Será que isso é muito difícil de entender?
Para a "comissão estadual da verdade" não interessa descobrir os nomes dos terroristas que realizaram o atentado com bomba no aeroporto dos Guararapes. Nem interessa qualquer ato de solidariedade para os familiares das pessoas covardemente assassinadas e feridas, que, até hoje, não receberam nenhuma reparação do Estado.
Por sorte, o número de vítimas não foi maior, porque o Marechal Costa e Silva viajou de João Pessoa para o Recife de carro. Com essa informação dada no saguão do aeroporto, centenas de pessoas se afastaram do local antes que a bomba fosse detonada.
A reunião da Comissão da Verdade Dom Helder Camara, ocorrida ontem, terminou em críticas e um desabafo de Flávio Régis, filho do jornalista Édson Régis, morto em julho de 1966 durante a explosão da bomba no Aeroporto dos Guararapes, que se disse “frustrado” com o resultado do encontro. Ele havia solicitado que fossem convocadas para depor pessoas envolvidas com o atentado, hoje anistiadas, a exemplo de integrantes da AP, grupo de esquerda revolucionária ligado à Igreja Católica. A posição inicial dos membros da Comissão foi contrária sob alegação de que esse trabalho estaria fora da competência jurídica deles.
“O sentimento que dá é de frustração… Ela (a comissão) está tolhida. Vai se chegar até um momento e dar o caso por encerrado. A verdade está fadada a ficar desmoralizada.
Se se intitula Comissão da Verdade, como é parcial?”, disse, ao fim, Flávio Régis, ironizando o risco de se intitular o grupo de “Comissão da Meia Verdade”. De acordo com ele, seria fundamental para a sociedade que também fosse apurado como agia uma minoria que empregava a luta armada durante o regime militar. “Vamos assumir. Todos estão anistiados. Vamos escrever a história verdadeira”, protestou.
O jornalista Édson Régis era como secretário da Casa Civil quando foi designado pelo governo para recepcionar o Marechal Costa e Silva no aeroporto. O filho de Régis alega que o pai estava a serviço do estado e havia conhecimento do risco que ele corria. “Uma parte da Comissão alega que o governo saberia do atentado, e se o estado tinha conhecimento, ele foi conivente, portanto a comissão poderia atuar”, comentou o advogado de Flávio Régis, Albérgio Farias.
Apesar da posição inicial contrária a essa análise, o presidente da Comissão da Verdade pernambucana, Fernando Coelho, comprometeu-se em levar o assunto à discussão nas próximas reuniões do grupo. Ressaltou, porém, que o foco dos trabalhos tem sido outro, isto é, mortos e desaparecidos, repressões em universidades e órgãos de justiça, além de casos individuais já julgados. Tudo relativo a perseguidos políticos. “Esses fatos que ele (Flávio Régis) falou seriam ações feitas por inimigos do estado naquele momento, mas será analisado e depois vai à votação”, completou Coelho.
Aproximadamente 300 pessoas estavam presentes no momento em que a bomba explodiu no Aeroporto dos Guararapes. Além de Régis, morreu o almirante Nelson Gomes e foram registrados 14 feridos. No final do ano passado foram entregues pelo governo de Pernambuco documentos inocentando o ex-deputado federal Ricardo Zaratinni e o professor Edinaldo Miranda. Eles haviam sido acusados de participação no atentado.
Saiba mais
Atentado Aeroporto dos Guararapes
Às 8h30 do dia 12 de julho de 1966 uma bomba explodiu no Aeroporto dos Guarapes
Estava prevista para esse dia a chegada do então candidato à presidência da República, o marechal Costa e Silva, que estava na Paraíba
Minutos antes da explosão, foi anunciado que por uma pane no avião a viagem aérea havia sido cancelada e ele viria de carro para o Recife
Aproximadamente 300 pessoas esperavam a chegada do marechal e a movimentação no aeroporto era intensa. Duas pessoas foram mortas. Outras 14, feridas.
Um comentário:
Caro PRA,
No caso do Aeroporto dos Guararapes, os revisores não se limitam a esconder a história do atentado, eles *construiram* um novo aeroporto e abandonaram o antigo (onde havia uma placa sobre o atentado terrorista). Estão apagando os traços físicos que lembram a violência marxista.
Policarpo
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