura que encontra eco na grande imprensa brasileira, no FHC e nos dirigentes tucanos

No segundo mandato, a presidenta deveria ter como objetivo reduzir a vulnerabilidade externa do país, a dependência de capitais especulativos para o pagamento da dívida e tudo isto cria um círculo vicioso que aumenta as taxas de juros. É falso, é um mito que as taxas sobem para combater a inflação.

Ou seja, as alianças diplomáticas devem continuar, mas são necessárias mudanças na estratégia econômica internacional?

Sim, e está completo o comentário dizendo que em um segundo governo a presidenta Dilma terá que trabalhar para diversificar nosso comércio exterior, para reduzir nossa vulnerabilidade comercial devido ao crescimento das exportações de produtos primários cujos preços não somos nós quem decidimos. Quando digo diversificar penso em base para reforçar exportações industriais porque o Brasil corre o risco de seguir rumo a uma especialização regressiva na produção agropecuária e mineral, acompanhada de uma contração do setor industrial, aliada a uma atrofia de sua capacidade tecnológica.

Eleicoes 2014: os mafiosos se mobilizam contra quem pode tira-los do poder - Reinaldo Azevedo

Apareceram evidências de que o programa de governo de Marina Silva faz uma espécie de colagem de discursos da própria candidata, de alguns trabalhos acadêmicos e, como se viu, até de um decreto de FHC. Para quem se orgulha de uma tal “rede” de colaboradores, que seria formada por especialistas e pessoas particularmente dedicadas a causas de interesse coletivo, não deixa de ser um vexame e de denotar certo improviso. Mais: o programa, na área do agronegócio, acena com a revisão de índices de produtividade para efeitos de liberação de terras para a reforma agrária, o que levaria o setor mais eficiente da economia brasileira ao colapso — além de elevar, se aplicada a proposta, a tensão do campo a níveis inéditos. Eu mesmo já apontei que o tal Eixo Um do programa do PSB apela a formas de democracia direta que poderiam degenerar em autoritarismo ou bagunça.
É absolutamente legítimo debater tudo isso. Cabe, sim, ao PT, ao PSDB e a outros chamar a atenção para o que está malparado no programa do PSB, especialmente porque, é evidente, Marina pode ser a presidente da República. Segundo as pesquisas, se a eleição ocorresse amanhã, a eleita seria ela. Assim, nada mais urgente e relevante do que abordar esses temas.
Mas vamos com cuidado aí. Leio que a Federação Única dos Petroleiros, ligada à CUT, vai organizar um ato em defesa do pré-sal. É mesmo? Ele está sendo ameaçado por quem? Conversa mole! Trata-se apenas de um braço do PT, que se alimenta do imposto sindical, a atuar contra a candidatura de Marina, que a petista Dilma Rousseff acusa de não dar o devido valor à área de petróleo. “Não podemos fazer como a Marina, que desdenha essa riqueza”, diz José Maria Rangel, dirigente da entidade.
É uma confissão de politicagem. Por que a FUP não se manifestou e não se manifesta sobre os reiterados escândalos na Petrobras? Cadê a FUP para protestar contra a desastrada compra da refinaria de Pasadena? Cadê a FUP para mobilizar seus filiados contra a queda de 50% do valor de mercado da estatal?
Os bate-paus do petismo que estão no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal também se juntam ao PT para acusar Marina de propor o enfraquecimento dos bancos públicos, com o objetivo de privatizá-los depois. É pistolagem política. É mentira. Não há nada disso no programa de Marina. No passado, foram acusados da mesma coisa os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra. Se Aécio estivesse em segundo lugar nas pesquisas, o alvo seria ele.
Ora vejam… Os supostamente independentes João Pedro Stedile, chefão do MST, e Guilherme Boulos, proprietário do MTST — dois promotores contumazes de invasões de propriedades públicas e privadas —, também vieram a público para atacar Marina e defender o seu partido de coração e, quem sabe?, de carteirinha: o PT. Os dois querem a continuidade do atual governo porque sabem que podem impor as suas vontades, promover ilegalidades e sair impunes — contando com as prebendas que seus respectivos movimentos recebem do poder público.
O debate político é uma obrigação e uma necessidade. A ação contra Marina do corporativismo dos sindicalistas de estatais e dos esquerdistas chapas-brancas não passa de pistolagem política. No momento, seu alvo é Marina. Seria qualquer outro que disputasse a eleição com um petista. Essa gente toda, de algum modo, está mamando nas tetas do dinheiro público e tem medo de perder privilégios.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: Madre Teresa de Calcuta amazonica - Rodrigo Constantino

Artigo de Rodrigo Constantino no jornal O Globo, 3/09/2014, via Orlando Tambosi

Se os indianos tiveram a Madre Teresa de Calcutá, nós temos a Madre Marina de Xapuri. Cansado da “mamãe” Dilma, o povo agora quer sonhar novamente. Afinal, democracia que compara projetos e propostas, histórico e alianças é mesmo algo muito monótono. O brasileiro é mais afeito às utopias messiânicas, a um “salvador da Pátria”, ou salvadora, no caso.

Se tiver um passado da agruras, uma infância miserável, uma bela narrativa de vítima para contar, aí fica imbatível. O ex-operário que passou fome ia acabar com a fome no Brasil. Seu “Fome Zero” foi um fiasco, mas isso é detalhe. O crescimento chinês veio lhe salvar, e o povo carente logo o enxergou como o novo Padim Ciço.

Não teve mensalão que o fizesse acordar do feitiço. Lula iluminou seu poste e Dilma, que era ele mesmo em forma mais feminina, foi eleita. A “mãe do PAC”, o Programa de Auxílio a Cuba, seria a “gerentona” eficiente. Entregou apenas recessão e inflação. Dilma foi a pior presidente que o Brasil já teve. Mas justiça seja feita: foi a melhor para a ditadura cubana.

Cansado — com razão e muito atraso — do PT, o povo brasileiro quer uma nova esperança. Não quer o candidato mais bem preparado, com a equipe mais robusta, com as ideias mais estruturadas. Nada disso tem charme. Quer uma solução definitiva, alguém que represente a “nova política”, que carregue uma aura de santidade e paire acima dos reles mortais.

Viva Marina! Uma espécie de Curupira de saias, a guardiã das florestas e dos animais, que representa a “terceira via” contra a polarização entre petistas e tucanos. Foi do PT por décadas, ministra de Lula, e seu marido era do PT do Acre até “ontem”. Detalhes bobos, sem importância. A “nova política” significa entrar para o PSB, partido com socialista na sigla e membro do Foro de São Paulo, ao lado do próprio PT e da ditadura cubana. Mais dados insignificantes.

Com postura de quem recebeu um chamado divino, Marina pode tudo, não há contradição que grude nela. Goza do mesmo “efeito Teflon” de Lula. Ela pode, por exemplo, afirmar que vai governar usando o melhor tanto do PT como do PSDB, que ninguém questiona o que isso quer dizer na prática, se é um ou o outro. Afinal, não parece viável misturar Mercadante e Armínio Fraga.

Segundo Eduardo Giannetti, seu assessor para economia, o viés na área estaria bem mais para o lado tucano, o que é um alívio para quem entende do assunto. Resta saber: Marina vai mesmo escutar Giannetti? Ou seu assessor será Leonardo Boff? Ou será o MST, entidade da qual já vestiu, literalmente, o boné? Suas décadas de PT, partido do qual saiu triste e com “profundo respeito”, terão que tipo de influência em sua gestão? Você pode tirar alguém do PT, mas será que é possível tirar o PT de alguém?

De boba Marina não tem nada. Antes, representava um grito de protesto; agora, pelas artimanhas do destino, é a favorita na corrida presidencial. Quando o poder se aproxima e se torna factível, o candidato abandona certos radicalismos “sonháticos” e flerta com o pragmatismo. Ao defender em seu plano de governo um Banco Central independente e o tripé macroeconômico, Marina sinaliza que fará como Lula em sua “Carta ao Povo Brasileiro”.

Lula, de fato, respeitou a herança bendita da era FH no primeiro mandato, com Henrique Meirelles e Palocci. Mas em seguida traiu o povo brasileiro e abandonou o legado deixado pelos tucanos. Fez “o diabo” para eleger Dilma, e agora estamos aqui, nesse quadro de estagflação. Marina será fiel aos eleitores pragmáticos? Ou deixará vir à tona seu DNA esquerdista?

Saberemos a resposta em 2015, ao que tudo indica. A “onda” cresceu e se transformou num tsunami. Marina já é a grande favorita, com dez pontos à frente de Dilma no segundo turno, de acordo com o Datafolha. Mas, se é cedo para saber se os pragmáticos vão quebrar a cara com Marina, uma coisa é certa: a decepção dos “sonháticos” será total. Quem está à espera de um milagre, de uma mudança revolucionária na forma de se fazer política, vai cair feio do cavalo.

Dito isso, algo ao menos será motivo de regozijo para os mais esclarecidos: a derrota do PT. É verdade que, desesperados com a possibilidade real de perder suas tetas estatais e ter de trabalhar, os petistas farão de tudo para permanecer no governo Marina. Os vermelhos vão se pintar de verdes, até porque Marina está mais para “melancia”: verde por fora, vermelha por dentro. Mas ela seria eleita com um claro discurso de oposição, e ficaria muito feio compor com o PT depois. Portanto, adeus, PT. Já vai muito tarde!

Eleicoes 2014: Marina e o agronegocio - Marcos Jank

Será que a beata da Floresta já está de acordo com o agronegócio?
Vamos ver no governo...
Paulo Roberto de Almeida

Marina e o agronegócio
Marcos Jank
O Estado de S. Paulo, 2/09/2014

Marcos Sawaya Jank é diretor global de Assuntos Corporativos da BRF e foi presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e (Unica).

Marina Silva aproximou-se do agronegócio na última semana. Esteve numa importante feira do setor sucroenergético, jantou com 60 lideranças na sexta-feira e seus assessores vêm dialogando com pessoas-chave do setor.
Todos sabem que o agronegócio viveu momentos de atrito com Marina no período em que ela foi ministra do Meio Ambiente. Exemplos são os embates em torno do Código Florestal e o zoneamento da soja transgênica, num momento em que produtores gaúchos plantaram variedades argentinas que ainda não haviam sido aprovadas no Brasil. Já se passaram dez anos. Desde então a Comissão de Biossegurança autorizou um amplo uso de sementes transgênicas no Brasil, a exemplo do que vem ocorrendo em quase todo o mundo. O novo Código Florestal virou lei em maio de 2012 e hoje há total consenso entre o agronegócio e a comunidade ambiental de que o desafio é implementar mais rapidamente o que foi definido.
Tendo participado de diversas conversas com Marina e seu grupo nos últimos cinco anos, permito-me fazer aqui uma análise das perspectivas dos temas do agronegócio à luz do seu programa de governo, recém-divulgado. O programa reconhece a competência dos produtores brasileiros, os ganhos de produtividade alcançados, o fato de o País dispor da melhor tecnologia tropical do planeta e o papel salvador que o setor desempenhou na garantia do equilíbrio das contas externas. Em síntese, os principais destaques do programa são:
1) Políticas tradicionais - taxas de juros mais baixas para a agricultura; continuidade das políticas de aquisição de alimentos, preços mínimos e estoques reguladores; ampliação de programas de seguro rural, cobrindo riscos climáticos e de renda; reforço das estruturas de pesquisa e controle sanitário; avanço no zoneamento agroecológico e melhorias na legislação trabalhista.
2) Acordos internacionais - ampliação dos acordos de comércio com os países mais relevantes para o agronegócio, independentemente do Mercosul.
3) Plano ABC - o Plano de Agricultura de Baixo Carbono ganhará prioridade, recebendo mais recursos para estimular o manejo e a recuperação de pastagens e áreas degradadas e buscar a meta de "desmatamento zero".
4) Governança dos ministérios da área - segundo o texto, no mundo inteiro o Ministério da Agricultura também cuida de questões fundiárias, de florestas plantadas e da pesca. "No Brasil temos quatro ministérios cuidando desses temas, disputando o mesmo orçamento e prestígio junto ao Palácio do Planalto, ao Legislativo, à mídia e à sociedade em geral. Ainda interferem no agronegócio mais uma dezena de ministérios e duas dezenas de agências correlatas. É preciso enxugar esse emaranhado de órgãos federais que engessam as ações para o setor rural".
5) Política energética - o diagnóstico e as diretrizes apresentados são claros e corretos. O ponto de maiores destaque é a prioridade de recuperar e revitalizar a produção de biocombustíveis e bioeletricidade, que não deveriam ficar a reboque da intervenção estatal em razão de políticas de controle artificial de preços da gasolina. "A intervenção do governo no setor deveria ser mínima e as regras para o desenvolvimento da energia de biomassa devem ser previsíveis e transparentes."
6) Infraestrutura e logística - o programa propõe ampliar e acelerar concessões, parcerias público-privadas e investimentos, aprimorando os marcos regulatórios, diversificando modais de transporte e aprimorando o diálogo com os investidores.
O programa traz temas que devem gerar embates com o setor, mas podem perfeitamente ser tratados de forma racional pelo Executivo pelo Legislativo:
O texto reconhece a queda expressiva do desmatamento em áreas de floresta, mas menciona seu avanço em certas áreas do cerrado, afirmando "que a agropecuária brasileira não precisa mais avançar sobre novas áreas de vegetação nativa para duplicar ou até triplicar sua produção". Creio que o agronegócio concorda plenamente com a necessidade de eliminar o desmatamento ilegal em todos os biomas. Defende, porém, o desmatamento legal de áreas férteis sob cerrado, seguindo estritamente o novo Código Florestal. A solução do "desmatamento líquido zero" - desmatamento legal de áreas com aptidão agrícola compensado por reflorestamento incentivado de áreas sem aptidão - pode ajudar a resolver a questão.
A atualização dos indicadores de produtividade agrícola relacionados com o diagnóstico da função social da propriedade rural, que permitiria rápida desapropriação de terras nos casos previstos em lei ou prêmio para quem faz uso correto da terra.
A demarcação de terras indígenas e quilombolas, prevista na Constituição, mas que causa discórdias com os agricultores nas áreas onde há disputas.
Na minha modesta opinião, o programa atende às principais expectativas do agronegócio. Ele diz ainda que a agropecuária tem uma agenda própria, que será considerada pelo novo governo, reconhecendo-se a importância do setor para o País. Marina afirmou ainda que o programa divulgado é um "projeto em construção" que será revisado sempre que necessário (como, aliás, já o foi no fim de semana).
Precisamos acabar com a falsa dicotomia que tem colocado agricultura e meio ambiente em lados opostos. O agronegócio global só sobrevive com desenvolvimento sustentável. Ele terá de produzir alimentos, bebidas, têxteis, papel, borracha e bioenergia para mais 9 bilhões de habitantes em 2050. Terá de gerar renda para quem nele trabalha e enfrentar crescentes restrições de recursos naturais e clima.
O mundo deposita enorme esperança no Brasil para servir como exemplo global na conciliação de questões econômicas, sociais e ambientais na agricultura. Nossa História recente mostra que estamos em posição bem melhor do que qualquer outro país para dar esse salto. Ou seja, há muito mais convergências do que divergências entre as agendas do agronegócio moderno e a agenda de gestão sustentável dos recursos naturais proposta por Marina Silva.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: as propostas de politica economica dos tres principais candidatos - Rafael Hotz


Saiba o que pensam os 11 candidatos à presidência sobre economia
Rafael Hotz 
1 de setembro de 2014

Nesse texto iremos analisar as propostas macroeconômicas de todos os candidatos, mostrando quais são seus erros e virtudes. [NOTA PRA: só consideramos aqui os três primeiros, pois os demais são irrelevantes.]
As análises tomam como base os programas arquivados no site do TSE, exceto no caso de Marina Silva, para a qual consideramos o programa liberado em seu site de campanha no dia 29/08.
Focamos apenas nas propostas macroeconômicas por conveniência prática, uma vez que precisaríamos de um livro para cobrir todas as propostas econômicas (e as demais propostas). Os resultados da análise dizem respeito somente a esse tópico específico.
Fornecemos ainda um quadro resumo geral de cada candidato e um gráfico mostrando quão pró-empreendedorismo ou anti-empreendedorismo ele é.
As análises não representam preferência nem intenção de voto do analista (mesmo porque se trata de um único tópico dentre os demais relevantes para uma decisão). A ordem dos candidatos no texto é a mesma da pesquisa IBOPE de 27/8.
Gráfico Resumo
A escala do gráfico varia de “0” (status-quo = candidata do PT = Dilma) até “5” e –“5”.
Temos que “5” é igual ao candidato percebido na análise como o mais pró-empreendedorismo, e todos os candidatos percebidos como mais pró-empreendedorismo do que o status quo são comparados na escala de “0” a “5” com o candidato “5”. O procedimento análogo é feito com o candidato percebido como mais anti-empreendeorismo (igual a –“5”).
As escalas são subjetivas e deste analista unicamente. O “5” e o “-5” não possuem a mesma intensidade (são comparadas separadamente em relação ao “0”). O “5” e o “-5” não representam nem se comparam a um pró ou anti-empreendedorismo ideal. O gráfico não é um Diagrama de Nolan.
Percebemos que o candidato mais pró-empreendedorismo, dentre aqueles considerados mais pró-empreendedorismo do que o status quo, é o candidato Pastor Everaldo. Sua diferença percebida para os demais candidatos é grande somente em relação ao candidato Eymael.
Do outro lado, três candidatos anti-empreendeorismo são considerados do mesmo calibre no extremo, com pequena diferença para a candidata mais próxima. O candidato Levy Fidelix foi considerado do status quo.
Quadro Resumo



Análise das Políticas Macroeconômicas

1) PT – Dilma Rousseff
Começamos com o programa do PT. O documento arquivado na página do TSE não é um programa de governo dividido em tópicos, mas na verdade uma sopa de estatísticas, aspirações e louvores aos feitos de 12 anos de governo PT (sim, os marqueteiros do próprio PT consideraram estritamente necessário vincular Dilma a uma continuação do governo Lula da Silva).
O documento torna até difícil a comparação com as ideias e propostas dos demais, uma vez que o mesmo é majoritariamente escrito no tempo verbal passado e com diversos temas distintos intercalados. Ou seja, bagunçados como as contas públicas federais da gestão Rousseff. Assim sendo, um aperitivo:
“A política macroeconômica defendida nas campanhas eleitorais e executada nos governos do PT e dos partidos aliados é baseada na construção de condições para redução sustentável das taxas de juros; na flexibilidade da taxa de câmbio em patamares compatíveis com as condições estruturais do País; na inflação baixa e estável; no rigor da gestão fiscal; na ampliação do investimento público; no incentivo ao investimento privado e no fortalecimento das parcerias entre Estado e iniciativa privada.”
Olhando o retrovisor, conforme a equipe da Sra. Rousseff deseja, não nos surpreende a debandada de aliados propondo políticas econômicas agora opostas, como Pastor Everaldo e Marina Silva.
A taxa de juros nominal (SELIC) foi reduzida na canetada. Mas justamente pela falta de construção de condições (dentre elas, a redução dos gastos públicos), a mesma teve que ser elevada a patamares praticamente idênticos ao do início da gestão. E ainda sim a inflação supostamente baixa precisa ser manipulada com política tributária para bater no teto da meta…
O câmbio flutuante foi jogado fora. Os dizeres “patamares compatíveis com as condições estruturais do país” reforçam a tese de que o alto escalão do governo acredita que o câmbio deva ser desvalorizado para que supostamente a indústria nacional não quebre – como se a presença de diversos setores industriais em nossa área geográfica fosse o melhor para os consumidores. Ou então para que não haja um bicho papão chamado “doença holandesa”.
Só esqueceram-se de perguntar a qualquer indivíduo consumidor dentro das linhas imaginárias que compõem o Brasil se ele se incomoda ou não com a apreciação cambial, ou se ele se importa com as linhas imaginárias dentro das quais os produtos que ele consome foram produzidos.
O investimento público continua pífio, mesmo tendo havido a Copa (suposta desculpa para diversas obras urbanas superfaturadas) e a inclusão do Minha Casa Minha Vida nas rubricas. O investimento privado foi totalmente desincentivado com a incerteza regulatória gerada no governo Rousseff (vide setor elétrico).
As maravilhosas parcerias entre Estado e iniciativa privada nos brindaram, dentre outras dádivas, com os incríveis campeões nacionais que apenas perdem, além da crise do grupo X. Enfim, o parágrafo é um completo nonsense.
O parágrafo a seguir é o único que menciona a política macroeconômica no tempo verbal futuro.
“Um dos alicerces deste novo ciclo é o fortalecimento de uma política macroeconômica sólida, intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento econômico e social robusto e sustentável. Crescimento econômico estimulado pelo aumento da taxa de investimento da economia e pela ampliação de um mercado doméstico sólido e dinâmico, e que ocorra sem obstáculos, graças à expansão dos investimentos em infraestrutura. Prosperidade social que seja acompanhada pela geração de oportunidades para todos, por meio dos programas de inclusão dos historicamente excluídos e da educação para elevar a formação e a qualificação científica e técnica de nosso povo.”
Os assessores de Dilma continuam sem entender que, tudo mais constante, há um dilema econômico entre presente e futuro, entre mais consumo e mais investimento.
Mais consumo (“pela ampliação de um mercado doméstico”) significa menos recursos para financiar investimentos. Significa menos crescimento e, por consequência, menos consumo no futuro. Fazem isso há 12 anos (com maior intensidade nos últimos 6) e ainda não perceberam a ineficácia.
Como nada mais é dito no programa, podemos inferir que a proposta do PT se trata de mais do mesmo: o teto da meta de inflação é o alvo, o superávit primário foi descartado, as contas públicas são um labirinto e o câmbio flutuante foi banido.

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2) PSB – Marina Silva
O tardio documento da candidata relâmpago é aquele com o layout mais trabalhado, tendo 124 páginas, cores e divisão em seis eixos. Considerando ainda que a fonte é pequena e as folhas são duplas, é de dar medo: é muita vontade de criar novas regras e exercer poder!
Sua seção sobre economia ocupa 25 dessas páginas. O estilo de escrita, utilizando até gráficos, deixa clara a influência dos economistas associados, mais notadamente Eduardo Giannetti e André Lara Resende. E não só a escrita, como o diagnóstico dado para os problemas econômicos atuais e algumas frases em “economês” e de efeito, como por exemplo:
“Devidamente regulamentados, esses mercados promovem a alocação eficiente de recursos, a diversificação dos riscos, a redução dos custos de transação e a melhora dos padrões de governança corporativa.”
“O governo deixará de ser controlador dos cidadãos, para se tornar seu servidor. Deixará de ver o setor público como o criador da sociedade. O Estado tem de servir à sociedade, e não dela se servir.”
Legal, mas lembremos: falar até papagaio fala! E quem muito fala uma hora se enrola. Aliás, esse lembrete é o mais importante quando lemos o programa da Sra. Silva.
Parte do programa econômico versa sobre questões macroeconômicas, parte sobre questões microeconômicas, como por exemplo, política energética, e parte sobre coisas como economia de baixo carbono, preservação ambiental, desigualdade de renda e coisas do gênero. Comentaremos a parte macroeconômica, assim como algum outro tópico relevante.
“• Recuperar o tripé macroeconômico básico, que implica:
1) trabalhar com metas de inflação críveis e respeitadas, sem recorrer a controle de preços que possam gerar resultados artificiais, e criar um cronograma de convergência da inflação para o centro da meta atual;
2) gerar o superávit fiscal necessário para assegurar o controle da inflação − a médio prazo, os superávits devem ser não só suficientes como também incorporados na estrutura de operação do setor público, de tal maneira que possam ser gerados sem contingenciamentos.
3) manter a taxa de câmbio livre, sem intervenção do Banco Central, salvo as ocasionalmente necessárias para eliminar excessos pontuais de volatilidade, com vistas a sinalizar para o mercado que políticas fiscais e monetárias serão os instrumentos de controle de inflação de curto prazo.”
Ok, metas críveis e respeitadas, mas qual é a meta? Ao que parece é a meta atual de 4,5% mesmo… Nesse quesito é válida e Lei de Tiririca, pior que está não fica. Menos mal.
Ok, os superávits supostamente serão feitos, e mais para frente não haverá mais o golpe do contingenciamento de recursos, finalmente havendo um orçamento crível logo quando de sua elaboração? Ótimo, queremos ver.
Câmbio flutuante… Pera, câmbio que flutua, mas que quando eu quiser ele não flutua mais? Bom, a Lei de Tiririca é válida novamente, menos mal.
“• Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional, para que ele possa praticar a política monetária necessária ao controle da inflação. Como em todos os países que adotam o regime de metas, haverá regras definidas, acordadas em lei, estabelecendo mandato fixo para o presidente, normas para sua nomeação e a de diretores, regras de destituição de membros da diretoria, dentre outras deliberações. O modelo será mais detalhado após as eleições, com base em debates já avançados sobre o tema.”                                                                                                                                        
Um limite efetivo e real sobre o poder de atuação do Banco Central, no entanto, é muito mais importante do que independência operacional.
Um Banco Central comandado por analfabetos econômicos de forma operacionalmente independente, com poucas restrições à sua atuação, é muito pior do que um Banco Central cuja emissão de moeda é proibida por seu estatuto ou fixada a uma taxa muito baixa.
No mais, a equipe da Sra. Silva se esquivou. Possuem a desculpa da pressa de elaboração do documento e a candidatura inesperada.
“• Acabar com a maquiagem das contas, a fim de que elas reflitam a realidade das finanças do setor público.
• Reduzir a dívida modificada − definida como dívida bruta menos reservas −, evitando-se artifícios que contribuam para realizar gastos sem elevar o déficit primário ou o endividamento líquido do setor público.”
Contas públicas transparentes e sem truques é o bê-á-bá. Reduzir dívida bruta? Ok, mas como? Aumento de impostos? Ou corte de gastos? Ficamos esperando mais dicas…
“• Corrigir os preços administrados que foram represados pelo governo atual, definindo regras claras quando não existirem.
• Reduzir o nível de indexação da economia.”
A correção de preços administrados é algo que deve ser feito imediatamente, para que tenhamos noção do estrago feito por tal intervenção. Os setores afetados (principalmente gasolina e energia) precisam saber quanto vale seu produto e quanto se descapitalizaram com o experimento da gestão Rousseff. E de quebra precisamos saber qual foi a conta que deverá ser paga.
Quanto à indexação, ela será reduzida assim que o mercado passar a acreditar em cenários macroeconômicos mais previsíveis e com inflação mais baixa. Indexação nada mais é do que um hedge contra a inflação – qualquer pessoa racional irá utilizá-la enquanto houver inflação.
“• Criar o Conselho de Responsabilidade Fiscal (CRF), independente e sem vinculação a nenhuma instância de governo, que possa verificar a cada momento o cumprimento das metas fiscais e avaliar a qualidade dos gastos públicos. O propósito será acompanhar a execução do orçamento da União, aprovado pelo Congresso Nacional. Além de tratar do andamento de receitas e despesas ao longo do ano, este órgão deverá evoluir em direção à análise de horizontes mais longínquos e fornecer instrumentos para o planejamento público, de caráter transversal, a longo prazo. Os quadros desse conselho deverão ser escolhidos por critérios técnicos, com regras transparentes, estabelecidas em lei e aprovadas pelo Congresso.”
Poxa, temos TCU (Tribunal de Contas da União), CGU (Controladoria Geral da União), Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda e precisamos criar mais um órgão de controle fiscal para que haja controle das contas públicas? Tá de sacanagem né? É mais fácil reduzir a quantidade de dinheiro que passa por Brasília…
“Nossa coligação assume o compromisso de encaminhar ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional que reformule profundamente o sistema tributário orientada pelas seguintes diretrizes: não-aumento da carga, simplificação dos tributos, eliminação da regressividade, redução da taxação dos investimentos, justiça tributária, transparência e melhor repartição das receitas entre os entes federados.
Antes de tudo, cabe destacar o compromisso com a simplificação de impostos, contribuições e procedimentos das empresas. Reduzir o número de tributos e tornar mais simples seus cálculos e os procedimentos para recolhimento são princípios essenciais da reforma.”
Mais acima notamos que a equipe da Sra. Silva quer reduzir a dívida bruta (aumentar o superávit primário). Agora diz que não pretende aumentar impostos. Só não li em parte alguma que pretendem reduzir gastos! Redução no programa, apenas de emissões de carbono… Quem muito fala acaba se entregando…
Eliminar regressividade combinada com a redução de taxação de investimentos (pessoa jurídica) e manutenção da carga tributária só pode significar uma coisa: as alíquotas mais altas do IRPF subirão e tributos indiretos cairão! E não se surpreendam se um “imposto sobre grandes fortunas” aparecer…
Sim, poderia ser pior: todos poderiam pagar mais os impostos para fazer superávit primário. Mas também poderia ser melhor: os impostos poderiam cair para todos, assim como a regressividade, caso os gastos públicos caíssem. Mas o programa não prevê explicitamente corte de gastos…
No mais, simplificação de tributos é bom, todos prometem, mas ninguém nunca consegue fazer. Menos mal.
“Resumidamente, alguns problemas do mercado de crédito atual devem ser resolvidos em nosso governo. São eles: 1) subsídios não transparentes ao crédito; 2) acesso discricionário para as grandes empresas a partir de bancos públicos; 3) custo do crédito muito elevado, especialmente para a população mais pobre.
O último item merece análise mais detida. O Brasil trabalha com elevados spreads bancários – spread é diferença entre as taxas de juros cobradas de tomadores de crédito e as pagas a quem investe dinheiro no banco. Os motivos principais disso são: impostos altos, regulação inadequada, taxa básica de juros quase sempre elevada e baixo nível de informação sobre potenciais tomadores de crédito.”
Um adendo: a equipe de economistas da Sra. Silva está errada quando diz que a taxa básica elevada é causa do spread alto, quando o próprio spread é a diferença entre a taxa básica paga e a taxa cobrada na ponta.
Por regulação inadequada espero que a equipe da Sra. Silva lembre das regulações bancárias de Basiléia, que isentam os títulos públicos de requerimentos de capital e oneram o crédito ao setor privado. Além disso, eu acrescentaria falta de competição: mas para isso é necessário políticas macroeconômicas estáveis que permitam vinda de recursos do exterior…
“Diante desses problemas, devemos caminhar gradualmente para um sistema no qual o crédito público para empresas seja complementar, e não inibidor do sistema de crédito privado, focando em negócios com as seguintes características: 1) empresas pequenas e nascentes; 2) projetos inovadores ou com alto impacto social; 3) projetos de maturação muito longa que exijam alto volume de recursos, como obras de infraestrutura.”
Em outra oportunidade, criticamos justamente um bem intencionado economista mainstream que defendia direcionamento de crédito público para estas atividades. Repetindo, falar em subsídios para a “inovação” ignora o fato básico de que os recursos são escassos, e um dado nível de renda e consumo demanda uma determinada previsibilidade de oferta.
No mais, a atividade empresarial nada mais é do que inovação constante. O combustível para essa inovação consiste nos lucros potenciais gerados ao atender eficientemente demandas de consumidores até então não atendidas ou demandas sequer concebidas.
A inovação pode vir de qualquer empresa, nova ou velha, pequena ou grande. Para haver inovação, basta haver ausência de barreiras legais para empreender. Se a gestão Rousseff errava para um lado, a equipe da Sra. Silva parece querer errar para outro. Small not always is beautiful.
“Os subsídios ao crédito agropecuário e aos programas de habitação popular deverão continuar, mas com maior participação dos bancos privados, evitando subsídios não computados e ineficiências na alocação. A transição deve ser gradual, para que não se provoque redução de investimentos, quando o objetivo é ampliá-los. Nessa perspectiva, pretendemos desenhar um sistema de incentivos para investimentos em debêntures, propiciando mais fontes de crédito acessíveis ao setor privado (por exemplo, alterando a regulação de fundos de pensão), e para empréstimos de longo prazo dos bancos privados para empresas.”
Mais do mesmo? Ademais, como se quer evitar ineficiências na alocação de recursos quando está se fazendo algo que por si só é ineficiente – dando um subsídio?
“Quanto ao custo do crédito, é possível reduzi-lo, especialmente para as camadas mais pobres da população, atuando ao mesmo tempo sobre as várias causas do alto spread. Propomos a redução de impostos, em particular a eliminação do IOF sobre empréstimos, e do nível de reservas compulsórias. Além disso, reformularemos o mercado de crédito de tal forma que, gradualmente, se eliminem os direcionamentos obrigatórios, e regulamentaremos a garantia guarda-chuva (na qual um mesmo bem garante todas as operações de crédito de um cliente, o que gera impacto importante nos juros do cartão de crédito e do cheque especial) e o cadastro positivo.”
A equipe da Sra. Silva quer reduzir os depósitos compulsórios sobre que tipo de depósito? Depósitos à vista são contratos de custódia e deveriam possuir compulsório de 100%, para que não houvesse reservas fracionárias. Já os depósitos a prazo e depósitos em poupança não deveriam ter compulsório, uma vez que consistem em contratos de empréstimo, ao menos em teoria [1].
No mais, o fim dos direcionamentos obrigatórios é um must e afetará diretamente as taxas de juro livre. Mais sobre isso ao comentar outros candidatos…
Em linhas gerais, podemos ver o programa da candidata Sra. Silva como uma tentativa de volta ao primeiro governo Lula, adicionando uma disposição para reformas microeconômicas… A ela resta o benefício da dúvida…

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3) PSDB – Aécio Neves
O programa do candidato Sr. Neves também é um documento dividido em tópicos, facilitando o trabalho do leitor. O programa ainda é claro no que diz respeito às propostas. Vamos a elas.
“1. Autonomia operacional ao Banco Central, que irá levar a taxa de inflação à meta de 4,5% ao ano. Uma vez atingida, a meta será reduzida gradualmente, assim como a banda de flutuação, atualmente em mais ou menos 2%. O Banco Central deverá também suavizar as flutuações do ciclo econômico e zelar pela estabilidade financeira.”
O PSDB ao menos se compromete formalmente em restaurar os pilares macroeconômicos básicos que foram utilizados no período de estabilidade (2003 até 2010). Reduzir a tolerância à inflação de preços é algo positivo, bem como a redução da banda de flutuação do regime de metas.
Ainda sim, o programa é muito tímido do ponto de vista da Escola Austríaca. Considerando tudo mais constante, a inflação de preços é causada pelo aumento na oferta monetária, esta efetuada pelo Banco Central e pelo sistema de reservas fracionárias nos bancos comerciais, o qual o primeiro é capaz de influir.
Um programa que realmente quisesse promover estabilidade macroeconômica deveria inicialmente congelar a base monetária, o que implicaria no fim da emissão de moeda pelo Banco Central. Isto implicaria no fim da compra de dívida pública por parte do Banco Central (calote inflacionário).
Numa economia que cresce, os preços caem conforme as coisas se tornam mais abundantes. Não deveria haver piso positivo para a meta de inflação de preços – de fato, sequer deveria haver uma meta de inflação de preços!
Tudo mais constante, como consequência, teríamos um câmbio continuamente em apreciação, uma vez que os demais governos continuam a imprimir moeda e desvalorizar seu câmbio. O ganhador seria o brasileiro comum, que veria cada vez mais ampliado seu acesso a bens e serviços importados, melhorando seu padrão de vida.
As indústrias teriam acesso a insumos baratos advindos do exterior. Os setores mais eficientes seriam os que sobreviveriam. Os setores não competitivos iriam à falência, porém isto é algo positivo: os insumos até então utilizados por eles ficariam à disposição de outros setores, possibilitando um aumento de produção sem pressão nos custos.
“2. Geração de um superávit primário suficiente para, gradualmente, reduzir as dívidas líquida e bruta em comparação ao PIB. Este superávit poderá ser ajustado para refletir o movimento cíclico da economia.”
Aos leigos: superávit primário é quanto o setor público poupou para pagar dívida. Sem ele, caso o governo arrecade menos do que gasta (a norma), o governo terá que confiscar recursos via emissão de moeda (inflação) ou postergar o problema via emissão de mais dívida pública.
O programa é bem vindo no sentido de que propõe reduzir a divida bruta em relação ao PIB. No entanto, o programa é muito tímido e pouco claro caso seja criticado do ponto de vista da Escola Austríaca.
O suposto gradualismo confere uma discricionariedade muito grande ao governo. Ele pode aumentar pouco ou até mesmo não aumentar o superávit caso julgue adequado.
Uma “adequação cíclica” do superávit implica duas coisas. A primeira é não entender como se dão os ciclos econômicos. Os mesmos são iniciados com a emissão de moeda por parte do próprio sistema bancário, gerando inicialmente uma falsa sensação de prosperidade.
Com mais moeda no sistema, as taxas de juro são artificialmente deprimidas e a inflação de preços começa a aparecer. A dívida pública é monetizada, os poupadores são confiscados e o governo ganha mais acesso a recursos. O ciclo econômico é justamente a morfina que permite ao governo gastar mais e sair impune. Ou seja, confunde-se causa com consequência.
A segunda é crer que um aumento no déficit público pode ser algo bom, dependendo das circunstâncias.
Déficit público mais elevado significa drenar recursos do setor privado em direção ao governo. É simplesmente nonsense acreditar que num momento de dificuldades pode ser eficaz enviar recursos a uma entidade necessariamente ineficiente, que não efetua cálculo econômico racional (não é capaz de destinar recursos para produzir sem desperdícios aquilo que mais se demanda).
“3. Inclusão, no cálculo dos gastos públicos do governo, de todas as despesas, subsídios e desonerações, sem uso de quaisquer artifícios. Esta é uma necessidade absoluta para a construção de um regime macroeconômico robusto. Mais do que isso, é também uma condição básica para o funcionamento de uma democracia, que não admite espaços para gastos públicos extra orçamentários.”
Aqui estamos de acordo. A contabilidade criativa instaurada na gestão Rousseff gera incerteza regulatória e afasta investimentos. O próprio governo deveria entender que ao tentar “ser malandro” ele afasta compradores de sua própria dívida, tendo que pagar um prêmio adicional para captar recursos junto ao mercado.
“4. Criação de ambiente de segurança jurídica, com respeito aos contratos, e de atração de investimentos para o país.”
De acordo. A Incerteza regulatória instaurada na gestão Rousseff afasta investimentos e reduz o crescimento. Trata-se do bê-á-bá.
“5. Minucioso esforço de acompanhamento e avaliação do gasto público, que dê transparência ao processo e permita o contraditório.”
Acompanhar, avaliar, isso todo mundo faz. E quanto a cortar? Seria esse o “contraditório”? Seria medo do PSDB em falar aquilo que quer fazer? Ou eles sequer têm algo a prometer quanto a isso?
No mais, reduzir gastos públicos é essencial. Significa que o governo poderá emitir menos moeda, arrecadar menos impostos e emitir menos dívida. Significa taxas de juro mais baixas e mais dinheiro no bolso do brasileiro. Ao menos não deixam explícito que vão aumentar. Mas nunca duvide…

[NOTA PRA: o texto continua na análise das propostas econômicas dos candidatos nanicos, mas não há necessidade de considerá-las, mesmo se as propostas possam apresentar algum valor intrínseco – como por exemplo, o liberalismo de fachada do Pastor Everaldo, que acredito nem ele saiba bem o que é – pois eles não têm nenhuma chance de influenciar as políticas econômicas.]

Eleicoes 2014: ate Lula seria batido por Marina - Leandro Mazzini

A rejeição chegou a cavalo...
Paulo Roberto de Almeida 

COLUNA ESPLANADA

Até Lula é batido por Marina

A onda Marina está crescendo, e Lula sabe que não é só Dilma em risco: é todo o projeto de poder do PT

por Leandro Mazzini

fonte | A A A
O Plano B de parte do PT com o ‘Volta, Lula!’ está enterrado. A cúpula do PT encomendou sigilosamente uma pesquisa há poucos dias, para ‘consumo interno’, incluindo Lula no lugar de Dilma Rousseff na disputa presidencial, contam à Coluna fontes ligadas aos dois. Os números são assustadores para o partido: Marina também empata com Lula, dentro da margem de erro, mas com chances de vencer. Pela Lei Eleitoral, Dilma pode ser substituída até 20 dias antes da eleição.
Turma do contra


É a turma do ‘Volta, Lula!’, que nunca gostou de Dilma, quem voltou a patrocinar dentro do PT o discurso de que é hora de pensarem em Lula na disputa.

Leandro Mazzini é escritor e colunista do Opinião e Notícia
Projeto em risco
Lula está reticente, como sempre se mostrou até meses atrás. Mas com a onda Marina crescendo, ele sabe que não é só Dilma em risco: é todo o projeto de Poder do PT.
Silêncio
Por ora a Coluna não teve acesso aos números. Procuradas sobre detalhes e se foi registrada no TSE, as assessorias do PT e do comitê de Dilma não confirmaram.
O Gigante..
Marqueteiros, em especial os de Marina (PSB), acordaram: O Gigante adormecido desde junho de 2013 despertou. Para eles, é este Gigante, sem cara, mas com milhares de cabeças e votos, quem está reconhecendo em Marina a sua representante e a fez crescer nas pesquisas. É o alto contingente que aparecia indeciso nas sondagens.
..acordou
Para os analistas, os adversários que se cuidem e tratem de acalmá-lo, com propostas concretas e viáveis. Marina que se cuide para domá-lo, já que está com as rédeas por ora, porque o Gigante tem a mão pesada. Em especial na hora do voto.
Onda de azar
Não é só o efeito Marina. A situação ficou feia para Aécio Neves até em Minas Gerais, onde saiu com 92% de aprovação do governo. Pesquisa DataTempo aponta queda do tucano de 41,2% para 26,5%! Dilma passou a liderar com 36,1%. Marina em 20%.
Plágio
Dilma promete na TV criar milhares de clínicas para atendimentos. É versão da UPA criada pela prefeitura de SP e governo do Rio, para aliviar as emergências dos hospitais.