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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Volatilidade lulopetista na gestao economica: o preco nas bolsas...

Os companheiros, opositores do capitalismo por princípio e por conviccao, sempre se referem ao aspecto nefasto da liberdade de circulacao de capitais, o que obviamente merece seu repúdio e sua objecao em termos de políticas públicas; eles sao contra os "capitais de motel", que alguns mais elegantes, ou pretensamente economistas, chamam de volatilidade inerente aos fluxos de capitais puramente financeiros.
Eles nao se dao conta, os companheiros que a principal volatilidade é aquela que está associada 'as políticas economicas, que justamente causam as perdas e interrupcoes de investimento como registradas no editorial abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Intervencionismo e perdas

04 de fevereiro de 2013 | 2h 05

Editorial O Estado de S.Paulo
O mau desempenho da economia nos dois últimos anos não explica inteiramente as perdas que o mercado acionário brasileiro vem sofrendo, na comparação com os resultados de outras bolsas de valores. O baixo crescimento da economia - que o governo vem tentando reverter, sem resultados até agora, o que tem gerado previsões pessimistas também para o desempenho deste ano - por certo desanima os investidores do mercado acionário, muito suscetíveis aos resultados das empresas e às tendências da economia real. Mas essa característica natural do mercado acionário está sendo visivelmente perturbada pelo ativismo econômico excessivo do governo do PT, que turva as expectativas dos investidores, lança dúvidas sobre a segurança das aplicações e produz ainda mais pessimismo.
Dessa combinação não se poderia esperar resultados diferentes dos que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem apresentando. Depois de ter superado 70 mil pontos em janeiro de 2011, o Ibovespa, que mede a variação dos papéis mais negociados, manteve-se em torno de 60 mil pontos nos últimos pregões. É uma redução de cerca de 14% em dois anos. A título de comparação, observe-se que, depois de ter crescido 7,5% em 2010, o PIB aumentou 2,7% em 2011 e cerca de 1% no ano passado. Os dois últimos resultados são muito fracos, mas não negativos.
Nos EUA, cujo governo ainda não conseguiu negociar com a oposição os termos definitivos de um acordo que permita a solução de longo prazo para seus problemas financeiros, a bolsa de valores está em franca recuperação. O principal índice da bolsa de Nova York, o Dow Jones, está prestes a bater seu recorde. Mesmo na Europa em crise, os mercados de ações estão em alta, incluindo os da Grécia, Portugal e Espanha, países em situação econômica e fiscal mais complicada.
Desde janeiro de 2010, a cotação da ação preferencial da Petrobrás, uma das mais negociadas na Bovespa, caiu mais de 40%. O valor de mercado da empresa despencou de US$ 199,3 bilhões no início de 2010 para cerca de US$ 107 bilhões na semana passada, uma perda de mais de US$ 90 bilhões em três anos. Tendo sido a segunda maior empresa de gás e petróleo das Américas, atrás apenas da ExxonMobil, a Petrobrás agora ocupa a quarta posição, atrás também da Chevron e da colombiana Ecopetrol.
E por que a Petrobrás caiu tanto? Utilizada politicamente pelo governo do PT, a empresa perdeu eficiência, teve de reduzir seus programas de investimentos em exploração e refino para, por pressão do Palácio do Planalto, investir no caro programa do pré-sal e, assim, viu cair sua produção e foi obrigada a importar combustíveis.
Transformada, também, em instrumento da política de preços do governo petista, teve que suportar, com graves ônus financeiros, o congelamento dos preços dos combustíveis, que vem importando em quantidades crescentes, porque não ampliou sua capacidade de refino. Estima-se que, só no passado, essa política insensata de importar por determinado preço e vender por outro, menor, tenha imposto perdas de R$ 20 bilhões à Petrobrás. Com razão o mercado reduziu o preço de suas ações. O recente aumento da gasolina não muda substancialmente o quadro.
Situação semelhante o governo impôs às empresas do setor elétrico - inclusive a principal estatal federal, a Eletrobrás -, com seu programa de renovação de concessões associada à redução das tarifas para consumidores residenciais e industriais. A redução das tarifas resultará em graves ônus para as empresas, razão pela qual algumas controladas por governos estaduais se recusaram a aderir ao programa. O mercado, também nesse caso, agiu como o esperado, e as ações das elétricas despencaram.
Há algum tempo, o governo interveio na gestão da Vale, uma empresa privada na qual o governo ainda tem alguma presença, o que igualmente provocou a reação do mercado.
O intervencionismo do governo em empresas cujos papéis estão entre os mais negociados na bolsa de valores é pernicioso para as empresas, para o mercado e para o País.
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 Do you want more?

Apple: delicias e tragedias da volatilidade nas bolsas

Quando as ações da Apple sairam do patamar de 300 dólares para mais de 400, eu já achava que havia uma bolha pronta para estourar...
Pois é: demorou. As ações foram a mais de 700 dólares e muita gente comprou na alta, achando que o paraíso estava próximo. Muita gente vai amargar prejuízos e perdas irrecuperáveis, pelos próximos anos, pois não acredito que chegue a 800 dólares any time soon.
Bem vindos ao mundo real...
Paulo Roberto de Almeida

Coping With the Pain of Souring Apple Shares

Some Investors See a Cheap Stock, but Others Have Sold Everything; 'Headache, Not a Cancer'

The Wll Street Journal, February 3, 2013

As the U.S. stock market flirts with record highs, investors who hold big stakes in Apple Inc. AAPL -0.41% are taking a beating.
Since peaking at $705.07 during the day on Sept. 21, Apple shares have fallen 36% to close at $453.62, erasing more than $236 billion in market value—a figure equal to about 35 times the current value of BlackBerry RIM.T +0.70% maker Research In Motion Ltd.
The pain has been widespread. About 60% of actively managed U.S. stock mutual funds that invest in big companies owned at least some Apple shares at the end of the year, according to investment-research firm Morningstar Inc. MORN +0.53% Ninety funds had 10% or more of their portfolios in the stock.
No one blinked when Apple shares headed towards $700 but now that the stock has dropped below $450-with some analysts saying it could be headed well below $400-people are complaining. 
But Apple's plunge is affecting investors in different ways. While some are getting out for good, others are staying put or even buying more. And some are glad they avoided the stock altogether.
Most mutual funds disclose their holdings quarterly, but the 145 actively managed U.S. stock funds that hold Apple and reported monthly results sold a net 223,402 shares, or 3% of their Apple holdings, in December, according to Morningstar, a time when the stock was between 16% and 28% off its peak. Sixty-one funds sold shares, while 45 funds bought.
That doesn't mean all of them took losses. Even with the setback, Apple has generated a total return, including dividends, of about 28% annually over the past five years, versus 4% for the Standard & Poor's 500-stock index. In four of the past 10 years, Apple's stock price has more than doubled, and its only full-year loss over the past decade occurred in 2008.
Here are some examples of how professional money managers and small investors have reacted:
Bailing out. Some investors, feeling burned by the steep drop, are selling their stakes.
Frank Sansone, a retired college professor in Pensacola, Fla., bought 40 Apple shares during the first half of last year. As its stock price breached $700 in September, Mr. Sansone said he intended to sell but missed his chance while on vacation.
As Apple's stock dropped, he sold most of the shares in November and December, locking in losses of about $2,800.
"I left it alone, and it turned out to be a bigger mistake than I ever expected," he said.
Among mutual-fund managers, one of the biggest sellers was the $857 million Brandywine Fund, which last quarter dumped its entire Apple stake of more than 143,000 shares, according to Morningstar.
In a year-end note to investors, fund manager Bill D'Alonzo cited tightening profit margins, among other worries, as reasons for selling. A spokesman for Friess Associates, which manages the fund, declined to comment.
Staying the course. The $406 million Matthew 25 Fund landed in the top 2% of funds that invest in large, growth companies for each of the past three years, largely because of its huge stake in Apple. As of September, when the fund last disclosed its holdings, Apple comprised 15% of its portfolio.
That has come back to bite manager Mark Mulholland. The fund has had a total return of 4.5% this year through Thursday, 0.7 percentage point less than the S&P 500 and in the bottom 41% of its peers, according to Morningstar.
"It's been a headache, but not a cancer," Mr. Mulholland said, noting that since November he has fielded a handful of emails and phone calls from investors asking about his Apple stake.
Seeing a cheap stock. John Barr, portfolio manager of the $67 million Needham Aggressive Growth Fund, last quarter bought 100 shares, increasing his stake to 5,350 shares, even though the fund invests mostly in small-capitalization stocks. At the end of the year, Apple was Mr. Barr's fifth-largest holding, with 4.3% of the fund.
Mr. Barr said he still believes the stock is cheap and that the company might see hot earnings growth as it introduces new products, such as a rumored cheaper iPhone or television set.
Apple's price/earnings multiple based on expected earnings over the next 12 months is eight, compared with 13 for the S&P 500, according to Morningstar.
"It's an inexpensive stock that is growing much faster than the market as a whole," he said. "We're happy to own something at a reasonable price."
Needham Aggressive Growth, which first bought Apple shares in 2006, has never sold shares, Mr. Barr said.
Bob Turner, manager of the $223 million Turner Large Growth fund, said that his firm "would be more buyers than sellers" of Apple; it had about 13% of its portfolio in the stock at the end of 2012, according to Morningstar. Through Thursday, the fund has had a return of 3%, about 2.2 percentage points below that of the S&P 500, according to Morningstar.
Given how widely owned the stock is, Mr. Turner, whose fund first bought shares in 2004, said he thinks Apple simply ran out of investors looking to add shares at its peak in September.
"What's always befuddled me is valuation," he said, adding "You can be right with your thesis all day, but it doesn't stop you from losing money."
Sitting out. Apple's drop provides some vindication for the few money managers who didn't hold Apple during its bull run and saw their portfolios trail because of it.
Robert Zagunis, who co-manages the $4.3 billion Jensen Quality Growth fund, has never owned Apple shares. The fund invests only in companies with a decadelong history of high returns on equity, a test Apple doesn't meet yet.
In the last three years through Thursday, the fund has had an average annual return of 12%, 2.5 percentage points lower than the S&P 500, according to Morningstar.
Last summer, Mr. Zagunis devoted a note to investors explaining why he didn't hold Apple. "We had times when [much] of the underperformance was due to one stock that we didn't hold," he said in an interview.
But when Mr. Zagunis was recently a guest speaker at an investment class at a university, he said, the students showed him a chart of their portfolio, which has performed poorly this year.
"They said—it was almost apologetic—'We owned Apple.'"
Write to Joe Light at joe.light@wsj.com

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Panicos em bolsas e queda dos mercados: licoes da historia

Acabo de receber o seguinte alerta do Washington Post sobre mais uma "sexta-feira negra" nos mercados de valores:

News Alert: Dow Jones industrial average falls below 10,000 at open
09:32 AM EDT Friday, May 21, 2010
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The Dow Jones industrial average fell below 10,000 at open after major stock indexes posted their biggest drops in more than a year and pushed the market to “correction” mode.
Investors again looked to Europe for direction. The German parliament approved the country's share of a $1 trillion plan to help contain debt problems in the European Union but major stock indexes fell more than 1 percent in Europe. Traders are worried stronger countries like Germany and France will be saddled with heavy debts to help weaker EU countries.


Por acaso estava lendo este livro excelente, que comprei em Hong Kong, de

Liaquat Ahamad:
Lords of Finance: 1929, The Great Depression, and the Bankers Who Broke the World
(London: Windmill Books, 2009)

e lá pela página 48, tratando das quedas nas bolsas e seu fechamento na Europa, nos dias imediatamente precedentes da Primeira Guerra Mundial, em 1914, o autor escreve:

"The first signs of crisis hit New York on Tuesday, July 28, when Austria declared war on Serbia. The Dow fell by 3 points, from 79 to 76, a decline of 4 percent... (...) On Thursday, July 30, the United States woke to news of a Russian general mobilization, and stocks experienced their single largest down day since the panic of 1907, falling 7 percent".

Ou seja, nada de extraordinário em relação ao que está acontecendo agora, com esses tremores causados pela Grécia e aqueda geral nos mercados.
Capitalismo é isso, sempre balançando.
O mais patético é que tem gente que ainda afirma, com toda a pose do mundo, que:

"Os mercados não funcionam, precisamos controlá-los".

Mas essas são precisamente as provas de que os mercados funcionam perfeitamente. Cada vez que existe um sinal de algo estranho, os mercados reagem imediatamente, e no sentido correto, tentando proteger ativos que estariam sendo ameaçados. O comportamento de manada amplifica os movimentos, mas isso é mais um sinal de que os mercados funcionam perfeitamente.
Eles estão punindo os excessos das pessoas -- podem chamar de especuladores, mas todos nós somos especuladores, a qualquer momento -- em pretender ganhos em discordância dos dados econômicos fundamentais.
Mercados são certeiros, e sempre penalizam os incautos...

Bem, espero não ter angustiado ninguém...