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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Os agradecimentos de um "natural reservoso" por um natalício discreto - Paulo Roberto de Almeida

Os agradecimentos de um "natural reservoso" por um natalício discreto

Paulo Roberto de Almeida 

Sempre apreciei o romance de José Cândido de Carvalho, "O Coronel e o Lobisomem", no qual o personagem principal, o coronel Ponciano de Azeredo Furtado, dos Campos de Goitacazes, no Rio de Janeiro, se descrevia a si mesmo como sendo de um "natural reservoso". 

Sempre me identifiquei com essa autodescrição, que se encaixa bastante bem no meu modo de ser: fugidio às exibições públicas, normalmente enterrado em alguma biblioteca, dedicado às leituras, reflexões e escritas, só não consegui encontrar algum lobisomem, como o herói de Cândido de Carvalho – aliás, pai de um colega diplomata, que era apropriadamente chamado, nos velhos tempos, de "Ricardo Lobisomem", tal o sucesso do romance do pai –, mas continuei, ao longo das décadas, minha trajetória de produtor silencioso de trabalhos de sociologia política e histórica aborrecidamente acadêmicos, ou seja, reservados a um público restrito.

Não, nunca consegui escrever um romance, embora tenha tentado, uma ou outra vez, e ainda penso cometer alguma novela em tempos ainda mais reservosos, inevitavelmente vinculados a livros e reflexões sobre minha trajetória intelectual.

Sem pretender falar publicamente de meu natalício, usei de um subterfúgio sobre a passagem do tempo, aqui mesmo postado nesta madrugada: 

4792. “Três quartos de século, três gerações”, Brasília, 19 novembro 2024, 3 p. Nota sobre a passagem do tempo, o meu próprio. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/11/tres-quartos-de-seculo-tres-geracoes.html).

Era uma maneira de marcar minha trajetória, sem pretender falar de qualquer data, mas nesta era de invasão da privacidade, pelos instrumentos de busca e de informação na internet, é quase impossível manter encoberto qualquer detalhe da vida particular de um funcionário público e professor de milhares de alunos ao longo de muitas décadas (ainda superiores, em tempo, ao da carreira diplomática).

Logo em seguida, levando em conta os fusos horários ao redor do mundo, já recebi cumprimentos de uma pessoa atenta a essas passagens do tempo, o que me levou a fazer uma outra postagem, sobre o mais gosto de fazer: 

    “Tudo o que fiz na vida, desde tenra idade, tudo o que fiz na carreira diplomática, tudo o que continuo fazendo, se resume a poucas palavras: ler, anotar, refletir, observar a realidade em volta, no Brasil e no mundo, escrever o que penso, expressar essas ideias, sobretudo sobre o Brasil, sua economia, a situação social, a educação, a diplomacia, a cultura, prioridades minhas em qualquer ordem, e divulgar livremente essas ideias, sem incomodar ninguém, tentando fazer o bem e preservando a honestidade intelectual e a dignidade pessoal. Acho que é isso.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 19/11/2024”

Bem, faço esta nova postagem para agradecer a todos os que se manifestaram, nos diversos espaços e canais abertos ao engenho e arte de meus amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos, talvez alguns opositores também (uma vez que não deixo de manifestar minha opinião sobre temas fundamentalmente políticos), enfim tutti quanti reagiram ou à data, ou à minha mensagem, talvez pouco discreta, ao falar de três quartos de século, um número que não é redondo, mas que costuma marcar certas marcas comemorativas. Como não espero ser centenário, creio que se trata da última oportunidade para olhar para trás, fazer um balanço do que já fiz e montar uma lista das tarefas mais urgentes, sobre o que ainda falta fazer (começando por arrumar minha caótica biblioteca).

Espero que todos se sintam incorporados a um agradecimento coletivo e a uma nota de gratidão pela atenção com que possam ter sido recebidas minhas mal traçadas linhas ao longo da minha do tempo intelectual, que aliás começou tarde. Acho que avancei razoavelmente bem desde o primeiro livro publicado, agora já ocupando duas estantes completas na minha biblioteca (a única parte organizada).

Meu abraço a todos, prometendo continuar discreto nos próximos anos...

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 19/11/2024