Companheiros estão apavoradas, não exatamente com a derrota da soberana, de quem nunca gostaram (e no fundo rejeitam, como uma arrivista intrometida, que jamais foi da tribo), mas com a perda da boquinha, das prebendas, da boa vida, enfim.
Vão ter de procurar emprego e, sobretudo, o que é mais terrível, vão ter de trabalhar, depois de dez ou doze anos de gloriosa improdutividade. Que tragédia!
Preparem-se! Vão começar a se antecipar ao cenário catastrófico, primeiro apagando os traços de todos os "mal-feitos" cometidos. Depois roubando como nunca antes no país. Vai ser inédito mesmo para os padrões mafiosos dos companheiros.
Paulo Roberto de Almeida
A presidente Dilma: números ruins e uma Copa do Mundo no meio do caminho
É claro que é muito cedo! É claro que a campanha ainda não começou. É claro que a gente não viu quase nada em matéria de jogo bruto. Falo, no entanto, dos números de agora e de uma tendência esboçada. Sim, leitores: o PT, que nunca contou com isto, está sendo assombrado por um vulto estranho: o fantasma da derrota. Vamos ver.
No dia 29 de abril, escrevi aqui, a propósito de outra pesquisa, que os números evoluíam contra a possibilidade de Dilma Rousseff, do PT, vencer a eleição presidencial no primeiro turno, feito que nem Lula nem ela própria lograram em 2002, 2006 e 2010, em circunstâncias muito mais favoráveis ao PT. E, agora, conhecidos os dados da mais recente pesquisa Datafolha, o que há um ano seria considerado mera torcida se mostra uma possibilidade plausível — e, mais um pouco, vira uma tendência: Dilma perder a disputa. Se a eleição fosse hoje, segundo o Datafolha, no cenário mais provável, a petista teria 37% dos votos. Seus adversários, somados, teriam 38%, a saber:
Aécio Neves (PSDB): 20%
Eduardo Campos (PSB): 11%
Pastor Everado (PSC): 3%
Outros nomes: 4%
Em relação ao levantamento de abril, Dilma oscilou um ponto para baixo; Campos, dois para cima, e Aécio cresceu quatro. Mas o que chama mais a atenção nessa pesquisa é o resultado do segundo turno: em abril, a petista vencia o tucano por 50% a 31%, com 19 pontos de diferença; agora, ganharia por 47% a 36% — a diferença caiu oito pontos em um mês. Numa lógica puramente aritmética, numa disputa entre dois, uma distância de 11 pontos, como essa vale, na verdade, 5,5. Campos também chegou mais perto de Dilma: no mês passado, ela o venceria por 51% a 27%; hoje, por 49% a 32%. Os 24 pontos que os separavam são agora 17.
A presidente é também a candidata mais rejeitada: 35% não votariam nela de jeito nenhum — 33% asseguram o mesmo sobre Campos, e 31% sobre Aécio. Estão na mesma faixa, mas o números são bem piores para ela. Por quê? Afirmam conhecer muito bem a petista 52% dos entrevistados — mas só 17% dizem o mesmo sobre Aécio, e 7% sobre Campos. “Conhecem um pouco” a presidente 34% dos entrevistados — 25% e 18% quando indagados sobre o tucano e o peessebista, respectivamente. Apenas ouviram falar de Dilma 13%, número que engorda bastante em relação ao senador mineiro (36%) e ao ex-governador de Pernambuco (35%). Agora atenção para isto: apenas 1% dos entrevistados não sabem quem é Dilma, mas 22% nunca ouviram falar de Aécio e 40% não têm ideia de quem é Campos. Esses índices confirmam o que já escrevi aqui: muita gente rejeita Aécio e Campos porque não sabe quem são eles; muita gente rejeita Dilma Rousseff porque sabe quem é ela.
Não adiantou
Atenção! O levantamento do Datafolha foi feito ontem e anteontem, um período, convenham, favorável a Dilma. Ela ocupou no dia 30 a rede nacional de radio e televisão para anunciar bondades — aumento no Bolsa Família e revisão da tabela do IR — e demonizar a oposição. No fim de semana, foi estrela do noticiário porque, no seu encontro nacional, o PT procurou sepultar o “volta Lula” e bateu o martelo: a candidata do PT é mesmo ela. Saiu por aí a inaugurar obras. O resultado certamente está longe do esperado.
O “volta Lula”
A turma do “volta Lula” vai se assanhar de novo. Quando ele aparece como candidato do PT, obtém 49% das intenções de voto, contra 17% de Aécio e 9% de Campos. Os demais candidatos somam 6 pontos, e o ex-presidente venceria no primeiro turno. Sua rejeição também é a menor: 19%. O Datafolha quis saber ainda quem pode fazer as mudanças necessárias no país: Lula lidera, com 38%; em segundo lugar, está Aécio, com 19%; Dilma aparece em terceiro, com 15%, seguida por Campos, com 10%. Mas voltamos, nesse ponto, à questão do conhecimento. Cem por cento dos eleitores sabem quem é Lula. Muito menos gente conhece o tucano e o peessebista.
Os números e as circunstâncias são, convenham, péssimos para Dilma. No plano delirante do petismo, a esta altura, o Brasil estaria abraço ao PT, numa catarse apoteótica, e a Copa do Mundo seria o grande momento da consagração. Agora, a presidente põe a mãe na cabeça: “Santo Deus! E ainda há a Copa do Mundo!”. Aquela mesma em cuja abertura ela não vai discursar. Ou o Itaquerão explodirá numa vaia como nunca antes na história “destepaiz”…