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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Integracao sul-americana (da droga), 2 - na mala diplomatica? - Opiniao e Noticia

E já que estamos falando de droga, tem algumas que viajam de primeira classe, e pretendem entrar sem controle, ou melhor, com todos os privilégios e imunidades da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Vai ser preciso atualizar esse velho instrumento (1962, se não me engano) das relações internacionais...
Paulo Roberto de Almeida

O segredo da mala

PF deteve um portador de mala diplomática sob forte suspeita de carregamento de cocaína

por Leandro Mazzini
Um incidente em Brasília é digno de script hollywoodiano. Acionada no desembarque do Aeroporto Internacional, a Polícia Federal deteve um portador de mala diplomática, de origem de país sul-americano, sob forte suspeita de carregamento de cocaína. Malas diplomáticas têm passe livre e não podem ser abertas, mas a PF não liberou a entrada do material. O Itamaraty entrou no circuito e autorizou o desembarque do rapaz, que descobriu-se depois ser namorado do filho do embaixador hermano.
Abafa
O episódio ocorrido nesta semana ficou oficioso, não registrado nos autos da PF e do Itamaraty, para evitar constrangimentos e crise entre os dois países.
Volta pra casa
As autoridades brasileiras não deixaram barato: no reenvio da mala para o aeroporto de origem, avisaram da suspeita da droga. Mas o desembarque ficou um mistério.
O bem-vindo
O embaixador e o filho enamorado foram parar no aeroporto. Diplomatas convenceram a PF a liberar o passageiro. Pois não havia prova de que sabia do conteúdo.
O Mala
Caiu o conceito da Embaixada em Brasília. O rapaz envolvido é tratado como “O Mala diplomático”. Como o caso é oficioso, a coluna preserva os envolvidos.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Hugo Chavez no Mercosul: um novo produto no comercio regional?

Perdão: deveria ser a Venezuela no Mercosul, mas é que uma coisa se confunde tanto com a outra que acabamos confundindo todos. Mais confusos ficamos, ainda, com as notícias sobre o trânsito de drogas pela Venezuela, majoritariamente voltada para o norte, mas eventualmente podendo dirigir-se também ao Brasil, como já acontece com o produto boliviano, talvez tão importante quanto na balança bilateral e na composição do comércio livre do Mercosul.
Se considerarmos que a Venezuela é muito maior e tem mais dinheiro do que a Bolívia, a situação pode ficar realmente crítica.
Em todo caso, bem-vindo ao Mercosul...
Quem? Ou o quê?
Não importa, vocês saberão distinguir uma coisa da outra e não ficar tão confusos quanto eu...
Paulo Roberto de Almeida


O que Chávez esconde

Editorial, O Estado de S.Paulo, 31 de julho de 2012 
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou ontem ao Brasil para a cerimônia, hoje em Brasília, na qual seu país será calorosamente recebido como sócio pleno do Mercosul. O esforço do Brasil para incluir a Venezuela - numa manobra à revelia do Paraguai, que, como se sabe, foi colocado de castigo por ter afastado seu presidente conforme manda a Constituição - vai premiar um governo que, além de autocrático, tem uma sinistra relação com o negócio das drogas, como mostra reportagem do New York Times (27/7).
Chávez tem se jactado de ser um campeão na luta contra o narcotráfico. Ele diz que seus soldados destruíram pistas para transporte de drogas, que laboratórios clandestinos foram desmontados e que muita pasta de coca foi apreendida. Além disso, a seu pedido, foi aprovada uma lei que, em tese, facilita a interceptação de aviões dos narcotraficantes. O New York Times, porém, revela que o narcotráfico não só vai muito bem na Venezuela, como o país cedeu um pedaço de território para que as Farc, a narcoguerrilha colombiana, atuem sem serem incomodadas.
A Venezuela responde por nada menos que 24% do trânsito da cocaína sul-americana destinada aos EUA, segundo um relatório americano. Na região onde as Farc intermedeiam a passagem da droga que vem da Colômbia, o New York Times constatou que as pistas destruídas na alardeada ação do Exército foram todas recuperadas pelos narcoguerrilheiros, porque os soldados não tomaram nenhuma medida para evitar sua rápida reconstrução. Ou seja: a ação contra o tráfico serviu apenas para a foto que interessava a Chávez.
Mais da metade da cocaína que transita pela Venezuela passa pelo Estado de Apure, na fronteira com a Colômbia, desde que Chávez interrompeu oficialmente sua colaboração com o governo americano no combate às drogas, em 2005. Em boa parte dessa região, o controle das Farc é absoluto. Moradores contam que os narcoguerrilheiros praticam extorsão e ocupam propriedades. E os venezuelanos dizem ter medo de denunciar a atividade criminosa às autoridades porque sabem que há conluio entre elas e as Farc.
Esse receio tem fundamento, segundo a Casa Branca. Para Washington, a "permissividade corrupta" do governo venezuelano dá total liberdade de ação para o narcotráfico. Mas a promiscuidade é ainda mais profunda, porque altos funcionários chavistas estão envolvidos até o pescoço com as Farc.
Dois ex-magistrados venezuelanos, Eladio Ramón Aponte Aponte e Luis Velásquez Alvaray, vêm contando detalhes sobre essa relação. Aponte, que foi presidente da Suprema Corte e um dos homens fortes do regime chavista, acusou quase toda a cúpula do poder venezuelano, abaixo de Chávez, de fazer parte de uma grande rede sul-americana de narcotráfico.
Velásquez Alvaray, por sua vez, afirmou que a Venezuela recebe da China armas e equipamentos militares como forma de pagamento por petróleo e que uma parte desse arsenal vai para as Farc. A operação, segundo ele, é comandada por Hugo Carvajal - atual vice-ministro do Interior, recém-nomeado por Chávez justamente para o combate às drogas. O Departamento do Tesouro americano afirma que Carvajal é importante colaborador da operação de narcotráfico das Farc. Além dele, o ministro da Defesa venezuelano, Henry Rangel Silva, também é acusado por Washington de ajudar a guerrilha colombiana a traficar cocaína. Com gente desse naipe em funções tão estratégicas, não admira que as Farc controlem tranquilamente uma parte do território venezuelano e tenham total liberdade para fazer dali sua plataforma de negócios ilícitos.
Mas o chavismo não se envergonha disso. Ao contrário: um dos líderes das Farc, Iván Ríos, disse que o narcotráfico, principal fonte de financiamento da guerrilha, era uma forma de "resistência à opressão", uma maneira de confrontar o capitalismo do "império". É desse gangsterismo dialético que se alimenta o projeto "bolivariano".
A realidade é que o Mercosul, cujas normas demandam democracia e transparência, está se abrindo a um país cujo governo tem dado reiteradas mostras de que tem muito a esconder.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A morte que vem dos ares: que tal na luta contra os carteis de drogas?

Matérias do Washington Post desta sexta-feira, 28/10/2011, confirmando a importância dos drones na luta antiterrorista no Oriente Médio e na África.
Talvez devessem pensar na mesma tática contra os barões mexicanos do tráfico de drogas...


The Air Force has been secretly flying armed Reaper drones on counterterrorism missions from a remote civilian airport in southern Ethi­o­pia as part of a rapidly expanding U.S.-led proxy war against an al-Qaeda affiliate in East Africa, U.S. military officials said.
The Air Force has invested millions of dollars to upgrade an airfield in Arba Minch, Ethi­o­pia, where it has built a small annex to house a fleet of drones that can be equipped with Hellfire missiles and satellite-guided bombs. The Reapers began flying missions earlier this year over neighboring Somalia, where the United States and its allies in the region have been targeting al-Shabab, a militant Islamist group connected to al-Qaeda.
(Craig Whitlock)

A pair of U.S. missiles killed two al-Qaeda operations planners in Pakistan’s northwestern tribal region this month, part of a 48-hour fusillade that also killed another al-Qaeda operative and a top deputy in the militant Haqqani network, U.S. officials confirmed Thursday.
The deaths were disclosed on the same day that a suspected CIA drone killed five leaders of a Pakistani Taliban unit linked to attacks on international forces in Afghanistan, according to local authorities in Pakistan. The Thursday strike brought to five the number of U.S. missile attacks in the lawless tribal area since Oct. 1.

SANTIAGO DE LOS CABALLEROS, Mexico — He was the barefoot son of a peasant who became one of the richest moguls in the world, a billionaire entrepreneur with a third-grade education. He controls a vast drug distribution empire that spans six continents, but he still carries his own AK-47. He is generous and feared, a mass murderer and a folk hero. He is a ghost who has become a legend.
(William Booth)

sábado, 9 de julho de 2011

Wikileaks Brasil-Bolivia: cultivando amizades (e outras coisas tambem)

There is no need to add any comment...

09LAPAZ1233
admin
222441 8/26/2009 21:06 09LAPAZ1233 Embassy La Paz CONFIDENTIAL

C O N F I D E N T I A L LA PAZ 001233
SIPDIS

E.O. 12958: DECL: 08/24/2019
TAGS: PREL, PHUM, PGOV, ETRD, ENRG, PINR, BR, BL

SUBJECT: BOLIVIA: BRAZIL’S LULA BACKS MORALES FOR RE-ELECTION
Classified By: Charge d’Affaires John Creamer, reasons 1.4 b,d

1. (C) Summary: At an open-air event August 22 in one of Bolivia’s principal coca-growing regions, Brazilian President Lula da Silva delivered a public endorsement of Bolivian President Evo Morales, reflecting Brazil’s conclusion that Morales’ re-election is all but inevitable. Lula and Morales signed several bilateral agreements, including over 300 million dollars in Brazilian financing for Bolivian road construction, and began discussions to revise their gas contract to reflect lower Brazilian demand. Lula offered to eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, a move hailed by both sides as compensation for export losses stemming from removal of U.S. ATPDEA trade preferences. Lula and Morales discussed counter-narcotics cooperation, including the pending transfer of Bell-UH helicopters to Bolivia, and the upcoming Unasur summit review of the U.S.-Colombian defense agreement (with Morales more worked up about the issue than ever, despite Lula’s emphasis on dialogue). The Brazilian president queried Morales privately about his relations with the U.S., which prompted a lengthy anti-American diatribe. End summary.

2. (C) Presidents Lula and Morales met August 22 amid a festive atmosphere in Bolivia’s Chapare region, a major coca-growing center and Morales’ home base. With at least 10,000 cocaleros and other Morales supporters in attendance, the two presidents took turns lavishing praise on each other; Morales hailed Lula as a fellow man of the people, while Lula compared Morales to Nelson Mandela. At the stadium event, which resembled a campaign rally as much as a summit meeting, the Brazilian president declared that Morales had begun a new era, confronting the anger of the “powerful,” but also counseled his counterpart to govern on behalf of all Bolivians and to favor dialogue.

3. (C) Those gathered at the event witnessed the signing of four bilateral agreements, among them one establishing over 300 million dollars in Brazilian financing for a 300 km highway extending north from the meeting site (which will be constructed by the Brazilian firm OAS). The other agreements concerned enhanced cooperation in humanitarian assistance/disaster relief, professional education, and scientific research aimed at developing lithium reserves in Bolivia’s Uyuni salt plain (with an explicit provision that industrial development will be “100 percent Bolivian”).

4. (C) The Bolivians highlighted their interest in amending their current gas contract with Brazil, hoping to revise the minimum purchase quantities (currently at 24 million cubic meters per day) given reduced Brazilian demand. According to the Bolivian state gas entity YPFB and the Brazilian embassy here. Bolivia prefers an arrangement that better reflects Brazil’s actual requirements, which would free up gas for domestic needs and possible additional sales to Argentina. Presidents Lula and Morales reached no conclusions on gas (the Brazilians did not include their energy representatives in the August 22 meetings), but agreed to hold another bilateral summit in the next two-to-three weeks in Brazil, dedicated entirely to the energy issue.

5. (C) President Lula announced that Brazil will eliminate tariffs on up to 21 million dollars of Bolivian textile exports, which both he and Morales characterized as making up for the losses suffered by withdrawal of ATPDEA (Morales welcomed the offer as an “ATPDEA without conditions”). Although Lula claimed that the amount was exactly what was lost in U.S. trade, textile trade associations here quickly noted that their exports under ATPDEA were several times greater than that (65 million dollars was the most commonly-cited estimate, which tracks roughly with our figures), and that there’s no Brazilian market for heavy wool alpaca textiles. Nevertheless, the offer made big headlines here, allowing both presidents to draw a contrast between the treatment Bolivia receives from us and the “unconditional” friendship Bolivia enjoys with fellow South American states such as Brazil. 6. (C) We spoke with Brazilian embassy officials here in advance of the visit to encourage some helpful signal of caution from President Lula to Morales regarding the Bolivian’s approach to the United States. These officials said that Brazil sees an improved relationship between Bolivia and the U.S. as in its own interest, and pledged to do what they could to encourage more constructive Bolivian behavior. Still, they noted that Brazil wants to maintain stability on its borders, and has concluded that Morales is here to stay. They said Brazil wants to provide Morales with alternatives to the radical advice he is receiving from Venezuela and Cuba, but clarified that Brazil does not see itself in “direct competition” with Venezuela. The Brazilians added that while they engage the Bolivians on democracy issues, they do not consider Bolivia’s human rights or democracy record to be outside hemispheric norms.

7. (C) Brazilian embassy Minister Counselor Julio Bitelli confirmed for us that President Lula did raise with Morales the issue of Bolivian-U.S. relations (in the 40-minute car ride on the way to the public event), but that this prompted the “usual” extended rant against alleged U.S. crimes. Morales recalled his own personal victimization at the hands of DEA agents, railed against American hegemony in Latin America and appeared unreceptive to hearing any counsel, according to Bitelli. Morales expanded on these now-familiar themes in his public remarks. The Colombian defense agreement was another subject on which Lula appeared to make little headway; the Brazilian president emphasized the need for dialogue and a “frank exchange” on the issue at the upcoming Unasur summit, while Morales publicly declared that any government that allows military forces into their country are “traitors to the liberation of the people of Latin America.”

8. (C) Bitelli reported that the presidents did discuss counter-narcotics cooperation, another area in which we had encouraged greater Brazilian engagement with the Bolivians, but that the talks were limited to equipment issues. Lula explained to Morales that the Bell-UH helicopter transfer was proceeding apace, but that delivery is pending Brazilian parliamentary approval. Bitelli said that Morales asked for Brazilian Tucano aircraft as well, surprising the Brazilians by suggesting that “the international community” should pay for the planes, as counter-narcotics is “a global problem.” Bitelli allowed that the Brazilians did not think much of that suggestion.

9. (C) Comment: Brazilian President Lula’s visit was widely seen here as an endorsement of Evo Morales for reelection December 6, reflecting Brazil’s conclusion that Morales is all but certain to win in any case. We believe, however, that this embrace of Morales is tempered by a clear-eyed recognition of the Morales government’s many shortcomings (the Brazilians indicated that they share a great deal of our frustration with the Bolivians, from counter-narcotics to economic policy). We will continue to encourage Brazil to follow through on its expressed interest in helping to moderate Morales, despite the evident limits of such approaches.

CREAMER

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"Progressos" da educacao brasileira (e como...)

Sem comentários (e precisa?)...

O professor que levou o narcotráfico, a cocaína e o tráfico de armas para dentro da escola!
Reinaldo Azevedo, 19/02/11

Um professor de matemática da escola João Octávio dos Santos, que fica no Morro do São Bento, em Santos, resolveu aplicar uma estranha prova, conforme vocês verão abaixo. Leiam com atenção. Volto em seguida:

Por Talita Bedinelli, na Folha:
“Zaroio tem um fuzil AK-47 com um carregador de 80 balas. Em cada rajada ele gasta 13 balas. Quantas rajadas ele poderá disparar?”

A questão acima fazia parte de uma avaliação diagnóstica voltada para alunos de 14 anos de uma escola estadual de Santos (litoral de São Paulo), segundo pais e estudantes ouvidos pela Folha. O professor queria testar os conhecimentos em matemática dos alunos do ensino médio no primeiro dia de aula, na última segunda-feira.

Além da questão, eles deveriam responder a outros cinco problemas que versavam sobre a fabricação de cocaína e o lucro com a sua venda, o consumo de crack, a venda de heroína “batizada” e o dinheiro recebido por um assassinato encomendado. A prova, que teria conteúdo quase idêntico ao de mensagem que circula pela internet satirizando o crime organizado no Rio, teria sido aplicada em ao menos duas salas (uma de 3º ano e outra de 1º), com cerca de 80 alunos.

A Secretaria Estadual de Educação diz que o professor de matemática foi afastado e o caso será investigado. A prova deveria ser respondida e entregue ao professor, mas uma das alunas, de 14 anos, sem entender os enunciados, levou para a casa e pediu ajuda aos pais. “Fiquei chocada. Nas questões o crime só dá lucro”, diz a mãe da menina que procurou a direção da escola e registrou um boletim de ocorrência na polícia.

Segundo os estudantes, o professor dá aulas na escola há pelo menos cinco anos e já foi vice-diretor. Os estudantes dizem considerá-lo bom. “A gente viu as questões e deu risada. Se fosse algo mais suave ninguém teria prestado atenção”, diz Renato dos Santos Menezes, 18, estudante da sala do 3º ano que também fez a prova.

Uma aluna diz que em 2010 ele aplicou um exercício com conteúdo parecido. A questão, vista pela Folha, pedia para os estudantes calcularem quantas rotas de fuga teria uma quadrilha que vai assaltar uma joalheria em um shopping center.

A escola João Octávio dos Santos fica no Morro do São Bento, região com problemas de criminalidade. A Folha não localizou o professor, que pode ser indiciado por apologia ao crime.

Voltei [Reinaldo Azevedo]
E aí? Uma das cascatas mais vigaristas e influentes da educação reza que o “educador” deve respeitar o “universo do educando”, usando elementos do seu cotidiano para, a partir daí, fazer uma reflexão política. É coisa de esquerdopata, é óbvio. Seu maior teórico foi Paulo Freire, secretário da educação de Luíza Erundina na prefeitura de São Paulo e homem que introduziu em São Paulo o que ficou conhecido como “progressão continuada” — sim, é obra do PT!

Eis aí… Se o professor não é só um vapor barato do narcotráfico ou maluco, então tem na cabeça um monte dessas titicas paulo-freirianas. Ainda voltarei a esse assunto em outros posts: o dito-cujo é apenas a expressão mais pontualmente escandalosa de mal mais geral.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Rolex, Lolex, Lorex: nao confundir, por favor...

Primeiro a nota de chamada, antes mesmo de ler a matéria:

El rolex que tenía jefe de FARC “Mono Jojoy” es auténtico y vale 13.000 dólares
El reloj Rolex que las autoridades colombianas encontraron en la muñeca izquierda del abatido jefe guerrillero de las FARC alias “Mono Jojoy”, es una pieza auténtica valorada en unos 13.000 dólares, informó el noticiero de televisión Noticias Uno
.

Comento agora (PRA):
Bem, pelo menos evidencia o bom gosto e o culto do original, do autêntico, pelo chefe militar de um bando narco-traficante e terrorista (esse pessoal sempre gosta de se exibir).
Não é uma cópia desses "Lolex" que se vendem nas calçadas de Shanghai por 15 dólares, alguns até re-denominados Lorex, que talvez seja uma marca chinesa de prestígio, dentro de mais ou menos 15 anos...
Como os legítimos traficantes de droga, o chefe terrorista usava um Rolex autêntico, desses que os chineses compram nas boutiques de Shanghai por 10 ou 15 mil dólares.
Lorex, ou Lolex, a 15 doláres, ficam para os turistas ocidentais, nas ruas.
O meu Calvin Klein, "Swiss Made", custou 120 yuan, ou seja, 20 dólares, numa lojinha de Suzhou...
Assim, é a vida: vou ter de esperar uma reencarnação como traficante para poder comprar um Rolex legítimo...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Um problema nacional, e de politica externa: as drogas da Bolivia

Não adianta "tampar" (como já disse alguém) o sol com a peneira. Este é um problema real, que exige soluções reais, efetivas, mais do que simples conversa mole.
Meu único papel aqui é o de informar...

CCJ faz audiência sobre tráfico de drogas da Bolívia para o Brasil
Reinaldo Azevedo, 3.08.2010

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado fará amanhã (4.08.2010) uma audiência pública para debater o tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, que cresceu enormemente depois da chegada de Evo Morales à Presidência daquele país. O requerimento foi apresentado pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO). “Somos o segundo país das Américas em número de usuários de drogas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Não podia imaginar que nosso país fizesse parte de um ranking negativo como esse”, afirmou a senadora.

Mais de 70% da cocaína consumida no Brasil — inclusive a parcela destinada ao crack — vem da Bolívia. “O mais grave é que existem fortes indícios de que essa droga chegue ao Brasil com a cumplicidade do governo. Com essa discussão, a população conhecerá as ações de combate ao tráfico de drogas e os procedimentos adotados na fronteira quando o assunto é essa relação entre Brasil e Bolívia”, afirmou Kátia.

A senadora está sendo polida. Há mais do que “indícios”. Há mesmo a certeza. A produção de pasta de coca cresceu muito na Bolívia sob o governo Evo. Ele próprio se encarregou de criar campos novos de cultivo da folha em áreas fronteiriças com o Brasil. Não há consumo ritual que justifique esse incentivo, uma vez que, para esse propósito, o país já produz muito mais do que pode mascar. Segundo a ONU, 64% da produção se transforma em cocaína e crack. E o Brasil é o grande “comprador”. Evo também recusou um programa de ajuda dos Estados Unidos que dava incentivo à cultura de alimentos em vez do cultivo da coca.

O sacerdote aimará que deu posse simbólica a Evo Morales e principal representante do consumo ritualístico da folha foi preso com 250 quilos de… cocaína líquida! Em Chapare, berço político de Evo, a quase totalidade da produção das folhas 93% (!!!) vira cocaína e crack. A demanda cresceu tanto que o país já está importando matéria-prima do Peru!!!

A audiência da CCJ reunirá o Coordenador Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Oslain Campos Santana; o Promotor de Justiça do Mato Grosso do Sul Tiago Di Giulio Freire; o Secretário Nacional de Segurança Pública Substituto, Alexandre Augusto Aragon; o Coronel da Aeronáutica Cassiano Cordeiro Batista, e o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.

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Addendum (datado de 4.08.2010):

Chefe da Polícia Federal confirma, na prática, o que disse Serra: governo da Bolívia é conivente com o narcotráfico
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010

Noticiei ontem aqui, vocês devem se lembrar, que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, por iniciativa da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), realizaria hoje uma audiência sobre o tráfico de drogas da Bolívia para o Brasil. Pois bem. Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:

PF diz que Bolívia aumentou plantação de coca no governo de Evo Morales
Por Gabriela Guerreiro
Folha Online, 4.08.2010

O diretor-geral da PF (Polícia federal), Luiz Fernando Corrêa, disse nesta terça-feira que a Bolívia aumentou sua plantação de coca no governo do presidente Evo Morales. Ao participar de audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para discutir o narcotráfico na Bolívia, o diretor da PF disse que mais da metade das drogas consumidas no Brasil são produzidas no país vizinho, maior fornecedor de cocaína ao Brasil.

“O que é público e notório que a ONU [Organização das Nações Unidas] atestou em seu relatório é que a área plantada [de coca no governo Morales] aumentou. No mínimo, em torno de dois terços ou pouco mais da metade da droga que se apreende no Brasil comprovadamente é boliviana. Então, nós temos que enfrentar a questão da matéria prima, da oferta lá na origem, além dos cuidados de contenção de fronteira”, afirmou.

Corrêa disse que a PF firmou parceria com o governo boliviano para combater o narcotráfico na região, embora o país ainda esteja no processo inicial de articulação contra a ação dos traficantes. “Lá esbarramos em questões culturais, a folha de coca é sagrada. Mas isso se destina ao narcotráfico e o Brasil é um desses destinos dessa produção ilícita.”

Segundo o diretor da PF, o governo brasileiro não pode “invadir a soberania” boliviana para erradicar as plantações de coca, mas deve criar mecanismos para separar o consumo para “fins culturais” do tráfico internacional. “Já temos oficiais de ligação em território boliviano trabalhando no campo da inteligência que tem nos permitido identificar e prender pessoas e carregamentos e também auxiliá-los.”

Corrêa disse que o trabalho da Polícia Federal é “muito maior” do que simplesmente evitar o ingresso de drogas ilícitas no país. “Tudo isso é enxugar gelo se não tratarmos a questão da oferta”, afirmou.

Na audiência, Corrêa defendeu a criação de uma rubrica específica no Orçamento Geral da União para a ação de combate ao narcotráfico nas fronteiras do Brasil com a Bolívia e o Paraguai –maior exportador de maconha ao país.

“Queríamos que esse esforço compartilhado tivesse uma rubrica própria. Se não, essa ação permanente de controle de fronteira quando tiver restrição orçamentária, pára. E no momento que parar, o tráfico vai se segurar porque não estamos presentes”, afirmou.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse que o percentual destinado no Orçamento da União à PF não é empenhado integralmente, o que prejudica as ações do órgão. Segundo a senadora, nos primeiros seis meses deste ano a Polícia Federal recebeu R$ 141 milhões dos R$ 2,7 bilhões destinados na dotação orçamentária para a instituição.

POLÊMICA
Em maio, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, provocou polêmica a afirmar que o governo da Bolívia é “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil.

Na época, o governo boliviano rechaçou as acusações do tucano ao afirmar que os dois países realizam “ações conjuntas na luta contra o flagelo do narcotráfico” e que Morales ratificou seu compromisso contra as drogas. O governo boliviano atribuiu as palavras de Serra à disputa eleitoral.

Candidata do PT, Dilma Rousseff disse que o tucano “incriminou” o governo boliviano sem provas.

Comento [Reinaldo Azevedo]
1 - Se eu disser que, segundo a PF, o tucano José Serra estava certo, e a petista Dilma Rousseff, errada, corro o risco de ser punido pelo TSE?;
2 - Se eu disser, mais uma vez, que o governo Lula mantém “vínculos especiais” com um outro governo leniente com o narcotráfico, o PT pode pedir, e conseguir, direito de resposta, ainda que eu apresente ao TSE a informação prestada pelo diretor geral da Polícia Federal?

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Et encore [certos jornalistas exageram; ficam pegando no pé...]

PT tem de pedir direito de resposta ao diretor-geral da PF, né?
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010

Acho que o PT e a candidata Dilma Rousseff têm de entrar na Justiça pedindo direito de resposta ao diretor-geral da Polícia federal, Luiz Fernando Corrêa. Ele confirmou que a produção de coca na Bolívia cresceu muito sob o governo Evo Morales, com o que Lula e Dilma não concordam. Acham que isso é puro preconceito do tucano José Serra contra o índio de araque.

Ou, então, é preciso arrumar uma outra autoridade na PF para falar o contrário. Se não for assim, a campanha fica muito desequilibrada. Não dá para todo mundo ficar falando a verdade. O PT tem de exigir o “outro lado”.

domingo, 1 de agosto de 2010

Economia da droga: o lado da demanda

O grande, enorme, consumidor de drogas no mundo, os Estados Unidos, tem conduzido, desde os anos 1970, basicamente uma luta de retaguarda contra esse mal que consome o país: a chamada supply-side drug economy, ou seja, o combate aos centros produtores. Ora, como reconheceria qualquer economista iniciante, enquanto houver demanda, ricamente abastecida, haverá centros produtores, qualquer que seja o nível de esforço militar para suprimir essa oferta.
O livro abaixo retraça alguns aspectos da economia da droga nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida

Drug of Choice
By ROBERT PERKINSON
The New York Times Review of Books, July 30, 2010

COCAINE NATION: How the White Trade Took Over the World

By Tom Feiling
351 pp. Pegasus Books. $27.95

The Drug Enforcement Administration Museum and Visitors Center may be America’s most uninspiring attempt at war commemoration. Its low-budget displays, stuffed into a sterile building near the Pentagon, strive for a good-versus-evil story line but exude uncertainty. Snapshots of officers atop piles of impounded narcotics fail to convey the urgency of battle. Confiscated drug paraphernalia showcase wily ingenuity as much as social menace. But across the Potomac, next to Congressional Cemetery, rises a more fitting tribute to the “war on drugs”: Washington’s city jail, through which 18,000 inmates pass each year, 89 percent of them black and three-quarters of them incarcerated for nonviolent of­fenses. With its X-shaped towers surrounded by razor wire, the sprawling complex devours resources but, most criminologists agree, does comparably little to protect the public. It stands as a monument to punitive government bloat.

Now four decades old, America’s drug war, initiated in its modern form by Richard Nixon, has burned through $1 trillion and helped make the United States the most locked-down country on earth. Yet victory still recedes from view. In 1970, some 20 million Americans had experimented with illegal drugs; by 2007, 138 million had. While drug purity has increased, street prices over the long term have dropped — precisely the opposite trajectory promised by drug warriors. Small wonder that a growing number of skeptics, from George Will to George Soros, have called for a serious change of course.

With a new regime in Washington, led by a president who admits to having used cocaine in his youth and a drug czar who rejects martial metaphors, this is a good time to look back on America’s first “war without end” and its pre-eminent target, as the documentary filmmaker Tom Feiling does in “Cocaine Nation.”

An impassioned and wide-ranging if occasionally jumbled survey of “the white trade” and its enemies, Feiling’s book (published last year in Britain as “The Candy Machine”) begins with the extraction of the ancient coca leaf’s most potent alkaloid, cocaine, in the mid-19th century. Possessing wondrous qualities — a pharmaceutical company boasted that cocaine could “make the coward brave, the silent eloquent, and render the sufferer insensitive to pain” — the product swept the globe as an additive to medicine, wine (Ulysses S. Grant was an early quaffer) and, of course, Coca-Cola, whose red and white colors, Feiling writes, pay homage to the Peruvian flag.

This initial cocaine craze petered out in the first half of the 20th century, in the wake of pharmacy regulation, drug control protocols and consumers’ second thoughts. But another, larger wave rose in the 1970s, as hedonists from Hollywood to Wall Street turned cocaine into “the Champagne of drugs,” as The New York Times declared in 1974. Because most users of the stimulant never became addicted, and because they had “upper-class cachet,” Feiling notes, its resurgence was at first greeted with a shrug by government. Gerald Ford’s White House observed that cocaine “does not usually result in serious social consequences, such as crime, hospital emergency room admissions or death.”

But when suppliers introduced a down-market product, crack cocaine, in the 1980s — “cocaine for poor people,” as one dealer described it to Feiling — social panic ensued. Crack is pharmacologically identical to powder cocaine, but its smokable rocks produce quicker, more intense highs (and harder falls). Attracting legions of users in decaying urban centers, it contributed to property crime, child neglect, homicidal turf battles and, not least, political reaction. Brandishing a bag of crack in the Oval Office, the first President Bush called illegal drugs “the gravest domestic threat facing our nation.” No-knock police raids and mandatory minimum sentencing followed. The drug war became total war, overstuffing jails and exacerbating racial inequality but failing to create a “drug-free America.”

This domestic tale of destruction has been well chronicled by journalists, social scientists and addicts-turned-memoirists. What sets Feiling’s book apart is his analysis of how America’s insatiable appetite for narcotics and its zealous determination to quash those cravings have spread misery and violence across the globe.

During cocaine’s postwar renaissance, mafiosi based in Cuba met demand in the United States, the world’s largest cocaine market. But after the revolution, coca capitalists dispersed, chartering new organizations, establishing new labs and supply lines, and demonstrating remarkable adaptability in response to law-enforcement pressure. Production shifted from Peru to Bolivia to Colombia, and is now shifting back to Peru. Snuffed out in one area, cocaine surges in another.

Feiling vividly describes the supply side of the cocaine business, which, he argues, “thrives on the poverty not just of individuals and communities, but of governments.” In Colombia, which remains the world’s leading producer of cocaine despite the $5 billion in anti-narcotics and counterinsurgency aid the United States has fed into the country since 2000, Feiling profiles campesinos in the rural Putumayo district whose primary source of income is coca, although they receive relatively little for their crops. In a region where markets are distant, roads are poor and the prices for legal produce like yucca and plantains are low, the coca farmers “become slaves of the mafia,” a Colombian congressman tells Feiling — the rural correlates of low-level street dealers in America who risk death and imprisonment to earn “roughly the federal minimum wage.” At the top of the cocaine hierarchy, drug barons make millions, but their careers tend to be short, their fortunes soaked with blood. Because of the violence perpetrated by traffickers and insurgents, and the more pervasive violence committed by right-wing paramilitaries and the government, Colombia’s population of internally displaced people ranks second only to Sudan’s.

As radar surveillance has pushed smuggling routes from the sky and sea to the land, the drug war’s front lines have moved to Mexico, where trafficking-­related violence has claimed more than 22,000 lives since 2007. Although the Mexican government’s latest offensive may yet constrict supply, curtail corruption and reduce rather than provoke carnage, the length and complexity of the United States-Mexico border (and the money to be made breaching it) presents a daunting challenge. “Americans consume roughly 290 metric tons of cocaine a year,” Feiling writes, a load that “could be carried across the U.S.-Mexican border in just 13 trucks. Instead, it seeps in in thousands of ingenious disguises.”

Although Feiling doesn’t soft-pedal the harm of drug dependence — to addicts, mainly, but also to their families and communities — he argues convincingly that the remedy promoted most aggressively by the United States has proved far worse than the disease. As an alternative, he develops a lengthy brief for a solution he admits stands little chance of implementation: legalization. There would be costs, he acknowledges, including, perhaps, wider experimentation and addiction, but he contends that restrictions on marketing, elevated vice taxes and a proliferation of treatment beds instead of jail cells could hardly fail more spectacularly than has prohibition. Hard as it is to imagine, the least ruinous solution to the white scourge may be the white flag of surrender.

Robert Perkinson is the author of “Texas Tough: The Rise of America’s Prison Empire.”
A version of this review appeared in print on August 1, 2010, on page BR21 of the Sunday Book Review.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bolivia: da coca à cocaina (faz sentido)

Não deixa de ser irônico, mas é também preocupante, o que aliás vai na linha do debate político atual sobre as políticas de certos vizinhos que acabam provocando efeitos além-fronteiras. O Brasil tem tudo a ver com isso, em sua tolerância para com lideranças cocaleras...
Paulo Roberto de Almeida

Sacerdote que abençoou Morales é preso com 240kg de cocaína
Agência AP, 28.07.2010

Valentín Mejillones abençoou Evo Morales como presidente em cerimônia simbólica no início do ano.

O sacerdote aimará que abençoou Evo Morales como presidente da Bolívia em uma cerimônia simbólica em janeiro deste ano foi detido pela polícia com 240 kg de cocaína líquida avaliada em US$ 300 mil, informaram as autoridades. Valentín Mejillones, 55 anos, entregou o bastão de mando ao presidente boliviano quando este fez o juramento pelo segundo mandato em um ritual andino celebrado no maior templo arqueológico do país.

O sacerdote pertence a um grupo étnico, do qual Morales também faz parte, estabelecido desde a época pré-colombiana no país. Mejillones ostenta o título de amauta que, na tribo de Morales, representa o maior líder espiritual. Na noite desta terça-feira, a polícia invadiu sua casa em um subúrbio da cidade de El Alto, próxima a La Paz, e encontrou o sacerdote preparando cocaína.

"Não importa quem seja, a pessoa que comete uma irregularidade deve se submeter à lei", disse nesta quinta o vice-presidente Alvaro García. "Não foi escolhido pelo presidente (Morales), foi proposto pelo âmbito da religiosidade andina" explicou, em referência à cerimônia religiosa. Trata-se do segundo escândalo que sacode o governo esta semana.

No momento da detenção, Mejillones estava com seu tradicional poncho cerimonial e acompanhado do filho, além de um casal de colombianos que não foram identificados pela polícia. O sacerdote se defendeu, dizendo que foi enganado pelos colombianos e que nada tinha a ver com a carga de droga. "Eles me disseram que iam fazer pastilhas de erva e pomadas", afirmou.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Morales se diz surpreso com volume do narcotráfico na Bolívia

Deixa ver se eu entendi: o presidente Evo Morales expulsou a DEA da Bolívia por suspeitar que ela se dedicasse a espionagem contra o seu governo, em lugar de combater o narcotráfico. O Brasil se ofereceu para substituir os EUA e a Bolívia até agora não tomou medidas para concretizar a iniciativa.
Ele agora se diz supreso com o volume do narcotráfico?! Ingênuo, distraído? Ou ele pensa que somos todos idiotas?
Descobriu agora que o narcotrafico movimento muito dinheiro? Que surpresa!
Certo, EUA e Europa são grandes clientes da cocaína traficada, mas isso não quer dizer que a Bolívia deve fazer corpo mole para a produção e circulação da coca, que depois é transformada em cocaína no Brasil...
Ainda vamos ter muita bobagem sendo dita em relação a esse assunto.
Paulo Roberto de Almeida

Morales se diz surpreso com volume do narcotráfico na Bolívia
Reuters, 31/05/2010 às 17h35m

LA PAZ (Reuters) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, se disse surpreso nesta segunda-feira com o volume do narcotráfico em seu país, e acusou os Estados Unidos de suposto favorecimento aos responsáveis.

A declaração foi feita na véspera da primeira visita oficial a La Paz do secretário adjunto de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, num momento de reaproximação entre os norte-americanos e o governo de Morales.

"Não achava que era tão grande o narcotráfico, não achava que o narcotráfico tinha tal poder econômico (...), sinto que se infiltra nos poderes, nas estruturas dos Estados, não só na Bolívia, mas em todo o mundo", disse Morales em discurso num ato militar.

"Vejo que há muita cumplicidade de algumas instituições, de membros da Justiça boliviana, mas também de alguns membros da polícia. Por que essa forma de comprar nossos membros do Estado? Cheguei à conclusão de que é muita 'plata' (dinheiro), o narcotráfico manipula muita 'plata'."

Morales e alguns de seus principais colaboradores costumavam elogiar reiteradamente as políticas de controle antidrogas do país, e asseguravam que a Bolívia -terceiro maior produtor mundial de cocaína, atrás de Colômbia e Peru- não tinha grandes máfias de narcotraficantes.

O presidente citou o vaivém de prisões e libertações do traficante William Rosales, que está desaparecido.

"Quem o libera, um juiz e promotores que recebem apoio econômico ou salários dos Estados Unidos", afirmou Morales, que no fim de 2008 expulsou da Bolívia os agentes do DEA (departamentos antidrogas dos EUA) sob a acusação de ingerência política.

Também em 2008, ele expulsou o embaixador dos EUA, o que iniciou um ciclo de distanciamento diplomático entre EUA e Bolívia, o que a visita de Valenzuela tenta reverter.

No seu discurso, Morales pediu envolvimento dos militares para "nacionalizar" a luta contra o narcotráfico, mas disse que EUA e Europa também têm muito o que fazer por serem o maior destino da droga.

Há na Bolívia cerca de 30 mil hectares de cultivos de coca, sendo metade destinada ao mercado legal. Segundo relatórios recentes, a Bolívia seria cada vez mais uma rota para a cocaína fabricada no Peru e consumida no Brasil e na Europa.

Na semana passada, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou que a Bolívia é cúmplice na entrada de cocaína no Brasil. Segundo o ex-governador de São Paulo, de 80 a 90 por cento da cocaína consumida internamente tem como origem o país vizinho.

"Você acha que poderia entrar toda esta cocaína no Brasil sem que o governo boliviano fizesse pelo menos corpo mole? Acho que não", disse Serra a jornalistas no Rio de Janeiro.