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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Exposicao ao ridiculo e caso de internacao, ainda o Estado Islamico dos Companheiros - Percival Puggina

Não Nos Exponha ao Ridículo
Por Percival Puggina
 O Globo, 23 de setembro de 2014

A presidente Dilma Rousseff condenou os ataques aéreos na Síria pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, iniciados na noite de segunda-feira para desmantelar a organização terrorista Estado Islâmico (EI) e combater células da rede al-Qaeda. Para Dilma, o Brasil repudia agressões militares, porque elas podem colher resultados imediatos, mas trazem consequências deletérias para países e regiões no médio e longo prazos. A presidente citou Iraque, Líbia e Faixa de Gaza como exemplos recentes da falta de eficácia deste tipo de política.

O Globo transcreve a fala presidencial:
Lamento enormemente isso (ataques aéreos na Síria contra o EI). O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU. Eu não acho que nós podemos deixar de considerar uma questão. Nos últimos tempos, todos os últimos conflitos que se armaram tiveram uma consequência. Perda de vidas humanas dos dois lados, agressões sem sustentação aparentemente podem dar ganhos imediatos, mas depois causam prejuízos e turbulências. É o caso do Iraque, está lá provadinho. Na Líbia, a consequência no Sahel. A mesma coisa na Faixa de Gaza.

Se a presidente dissesse isso conversando com seus próprios botões, durante um chá da tarde com a família em Porto Alegre, já seria um disparate. Afirmá-lo perante a comunidade internacional reunida em Nova Iorque, durante um evento de grande repercussão como a Cúpula de Mudança Climática da ONU, é um caso de internação.
Mais grave ainda se torna o quadro clínico quando se sabe que a presidente não esboçou o menor muxoxo, nem fez tisc, tisc, tisc perante o genocídio que o Estado Islâmico vem praticando nas regiões ocupadas.
Nossa lamentável presidente não lamentou a degola de qualquer dos jornalistas executados friamente pela jihad em curso.
Nossa credibilíssima presidente, que diz crer na diplomacia contra esse tipo de terrorismo religioso, está envergonhando o Itamaraty.
Ela dá continuidade, aliás, às posições políticas que vêm dos dois governos de Lula, quando as relações internacionais do Brasil foram conduzidas como se o país fosse um diretório de estudantes controlado pela esquerda.
É preciso fazer saber ao mundo que, especialmente em questões internacionais, nosso governo representa o que há de mais retrógrado no seu partido. E não o Brasil.
Tais não são as opiniões da nação brasileira. Fale por si e pelo PT, presidente.
Não nos exponha ao ridículo dessa maneira.

domingo, 15 de junho de 2014

Nao aos prodigos, incorrigiveis e totalitarios - Percival Puggina

A parábola bíblica não se ajusta ao caso dos companheiros. Eles nunca se arrependeram, continuam patifes e como tal devem ser escorraçados, banidos, expulsos do convívio com os demais familiares e com todos os demais membros da comunidade. Vão morar lá onde são bem recebidos: entre os bandidos, mafiosos, criminosos, impenitentes...
Paulo Roberto de Almeida


FILHO PRÓDIGO E INCORRIGÍVEL
          Percival Puggina

No Evangelho de São Lucas, Jesus narra uma história que se tornou, provavelmente, a mais conhecida dentre todas as suas parábolas. Ela descreve a experiência de um filho que pede ao pai rico a antecipação de sua herança. Com a grana na mão, ele viaja para um país distante, cai na vida, afunda nos vícios, gasta tudo que tem e experimenta o sabor da mais irrecorrível miséria (vem daí o adjetivo pródigo, ou seja, esbanjador, gastador, associado a esse personagem). Gradualmente, porém, ele se arrepende, decide retificar sua conduta e retorna à casa do pai, a quem pede e de quem recebe efusivo perdão.

          Tem muita razão o jornalista Eugênio Bucci, em artigo publicado no Estadão no dia 12 deste mês. Segundo ele, embora a presidente Dilma e os governistas acusem a oposição de explorar politicamente o evento da FIFA, foram os governos petistas que confundiram futebol com política e eleição desde que se dispuseram a oferecer o país para a realização da Copa de 2014.

          É bom recordar. Logo no início, Lula faturou os abraços e as lacrimosas efusões de alegria perante a - assim proclamada - conquista. Depois, explorou as escolhas das sedes da Copa, aumentando em cinquenta por cento, sem necessidade alguma, os teatros em que ela se desenrolaria. Bastavam oito sedes, mas Lula quis 12 para faturar em mais quatro Estados os dividendos eleitorais que disso adviriam. Depois, junto com Dilma, aproveitou politicamente, anúncio por anúncio, as "obras da Copa" voltadas para mobilidade urbana, aeroportos e infraestrutura.

          Custou a cair a ficha. Passaram-se seis anos inteiros, ao longo dos quais o governo petista reinou com a convicção de que poderia fazer o que bem entendesse no país. O PT se tornou o novo Príncipe de Machiavel, com a vantagem de estar com os cofres cheios de dinheiro para usos e abusos. O partido do governo se fundiu e confundiu com o Estado, com o governo, com a administração pública federal e com as empresas estatais. Como é fácil, na política, a vida dos endinheirados inescrupulosos!

          Foi em junho do ano passado, quando entramos na contagem regressiva para os jogos da Copa, que a ficha começou a cair e a nação passou a compreender o quanto haviam sido absurdos e abusivos os custos, os gastos, as exigências e as concessões feitas pelo governo petista. O escandaloso contraste entre o "padrão FIFA" e a realidade social do país, a tenebrosa situação do sistema de saúde e a péssima qualidade do ensino público, levou o povo às ruas nos protestos de junho de 2013. E produziu a impressionante reação popular ante a presença da presidente Dilma no jogo inaugural da Copa.

          No entanto, vale o alerta: no poder, o governo petista conta com o dinheiro de todos nós e nada - absolutamente nada! - sugere que vá  arrepender-se, ou mudar de conduta. Para o PT, cair em si significa fazer mais do mesmo. E vem aí a outra "conquista" desse filho pródigo da ingenuidade nacional - os Jogos Olímpicos de 2016. O PT é um filho pródigo incorrigível, que precisa ser mantido a quilômetros de distância dos recursos públicos.

* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

domingo, 18 de maio de 2014

Copa do Mundo de Futebol 2014: quem a pariu, que a embale - Percival Puggina

QUEM PARIU A COPA QUE A EMBALE
Percival Puggina

De vez em quando me vem à lembrança a figura do Lula oferecendo o Brasil para sediar a Copa de 2014 com aquele ar de Moisés malandro levando o povo à terra prometida. Entre os anos de 2003 e 2007, o governo brasileiro suou o topete para alcançar o espetacular objetivo. Sempre fui contra.

          Antes da Copa da África do Sul, a propósito do "Let it be! (Pois que seja!)" com que o bispo Desmond Tutu respondeu aos jornalistas que lhe perguntaram se os estádios sul-africanos não se transformariam em elefantes brancos, eu escrevi: "A FIFA impõe aos países eleitos para acolher seu empreendimento exigências que só se cumprem despejando bilhões de dólares nos seus cofres, nas betoneiras das construtoras e nos altos fornos das siderúrgicas. Se fosse bom negócio, não faltariam empreendedores interessados em bancar a festa porque sobra no mundo dinheiro com tesão para o crescei e multiplicai-vos".

          Contudo, os delírios de grandeza e a notória imprudência do líder máximo do petismo nacional mobilizaram a opinião pública que aceitou a Copa como um dos símbolos do Brasil potência emergente. A maior parte do povo brasileiro, do mesmo modo como espera o último dia de qualquer prazo para fazer o que deve, esperou o último ano anterior ao evento para perceber o descompasso entre o oneroso Brasil da FIFA, para inglês ver, e o carente Brasil dos brasileiros. E aí, alguns pularam, irresponsavelmente, do oito para os oitocentos: "Não vai ter Copa!". Como não vai ter Copa? Vai ter, sim, e não serão alguns milhares de meliantes presunçosos que vão impedir a realização do evento. A estas alturas, com o pouco de vergonha que nos reste na cara, faremos a Copa.

          O que me traz novamente ao tema é o fato de que Lula quis fazer uma borboleta e produziu um morcego. Os espaços que nestes dias a mídia do resto do mundo dedica ao Brasil, em vez de exibir as maravilhas nacionais como sonhava o Lula, estão tomados por severas admoestações aos viajantes sobre os riscos de vir ao nosso país. Nosso cotidiano, descobrem, é assustador. A potência emergente foi tomada de assalto pelo crime organizado, tanto nos últimos andares do poder, no grande mundo, quanto no submundo. (Não por acaso, A Tomada do Brasil é o título do meu próximo livro). Basta-nos assistir os noticiosos do horário noturno para nos depararmos com cenas que ora lembram ocorrências de países em guerra, ora nos nivelam com as mais atrasadas republiquetas da África Subsaariana.

          Se Lula, se Dilma, se o petismo dominante pretenderam transformar a Copa numa excelente oportunidade para o marketing pessoal, político e - até mesmo - nacional, seus burros empacaram dentro d'água. Foi mal, para dizer como a gurizada destes tempos. A atualidade brasileira, a violência e a insegurança de nossas ruas fazem lembrar o que Eça de Queirós escreveu numa crônica de 1871 quando se falava, em Lisboa, sobre os turistas que viriam à terrinha com a construção de uma ferrovia ligando Portugal à Espanha. Escreveu então o mestre lusitano: "A companhia dos caminhos de ferro, com intenções amáveis e civilizadoras, nos coloca em embaraços terríveis: nós não estamos em condições de receber visitas".

          Não estamos, mesmo. Mas agora, quem pariu a Copa que a embale. Que apresente e justifique ao mundo, aos nossos visitantes, o Brasil real, a insegurança das nossas ruas, a violência do cotidiano nacional, nossa incapacidade de cumprir prazos, a limitação monoglota de nossos aeroportos, hotéis, restaurantes e taxis e as muitas tentativas de passar-lhes a perna a que estarão sujeitos. É o lamentável Brasil de 2014.

* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-Grandense de Letras. 

domingo, 4 de maio de 2014

Mentiras e falcatruas presidenciais de 1ro de Maio - Percival Puggina

A CONFISSÃO DE DILMA
Percival Puggina, 4/05/2014

Ouvi pelo rádio o pronunciamento da presidente. Sem dúvida, ela percebe a República como artigo de consumo e a nação como um bando de tolos. Valendo-se da oportunidade proporcionada pelo Dia do Trabalho, os marqueteiros que servem à candidata procuraram afastar as inquietações da sociedade com relação ao futuro próximo e dissipar, com esquivos circunlóquios, as pesadas acusações que pairam sobre a patroa e sobre seu governo. O tom do discurso se torna indesculpável porque foi inteiramente concebido, parágrafo por parágrafo, à luz da queda de prestígio da candidata do continuísmo. A pesquisa eleitoral divulgada na véspera apontava um tombo espetacular nos índices da presidente. Reduzira-se em 10 pontos a distância que a separa do segundo colocado. Subira para 43% seu índice de rejeição, que é a mais importante informação quando a campanha sequer iniciou, superando as intenções de voto, que desceram aos 37%. Para quem sonhava com vitória no primeiro turno, haver mais eleitores dizendo que não votariam nela em hipótese alguma do que votantes dispostos a fazê-lo cria uma situação alarmante. É exatamente esse o fundo de cena em que se deve apreciar a lamentável fala presidencial do dia 30 de abril.

            Tomemos, por exemplo, o caso dos bilionários escândalos envolvendo a Petrobras. Como se resume o que disse a  presidente em relação ao tema? Que tudo será rigorosamente investigado (embora ela tenha procurado impedir e, depois, tentado bagunçar a CPI proposta para essa investigação). Afirmou, também, que não admitia o uso político do assunto para depreciar e prejudicar a empresa. Pura retórica de militante petista. Quem vem fazendo, há 11 anos, uso político da Petrobras são os governos petistas, que dela se servem para arregimentar apoio parlamentar, fatiando-a entre as siglas da base e malbaratando os incertos recursos do pré-sal como se fossem um ativo político do PT e não uma futura riqueza do país. Como consequência, derrubaram a Petrobras do 12º lugar entre as grandes empresas mundiais para a 120ª posição. Prejudicar a empresa é o que o governo vem fazendo e não quem cumpre o incontornável dever de defendê-la de maus tratos e malfeitos.

            O discurso presidencial estaria perfeito num comício de campanha. Usou à exaustão expressões que apontam para um horizonte posterior: "continuar na luta", "continuar fazendo", "continuar as mudanças", "seguir adiante", "mudar mais rápido", "recomeçar mais fortes", "continuar a política de valorização", "meu governo será sempre", coroando com um happy end: "Quem está do lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória".

            Assistiu-se a um conjunto de piruetas retóricas, habilmente construídas por marqueteiros. Houve uso do horário nobre de televisão para falar sem contraditório a 80% dos brasileiros, posto que as oposições não dispõem de igual recurso. Alguém pode achar que foi simples deselegância, falta de fair play, ou algo assim. Mas não é. Tem todo o jeito de crime eleitoral. Alguns partidos, aliás, já anunciaram que vão recorrer à Justiça denunciando o fato como um formidável abuso de poder contra o princípio de isonomia que deve reger uma correta disputa política. Age contra a democracia e contra os mais comezinhos princípios quem se vale do poder em benefício próprio e usa recursos que são de todos para obter votos para si. A presidente, ao ensejo do dia 1º de Maio, valendo-se das comemorações do Dia do Trabalho, promoveu consistente e inequívoca demonstração daquilo que pretendeu negar: os negligentes padrões morais que caracterizam seu governo e seus associados. Com a palavra o TSE.

Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

domingo, 13 de abril de 2014

Eduardo Galeano: um dos grandes idiotas latino-americanos, se redime (apenas parcialmente)

Seu livro deve ter lhe garantido milhares e milhares de pesos, de dólares, de euros, o de quaisquer outras moedas, pois vendeu muito bem.
Durante 30 anos serviu de imbecilização de estudantes por mestres idiotas.
Parece que o autor tem certa vergonha de confessar que errou, mas não pretende mais falar disso...
Paulo Roberto de Almeida 

COM LICENÇA, EU ACERTEI
          Percival Puggina
12/04/2014

Nos últimos 25 anos, escrevi mais de uma dúzia de artigos combatendo e, em muitos casos, mostrando que o livro "Veias abertas na América Latina", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, é um amontoado de tolices estruturadas sobre raciocínios errados, prosa infantil, repleta de baboseiras. No entanto, desde sua primeira edição, em 1971, foi tomada como bíblia pela esquerda continental e catapultou o autor para os pontos mais nobres dos seus altares e reverências. Quantos professores de história, mestres de araque, envenenaram as mentes de seus alunos com base nesse livro!

            Pois eis que agora é o próprio Galeano que me dá razão. Homenageado em Brasília pela 2ª Bienal do Livro (e a homenagem, certamente, tem muito a ver com esse mesmo livro), o escritor declarou que "a obra foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada".

           E eu  não preciso dizer mais nada, certo?

* A matéria jornalística sobre essa declaração de Galeano está publicada na edição do dia 11 de abril do jornal Correio do Povo.

Petrobras: ainda o escandalo Padadena (mas a questao parece ser outra) - Percival Puggina

Um artigo do conhecido polemista gaúcho sobre o mais escabroso caso de malversação de fundos de uma companhia estatal de que se tem notícia na história do Brasil.
Mas, como já disse diversas vezes, o problema não é com esta refinaria, se não seria com qualquer outra refinaria. O problema é a operação em si, como já sugeri várias vezes...
Paulo Roberto de Almeida

A lebre que mia
Percival Puggina
13/04/2014


A compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, tanto na transação em si, quanto no que aconteceu após se tornar de conhecimento público, é dos atos mais constrangedores de nossa história administrativa. Nem encomendando se conseguiria produzir semelhante sucessão de ações e reações que primam pela falta de decoro e pela hipocrisia. Atenção, jornalismo nacional! Hora de acordar, rapaziada! O rolo é conhecido desde 2012! É difícil entender as razões pelas quais a pauta dormiu nas gavetas durante todo o ano de 2013.

            Seja como for, o melhor ficou para o fim. Aconteceu no Congresso Nacional, com a disputa entre governo e oposição sobre a proposta de criar CPI para investigar a operação. Como a medida se revelou inevitável, o PT partiu para o contra-ataque, e quis investigar, também, o metrô de São Paulo e o porto de Suape em Pernambuco. Foi uma antecipada confissão. Foi reconhecimento pelo réu de que comprometedoras digitais estavam na cena do crime. O que espera a sociedade de um partido político que respeite a própria imagem diante de fato com tal magnitude? Que participe das investigações, que controle o trabalho da oposição, que busque a verdade e, naturalmente, que evite maiores explorações políticas dos fatos apurados. Em vez disso, o PT quis tumultuar, embrulhar e inviabilizar a CPI, acrescentando-lhe outros objetivos que, supostamente, poderiam causar dano ao seus principais opositores na corrida presidencial em curso: PSDB e PSB. Tudo num grande esforço para "blindar a Petrobras". A Petrobras? Me poupem.

            A Constituição Federal não deixa margem para interpretações quando afirma que as CPIs devem tratar "de fato determinado" e não de fatos indeterminados. Se o PT tem conhecimento de determinados fatos a merecer investigação no metrô de São Paulo e no porto de Suape, envolvendo recursos federais, por que não pediu oportunamente as respectivas CPIs? Por que fazê-lo como contraponto à CPI sobre a refinaria de Pasadena?  Ao agirem como estão agindo no caso, o PT e seus associados no Congresso Nacional tornam inequívoco perante a opinião pública que, de fato, houve rolo no negócio. Caso contrário, fosse a operação sábia e proba, economicamente interessante, como chegaram a afirmar alguns agentes partidários na frente de batalha das redes sociais, nada melhor do que uma CPI para comprová-lo e retocar a imagem da presidente. Afinal, ela foi vendida a seu eleitorado como gestora competente. Mas autorizou a Petrobras a pagar mais de um bilhão de dólares por uma lebre que mia.

            Todo esse imbróglio serve para mostrar o quanto é maléfica a confusão que fazemos no Brasil entre Estado, governo e administração pública, como se fosse tudo a mesma coisa. Não contentes, embrulhamos o pacote para presente e entregamos a um partido político. Só pode dar nisso! Que raios tem um partido político a fazer na Petrobras? E não só aí, mas também no Banco do Brasil, no BNDES, em dezenas de estatais e em todo o aparelho administrativo federal, ocupando dezenas de milhares de postos que deveriam ser providos por servidores de carreira com a formação adequada?

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Amizades ditatoriais dos companheiros - Percival Puggina

Se eles não tem um mínimo de vergonha por admirar ditadores, deve ser porque gastariam de ser iguais a eles, não é mesmo? Só não são porque não podem, não porque não queiram...
Paulo Roberto de Almeida 

Não é o Brasil, senhores!

Dize-me a quem admiras. E eu te direi que isso me basta. Muito tem sido escrito sobre as afeições do governo brasileiro no cenário internacional. Eu mesmo já escrevi sobre a carinhosa saudação de Lula na 10ª Reunião do Foro de São Paulo, em Havana, no ano de 2001: “Obrigado, Fidel, por vocês existirem!”. E, não satisfeito com tão derretida manifestação de afeto, Lula arredondou o discurso com esta faiscante pérola: “Embora o seu rosto esteja marcado por rugas, Fidel, sua alma continua limpa porque você não traiu os interesses do seu povo”. Que coisa horrível! E note-se: é uma adoração coletiva. Interrogue qualquer membro do governo sobre violações de direitos humanos, prisões de dissidentes, restrições às liberdades individuais na ilha dos Castro. Verá que ele, imediatamente, passa a falar de ianques em Guantánamo. Essa afinidade entre nossos governantes e os líderes cubanos é carnal, como unha e dedo. Quando se separam, dói. Noutra perspectiva, parece, também, algo estreitamente familiar.
Filial, como quem busca a bênção do veterano e sábio pai, fraternal na afinidade dos iguais, e crescentemente paternal, pelo apoio político, moral e financeiro à velhice dos dois rabugentos ditadores caribenhos. E haja dinheiro nosso para consertar o estrago que a dupla já leva mais de meio século produzindo.
Um pouco diferente, mas ainda assim consistente e comprometida, solidária e ativa, a relação do nosso governo com o delirante Hugo Chávez e seu fruto Maduro. Ali também se estendeu _ e estendida permanece, resolutamente disponível _ a mão solidária do governo brasileiro. Pode faltar dinheiro para as penúrias humanas do nosso semiárido, para um tratamento menos indigno aos aposentados e pensionistas do país, para os portos e aeroportos nacionais, mas que não faltem recursos para pontes, portos e aeroportos na Venezuela e em Cuba. Parece, também, que entramos num infindável ano bíblico de perdão de dívidas. Onde houver um tiranete africano ou ibero-americano em necessidade, lá vai o Brasil rasgar seus títulos de crédito. Quando foi deposto o virtuoso Fernando Lugo, com suas camisas tipo clergyman adornadas com barras verticais que lembravam estolas, nosso governo experimentou tamanha dor, que preferiu perder a amizade dos paraguaios. A parceria se reuniu, expulsou o Paraguai do Mercosul e importou, não a Venezuela, mas o folclórico Hugo Chávez.
Eu poderia falar sobre o silêncio do Brasil em relação ao que a Rússia está fazendo na Crimeia. Aliás, haveria muito, mas muito mais, do mesmo. Mas isso me basta. Percebam os leitores que, em todos os casos, a reverência, o apreço, a dedicação fluem para as pessoas concretas dos líderes políticos, membros do clube, e não para os respectivos povos. Não são os cubanos, mas os Castro. Não são os venezuelanos, mas os bolivarianos Chávez e Maduro. Não eram os paraguaios, mas Lugo. Não são os bolivianos ou os nicaraguenses, mas Evo e Ortega. Não são os povos africanos, mas seus ditadores. Há algo muito errado em nossa política externa. Tão errado que me leva a proclamar: não é o Brasil, senhores, mas é Lula, Dilma e seus companheiros!
Isso me basta. No entanto, ocorre-me uma investigação adicional e para ela eu peço socorro à memória dos meus leitores: você é capaz de identificar uma nação ou um estadista realmente democrático, uma democracia estável e respeitável, que colha dos nossos governantes uma consideração minimamente semelhante à que é concedida nos vários exemplos que acabo de citar? Pois é, não tem.
Fonte: Zero Hora, 09/03/2014

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O governo e o ministerio das ilegalidades - Percival Puggina





SE DILMA NÃO FOSSE DILMA
Percival Puggina, 15/02/2014

Ao se desligar do programa "Mais Médicos", a doutora Ramona Matos Rodriguez abriu a caixa de Pandora desse suspeitíssimo convênio firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para locação de médicos cubanos.

            Ramona exibiu à imprensa cópia do seu contrato com uma certa sociedade anônima "Comercializadora de Serviços Médicos" e informou que dos 10 mil reais por cabeça, pagos pelo Brasil, ela só recebia o equivalente a mil reais no câmbio atual. Ou seja, confirmou ganhar apenas aqueles 10% que eu, desde o início das tratativas para vinda dos médicos, afirmei que constituíam o padrão para contratos desse tipo na Castro & Castro Ltda. - antigamente conhecida como ilha de Cuba - empresa familiar com sede e foro na cidade de Havana. E ainda há quem ouse se referir a tais negociatas como evidências da "admirável solidariedade" da Cuba comunista para com os necessitados do mundo. Vê se eu posso!

            Em torno de dona Ramona se formou a primeira das encrencas que haverão de cercar esse convênio nascido nas confabulações do Foro de São Paulo (aquela supranacional esquerdista que a imprensa brasileira faz questão de solenemente desconhecer). Muitas outras encrencas virão porque tudo que é mal feito em algum momento cobra conserto.

            O problema é que Dilma, apesar de seus 40 ministros, não tem um ministério nem dirige um governo. Ela preside um clube, destinado ao lazer dos sócios, vale dizer, dos partidos políticos que compõem sua base de sustentação. Tivesse ela um bom ministro do Trabalho, este lhe diria que a situação dos cubanos é totalmente irregular perante a legislação brasileira (a doutora Ramona já anuncia que vai buscar na Justiça do Trabalho o que lhe é devido pelo Brasil). Tivesse ela um bom ministro da Saúde, ele a advertiria sobre a deficiente formação média dos profissionais médicos formados em Cuba. Tivesse ela um bom ministro da Defesa, ele haveria de alertá-la para os riscos decorrentes da importação, em larga escala, de agentes enviados por um país que, desde 1959, se caracteriza por infiltrar e subsidiar guerrilheiros no resto do mundo. Tivesse, Dilma, uma boa ministra de Direitos Humanos, menos fascinada por ideologia e mais pela humanidade, esta iria às últimas consequências para impedir que o Brasil protagonizasse escancarado ato de escravidão, trazendo os cubanos sob as condições postas por Havana. Tivesse Dilma um bom ministro da Fazenda, ele certamente lhe demonstraria o quanto é abusivo pagar um overhead de 900% em relação a cada profissional enviado pelos Castro. Tivesse ela um bom ministro da Economia, este abriria um berreiro para mostrar que a contabilidade desse convênio é altamente prejudicial ao interesse nacional diante da desproporção entre o valor do serviço prestado no Brasil e o montante enviado para a matriz cubana. Tivesse Dilma um bom ministro da Justiça, ele ficaria de cabelos em pé diante do atropelo que esse contrato produz nos mais comezinhos princípios de Justiça e na legislação nacional. Tivesse Dilma um bom ministro da Previdência Social, ele mostraria ser líquido e certo o caráter regressivo ao governo de qualquer ação dos médicos cubanos em busca de seus direitos previdenciários porque o patrão de fato desses profissionais é o governo brasileiro. Tivesse Dilma um bom ministro de Relações Exteriores, ele lhe mostraria o quanto resulta negativo à imagem do Brasil o conhecimento internacional das bases em que o país firmou esse convênio.

            Mas Dilma preside um clube. E se o clube está nem aí para suas verdadeiras ocupações, menos ainda haverá de estar para quaisquer preocupações. O clube, afinal, gosta mesmo é de festa e grana.

            Se Dilma não fosse Dilma e tivesse um bom ministério, se estivesse ocupada em solucionar problemas estruturais em vez de ficar quebrando galhos e agradando parceiros, ela teria atendido à reivindicação dos médicos brasileiros. Há muito tempo eles pedem uma carreira atrativa no serviço público, à exemplo de outras que iniciam em postos remotos e, gradualmente, promovem seus integrantes para centros maiores. Mas Dilma é apenas Dilma.

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Percival Puggina: a mentira cubana desvendada, e a mafia no poder

MAIS MÉDICOS" - ENFIM A HORA DA VERDADE.
          Percival Puggina

  O pedido de asilo da cubana Ramona Matos Rodriguez, que desertou do programa "Mais Médicos", quebrou os ponteiros do relógio do governo petista em relação à sua tramóia com a empresa Castro & Castro Cia Ltda, com sede e foro na cidade de Havana. Chegou a hora da verdade.

            Impõe-se, portanto, que eu escreva este artigo. Durante meses, os defensores do indefensável, com a fria determinação dos mentirosos contumazes, tentaram negar os fatos. Tentaram transformar esse negócio escandaloso em inaudita solidariedade do povo cubano para com os países necessitados. Também para eles acabou o tempo da mentira.

            Não se trata, aqui, de mostrar o quanto sei sobre a realidade daquela ilha caribenha, mas de mostrar há quanto tempo tais fatos são bem conhecidos. Por isso, transcrevo a seguir um trecho do  meu livro "Cuba - A Tragédia da Utopia", publicado em 2004. É o relato de uma informação que recebi na Embaixada de Cuba quando a visitei em 2001 e ainda sequer cogitava escrever o referido livro (pag. 113).

  " Em 2001 fui visitar a embaixada brasileira em Havana. Ela se situa no excelente prédio da Lonja de Comércio (Bolsa de Valores), uma edificação do século XIX, recentemente restaurada. (...) Durante a entrevista (com o secretário da embaixada), entrou na sala uma moça de cor negra que lhe dirigiu algumas palavras em espanhol e se retirou deixando expedientes sobre a mesa. Quando ficamos novamente sós, ele explicou que a moça era cubana, excelente funcionária, contratada pela embaixada junto a uma das duas agências oficiais através das quais o governo loca mão-de-obra para organizações estrangeiras que funcionam no país. A embaixada fornecera uma descrição do perfil da pessoa que necessitava, agência estabelecera o valor da remuneração em 200 dólares mensais,  enviara algumas moças para serem entrevistadas e aquela havia sido escolhida. Dos 200 dólares com que a embaixada remunerava a agência a moça recebia o equivalente, em pesos, a 20 dólares. O restante ficava para seu generoso patrão, o Estado cubano. Diante dessa dura realidade a representação brasileira, incluíra a funcionária em sua folha de pagamentos e lhe repassava, por fora, 500 dólares mensais. É o que a maior parte das representações estrangeiras e empresas de fora fazem como forma de motivar seu pessoal.

  Não é diferente o que acontece em relação aos muitos convênios que o governo cubano estimula que sejam firmados com países latino-americanos para fornecimento de pessoal médico, especialmente na área de medicina comunitária. Cuba não sabe o que fazer com os médicos que têm (um médico para cada cento e poucos habitantes!) e os médicos não sabem o que fazer com o que sabem. Acabam nas portas dos hotéis, oferecendo serviços como guias turísticos. Através desses convênios e do mecanismo de apropriação do salário de seu pessoal nos tenebrosos níveis acima descritos, o governo consegue captar dólares no exterior. E ainda faz o seu “comercial” como um país solidário que presta importante ajuda à saúde pública das comunidades carentes do planeta."

Há 13 anos, portanto, Cuba já adotava esse procedimento. De um lado anuncia ao bom e generoso povo cubano que está prestando ajuda humanitária. De outro, apropria-se da renda produzida pelos recursos humanos que aloca, numa proporção jamais sonhada pelo mais porco dos "porcos capitalistas" dos quais tanto mal falam. Pior ainda: nos tempos do patrocínio soviético, a paga cubana em recursos humanos consistia em enviar jovens para as guerrilhas comunistas nos conflitos da África subsaariana. Sangue cubano por rublos e petróleo, em nome da "unidade dos povos".

Agiu certíssimo a Dra. Ramona. Quero ver a retirarem do gabinete da liderança do DEM. Pago para ver! Ronaldo Caiado é osso duro de roer. Quero ver, também, quem terá coragem de desmentir as informações que ela presta sobre o sinuoso percurso dos valores que o governo brasileiro paga, per capita, a Raúl Castro. E quero ver, por fim, o que dirá a OPAS, a altissonante Organização Pan Americana de Saúde, intermediária oficial dessa operação, sobre o contrato dos médicos cubanos com a tal de Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A. que a contratou.

Outra coisa que ninguém conta, mas tenho informação de cocheira: faltam médicos em Cuba. Os negócios dessa empresa locadora de médicos (!) esvaziaram os serviços locais que estão sendo prestados por estudantes latino-americanos de Medicina.

Repito: quebraram-se os ponteiros desse negócio. O que ainda existe de moralmente sadio na sociedade brasileira não pode conviver passivamente com um declarado e certificado regime de escravidão em território nacional. Com a palavra a Ministra Maria do Rosário. Ou os cubanos não são  humanos?
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 A MÁFIA CUBANA DESVENDADA   
Percival Puggina

Durante os Jogos Pan-Americanos de 2007, os boxeadores Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux abandonaram a delegação cubana com o intuito de se tornarem profissionais na Alemanha. Não foi uma fuga qualquer, dessas que acontecem quase sempre que um grupo de atletas ou artistas daquele país viaja ao exterior. A dupla era a joia da coroa cubana no Pan e o boxe divide com o baseball a condição de esporte mais popular da Ilha. Por lá, ser bom boxeador significa estar livre das aflições alimentares do comunismo. A notícia da fuga levou Fidel a escrever um artigo no Granma declarando que "nos nocautearam com um golpe direto no queixo, faturado com notas americanas". Duas semanas após, os dois foram capturados numa praia de Araruama. Dado que atletas cubanos no exterior têm seus passaportes retidos pelos comandos das delegações, a dupla estava sem documentos e foi levada presa para a Polícia Federal em Niterói.

            Se fosse você a decidir, o que faria com ambos, nesse caso? O governo brasileiro fez o contrário. Deportou-os imediatamente para Havana onde, nos meses seguintes, comeram, em pequeníssimas porções, o pão que o diabo amassou. E foi tudo que comeram. Tendo feito o oposto do que você e eu faríamos, nossas autoridades, por eminentes porta-vozes, asseveraram que ambos estavam arrependidos e que pediram para voltar aos afagos de Fidel. Era uma afirmação tão verdadeira e tão sincera quanto qualquer "Me traíram!" de Lula. Tanto assim que, meses após, ambos tornaram a escapar da Ilha. Hoje exercem sua atividade, como cidadãos livres, nos grandes centros mundiais desse esporte.

            No mesmo ano de 2007, o criminoso italiano Cesare Battisti, comunista e terrorista, ladrão e assassino, condenado em seu país por várias mortes, fugiu da França onde estava refugiado. Havia risco de revogação do benefício, o que determinaria sua extradição. Com documentos falsos, Battisti acertou na mosca vindo para o Brasil petista, onde recebeu tratamento de companheiro. Iniciou-se aqui uma longa discussão sobre seu destino. O que faria você, diante do pedido de extradição formulado por país amigo em relação a um criminoso condenado em várias instâncias? Mormente se você fosse a autoridade que antes enviara dois inocentes de volta para Cuba?  Pois é, o governo brasileiro, enrolou, enrolou e fez o oposto, contrariando, inclusive, a posição recomendada pelo Conselho Nacional de Refugiados e a decisão do STF. Concedeu-lhe refúgio e criou uma encrenca com a Itália. Battisti, hoje, trabalha na CUT.

            Temos, agora, o caso da cubana que abandonou o programa Mais Médicos e está sob proteção da bancada federal do DEM. O que faria você? Acolheria o pedido de uma mulher que rompeu o silêncio daomertá e revelou a máfia cubana exportadora de médicos? Até quem conhece, como eu, a realidade daquele país e sabe que é pura balela a "generosa solidariedade cubana", se surpreende com a revelação da doutora Ramona. Ela provou ser contratada não pela Organização Pan-Americana de Saúde (como se contava por aqui) mas por uma empresa, uma Sociedade Anônima, criada em Cuba no ano de 2011, que abocanha 76% do valor pago pelo Brasil. Quem são os sócios dessa tão lucrativa empresa? Nada foi dito.

            Por enquanto, tudo indica que o governo brasileiro, mais uma vez, fará o contrário do que você e eu faríamos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já antecipou que fora do programa Mais Médicos ela terá seu visto de permanência revogado, presumindo-se que o avião no qual deixará o Brasil terá seu nariz apontado para o Caribe.

            A mais insensível das criaturas humanas reconhecerá na situação dos médicos cubanos atuando no Programa Mais Médicos uma condição de escravidão. Quem se recusa a admiti-lo sonha com uma sociedade onde, em vez de o Estado existir para as pessoas, as pessoas existem para o Estado. Por isso, num regime comunista, um atleta é um atleta do Estado. Um médico é um médico do Estado. E ambos têm que fazer o que o Estado lhes determine. Bom, isso a gente sabia. A novidade é a máfia.

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Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
             

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Existe oposicao ao partido totalitario no poder? Aparentemente NAO! -Percival Puggina

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A PERGUNTA CERTA
Percival Puggina


É tamanho o descrédito dos partidos políticos que eles desistiram de proclamar suas virtudes. Ao contrário, dedicam-se a demonstrar que os outros chafurdam em ainda maiores vícios. Nesse contexto, nesse indiscutível contexto, fica imensamente favorecida a vida de quem está no poder. Ali, as facilidades voam em jatinhos militares devidamente decorados para os prazeres da vida civil. Ali, roda a ciranda em torno do Erário, que abre portas na hora certa para alegria dos folgazões. Ali há dinheiro, empregos, poder, honrarias, favores. E tudo isso, no tempo devido, vira mercadoria ou moeda eleitoral.

"E a oposição?", indagará o leitor atento à relevância política deste ano de 2014. Ora, a oposição é aquele pequeno reduto onde só ficam os que não se deixaram seduzir pelo que de mais atraente existe nas tentações do poder. No Brasil destes anos constrangedores, só é oposição quem faz muita questão de sê-lo. O poder tem do bom e do melhor para todos os seus. A oposição é trincheira de poucos e mal apetrechados combatentes.

Quem acompanha a política nacional com interesse cívico sabe, também, que o PT muito pouco pode apresentar como resultado positivo de suas três administrações que não provenha de políticas que antes condenou e, posteriormente, adotou. Mas, convenhamos: isso não serve para estabelecer diferenças. Bem ao contrário. A estratégia oposicionista precisa ser outra. Para vencer o desequilíbrio estabelecido entre as forças do governo e as da oposição é preciso identificar e apontar ao juízo soberano dos eleitores certos abismos que as separam. A contribuição que trago nestas linhas é uma lista de pautas, de condutas e de políticas pelas quais esse rio de águas turvas chamado Partido dos Trabalhadores ganha corpo com seus afluentes pela margem esquerda e pela margem direita. Elas me levam ao que chamo de a pergunta certa: qual o partido brasileiro que se identifica com as seguintes políticas, condutas e pautas?

Marco regulatório da imprensa; marco civil da internet; PLC 122 (da "homofobia") e seus disparates; imposição do "politicamente correto" e da novilíngua; confabulações do Foro de São Paulo; apoio e refúgio a terroristas (Cesar Battisti é apenas um dos casos); captura e devolução a Fidel dos boxeadores cubanos; apoio aos governos comunistas de Cuba, Venezuela e Bolívia; incondicional afeição a qualquer patife adversário do Ocidente; homenagens e nomes de ruas para líderes comunistas; memorial para Luiz Carlos Prestes; apoio explícito a companheiros condenados pela justiça por graves crimes; verdadeira fobia por presídios e órgãos de segurança, resultando em gravíssima instabilidade social; absoluta e incondicional dedicação aos direitos humanos dos bandidos; empenho em inibir a ação armada das instituições policiais; dedicação à causa do desarmamento dos cidadãos; recusa à redução da maioridade penal; criação do MST e apoio às suas truculentas invasões de propriedades rurais; apoio a invasões no meio urbano e a políticas que restringem o direito de propriedade; cobertura às estripulias imobiliárias dos quilombolas; avanços do Código Florestal contra o direito de propriedade; expansão das reservas indígenas sobre áreas de lavoura; mudança, para pior, do Estatuto do Índio; supressão de símbolos religiosos em locais públicos; lei da palmada; apoio à legalização do aborto; políticas de gênero; kit gay nas escolas; apoio à parada gay, à marcha das vadias e à marcha pela maconha; leis de cotas raciais; uso de livros didáticos para doutrinação ideológica; fim da lei de anistia e manipulação da História; aparelhamento da administração pública e dos órgãos de Estado pelos partidos do governo; e mais recentemente, defesa dos rolezinhos e suas perturbações em locais de comércio.

Examine bem a lista acima e depois me diga se não é urgente espantar, pela força do voto, esse mau agouro político que lança sortilégios sobre nossa sociedade e sobre a democracia brasileira.
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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.