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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 16 de fevereiro de 2014

O governo e o ministerio das ilegalidades - Percival Puggina





SE DILMA NÃO FOSSE DILMA
Percival Puggina, 15/02/2014

Ao se desligar do programa "Mais Médicos", a doutora Ramona Matos Rodriguez abriu a caixa de Pandora desse suspeitíssimo convênio firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para locação de médicos cubanos.

            Ramona exibiu à imprensa cópia do seu contrato com uma certa sociedade anônima "Comercializadora de Serviços Médicos" e informou que dos 10 mil reais por cabeça, pagos pelo Brasil, ela só recebia o equivalente a mil reais no câmbio atual. Ou seja, confirmou ganhar apenas aqueles 10% que eu, desde o início das tratativas para vinda dos médicos, afirmei que constituíam o padrão para contratos desse tipo na Castro & Castro Ltda. - antigamente conhecida como ilha de Cuba - empresa familiar com sede e foro na cidade de Havana. E ainda há quem ouse se referir a tais negociatas como evidências da "admirável solidariedade" da Cuba comunista para com os necessitados do mundo. Vê se eu posso!

            Em torno de dona Ramona se formou a primeira das encrencas que haverão de cercar esse convênio nascido nas confabulações do Foro de São Paulo (aquela supranacional esquerdista que a imprensa brasileira faz questão de solenemente desconhecer). Muitas outras encrencas virão porque tudo que é mal feito em algum momento cobra conserto.

            O problema é que Dilma, apesar de seus 40 ministros, não tem um ministério nem dirige um governo. Ela preside um clube, destinado ao lazer dos sócios, vale dizer, dos partidos políticos que compõem sua base de sustentação. Tivesse ela um bom ministro do Trabalho, este lhe diria que a situação dos cubanos é totalmente irregular perante a legislação brasileira (a doutora Ramona já anuncia que vai buscar na Justiça do Trabalho o que lhe é devido pelo Brasil). Tivesse ela um bom ministro da Saúde, ele a advertiria sobre a deficiente formação média dos profissionais médicos formados em Cuba. Tivesse ela um bom ministro da Defesa, ele haveria de alertá-la para os riscos decorrentes da importação, em larga escala, de agentes enviados por um país que, desde 1959, se caracteriza por infiltrar e subsidiar guerrilheiros no resto do mundo. Tivesse, Dilma, uma boa ministra de Direitos Humanos, menos fascinada por ideologia e mais pela humanidade, esta iria às últimas consequências para impedir que o Brasil protagonizasse escancarado ato de escravidão, trazendo os cubanos sob as condições postas por Havana. Tivesse Dilma um bom ministro da Fazenda, ele certamente lhe demonstraria o quanto é abusivo pagar um overhead de 900% em relação a cada profissional enviado pelos Castro. Tivesse ela um bom ministro da Economia, este abriria um berreiro para mostrar que a contabilidade desse convênio é altamente prejudicial ao interesse nacional diante da desproporção entre o valor do serviço prestado no Brasil e o montante enviado para a matriz cubana. Tivesse Dilma um bom ministro da Justiça, ele ficaria de cabelos em pé diante do atropelo que esse contrato produz nos mais comezinhos princípios de Justiça e na legislação nacional. Tivesse Dilma um bom ministro da Previdência Social, ele mostraria ser líquido e certo o caráter regressivo ao governo de qualquer ação dos médicos cubanos em busca de seus direitos previdenciários porque o patrão de fato desses profissionais é o governo brasileiro. Tivesse Dilma um bom ministro de Relações Exteriores, ele lhe mostraria o quanto resulta negativo à imagem do Brasil o conhecimento internacional das bases em que o país firmou esse convênio.

            Mas Dilma preside um clube. E se o clube está nem aí para suas verdadeiras ocupações, menos ainda haverá de estar para quaisquer preocupações. O clube, afinal, gosta mesmo é de festa e grana.

            Se Dilma não fosse Dilma e tivesse um bom ministério, se estivesse ocupada em solucionar problemas estruturais em vez de ficar quebrando galhos e agradando parceiros, ela teria atendido à reivindicação dos médicos brasileiros. Há muito tempo eles pedem uma carreira atrativa no serviço público, à exemplo de outras que iniciam em postos remotos e, gradualmente, promovem seus integrantes para centros maiores. Mas Dilma é apenas Dilma.

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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+

sábado, 3 de março de 2012

Republica Zoologica do Brasil: desenterrando minhocas (e colocando nos miolos...)

Uma alcatéia de antas? (desculpem a violência com o coletivo, mas achei que combinava, um e outro termo da equação, sobretudo em face de certos personagens animalescos, digamos assim...).
O Brasil sempre foi do jogo do bicho, mas ele sempre ficou meio clandestino. Agora os bichos de instalam nos mais altos escalões da República, o que nos garante diversão garantida.
Eu fico cada vez mais surpreendido, e admirado, ao constatar como a qualidade do discurso, as imagens poéticas, o tino e a inteligência dos nossos líderes políticos vão melhorando, cada vez mais, até chegarem ao ponto de serem imelhoráveis, dignas de alguma academia perdida por aí (e que talvez se tenha mudado para o Zoológico).
Enfim, um pouco de diversão que ninguém é de ferro...
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 2/03/2012

Ressuscitem Aristófanes. Depois de “As Vespas” e de “As Rãs”, ele precisa escrever “As Minhocas”, em homenagem ao que viu nesta sexta no Palácio do Planalto. Chamem Esopo. Há uma nova fábula em curso, de sentido moral ainda impreciso: “As Minhocas e a Soberana”. Que coisa!
Leiam o que informam Nathalia Passarinho e Priscilla Mendes, no Portal G1. Volto em seguida:
Alvo de críticas por não conhecer o setor que vai comandar, o novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB-RJ), afirmou nesta sexta-feira (2) que pretende aprender mais sobre a área. “Não quero que a presidente fique triste em ter um ministro da pesca que não é um especialista e que não sabe colocar minhoca num anzol. Mas colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido. Pensar nos outros é que é difícil”, afirmou Crivella do discurso de posse nesta sexta-feira (2) no Palácio do Planalto.
Ao discursar depois, a presidente Dilma Rousseff disse que Crivella “é um grande especialista em colocar minhoca no anzol”. “Um grande especialista. Ele é um bom engenheiro, ele é um bom gestor. Tenho certeza que o Crivella vai acrescentar muito às nossas minhocas colocadas no anzol”, afirmou a presidente. Dilma chorou ao lamentar a saída de Luiz Sérgio de sua equipe de ministros. Ela defendeu, porém, a existência de alianças e coalizões políticas como “essência para que o Brasil seja administrado” e disse que, “infelizmente”, às vezes é preciso “prescindir” de algumas pessoas no governo.
Evangélicos
Apontado como uma indicação estratégica para aproximar o governo do setor evangélico, Crivella, que integrava a bancada evangélica no Congresso, citou a religiosidade em seu discurso. O novo ministro também citou o tio, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal.
“Quero citar uma lição que sintetiza com simplicidade um bom conceito. Quem pensa nos outros pensa como Deus”, disse. “Peço a Deus que dê sabedoria e discernimento [...] para que continue não ocorrendo no nosso ministério qualquer deslize que desanime o povo e faça um cidadão de bem não sentir orgulho de ser brasileiro”, disse o novo ministro ao concluir o discurso. Sobre as ações necessárias ao setor da pesca e aquicultura, Crivella afirmou que é preciso formar engenheiros ligados ao setor e aumentar o volume de financiamentos.
(…)
Voltei [Reinaldo Azevedo]
E aí? Dá para levar isso a sério? Marcelo Crivella foi nomeado para a Pesca. Como não há o que fazer por lá — ou seus antecessores não seriam Ideli Salvatti e  Luiz Sérgio —, vai cuidar, então, da linguagem de duplo sentido.
Sabem como é… Um governo começa metaforizando com a minhoca no anzol e depois vai percorrendo toda a variedade da alegoria zoológica: afoga o ganso; dá tapa na pantera; engole sapo; põe bode na sala; manda a vaca pro brejo; dá uma de macaco e mete a mão em cumbuca; nada de costas em rio que tem piranha…
Nada disso pode ser muito sério. Quando Crivella foi nomeado, escrevi aqui um longo texto, lembrando quem ele era e enfatizando a sua ligação com Edir Macedo, seu tio, dono do PRB, da Igreja Universal e da Rede Record. Um ou outro indagaram: o que tem uma coisa a ver com outra? Ora, perguntem a ele, que citou o tio no discurso de posse. Crivella foi escolhido porque, dizem, é um interlocutor da bancada evangélica, e há contenciosos nessa área — o aborto entre eles. Macedo é, no Brasil, o mais entusiasmado defensor do aborto de que se tem notícia.
Pensemos
Jamais aconteceria, eu sei, e eu não estou igualando as personalidades. Imaginem o que estaria fazendo agora o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) se Dilma tivesse nomeado um parente dos Marinho, da Globo, para ao Ministério e se, na posse, ele citasse Roberto, o patriarca, ou alguém da família. Edir Macedo, a gente vê, virou referência dos “blogueiros progressistas”.
Ressuscitem Aristófanes! Chegou a hora de escrever também “Os Jegues”.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Republica Mastodontica do Brasil: a sexta maior do mundo...

Não, não é do PIB que estou falando: apenas do número de ministérios.
Deve ter cinco países que possuem mais ministérios do que o Brasil, nenhum deles avançado ou desenvolvido, se quiserem apostar...

Relação dos 38 Ministérios: Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cidades, Ciência e Tecnologia, Comando da Aeronáutica, Comando da Marinha, Comando do Exército, Comunicações, Cultura,  Defesa, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Educação, Esporte, Fazenda, Integração Nacional, Justiça, Meio Ambiente, Minas e Energia, Planejamento, Orçamento e Gestão, Previdência Social, Relações Exteriores, Saúde, Trabalho e Emprego, Transportes.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Se criar ministérios resolvesse, o Brasil seria uma GRANDE POTENCIA

Leia numa coluna política:

Recentemente, a candidata Dilma Rousseff anunciou sua intenção de criar um Ministério para a Pequena Micro Empresa.

Já tinha lido antes sobre a promessa do candidato oposicionista, José Serra, de criar um ministério da segurança.

Eu poderia desenvolver argumentos completos sobre essas intenções anunciadas, mas não vou fazê-lo, por achar tudo isso perda de tempo, do meu e do seu, caro leitor.
Só vou dizer uma coisa: tudo isso é puro bullshit.

Se criar ministérios fosse evidência de resolução dos problemas, então qualquer coisa, virtualmente, poderia ser resolvida pela criação de mais órgãos burocráticos.

O Brasil saiu, nos anos 1960, de um total de apenas 13 ou 14 ministérios, para os mais de 37 atualmente existentes (contando os Secretários de Estado que levam o pomposo nome de ministros de Estado). Sobretudo no atual governo a escalada de criação de órgãos públicos foi vertiginosa, exponencial, assim como a contratação de novos funcionários públicos e a criação de milhares de cargos novos, em especial os de confiança, de livre designação.

Alguém poderá sinceramente confirmar que o crescimento da produtividade no setor público correspondeu ao ritmo de criação de cargos, funções, órgãos e prebendas estatais?

Por favor, me poupem de qualquer discussão sobre esse tema desagradável...