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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 2 de janeiro de 2021

Mini-reflexão sobre alguns dos impasses de nossa época - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre alguns dos impasses de nossa época 

Paulo Roberto de Almeida


A construção de realidades alternativas é tudo o que pregam alguns sofistas conservadores ou “tradicionalistas” e o que praticam líderes políticos como Modi, Erdogan, Trump, Orban, Bolsonaro. 

É o caminho da estagnação, do retrocesso, da mediocridade, independentemente das reformas e das mudanças que possam ser feitas.

Parece que é também o que escolhemos para o Brasil: sejam bem-vindos ao impasse.

A pergunta que se deve fazer é a seguinte: tal adesão significa a construção de uma sociedade mais justa, mais avançada, socialmente inclusiva, culturalmente sofisticada, plenamente democrátice e respeitadora dos direitos humanos e das liberdades em geral? 

Ou apenas de mais sectarismo, de mais divisão social e política, mais enfrentamentos entre tribos rivais de fundamentalismos desagregadores, de seguimento cego de algum líder salvacionista, geralmente autocrático e propenso a satisfazer desejos primários das massas, em lugar de estimular o crescimento semi-anárquico de todas as iniciativas individuais, na plena liberdade de uma sociedade menos regulada por burocratas estatais, bem mais entregue à livre iniciativa das vontades pessoais?

A despeito da longa frase e das afirmações já explícitas, eu fiz uma pergunta: que nação queremos ser, que tipo de sociedade queremos construir?

Uma de condutores ou de conduzidos?

Uma de cidadãos ou de súditos?

Uma de dependentes do Estado ou de seres livres?

Dependendo das constatações que se façam, pode ser que tenhamos adotado o caminho errado...

Não querendo decepcionar ninguém, despeço-me com uma nota de otimismo: no meio de tanta desgraça atualmente, pode ser que surja alguma luz no fim do túnel. 

Pode não vir naturalmente, pela luz do sol ou pela claridade que se instala depois de algum tempo.

Mas também pode ser porque alguém acendeu alguma luz, ainda que artificial e bruxuleante. Cabe aproveitar mínimas oportunidades e possibilidades.

A flecha do tempo humano nunca está pré-determinada em sua direção. A própria seleção “natural” para a humanidade, neste estágio de seu desenvolvimento, é bem mais cultural do que biológica. 

É o admirável mundo novo, que também é desafiador. Mas cabe olhar para a frente, a despeito de meia dúzia de conservadores regressistas - e anti-iluministas- que querem fazer rodar para trás a roda da história. 


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 2/01/2021