Segundo o próprio MRE, já estava em curso um processo de substituição de "velhas" chefias por novas, supostamente mais alinhadas com o Zeitgeist (como gostaria de repetir, em alemão, latim, grego e tupi-guarani, o nosso preclaro chanceler). Isso é certo, e eu já tinha até feito um relatório completo de minhas atividades no IPRI, pois tinha quase certeza de que seria "demitido", ou substituído, logo no início do novo governo.
Esse relatório e o programa para 2019 (agora provavelmente sem seguimento) estão aqui:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/relatorio-de-atividades-do-diretor-do.html
Demorou um pouco, porque eles estavam exonerando os "velhos" diplomatas e os substituindo por jovens ministros de segunda classe, naquele estilo que os militares designam as situações de coronéis dando ordens a generais...
O IPRI não era suficientemente importante para merecer uma atenção imediata, pois todo o frenesi estava concentrado na própria Secretaria de Estado, onde se processou uma Revolução Cultural, não ao estilo da chinesa, mas uma Revolution von Oben, ao estilo autoritário, prussiano. O IPRI ficaria para uma segunda etapa, mas que veio antes do previsto, por algumas causas não de todo secretas.
Recolho, do Twitter do sofista da Virgínia, esta postagem, que remete a mensagens do próprio chanceler, que eu desconhecia:
O que eu tenho a dizer sobre isto?
1) Nunca tive nenhuma dúvida de que a decisão viria inteiramente do chanceler, por uma razão muito simples: todos lhe são submissos, e não ousam contrariar ordens, desejos, ideias, impulsos do chanceler escolhido pelo próprio Olavo e depois respaldado pelos filhos Bolsonaro – é evidente que o presidente não tinha a menor ideia de quem era, o que pensava, o que tinha feito o chanceler –, numa estratégia friamente calculada (como diria o Chapolim Colorado) para conquistar essa ministrança, sendo que o chanceler JAMAIS se tinha manifestado contra o lulopetismo durante toda vigência do lulopetismo diplomático, mas chegou até a defender aquela administração, inclusive a "luta armada pela democracia" de Madame Pasadena. Um dia eu vou contar como foi feito esse processo de mistificação para chegar ao posto.
2) Eu até gostaria de escrever alguma coisa a respeito da "nova política externa", mas não tenho a menor ideia do que seja essa coisa. Nunca houve uma exposição clara de quais sejam as grandes ideias da política externa, a estratégia diplomática, as prioridades regionais, e isso pode ser confirmado por qualquer observador isento da PExtBr: não se sabe do que ela consiste, além e acima de slogans em várias línguas que denotam uma grande confusão mental e nenhuma lista de ações coerentes. Estamos aguardando a tal "nova política externa", ansiosamente, se ouso mentir. Se e quando ela for explicitada terei prazer, ou desprazer, em me manifestar sobre ela. Até lá ficamos no escuro. Farei exatamente o que sempre fiz desde 1977: examino, reflito, escrevo, comento, sem qualquer preconceito. O que temos até aqui são invectivas contra o globalismo, o climatismo, as migrações, o marxismo cultural, a ideologia do gênero e outras bobagens, inclusive chamamentos a um "revival" religioso que não encontra espaço na agenda diplomática de um Estado laico. Estamos esperando, portanto...
3) Creio saber o que ele não tolera mais, ao dizer que eu passei dos limites. Creio que se refere a esta postagem que fiz sobre um comentário debilóide do Olavo de Carvalho que não faz absolutamente nenhum sentido do ponto de vista do comércio internacional. Eu tenho certa alergia à burrice, o que me leva a reagir quando leio ou ouço absurdos desse tamanho. Confiram esta postagem que fiz dois ou três dias atrás:
Pura coincidência?
Qual país a China enriqueceu, general Mourão?"
Olavo de Carvalho
É essa inteligência suprema que orienta a política externa do presente governo?