MAIS MÉDICOS" - ENFIM A HORA DA VERDADE.
Percival Puggina
O pedido de asilo da cubana Ramona Matos Rodriguez, que desertou do programa "Mais Médicos", quebrou os ponteiros do relógio do governo petista em relação à sua tramóia com a empresa Castro & Castro Cia Ltda, com sede e foro na cidade de Havana. Chegou a hora da verdade.
Impõe-se, portanto, que eu escreva este artigo. Durante meses, os defensores do indefensável, com a fria determinação dos mentirosos contumazes, tentaram negar os fatos. Tentaram transformar esse negócio escandaloso em inaudita solidariedade do povo cubano para com os países necessitados. Também para eles acabou o tempo da mentira.
Não se trata, aqui, de mostrar o quanto sei sobre a realidade daquela ilha caribenha, mas de mostrar há quanto tempo tais fatos são bem conhecidos. Por isso, transcrevo a seguir um trecho do meu livro "Cuba - A Tragédia da Utopia", publicado em 2004. É o relato de uma informação que recebi na Embaixada de Cuba quando a visitei em 2001 e ainda sequer cogitava escrever o referido livro (pag. 113).
" Em 2001 fui visitar a embaixada brasileira em Havana. Ela se situa no excelente prédio da Lonja de Comércio (Bolsa de Valores), uma edificação do século XIX, recentemente restaurada. (...) Durante a entrevista (com o secretário da embaixada), entrou na sala uma moça de cor negra que lhe dirigiu algumas palavras em espanhol e se retirou deixando expedientes sobre a mesa. Quando ficamos novamente sós, ele explicou que a moça era cubana, excelente funcionária, contratada pela embaixada junto a uma das duas agências oficiais através das quais o governo loca mão-de-obra para organizações estrangeiras que funcionam no país. A embaixada fornecera uma descrição do perfil da pessoa que necessitava, agência estabelecera o valor da remuneração em 200 dólares mensais, enviara algumas moças para serem entrevistadas e aquela havia sido escolhida. Dos 200 dólares com que a embaixada remunerava a agência a moça recebia o equivalente, em pesos, a 20 dólares. O restante ficava para seu generoso patrão, o Estado cubano. Diante dessa dura realidade a representação brasileira, incluíra a funcionária em sua folha de pagamentos e lhe repassava, por fora, 500 dólares mensais. É o que a maior parte das representações estrangeiras e empresas de fora fazem como forma de motivar seu pessoal.
Não é diferente o que acontece em relação aos muitos convênios que o governo cubano estimula que sejam firmados com países latino-americanos para fornecimento de pessoal médico, especialmente na área de medicina comunitária. Cuba não sabe o que fazer com os médicos que têm (um médico para cada cento e poucos habitantes!) e os médicos não sabem o que fazer com o que sabem. Acabam nas portas dos hotéis, oferecendo serviços como guias turísticos. Através desses convênios e do mecanismo de apropriação do salário de seu pessoal nos tenebrosos níveis acima descritos, o governo consegue captar dólares no exterior. E ainda faz o seu “comercial” como um país solidário que presta importante ajuda à saúde pública das comunidades carentes do planeta."
Há 13 anos, portanto, Cuba já adotava esse procedimento. De um lado anuncia ao bom e generoso povo cubano que está prestando ajuda humanitária. De outro, apropria-se da renda produzida pelos recursos humanos que aloca, numa proporção jamais sonhada pelo mais porco dos "porcos capitalistas" dos quais tanto mal falam. Pior ainda: nos tempos do patrocínio soviético, a paga cubana em recursos humanos consistia em enviar jovens para as guerrilhas comunistas nos conflitos da África subsaariana. Sangue cubano por rublos e petróleo, em nome da "unidade dos povos".
Agiu certíssimo a Dra. Ramona. Quero ver a retirarem do gabinete da liderança do DEM. Pago para ver! Ronaldo Caiado é osso duro de roer. Quero ver, também, quem terá coragem de desmentir as informações que ela presta sobre o sinuoso percurso dos valores que o governo brasileiro paga, per capita, a Raúl Castro. E quero ver, por fim, o que dirá a OPAS, a altissonante Organização Pan Americana de Saúde, intermediária oficial dessa operação, sobre o contrato dos médicos cubanos com a tal de Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A. que a contratou.
Outra coisa que ninguém conta, mas tenho informação de cocheira: faltam médicos em Cuba. Os negócios dessa empresa locadora de médicos (!) esvaziaram os serviços locais que estão sendo prestados por estudantes latino-americanos de Medicina.
Repito: quebraram-se os ponteiros desse negócio. O que ainda existe de moralmente sadio na sociedade brasileira não pode conviver passivamente com um declarado e certificado regime de escravidão em território nacional. Com a palavra a Ministra Maria do Rosário. Ou os cubanos não são humanos?
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A MÁFIA CUBANA DESVENDADA
Percival Puggina
Durante os Jogos Pan-Americanos de 2007, os boxeadores Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux abandonaram a delegação cubana com o intuito de se tornarem profissionais na Alemanha. Não foi uma fuga qualquer, dessas que acontecem quase sempre que um grupo de atletas ou artistas daquele país viaja ao exterior. A dupla era a joia da coroa cubana no Pan e o boxe divide com o baseball a condição de esporte mais popular da Ilha. Por lá, ser bom boxeador significa estar livre das aflições alimentares do comunismo. A notícia da fuga levou Fidel a escrever um artigo no Granma declarando que "nos nocautearam com um golpe direto no queixo, faturado com notas americanas". Duas semanas após, os dois foram capturados numa praia de Araruama. Dado que atletas cubanos no exterior têm seus passaportes retidos pelos comandos das delegações, a dupla estava sem documentos e foi levada presa para a Polícia Federal em Niterói.
Se fosse você a decidir, o que faria com ambos, nesse caso? O governo brasileiro fez o contrário. Deportou-os imediatamente para Havana onde, nos meses seguintes, comeram, em pequeníssimas porções, o pão que o diabo amassou. E foi tudo que comeram. Tendo feito o oposto do que você e eu faríamos, nossas autoridades, por eminentes porta-vozes, asseveraram que ambos estavam arrependidos e que pediram para voltar aos afagos de Fidel. Era uma afirmação tão verdadeira e tão sincera quanto qualquer "Me traíram!" de Lula. Tanto assim que, meses após, ambos tornaram a escapar da Ilha. Hoje exercem sua atividade, como cidadãos livres, nos grandes centros mundiais desse esporte.
No mesmo ano de 2007, o criminoso italiano Cesare Battisti, comunista e terrorista, ladrão e assassino, condenado em seu país por várias mortes, fugiu da França onde estava refugiado. Havia risco de revogação do benefício, o que determinaria sua extradição. Com documentos falsos, Battisti acertou na mosca vindo para o Brasil petista, onde recebeu tratamento de companheiro. Iniciou-se aqui uma longa discussão sobre seu destino. O que faria você, diante do pedido de extradição formulado por país amigo em relação a um criminoso condenado em várias instâncias? Mormente se você fosse a autoridade que antes enviara dois inocentes de volta para Cuba? Pois é, o governo brasileiro, enrolou, enrolou e fez o oposto, contrariando, inclusive, a posição recomendada pelo Conselho Nacional de Refugiados e a decisão do STF. Concedeu-lhe refúgio e criou uma encrenca com a Itália. Battisti, hoje, trabalha na CUT.
Temos, agora, o caso da cubana que abandonou o programa Mais Médicos e está sob proteção da bancada federal do DEM. O que faria você? Acolheria o pedido de uma mulher que rompeu o silêncio daomertá e revelou a máfia cubana exportadora de médicos? Até quem conhece, como eu, a realidade daquele país e sabe que é pura balela a "generosa solidariedade cubana", se surpreende com a revelação da doutora Ramona. Ela provou ser contratada não pela Organização Pan-Americana de Saúde (como se contava por aqui) mas por uma empresa, uma Sociedade Anônima, criada em Cuba no ano de 2011, que abocanha 76% do valor pago pelo Brasil. Quem são os sócios dessa tão lucrativa empresa? Nada foi dito.
Por enquanto, tudo indica que o governo brasileiro, mais uma vez, fará o contrário do que você e eu faríamos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já antecipou que fora do programa Mais Médicos ela terá seu visto de permanência revogado, presumindo-se que o avião no qual deixará o Brasil terá seu nariz apontado para o Caribe.
A mais insensível das criaturas humanas reconhecerá na situação dos médicos cubanos atuando no Programa Mais Médicos uma condição de escravidão. Quem se recusa a admiti-lo sonha com uma sociedade onde, em vez de o Estado existir para as pessoas, as pessoas existem para o Estado. Por isso, num regime comunista, um atleta é um atleta do Estado. Um médico é um médico do Estado. E ambos têm que fazer o que o Estado lhes determine. Bom, isso a gente sabia. A novidade é a máfia.
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* Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.
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