Uma nova história econômica e social pós-weberiana?
Paulo Roberto de Almeida
“O Oriente é vermelho”, disse Mao uma vez, repetindo Potenkim, ou seja, totalmente falso.
A China era de uma miséria ancestral e Mao piorou muito a situação, com seu Grande Salto Para a Frente e a Revolução Cultural”, ambas com milhões de vítimas.
Não mais, depois de Deng.
Um daqueles intelectuais franceses dos anos 1930 visitou a URSS a convite de Stalin e voltou dizendo: “Eu vi o futuro: ele funciona!”.
Totalmente falso, como uma aldeia Potenkim.
No caso da China, o futuro já existe. Estive lá em 2010 e tive de usar VPN para acessar minhas redes.
Hoje já não precisaria mais: a China passou à frente, começando pela eliminação da miséria absoluta, transformada primeiro em pobreza aceitável, depois em uma situação de classe média razoável e agora a caminho da sociedade afluente, com o segundo maior volume de bilionários do mundo.
Como diria Deng, ao contrário dos Pikettys da vida, “enriquecer é glorioso”.
Piketty pretende criar a igualdade socialista fazendo o contrário do que recomendam os economistas: em lugar de enriquecer os mais pobres, como empreendeu Deng, ele pretende empobrecer os mais ricos. Não conseguirá, mas consegue iludir os incautos.
A China não é o caminho, pois se trata de um Estado autoritário, mas pela primeira vez conheceu alguns “déspotas iluminados” que transformaram a vida social de centenas de milhões de pobres, abrindo o caminho para a prosperidade pela via da economia de mercado bem administrada. Por enquanto está funcionando, mas precisamos de um novo Max Weber para escrever uma nova história econômica, social e política.
Talvez o futuro seja vermelho, mas num sentido totalmente diferente do que pretenderam Lênin, Stalin e Mao.
O capitalismo com características chinesas até agora funcionou, mas não é modelo para qualquer outro país no mundo. Uma nova tipologia weberiana precisa ser construída.
Paulo Roberto de AlmeidaBrasília, 28/11/2025