O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador desperdício de dinheiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desperdício de dinheiro. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 15 de julho de 2014

Depois da ressaca no futebol, chegara a ressaca financeira - Marcos Mendes (Jornal de Negocios, Portugal)

O custo total dos estádios que já são elefantes brancos é inacreditavelmente alto.
Esse é um custo que será pago por todos os brasileiros, especialmente pelos cidadãos de Brasília, do Mato Grosso e do Amazonas, durante anos e anos, sem qualquer benefício social da construção desses monstros inúteis.
Compreendem os custos as despesas com a construção, propriamente ditas, e sobretudo a corrupção, que no Brasil foi e continua sendo inacreditavelmente alta, no reino dos companheiros.
Tudo é inacreditável no Brasil dos companheiros e no entanto existe...
Paulo Roberto de Almeida

Depois da ressaca no futebol, chegará a ressaca financeira
Rui Peres Jornal
Jornal Negócios, 14/07/2014

O Brasil é o país que nos últimos 20 anos mais investiu num Mundial. Construiu também o estádio mais caro e que será um dos menos utilizados: a ressaca financeira parece inevitável. Portugal sabe bem o que isso é.

Há muito em comum entre Portugal e o Brasil no mundial de futebol que terminou no domingo. Não é apenas a língua, ou o facto de o seleccionador brasileiro ter sido o mesmo que liderou  a equipa das quinas, quando Portugal perdeu em casa o Euro 2004. Nem tão pouco a goleada histórica que um e outro sofreram agora frente à Alemanha.
Quando olhamos para os países irmãos e para os campeonatos que organizaram concluímos que também o Brasil, à semelhança de Portugal, se prepara para uma ressaca financeira e vários elefantes brancos.
Segundo as estimativas oficiais, o Brasil gastou até agora 2.928 milhões de euros nos 12 estádios do
mundial, um custo que deverá continua a crescer: há já estimativas que apontam para 3,4 mil milhões de euros, uma duplicação das estimativas de custos iniciais.Trata-se do valor mais elevado suportado por apenas um país (Japão e Coreia, em 2002 investiram 3,6 milmilhões em 19 estádios, mas  repartiram entre si). O Brasil conta também com o estádio mais caro de um mundial dos últimos 20 anos (Mané Garrincha, em Brasília: cerca de 500 milhões de euros, em linha com o Nissan Stadium
no Japão) e pela edificação de vários recintos que serão pouco utilizados.
Usando dados de espectadores em estádio de 2011, Victor Matheson, especialista norte-americano em eventos desportivos, calcula que seriam necessários cinco anos para conseguir encher umavez os 71 mil lugares do Mané Garrincha. Pior só os estádios de Manaus (Amazónia) e Cuiabá (Pantanal) que levariam dez anos.
(...)
“Os estádios de Brasília, Manaus e Cuiabá vão ser certamente elefantes brancos. Esta foi uma escolha política para levar a copa para todo o País”, explica ao Negócios Marcos Mendes, economista  e consultor do Senado brasileiro, que tem analisado as escolhas de investimento no País, e não esconde apreensão. “Já houve a ressaca do futebol, agora virá a ressaca financeira”, afirma, evidenciando o dinheiro público que será necessário para manter estádios quase sem espectadores, uma realidade bem conhecida de municípios portugueses como Leiria ou Aveiro.
(...)