Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Ex-presidente Lula revelou curiosa cena em 2002 com o líder cubano Fidel Castro (Fonte: Reprodução/Instituto Lula)
Na coletiva a blogueiros amigos na quarta, o ex-presidente Lula
revelou curiosa cena com o líder cubano Fidel Castro. Em 2002, Lula o
visitou em Havana e Fidel o interpelou: “Me dizem que o PT acabou e que
não ganha mais eleição”. O Barba retrucou. E no ano seguinte venceu para
presidente da República. Resultado: hoje, o PT banca a dinastia Castro.
Só para o programa Mais Médicos foram destinados, até final de 2015,
mais de R$ 3 bilhões a uma Organização Social ligada ao Governo Hermano.
Uma comédia de erros, como se diz: os keynesianos de botequim do primeiro mandato não poderiam ter feito demagogia barata, desonerando apenas alguns setores e não toda a indústria, ou toda a economia. Quiseram ganhar votos em setores com dificuldades de competição interna (já nem digo externa, pois isso já se foi) e fizeram essas medidas meia-boca.
O atual ministro, preocupado apenas com o ajuste fiscal, tenciona retroceder nos "privilégios", acordados, retirando os benefícios, e aumentando a taxação sobre o valor agregado da produção -- em lugar das contribuições sobre a folha de pagamentos -- dos atuais 1% para 2,5%, o que é, como todo mundo pode reconhecer, uma "traição" tremenda sobre o que tinha sido combinado. Então os setores fazem um esforço de passar de um sistema a outro, sem saber exatamente qual planilha de cálculos estava envolvida nas simulações do governo -- e sem saber, eles mesmos, qual dos dois sistemas, o das contribuições laborais ou o da taxa sobre o valor agregado era o mais favorável, ou será agora, com esse aumento de 150% sobre o peso combinado -- e agora se deparam com mais uma extorsão do governo?
Isso não é governo. É governar por puxadinhos e improvisações, e o ministro Levy está apenas olhando a arrecadação, sem se preocupar em dar início a um processo de reformas estruturais que deveriam, necessariamente, redundar numa diminuição do peso do Estado na economia. Ele apenas quer manter o Estado funcionando, voltando aos mesmos níveis de arrecadação de antes dos puxadinhos dos keynesianos de botequim.
Estamos no limiar de uma crise depressiva sem precedentes, pois dois poderes, a Fazenda e a Câmara dos Deputados, estão atuando em direções diametralmente opostas, o que vai aprofundar a estagnação da economia brasileira.
Está na hora de começar tudo de novo, e de revisar profundamente a Constituição brasileira.
Paulo Roberto de Almeida
Ministro Joaquim Levy e vice-presidente Michel Temer (Fonte: Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Coluna Esplanada
O ‘não’ de Levy para Temer
Em viva-voz, ministro da Fazenda disse um
baita ‘não’ a um pedido do vice-presidente, que recebia dez senadores no
Palácio do Jaburu na última quarta
por Leandro Mazzini
Um episódio constrangedor para o vice-presidente Michel Temer,
na última quarta, revela o poder dos empresários de transporte coletivo e
o esforço descomunal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pelo ajuste
fiscal. Em viva-voz, Levy disse um baita ‘não’ a um pedido de Temer, que
recebia dez senadores no Palácio do Jaburu. Os senadores queriam que o
Governo mantivesse a desoneração das alíquotas da folha de pagamento
para transportes. Temer ligou na hora para Levy, e ouviu o ‘fora’. Saída elegante Constrangido e vermelho de raiva, o vice-presidente desligou e
afirmou que enviaria uma MP de desoneração do setor para a Câmara. Rifado Não foi preciso. O Senado aprovou na mesma noite a proposta da
Câmara, mantendo a desoneração para o setor. Mas o episódio marcou como
Levy tem sido rifado. Balela Os senadores, pressionados pelos donos de empresas de ônibus, alegam
que a oneração da folha pode aumentar o preço da passagem. Puro
‘terrorismo’.
O Plano B de parte do PT com o ‘Volta, Lula!’ está enterrado. A cúpula do PT encomendou sigilosamente uma pesquisa há poucos dias, para ‘consumo interno’, incluindo Lula no lugar de Dilma Rousseff na disputa presidencial, contam à Coluna fontes ligadas aos dois. Os números são assustadores para o partido: Marina também empata com Lula, dentro da margem de erro, mas com chances de vencer. Pela Lei Eleitoral, Dilma pode ser substituída até 20 dias antes da eleição.
Turma do contra
É a turma do ‘Volta, Lula!’, que nunca gostou de Dilma, quem voltou a patrocinar dentro do PT o discurso de que é hora de pensarem em Lula na disputa.
Leandro Mazzini é escritor e colunista do Opinião e Notícia
Projeto em risco
Lula está reticente, como sempre se mostrou até meses atrás. Mas com a onda Marina crescendo, ele sabe que não é só Dilma em risco: é todo o projeto de Poder do PT.
Silêncio
Por ora a Coluna não teve acesso aos números. Procuradas sobre detalhes e se foi registrada no TSE, as assessorias do PT e do comitê de Dilma não confirmaram.
O Gigante..
Marqueteiros, em especial os de Marina (PSB), acordaram: O Gigante adormecido desde junho de 2013 despertou. Para eles, é este Gigante, sem cara, mas com milhares de cabeças e votos, quem está reconhecendo em Marina a sua representante e a fez crescer nas pesquisas. É o alto contingente que aparecia indeciso nas sondagens.
..acordou
Para os analistas, os adversários que se cuidem e tratem de acalmá-lo, com propostas concretas e viáveis. Marina que se cuide para domá-lo, já que está com as rédeas por ora, porque o Gigante tem a mão pesada. Em especial na hora do voto.
Onda de azar
Não é só o efeito Marina. A situação ficou feia para Aécio Neves até em Minas Gerais, onde saiu com 92% de aprovação do governo. Pesquisa DataTempo aponta queda do tucano de 41,2% para 26,5%! Dilma passou a liderar com 36,1%. Marina em 20%.
Plágio
Dilma promete na TV criar milhares de clínicas para atendimentos. É versão da UPA criada pela prefeitura de SP e governo do Rio, para aliviar as emergências dos hospitais.
Cobrado pelos parlamentares, em audiência pública, sobre a notícia de que o ex-embaixador na Venezuela voltou para Brasília ameaçado de morte, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo desconversou na Comissão de Relações Exteriores da Câmara e blindou o José Marcondes de Carvalho.
A revelação da Coluna mexeu com o Itamaraty, que nega veemente a informação. Mas a Coluna ratifica: Marcondes voltou em Outubro, três anos antes do estipulado, porque sua esposa recebeu ameças de morte. Ela é uma artista plástica peruana crítica do governo Nicolas Maduro.
Para os deputados, o chanceler avisou que é difícil apurar a denúncia sem ter provas contundentes. Obviamente. Marcondes é alinhado ao regime Chavizta, e a esposaagora tem medo de se expor.
Curiosamente, num ato sem precedentes e visto como tentativa de evitar a investigação no Congresso Nacional, o Itamaraty resolveu agraciar com a Medalha Rio Branco o presidente da Comissão na Câmara, deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Barbosa foi avisado da honraria no dia em que a coluna revelou o caso – o mesmo dia em que houve a cerimônia no Ministério das Relações Exteriores. Outros agraciados receberam o aviso sobre a comenda com mais de 30 dias de antecedência.
Na quarta-feira que vem, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara volta a debater a Venezuela. Vai receber a jornalista Vanessa Silva (Globovisión) e a deputada cassada (na canetada) Maria Corína Machado.
O MEDO DA VOLTA
O Congresso quer dar salvaguarda oficial ao retorno dos três líderes estudantis venezuelanos a Caracas. O senador Álvaro Dias e o deputado Mendonça Filho orientaram os jovens Euzebio Lovera (22), Gabriel Perez (23) e Vicente D’arago (20) a procurarem abrigo na Embaixada em Caracas no sábado, quando retornam ao país. O trio venezuelano passou por Brasília ontem e quarta para denunciar violação dos direitos humanos por parte do governo Nicolas Maduro e da polícia. Foram assassinadas 44 pessoas em protestos pacíficos nos últimos meses. Cinco líderes estudantis viriam a Brasília. Na terça um deles recebeu ameaça de morte e ficou. E outro foi detido pelo serviço de inteligência no Aeroporto de Caracas. O trio que viajou driblou o governo porque embarcou como turista, não como estudante.
E já que estamos falando de droga, tem algumas que viajam de primeira classe, e pretendem entrar sem controle, ou melhor, com todos os privilégios e imunidades da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Vai ser preciso atualizar esse velho instrumento (1962, se não me engano) das relações internacionais...
Paulo Roberto de Almeida
O segredo da mala
PF deteve um portador de mala diplomática sob forte suspeita de carregamento de cocaína
por Leandro Mazzini
Um incidente em Brasília é digno de script hollywoodiano.
Acionada no desembarque do Aeroporto Internacional, a Polícia Federal
deteve um portador de mala diplomática, de origem de país sul-americano,
sob forte suspeita de carregamento de cocaína. Malas diplomáticas têm
passe livre e não podem ser abertas, mas a PF não liberou a entrada do
material. O Itamaraty entrou no circuito e autorizou o desembarque do
rapaz, que descobriu-se depois ser namorado do filho do embaixador
hermano. Abafa
O episódio ocorrido nesta semana ficou oficioso, não registrado nos
autos da PF e do Itamaraty, para evitar constrangimentos e crise entre
os dois países. Volta pra casa
As autoridades brasileiras não deixaram barato: no reenvio da mala
para o aeroporto de origem, avisaram da suspeita da droga. Mas o
desembarque ficou um mistério. O bem-vindo
O embaixador e o filho enamorado foram parar no aeroporto. Diplomatas
convenceram a PF a liberar o passageiro. Pois não havia prova de que
sabia do conteúdo. O Mala
Caiu o conceito da Embaixada em Brasília. O rapaz envolvido é tratado
como “O Mala diplomático”. Como o caso é oficioso, a coluna preserva os
envolvidos.