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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 4 de maio de 2014

Mentiras e falcatruas presidenciais de 1ro de Maio - Percival Puggina

A CONFISSÃO DE DILMA
Percival Puggina, 4/05/2014

Ouvi pelo rádio o pronunciamento da presidente. Sem dúvida, ela percebe a República como artigo de consumo e a nação como um bando de tolos. Valendo-se da oportunidade proporcionada pelo Dia do Trabalho, os marqueteiros que servem à candidata procuraram afastar as inquietações da sociedade com relação ao futuro próximo e dissipar, com esquivos circunlóquios, as pesadas acusações que pairam sobre a patroa e sobre seu governo. O tom do discurso se torna indesculpável porque foi inteiramente concebido, parágrafo por parágrafo, à luz da queda de prestígio da candidata do continuísmo. A pesquisa eleitoral divulgada na véspera apontava um tombo espetacular nos índices da presidente. Reduzira-se em 10 pontos a distância que a separa do segundo colocado. Subira para 43% seu índice de rejeição, que é a mais importante informação quando a campanha sequer iniciou, superando as intenções de voto, que desceram aos 37%. Para quem sonhava com vitória no primeiro turno, haver mais eleitores dizendo que não votariam nela em hipótese alguma do que votantes dispostos a fazê-lo cria uma situação alarmante. É exatamente esse o fundo de cena em que se deve apreciar a lamentável fala presidencial do dia 30 de abril.

            Tomemos, por exemplo, o caso dos bilionários escândalos envolvendo a Petrobras. Como se resume o que disse a  presidente em relação ao tema? Que tudo será rigorosamente investigado (embora ela tenha procurado impedir e, depois, tentado bagunçar a CPI proposta para essa investigação). Afirmou, também, que não admitia o uso político do assunto para depreciar e prejudicar a empresa. Pura retórica de militante petista. Quem vem fazendo, há 11 anos, uso político da Petrobras são os governos petistas, que dela se servem para arregimentar apoio parlamentar, fatiando-a entre as siglas da base e malbaratando os incertos recursos do pré-sal como se fossem um ativo político do PT e não uma futura riqueza do país. Como consequência, derrubaram a Petrobras do 12º lugar entre as grandes empresas mundiais para a 120ª posição. Prejudicar a empresa é o que o governo vem fazendo e não quem cumpre o incontornável dever de defendê-la de maus tratos e malfeitos.

            O discurso presidencial estaria perfeito num comício de campanha. Usou à exaustão expressões que apontam para um horizonte posterior: "continuar na luta", "continuar fazendo", "continuar as mudanças", "seguir adiante", "mudar mais rápido", "recomeçar mais fortes", "continuar a política de valorização", "meu governo será sempre", coroando com um happy end: "Quem está do lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória".

            Assistiu-se a um conjunto de piruetas retóricas, habilmente construídas por marqueteiros. Houve uso do horário nobre de televisão para falar sem contraditório a 80% dos brasileiros, posto que as oposições não dispõem de igual recurso. Alguém pode achar que foi simples deselegância, falta de fair play, ou algo assim. Mas não é. Tem todo o jeito de crime eleitoral. Alguns partidos, aliás, já anunciaram que vão recorrer à Justiça denunciando o fato como um formidável abuso de poder contra o princípio de isonomia que deve reger uma correta disputa política. Age contra a democracia e contra os mais comezinhos princípios quem se vale do poder em benefício próprio e usa recursos que são de todos para obter votos para si. A presidente, ao ensejo do dia 1º de Maio, valendo-se das comemorações do Dia do Trabalho, promoveu consistente e inequívoca demonstração daquilo que pretendeu negar: os negligentes padrões morais que caracterizam seu governo e seus associados. Com a palavra o TSE.

Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ e membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

A maior fraude da politica brasileira volta a grasnar - Editorial Estadao

Não dá para levar a sério

Editorial O Estado de S. Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não se deve levar a sério quem não leva a sério a si mesmo. Diante das nuvens que ameaçam carregar de sombras o cenário eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abrir a caixa de ferramentas e "partir para cima" de quem ou o que quer que seja que represente risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.

Tem aproveitado todas as oportunidades para exercitar sua conhecida e inexcedível desfaçatez. Na noite de sábado passado, em entrevista à TV portuguesa, chegou ao cúmulo, ao interromper a entrevistadora que queria saber o nível de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e sair-se com uma inacreditável novidade: "Não se trata de gente de minha confiança".

Então está tudo explicado. E toda a Nação tem a obrigação de reconhecer que o ex-presidente falava a verdade em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão estourou: "Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas". O fato de as pessoas (a "gente") a que Lula se referia serem o seu então ministro-chefe da Casa Civil - na verdade, um primeiro-ministro ad hoc -, o presidente nacional e o tesoureiro de seu partido tinha então toda a importância, a ponto de o presidente se sentir traído.

Mas, em 2006, surfando no prestígio popular garantido pelo sucesso de seus projetos sociais, Lula reelegeu-se presidente e, cheio de si, subestimando como de hábito o discernimento das pessoas, começou a, digamos, mudar de ideia sobre o mensalão.

Afinal, se estava tão bem na foto, por que posar de vítima?

Em novembro de 2009, já na pré-campanha eleitoral do ano seguinte, passou uma borracha nas declarações anteriores e proclamou diante das câmeras de televisão: "Foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo".

Exatamente um ano depois, já comemorando a eleição da sucessora que havia escolhido a dedo, anunciou, onipotente, sua primeira proeza tão logo deixasse o governo: "Vou desmontar a farsa do mensalão".

Os fatos acabaram demonstrando que Lula não estava com essa bola toda. Provavelmente até hoje ele não entendeu direito como é que um colegiado de 11 ministros, dos quais 8 - esmagadora maioria - foram escolhidos por ele próprio e por sua sucessora, foi capaz de armar uma falseta dessas contra "nós".

Mas Lula nunca foi de dar bola para os fatos. Quando não gosta deles, simplesmente os descarta. Prefere criar suas próprias versões.

Uma dessas criativas versões, novidade no repertório do grande palanqueiro pela precisão quase científica que aparenta conter, foi revelada nessa entrevista televisiva que concedeu em Lisboa, durante sua estada em Portugal para as comemorações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. E bota criatividade nisso: "O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica". Quer dizer: a Suprema Corte de Justiça do País tornou-se politicamente cúmplice da "maior armação já feita contra o governo".

A entrevistadora da TV portuguesa estranhou a esdrúxula divisão, mas o ilustre personagem não hesitou em, novamente, sacrificar a lógica e a coerência em benefício de sua cruzada contra o Mal. E encerrou o assunto: "O que eu acho é que não houve mensalão".

Pelo menos ele está "achando" - não tem a categórica certeza que demonstrou quando garantiu, na prematura apoteose do pré-sal, que o Brasil se tornara "autossuficiente" em petróleo.

Outra pérola do pensamento lulista foi oferecida aos telespectadores quando a entrevistadora provocou o entrevistado sobre o fato de sua popularidade manter-se incólume enquanto a de sua sucessora despenca. Ato falho ou exacerbação do ego, Lula sentenciou: "O povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam".

De resto, o fato de, certamente julgando a partir de seu próprio exemplo, entender que a "esperteza" é uma grande virtude do povo brasileiro, Lula dá a exata medida dos valores éticos que cultiva, na hipótese generosa de que cultive algum.

Levá-lo a sério é cada vez mais difícil.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Avioes, sapatos e soberania nacional: que coisa! - Mario Machado


Coisas Internacionais 17 Jul 2013 06:18 AM PDT

O ministro da defesa, Celso Amorim, admitiu em entrevista concedida a Folha de São Paulo (aqui) que seu avião oficial foi revistado por agentes bolivianos, por ocasião de sua visita àquele país em 2011.

A primeira versão do incidente (que foi analisada em meu texto Evo revista avião da FAB do ministro Amorim ou o mundo é um moinho) afirma que as revistas foram realizadas em 2012, na tentativa de prevenir que o Brasil retirasse da Bolívia, senador Roger Pinto Molina, que é asilado diplomático na embaixada brasileira.
A versão do ministro agora tornada pública é que a vistoria teria sido realizada por agentes em busca de contrabando de drogas, teria se limitado ao bagageiro da aeronave e que ele só teria sido informado depois que o blog “Diário do Poder” vazou esse acontecimento.

Resta claro, até pela linguagem utilizada (ver nota oficial, aqui), uma tentativa de minimizar o problema atribuindo a revista a zelo burocrático dos agentes bolivianos e que teria sido alvo veemente e sigiloso protesto da diplomacia brasileira.
Celso Amorim que sempre se notabilizou pelo discurso da diplomacia altaneira e que foi a mais eloqüente voz do Brasil Grande da era Lula, nunca perdeu chance de se comparar com ministros anteriores, atribuindo a esses um certo servilismo, ilustrado com perfeição com a fatídica e anedótica história dos sapatos, agora se mostra bem menos assertivo ao afirmar que não sabia.

Aceitando-se a versão oficial pelo valor de face nos deparamos com a seguinte realidade; A Bolívia tem fortes motivos para suspeitar que é realizado tráfico internacional de drogas em aviões da FAB e que o ministro da defesa não possuí adequado conhecimento dos fatos de sua pasta.
A meu ver esse cenário é muito pior que a revista motivada pela busca de um dissidente, afinal nessa situação seria apenas um arroubo autoritário, que como o próprio presidente Morales sentiu na pele, pode contagiar até democracias estabelecidas.

O cenário da versão oficial, contudo, aponta para o que seria uma trágica falta de comando na defesa brasileira, como pode o ministro da DEFESA não ser informado que seu avião foi inspecionado ilegalmente por agentes estrangeiros?
A história ainda está a se desenvolver e ao que tudo indica a pás do moinho continuarão a girar.
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Coluna de Claudio Humberto: Diário do Poder
CASO ROGER MOLINA
CELSO AMORIM AMARELOU
PARA ADVOGADO DE MOLINA REVISTA EM AVIÃO DA FAB MERECIA RESPOSTA
Publicado: 17 de julho de 2013 às 14:42
senador boliviano
Senador boliviano Roger Pinto Molina
O advogado Fernando Tibúcio, que trabalha na defesa do senador boliviano Roger Pinto Molina, opositor do presidente local Evo Morales e que segue asilado na embaixada brasileira em La Paz há mais de um ano, respondeu nesta quarta-feira (17) a declaração do ministro Celso Amorim (Defesa) que confirma notícia divulgada em primeira mão pelo Diário do Poder sobre a revista feita, até com cães farejadores, em avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que o traria de volta ao Brasil.
A revista tinha como objetivo caçar o político asilado, que supostamente estaria fugindo para o Brasil, mas acabou servindo apenas para humilhar Amorim que, até hoje, se manteve calado sobre o caso. Para ele, o fato do ministro informar que o episódio se deu em 2011 – antes do senador buscar refúgio na embaixada do Brasil em La Paz, é “indiferente” porque, naquele ano, já estava claro que o governo boliviano temia que Molina recorresse ao instituto do asilo. “O senador já havia feito denúncias no sentido de vincular pessoas próximas do presidente Evo Morales com o narcotráfico”, explicou. “Se o senador simplesmente atravessasse a fronteira a pé, o Governo boliviano tinha nas mães o trunfo de qualificá-lo um fugitivo covarde, como alguém que quis se ver livre da Justiça boliviana”, completou.
O advogado declarou ainda ao Diário do Poder que os cães farejadores do Aeroporto de El Alto, em La Paz, são usados para detectar drogas. Para ele, o ato foi um “insulto que merecia ao menos uma menção na nota divulgada hoje pelo Ministério da Defesa”. “O episódio não só demonstra onde pode chegar a arrogância do Governo boliviano com seu congênere brasileiro, mas a dupla moral que existe em Evo Morales receber apoio brasileiro no caso da tentativa de inspeção da aeronave presidencial na Austrália, ao mesmo tempo em que autoridades bolivianas se utilizam, ou teriam se utiliado, do mesmo expediente condenável no caso do ministro Celso Amorim”, afirmou ao pedir uma postura mais dura nas negociações com a chancelaria boliviana.
Tibúrcio acredita que o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) tem “conduzido de forma desastrosa” as tratativas com a Bolívia e, com isso, tem ofuscado avanços recentes da presidenta Dilma Rousseff no campo internacional, como a escolha do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo para dirigir a OMC. “O nosso chanceler colocou a diplomacia brasileira, de longa tradição, no seu pior momento”, criticou. O advogado de Molina já impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus extraterritorial para seu cliente por conta da “falta de ação do Itamaraty” com relação aos fatos apresentados. O documento deve ser analisado em agosto pela Corte e, se aceito, vai liberar o senador de sua “prisão sem grades” na Bolívia.
  • AVIÃO ‘RETIDO’ DE AMORIM VIRA PIADA COM BOLÍVIA
    Publicado dia 17 de julho de 2013
    A emenda foi pior que o soneto na “consertação” do vexame impingido ao ministro Celso Amorim (Defesa) no aeroporto em La Paz, na Bolívia, no final de 2012, como revelou no domingo (14) o www.diariodopoder.com.br: o ministro admitiu em nota oficial ontem que seu avião foi “vistoriado” no final de 2011. O governo do maluquete Evo Morales nega ambas as violações da soberania brasileira com a sinceridade bolivariana habitual, mas prometeu investigar.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um governo de mentirosos? Obama na berlinda - Bob Bauman

A Congregation of Liars

By Bob Bauman JD, Asset Protection and Offshore Editor

Dear Paulo Roberto,

Parliament of Whores is the title of P.J. O’Rourke’s 1991 classic political humor book. Subtitled A Lone Humorist Attempts to Explain the Entire U.S. Government, it is a scathing critique of the American system of government from a conservative perspective.

If O’Rourke wrote a companion volume describing the current administration, I think an apt title might be A Congregation of Liars.

Rarely, in so short a span of time, have so many officials of an American administration engaged in so many blatant deceptions, distortions, fables, falsehoods, outright fraudulence … and even perjury.

Prevarication seems endemic in this administration, from the president and the attorney general down to the White House press secretary and national security officials.

And the sheer audacity of the deception on display is breathtaking…
Asked during a U.S. Senate Intelligence Committee hearing in March whether the National Security Agency (NSA) collected data on millions of Americans, James Clapper, the director of National Intelligence, replied: “No, sir.”

This blatant falsehood was committed in front of one of the congressional committees charged with oversight of surveillance programs — oversight President Obama and other NSA defenders falsely claim is one of the “safeguards” against NSA abuse.

So obvious was his lie after the revelations of NSA domestic-snooping whistleblower Edward Snowden, Clapper was forced to admit that his statement was, in his words, "clearly erroneous" and he apologized.

As Glen Greenwald of The Guardian points out: “Intentionally deceiving Congress is a felony, punishable by up to five years in prison for each offense. Reagan administration officials were convicted of misleading Congress as part of the Iran-contra scandal and other controversies, and sports stars have been prosecuted by the Obama DOJ based on allegations they have [lied]”.

Yet, put aside for a moment that this massive, secret surveillance of all of our emails, phone calls and financial records violates our constitutional rights. I have commented about that before.

I want you to consider what a government of lies means to each of us, and to America’s future, when our government officials, led by the president of the United States, routinely lie to us, intentionally and repeatedly. At worst, this destroys whatever trust we have in a government that now controls much of our lives. It engenders fear, disrupting our personal ability to plan our lives, our businesses and to move forward. Living under lies means we can never be certain about our future and what the government will do to us.

But We Are Not Naïve

Now, I’m not naïve enough to believe that outrageous statements and charges made during presidential and other election campaigns haven’t become standard fare. Many of us have recognized these are phony and meant to mislead.

What I am referring to are the repeated false or evasive statements over the last five years by President Obama and officials of his administration about critical national and foreign policy issues. To wit:
  • “What I can say unequivocally is that if you are a U.S. person, the NSA cannot listen to your telephone calls and the NSA cannot target your e-mails,” Obama said in a June 17 interview on PBS’s Charlie Rose Show.” That was a lie.
  • Such lies are not new. A Washington Post article by Greg Miller states: "Details that have emerged from the exposure of hundreds of pages of previously classified NSA documents indicate that public assertions about these programs by senior US officials have also often been misleading, erroneous or simply false."
  • And what about the pack of official lies concerning ObamaCare and the terrorist attack on the U.S. consulate in Benghazi? And don’t forget about the fast and furious gun running in Mexico by the Justice Department and Attorney General Holder’s lies to Congress about his role in wiretapping members of the press.
We, no doubt, like to think that we are superior to the Depression-ravaged Germans who were duped by Adolf Hitler and his “Big Lie” technique. We won’t fall for the Big Lie, we think. But ask yourself this: Aren’t most Americans being deceived by this multitude of government lies, unwitting victims of planned deception in which a lazy media is complicit? When we knowingly or in ignorance accept a government of falsehood, we allow those who lie to expand their power over our lives, to consolidate that power and expand their control. Unless we have the truth, we are unable to challenge the deceivers and end their domination – something we must do to reassert our freedoms and save our country.
As chairman of the Freedom Alliance, I have been consistently providing my readers with reliable, hard facts they can use to make personal and financial decisions in the midst of this cauldron of lies. Based on my public service and research, as well as my travels and contacts worldwide, I have endeavored to provide unvarnished truth in my essays, monthly reports, special alerts and interviews.
There was a time when a government official habitually lying to constituents about matters of great import was unthinkable. Times have changed. I not only truly believe in the old saying “the truth will not only set you free,” but also that it will keep you free. And the need for it has never been greater.
The hour is late for America. We must all do whatever is in our power to resist the Big Lie.

Faithfully yours,

Bob Bauman, J.D.
Chairman, Freedom Alliance

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Embromation: uma mentira reincidente no estoque de falsidades - Editorial Estadao

O conto do corte social

Editorial O Estado de S.Paulo, 3/07/2013

Deve datar da Grécia Antiga o golpe retórico que pretende desviar de seu curso natural o debate público que vinha deixando um dos participantes em má situação. A mistificação consiste em atribuir ao oponente intenções impopulares que em momento algum ele mencionara - para então desmenti-las com uma veemência comensurável com a falsa acusação. Pois foi a esse recurso de evidente má-fé que a presidente Dilma Rousseff apelou ao dar uma inusitada entrevista em meio à reunião ministerial de anteontem na Granja do Torto. O encontro visava, alegadamente, a mobilizar a equipe em torno dos cinco "pactos federativos" que ela anunciara na semana passada como prova de ter ouvido e entendido as vozes da rua.
Com estudado bom humor e cordialidade - para surpresa de ministros e jornalistas que conhecem a cara de poucos amigos e a rispidez com que ela costuma tratar os interlocutores -, Dilma enxertou na sua fala sobre a política de dispêndios da administração que dirige a advertência fulminante: "Cortar Bolsa Família jamais". Por via das dúvidas, ou caso alguém não tivesse entendido direito, emendou: "Não esperem de mim reduzir gasto social. Não há hipótese disso". Se um viajante recém-chegado de Marte topasse com tão assertivas palavras, não se poderia criticá-lo por imaginar que as oposições ou, quem sabe, até mesmo os brasileiros que em menos de um mês despojaram a presidente de 27 pontos de popularidade e de outros 21 na liderança das pesquisas eleitorais estão clamando por uma cirurgia no Bolsa Família.
Ao tomar conhecimento do show de determinação no Torto, a parcela insuficientemente informada da sociedade - cuja participação na queda do prestígio e da intenção de voto na presidente, embora menos intensa do que a dos setores mais escolarizados e de maior renda, decerto foi especialmente dura de engolir para Dilma - talvez tenha sido levada a crer, a exemplo do imaginário extraterrestre, que ela resistia heroicamente a pressões subterrâneas das elites para passar a foice no orçamento social do Executivo. Está claro que a presidente, com essa enganação, desejava em primeiro lugar recuperar os pontos perdidos com os beneficiários cuja lealdade fraquejou nas últimas semanas. Nesse cenário, o fantasioso encolhimento do Bolsa Família faria as vezes do "inimigo externo" a que se agarram governantes de todo tipo em tempos de crise para recobrar o apoio esgarçado.
Ficasse nisso, a armação já teria sido de bom tamanho. Mas, pouco antes, Dilma já tinha achado oportuno dar uma indireta no governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, que na semana passada mandou cortar R$ 350 milhões em gastos de custeio do Estado e extinguiu uma das suas 26 Secretarias. "Eu não farei demagogia de cortar cargos que não ocupo. Se não ocupo, não gasto", disse ela, demagogicamente, numa alusão aos postos não preenchidos no disforme corpanzil federal de 39 Ministérios e 22 mil ocupantes de cargos de confiança. "Eu tentarei olhar de onde e de que setor é possível fazer ajustes", tentou prometer. A embromação presidencial é imitada no primeiro escalão. A área econômica - onde não há "mudança à vista", assegurou Dilma - fez saber que prepara um bloqueio de até R$ 20 bilhões nas despesas governamentais, a se somar aos R$ 28 bilhões de fins de maio.
Ocorre que o contingenciamento é imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal: o que sai do erário deve se ajustar ao que nele entra. Com a arrecadação em baixa devido ao fraco nível da atividade econômica, o governo literalmente não faz mais que uma obrigação legal ao suspender gastos programados. Mas não passa pela cabeça de Mantega & Cia deixar de lado a "contabilidade criativa" para fechar o exercício com superávit primário. Como já fizeram com o BNDES, tomarão dividendos antecipados da Caixa Econômica Federal, em troca de uma injeção de R$ 8 bilhões em títulos públicos. (No caso do Banco, foram R$ 15 bilhões.) E a presidente ainda se permite dizer que o seu governo "é padrão Felipão". Além de ser uma tosca tentativa de se associar à conquista do tetra na Copa das Confederações, é uma ofensa ao grande treinador. A sua seleção acaba de golear a da Espanha, a melhor do mundo. O time de Dilma não ganha uma.

domingo, 23 de junho de 2013

O que acontece quando uma autoridade mente, no Brasil? E nos Estados Unidos?

Reproduzo apenas a chamada da revista Veja:

E agora general?

A Abin mentiu quando disse que seus agentes nunca estiveram no Porto de Suape. Documentos comprovam que quatro espiões não só foram flagrados pela segurança do porto como ficaram detidos por mais de duas horas.

O que acontece, pergunto, novamente, quando alguém que tem status de ministro de Estado mente?
No Brasil, não acontece absolutamente nada. Fica por isso mesmo.

Nos Estados Unidos, essa autoridade seria imediatamente convocada por uma comissão do Congresso, da House ou do Senado, e seria constrangida a se demitir também imediatamente.

Talvez seja por isso que os EUA sejam uma democracia intolerante, e os poderes estatais no Brasil se assemelhem a uma casa de tolerância, a começar pela mais alta instância...
Paulo Roberto de Almeida 

domingo, 9 de junho de 2013

Entre o debate civilizado e as mentiras fabricadas: o fato e a versao - Pedro Malan

O ex-ministro da Fazenda sempre foi ponderado, cortês, responsável em todos os seus escritos, discursos, posicionamentos públicos. Teve de enfrentar uma barreira, ou melhor, um dilúvio de mentiras e de acusações sem fundamento, que tentam passar ao público a impressão de que o antigo governo era um horror de misérias e traições ao interesse nacional, e que só os companheiros souberam fazer o bem para o país. Mentiras, mentiras, mentiras repetidas, como diria Goebbels, acabam passando por verdades.
Não podemos deixar as versões mentirosas prosperarem, pois se trata simplesmente de fraude com a história real do Brasil das últimas duas décadas.
Um balanço do governo Lula mostraria suas modestas realizações (quase todas aproveitando boas políticas deixadas pelo governo anterior) e os imensos problemas criados na sua sequência, que a sociedade terá de resolver mais à frente.
Paulo Roberto de Almeida

Difícil travessia

PEDRO S., MALAN*

O Estado de S.Paulo, 09 de junho de 2013

Em artigo publicado neste espaço (14/3/2010) citei textos escritos por Antonio Palocci e Paulo Bernardo, que registraram seu reconhecimento da herança positiva que o governo Lula havia recebido do governo anterior. Segue o parágrafo que, à época, escrevi sobre os dois depoimentos: "O respeito aos fatos, claramente expresso por Bernardo e Palocci, se contasse com o respaldo das vozes mais sensatas de seu partido e do movimento lulista, representaria um avanço considerável em direção a um debate público mais sério e de melhor qualidade sobre o País e seu futuro. Um debate voltado para 'o que fazer' com vistas a assegurar a gradual consolidação do muito que já alcançamos como País e, principalmente, como - e com que tipo de lideranças - avançar mais, e melhor, no processo de mudança e de continuidade que nos trouxe até aqui".
A presidente Dilma, em seu discurso de posse, também teve um momento de generosidade para com governos anteriores, algo que Lula nunca se permitiu. E escreveu bela carta pública ao presidente FHC por ocasião de seus 80 anos, exatos dois anos atrás.
Não pretendia mais voltar a este tema após estes gestos. Mas o prematuro lançamento da campanha pela reeleição da presidente, com quase dois anos de antecedência, e, ao que tudo indica, o que vem por aí, a julgar pelas comemorações pelos "últimos dez anos", sugerem que voltarão à tona variantes retóricas do "nunca antes na história deste país". E, de novo, a tentativa de reescrever a história e estabelecer a data da primeira posse de Lula, em 2003, como o marco zero de uma suposta Nova Era.
A ideia de que, no mundo da política, o que importa é a versão, e não o fato, tem ampla disseminação entre nós. A aceitação dessa "máxima" tem implicações nada triviais para o debate público, em particular durante períodos eleitorais nos quais, como nas guerras, a verdade figura entre as primeiras vítimas.
Pois veja o eventual leitor: se o que realmente importa não são tanto os fatos, mas as versões sobre os mesmos, por vezes muito distintas e conflitantes, segue-se que as versões que tendem a predominar - pelo menos no prazo relevante para o calendário eleitoral - são aquelas mais constantemente repetidas, aquelas mais bem financiadas por esquemas profissionais dos departamentos de agitação, propaganda e marquetagem política.
Há quem diga que tudo isso é apenas efeito do calor da hora, expressão das vastas emoções que fazem parte natural de processos eleitorais em sociedades de massa. Para estes, passadas as eleições, e qualquer que seja o seu resultado, o País continuaria - à nossa pragmática maneira - a avançar em seus complexos processos de continuidade e mudança.
A propósito, meu último artigo neste espaço (Marcados descompassos) termina expressando a esperança de que o País possa melhorar a qualidade do debate público informado sobre crescimento, emprego e renda, com foco na imperiosa necessidade de aumentar, em muito, a produtividade e a competitividade internacional de suas empresas e a eficiência operacional do governo na gestão da coisa pública - aí incluídos os investimentos em infraestrutura...
Pois bem, a respeito desta última área, vale reler a longa entrevista concedida a este jornal seis meses atrás (2/1/2013) pelo presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), há muitos e muitos anos o homem-chave e de confiança de nossa presidente neste campo. Disse ele: "Se a gente pegar os planos nacionais de logística de transporte e de logística portuária e outros estudos do governo, teremos de investir perto de R$ 400 bilhões em cinco anos. Vamos dizer que tenho de investir outros R$ 20 bilhões para não gerar novo passivo e ser preventivo. Então a necessidade de investimento seria de R$ 100 bilhões por ano. Resolvendo isso, posso dizer que em cinco anos não teríamos mais problemas de infraestrutura". Deixo ao leitor avaliar, com base em sua experiência, quão crível é essa última assertiva.
Perguntado como seriam os próximos passos, disse o presidente da EPL: "Vamos avaliar todos os estudos preparados até agora e quantificar qual o investimento prioritário. A ideia é levar isso para o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit), que será formado pelo governo e pela iniciativa privada. Ele vai validar quais as ações prioritárias que faltam ser adotadas. A partir da validação do Conit, a EPL vai começar a preparar os projetos para execução. Aí, mais uma vez, voltamos ao Conit, que aprova ou não. Em 2013, também vamos fazer uma ampla pesquisa em todas as rodovias, ferrovias e portos para saber tudo o que é movimentado no País. Vamos simular como a rede se comporta. E aí identificar com mais precisão as prioridades". Deixo ao leitor avaliar quão eficaz é esse processo.
O presidente da EPL diz ainda: "A gente está fazendo 10 mil km de ferrovias, duplicando 5 mil km de rodovias, são R$ 50 bilhões para portos. O PAC tem R$ 20 bilhões para mobilidade urbana". E defende o trem de alta velocidade: "Precisamos resolver todos os problemas e um deles é como as pessoas se deslocam no eixo Rio-São Paulo". Deixo ao leitor avaliar o conjunto dos três últimos parágrafos à luz de sua vivência.
A entrevista foi concedida a este jornal quase seis meses atrás. Mas não se passaram somente estes meses. Passaram-se 10 anos, 5 meses e 10 dias desde que um mesmo governo está no poder, como quer a propaganda eleitoral oficial.
Desde junho de 2003 tenho o exorbitante privilégio de escrever nesta página, deste excelente jornal, que teve, tem e terá papel histórico no diálogo do País consigo mesmo. A generosidade de seus editores permitiu a publicação de cerca de 100 artigos ao longo destes 10 anos. O encorajamento de leitores me faz persistir.
  *ECONOMISTA,  FOI MINISTRO, DA FAZENDA NO GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, E-MAIL: MALAN@ESTADAO.COM.BR

domingo, 2 de junho de 2013

Brasil dos companheiros: o pais da mentira - Augusto Nunes


Augusto Nunes, 1/06/2013

Incumbida de identificar os responsáveis pelo sábado espantoso, a Polícia Federal já desperdiçou duas semanas com investigações tão necessárias quanto o Ministério da Pesca. Alguns agentes gastaram tempo e verbas na perseguição à maquiavélica  empresa de telemarketing que nunca existiu. Outros seguem interrogando beneficiários do Bolsa-Família: querem saber por que sacaram antes da hora, mais precisamente no dia 18, o dinheiro depositado pela Caixa antes da hora – e colocado à disposição da freguesia pelo menos desde o dia 17. É como perguntar a uma vítima da seca por que bebeu mais cedo a água do carro-pipa que chegou mais cedo.
Escalado para impedir o esclarecimento do episódio, José Eduardo Cardozo tem interpretado com muita aplicação o papel de Inspetor Clouseau que fala dilmês. “Não é um delito fácil de ser investigado por força da atuação difusa em todo o território nacional”, pontificou na primeira cena. Na segunda, ficou alguns segundos em silêncio de sábio chinês antes de deslumbrar os jornalistas com a mistura de concisão e sagacidade: “Nenhuma hipótese pode ser descartada”.
Na terceira cena, Cardozo esvaziou o estoque de advérbios para emitir um parecer de sherloque doidão: “Evidentemente houve uma ação de muita sintonia em vários pontos do território nacional, o que pode ensejar a avaliação de que alguém quis fazer isso deliberadamente, planejadamente, articuladamente”. Numa única frase, quatro palavras terminadas em “mente”. Quatro rimas pobres para gente que mente.
Se o governo efetivamente pretendesse desvendar a gestação da corrida aos guichês de pagamento da mesada, é na Caixa que a Polícia Federal estaria em ação. Se os homens da lei quiserem de fato enquadrar vilões, é lá que estão homiziados. A operação que terminou com um tiro no pé foi concebida e executada pelos diretores da instituição, todos nomeados ou mantidos no cargo por Dilma Rousseff.
Os companheiros da Caixa teriam evitado a onda de saques e sobressaltos se tivessem guardado uma gota do oceano de publicidade enganosa para comunicar aos interessados que a distribuição dos donativos fora antecipada. Por motivos ainda ignorados, optaram pelo adjutório secreto. Na sexta-feira, alguns clientes do Bolsa-Família descobriram que o dinheiro chegara antes da data aprazada. Transmitiram a boa notícia a parentes, amigos e vizinhos, que passaram adiante a informação. A coisa ganhou volume e o estouro da boiada aconteceu no dia seguinte.
Como o governo lulopetista jamais perde uma chance de acrescentar outro capítulo ao espetáculo do cinismo encenado há mais de dez anos, o Brasil que pensa foi afrontado durante cinco dias pelo recomeço da Ópera dos Malandros. A procissão de mentiras foi aberta pelo presidente da Caixa, Jorge Hereda. Caprichando na pose de pronto-socorro dos aflitos, ele jurou que tivera de montar um esquema de emergência para distribuir pelos postos de pagamento, ainda no sábado, os R$ 2 bilhões de maio.
“É algo absurdamente desumano”, encolerizou-se a presidente. “O autor desse boato é criminoso”. Lula enxergou por trás de tudo a mão de “gente do mal”. O ex-jornalista Rui Falcão ficou à beira do chilique com o “terrorismo eleitoral”. A tuiteira Maria do Rosário acusou a “central de boatos da oposição” de espalhar rumores dando conta do fim iminente do maior programa oficial de compra de votos do mundo.
A verdade só escapou de mais assassinatos porque a Folha de S. Paulo provou que a liberação dos recursos do Bolsa-Família fora autorizada antes do sábado. Desmascarada a farsa, Jorge Hereda apelidou a delinquência de “erro” e transferiu a culpa para um subordinado que teria decidido mudar a data do pagamento sem consultar o chefe. Mesmo na mixórdia em que a Caixa se transformou desde que se subordinou a interesses político-partidários, ninguém ousaria montar uma operação bilionária sem o aval do presidente – que não se atreveria a endossá-la sem o amém da presidente.
Apesar disso, ou por isso mesmo, Dilma fez questão de comunicar à nação que nenhum dos envolvidos na história muito mal contada ficará desempregado. “A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, avisou a nota oficial divulgada pelo Planalto.
Baiano de Salvador, o arquiteto e urbanista Jorge Hereda tem tanta intimidade com assuntos bancários quanto Lula com o plural. Coerentemente, a equipe de “técnicos íntegros”que comanda produz proezas como a que inspirou a nota do jornalista Carlos Brickmann: No tumulto do Bolsa-Família, a Caixa descobriu que 692 mil famílias têm dois cadastros e recebem dois auxílios (talvez seja por isso que, como disseram à TV, haja quem compre jeans de R$ 300 para a filha e pingue mensalmente algum na poupança). Custo do pagamento ilegal? R$ 100 milhões por mês.
“Nos governos do PT há os incapazes e os capazes de tudo”, afirmou o deputado Duarte Nogueira, presidente do PSDB paulista. “Maria do Rosário talvez seja os dois tipos: uma incapaz capaz de tudo”. O dirigente tucano teria formulado um diagnóstico irretocável se examinasse mais atentamente a fauna no poder. Alguma degeneração genética provocou a fusão das duas categorias. Hoje só há marias-do-rosário. Todos são ineptos sem pudores nem limites.
A Polícia Federal pode dispensar-se de continuar investigando o que houve no sábado delirante. Foi só mais uma realização dos incapazes capazes de tudo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

A mentira e a fraude como formas de governo - Dora Kramer


DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo, 28/05/2013

Tipo da brincadeira de mau gosto ─ ou manobra malsucedida ─ essa história do boato sobre o fim do programa Bolsa Família, que levou à aflição milhares de brasileiros, provocando corre-corre às agências da Caixa Econômica Federal, gritaria e muita confusão na semana passada.
Sabe-se que na guerra ─ e aqui em jogo esteve a batalha pela sobrevivência ─ a primeira vítima é a verdade. A origem do falatório ainda não está esclarecida, mas a capacidade de uma falsidade repetida tornar-se verdade, se manipuladas as emoções “certas”, é amplamente conhecida embora seja lição ainda não devidamente aprendida por ouvidos sensíveis à armadilha.
A balela correu e por algum tempo convenceu os que se viram no risco do prejuízo. Normalizados os pagamentos que haviam sido adiantados sem maiores explicações pela Caixa, sobram suspeições.
Fala-se de um possível interesse do governo em reafirmar a importância do programa para as famílias que contam com esse dinheiro e da demonstração do potencial de reação à insinuação de que só o PT no poder garantiria a continuidade.
Desconfiança merecedora de pouco crédito, dada sua pouquíssima lógica. Com os instrumentos de propaganda à disposição, o governo teria meios menos traumáticos (e mais seguros) de renovar o “contrato” da identificação do Bolsa Família com Lula e companhia.
É verdade que a arte de fazer uso da versão como substituição do fato não é estranha a esse grupo. Assim como é verdade que a Caixa tem tropeçado na divergência de justificativas sobre as mudanças feitas no sistema de pagamentos aos beneficiários do programa. De onde é bom confiar nos bons propósitos desconfiando sempre das reais intenções.
A ministra Maria do Rosário precipitou-se ao atribuir à oposição a orquestração da boataria. Foi repreendida, mas na realidade seguira a regra que espalha a brasa antes de confirmada a veracidade do incêndio.
Talvez tenha errado na forma: primária, explícita. Haveria outras maneiras mais sutis de criar a desconfiança sobre os adversários do governo. De mentiras bem pregadas há exemplos variados.
Recentemente o ex-presidente Lula admitiu que a Carta aos Brasileiros era, na visão dele, uma peça de ficção na qual não acreditava quando foi convencido de que sua vitória em 2002 dependia da assinatura de um compromisso que só depois viria a perceber que, se não cumprisse, não governaria.
A obra-prima no quesito, no entanto, foi a versão da “herança maldita” legada pelos antecessores. Boato de força incomensurável e o efeito deletério de inscrever uma falsidade na História do Brasil.