O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Resenha: As Amarras, de Jorge Sá Earp (2020)

https://www.atraentemente.com.br/2020/09/resenha-as-amarras-jorge-sa-earp-7letras.html?fbclid=IwAR2N3mO2_maceOUoYztZSDTM3JVXUdJHV44IgbisU8CuxChIlOxhSHZYowA 

Resenha: As amarras - Jorge Sá Earp (7Letras)


As Amarras
, do autor Jorge Sá Earp, foi publicado em 2020 pela Editora 7Letras.  Até que ponto somos livres para fazermos nossas próprias escolhas?  Seria mesmo possível anular os desejos para se enquadrar em um padrão social?


Depois de muitas aventuras homossexuais, mesmo sem estar apaixonado, Eusébio acabou casando-se com Aglaia, uma amiga de infância.  Talvez tenha sido esse o ápice da submissão do personagem para encaixar-se em um modelo aceito e respeitado pela sociedade.   Ele sempre permitiu que a intenção dos outros se sobressaísse  sobre sua própria vontade.

Ele era arquiteto, profissão praticamente escolhida pelo pai, diante de suas aptidões para o desenho mostradas ainda criança.  Logo de início, o casamento se tornou um tormento para Eusébio.  Infeliz ao lado da esposa e entediado com o novo emprego no escritório do sogro, não havia outra saída além de tentar romper as amarras que tornavam sua vida enclausurada.   Ele era um prisioneiro  de si mesmo.

Verdade seja dita.   Ele até podia se sentir assim, mas nunca realmente conseguiu reprimir seus desejos, afinal desejo é desejo e ponto.  Eusébio sempre viveu muitas aventuras em sua juventude ao lado de Ismael Josué, os grandes amigos que lhe acompanharam por toda a vida.  Digamos que Aglaia, a esposa, tenha sido a verdadeira vítima, afinal o casamento poderia ser considerado uma grande farsa, que obviamente teve suas consequências.   

Quando percebeu que estava no meio de uma grande cilada, que era seu casamento, e sentia-se totalmente infeliz com a profissão, Eusébio se enveredou pelo mundo do teatro a convite de um amigo.  Tentou isso e aquilo no tal universo mágico, mas acabou se descobrindo realizado na cenografia, que trouxe um novo frescor em sua vidinha sem sabor.  

Todo esse lado dramático se torna leve e ganha ares de comédia com as situações vividas pelo personagem.  Suas dúvidas, aventuras e neuroses dão ritmo à trama e torna a leitura muito divertida.  Aos poucos, muitas figuras vão ganhando destaque na trama como o garçom Inair que cruza seu caminho na festa de casamento, ou Fabiano, um jovem ator de teatro por quem ele se apaixona.   Tem ainda a amiga Bel e os amigos Ismael Josué que servem de apoio para seus dilemas.  Além dos pais, que sempre interferem em sua vida, conhecemos também o tio Zacharias, uma figura pra lá de excêntrica.

É muito difícil exercitar a empatia com o personagem principal.  Por uma abordagem mais profunda poderíamos supor que ele foi vítima da sociedade, e que o casamento foi uma tentativa de formar uma família convencional.  Por outro lado, verdade seja dita,  ele nunca se privou de seus desejos, e viveu ao extremo suas fantasias.  Eusébio nunca se entregou ao sofrimento, ou se tornou amargurado. Traiu e ignorou por completo o casamento e a família construída.  Foi um mau-caráter.   

O enredo contém muitos elementos que podem contribuir para que cada leitor tire suas próprias conclusões.   A verdade é que a trama explora um tema bastante recorrente na sociedade moderna. Mesmo que muitas amarras tenham sido desfeitas nos últimos anos, ainda há muita hipocrisia que acaba desencadeando grandes mazelas aos indivíduos e fazendo novas vítimas todos os dias. 

Com 176 páginas, 19 capítulos, folhas amareladas, fonte e espaçamento confortáveis, As amarras traz um texto moderno e divertido, tendo entre outros cenários a cidade do Rio de Janeiro como destaque.  Mesmo lidando com uma questão delicada, o autor consegue inserir leveza nos diálogos e situações que escorregam sempre para o lado cômico.  Para quem curte leituras fluídas e ligeiras é uma ótima dica de leitura.

Boa leitura!


Autor:  Jorge Sá Earp

128 páginas

1ª Edição - 2018 

Dimensão:  14x21cm

ISBN 978-85-421-0705-0 

Onde Comprar

https://www.7letras.com.br/a-praca-do-mercado.html

E em outras lojas.

Sobre o Autor 


https://www.facebook.com/jorge.saearp


Jorge Sá Earp nasceu no Rio de Janeiro, em 1955. Cursou Letras na PUC-Rio. Como diplomata serviu na Polônia, Holanda, Gabão, Bélgica, Romênia, Equador e atualmente vive na Costa Rica. Publicou, entre outros, Ponto de Fuga (romance, 1996), vencedor do prêmio Nestlé de Literatura; Areias Pretas (contos, 2004), O Novelo (romance, 2008), As marés de Tuala (romace, 2010), O Jogo dos Gatos Pardos (romance, 2011), Bandido e mocinho (contos, 2012), Quatro em Cartago (romance, 2016) e A praça do mercado (2018).

* Livro gentilmente cedido pela Oasys Cultural

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Ricardo Bergamini recupera Os Bruzundangas, de Lima Barreto

O Brasil roda eternamente dentro do círculo, mas nunca sai do círculo (Ricardo Bergamini).
Prezados Senhores

Sugiro leitura do resumo da obra póstuma de Lima Barreto “Os Bruzundangas”, publicado em 1923, onde fica provado, de forma cabal e irrefutável, que o Brasil vive hoje exatamente no mesmo ponto histórico em que viveu o autor. É assustador!  

Os Bruzundangas, de Lima Barreto

Os Bruzundangas, publicado em 1923, é obra póstuma de Lima Barreto. Uma coletânea de crônicas, onde o autor com a percepção aguda e crítica, não deixa escapar nada. Satiriza uma fictícia nação onde ele mesmo teria residido. Seus capítulos enfocam, entre outros temas, a diplomacia, a Constituição, transações e propinas, os políticos e eleições em Bruzundanga. Critica os privilégios da nobreza, o poder das oligarquias rurais, a futilidade das sanguessugas do erário, desigualdades, saúde e educação tratadas com desdém, enfim, mazelas parecidas às de um país real. Ao lê-lo, tem-se impressão de que o escritor não se fez arauto de seu tempo; o Brasil é que patinou nos descaminhos de si.

Com malandrice carioca e estilo ágil, próximo da caricatura e zombaria, o afro-brasileiro Lima Barreto é mestre da ficção de escárnio. Nas raízes do imaginário país grassam oportunistas, apaniguados, retrógrados e escravocratas de quatro costados. Sobre os usos e costumes das autoridades, escreve que não atendem às necessidades do povo, tampouco lhe resolvem os problemas. Cuidam de enriquecer e firmar a situação dos descendentes e colaterais. Diz: não há homem influente que não tenha parentes e amigos ocupando cargos de Estado; não há doutores da lei e deputados que não se considerem no direito de deixar aos filhos, netos, sobrinhos e primos gordas pensões pagas pelo Tesouro da República. Enquanto isto, a população é escorchada de impostos e vexações fiscais; vive sugada para que parvos, com títulos altissonantes disso ou daquilo, gozem vencimentos, subsídios e aposentadorias duplicados, triplicados, afora os rendimentos que vêm de outras e quaisquer origens.

Ao presidente de Bruzundanga, que deve ser um deslumbrado e completo idiota, chamam-no "Manda-chuva"; à justiça, "Chicana". A Carta Magna redigida por espertos (e não expertos) explicita um providencial adendo: toda a vez que um artigo ferir interesses de parentes de pessoas da ‘situação’ ou de membros dela, fica entendido que não tem aplicação. No fundo, todos flertam com a "situação" porque ela garante o continuísmo. À plebe desmemoriada e ignorante, pra que não fique gritando viva o doutor Clarindo!, viva o doutor Carlindo!, viva o doutor Arlindo! – quando o verdadeiro nome do doutor é Gracindo, criou-se a "Guarda do Entusiasmo", constituída de dez mil indicados sem concurso, uniformizados "de povo", com função de disciplinar e reorientar as aclamações e vivas da multidão.

Muito mais é Bruzundanga em seus cânones sócio-políticos, religiosos e culturais, e no atraso visceral – conforme se lê no prefácio – de uma nata enquistada no canibalismo simbólico da "Arte de Furtar": os maiores ladrões são os que têm por ofício livrar-nos de outros ladrões.

No primeiro capítulo de Os Bruzundangas, Lima Barreto critica a superficialidade e o preciosismo da literatura parnasiana, além da linguagem misteriosa e mística do Simbolismo. Cita ainda um verso do poeta Worspikt em que há a repetição da consoante "L" (aliteração), recurso chamado no livro de "harmonia imitativa".

No capítulo "Um Grande Financeiro", Lima Barreto critica os economistas incompetentes e contraditórios da Bruzundanga, através do personagem caricatural Felixhimino Ben Karpatoso.

"Bruzundangas" é um substantivo feminino que pode significar "palavreado confuso, mistura de coisas imprestáveis, mixórdia, trapalhada, embrulhada". Neste livro, Lima Barreto fala da arte de furtar, de nepotismos desenfreados, de favorecimentos e privilégios. A própria sociedade, as eleições, a religião, os literatos e a imprensa são cáusticamente abordados por ele e servem de pano de fundo para a construção de sua obra literária.

O livro é um diário de viagem de um brasileiro que morou tempos na Bruzundanga, conheceu sua literatura, a escola samoieda (falsa, monótona e afastada da cultura, com autores fúteis e aconchavados com a classe dominante); sua economia confusa que exauri a riqueza do país, sendo dominada pelos cafeeiros da província de Kaphet.

Mostra também a obsessão por títulos como os de nobreza e os de doutor, mesmo quando seus possuidores não são nobres e são pouco letrados. A seguir critica a legislação (a Constituição, baseada na de um país visitado por Gulliver, tem uma lei que diz que se a lei não for conveniente a situação ela não é válida), a política (os presidentes, chamados Mandachuvas, assim como os ministros, os heróis e os deputados, são estúpidos e vazios), o processo democrático (tão corrupto quanto era na República Velha), a ciência, o resto da cultura (quase nula, por vezes perto do negativo), o exército e a política internacional.

Lima Barreto fala de dois tipos de nobreza existentes na Bruzundanga: a nobreza doutoral e a que ele chama "de palpite". A primeira é formada pelos doutores, os que têm diploma de nível superior. Lima Barreto diz que a sociedade em geral valoriza extremamente os doutores. No final do capítulo referente à nobreza doutoral, ele expõe uma escala de valores dos cursos de nível superior, os dois mais valorizados são o de Medicina e o de Direito, respectivamente.

Repleto de caricaturas de personagens da vida política da época, como Venceslau Brás e o Barão de Rio Branco, o livro é uma crítica ferina a sociedade brasileira, sua literatura e sua organização político- econômica.


Ricardo Bergamini

sábado, 13 de dezembro de 2014

Literatura: Elena Ferrante na tradicao do anonimato, de Swift, de Benjamin Franklin, de outros...

10 Seminal Writers Who Hid Their Identities, From Jonathan Swift to J.K. Rowling

The identity of Elena Ferrante, the elusive author (and subject of a series of essays in the current issue of T) who has never been photographed, interviewed in person or seen in public, is a matter of intense debate thanks to her sharp, autobiographical novels, which explore female friendship in the context of Italian society. On the eve of the publication of “Those Who Leave and Those Who Stay,” the third volume in Ferrante’s Neapolitan series, we offer a short history of literary masks, from Jonathan Swift to J.K. Rowling.
Photo
Top row, from left: Jonathan Swift's "Gulliver's Travels"; Benjamin Franklin's "Poor Richard's Almanack"; Sir Walter Scott's "Waverley"; Charlotte Brontë's "Jane Eyre"; Sholem Aleichem's "Tevye the Dairyman." Bottom row, from left: Louisa May Alcott's "Behind a Mask"; James Weldon Johnson's "The Autobiography of an Ex-Coloured Man"; Fernando Pessoa's "The Book of Disquiet"; Pauline Réage's "Story of O"; J.K. Rowling's "The Cuckoo's Calling."Credit
Jonathan Swift
Thanks to Swift’s cloak-and-dagger tactics, not even his publisher knew the true identity of the author of “Gulliver’s Travels.” The writer sent an intermediary to hand off the manuscript under the cover of night, along with a letter supposedly from Gulliver’s cousin.
Benjamin Franklin
The founding father used a number of pseudonyms to publish opinionated newspaper pieces: “Silence Dogood” to critique hypocrisy and hoopskirts; “Polly Baker” to argue for women’s rights; “Anthony Afterwit” to detail the tribulations of marriage. Franklin’s most famous alter ego, “Richard Saunders,” authored the popular “Poor Richard’s Almanack” for 25 years.
Sir Walter Scott
Nicknamed “The Great Unknown,” Scott secretly published his wildly successful “Waverley” novels and, in so doing, helped forge the genre of historical fiction. He maintained anonymity for years, keeping his work a secret even from his own children, until financial pressures forced him to confess.
The Brontë sisters
Charlotte, Emily and Anne produced their masterworks of Victorian literature under the pseudonyms Currer, Ellis and Acton Bell. They chose these androgynous monikers because of “a vague impression that authoresses are liable to be looked on with prejudice,” an impression shared by at least two other great “authoresses” of the day, George Eliot and George Sand.
Sholem Aleichem
At the start of his career, the prolific writer whose work would inspire “Fiddler on the Roof” didn’t want his relatives to know he was publishing in Yiddish rather than Hebrew. The novelist, born Solomon Naumovich Rabinovich, adopted the pen name “Sholem Aleichem,” a Hebrew greeting that means “peace be unto you,” and authored dozens of books under the pseudonym.
Louisa May Alcott
In addition to her celebrated tales of stalwart sisters and lovable orphans, Alcott wrote lesser-known novels with titles like “The Abbot’s Ghost, Or Maurice Treherne’s Temptation” and “Behind a Mask, Or a Woman’s Power.” She published these stories of love and suspense under the pseudonym A.M. Barnard — a mask of her own.
James Weldon Johnson
In Johnson’s groundbreaking “Autobiography of an Ex-Coloured Man” (1912), a young man of mixed race decides to pass as white. As its author had hoped, the anonymously published novel “passed” as memoir until Johnson acknowledged it to be fiction in 1927. “Autobiography” went on to influence generations of African-American writers.
Fernando Pessoa
Thomas Crosse, literary critic. Álvaro de Campos, naval engineer. Maria José, consumptive hunchback. These are just three of the many characters invented by Portuguese poet Fernando Pessoa. Each so-called “heteronym” possessed unique psychologies, biographies and writing styles, and Pessoa published prolifically under their names as well as his own.
Dominique Aury
Aury wrote “Story of O” (1954), a sadomasochistic novel replete with whips, cuffs and chains, under the pseudonym Pauline Réage. The accomplished woman of letters kept her scandalous feat a secret until 1994, when she identified herself as the mysterious author — and, just as mysteriously, mentioned that “Dominique Aury” was not her real name, either.
J.K. Rowling
Hoping to receive “totally unvarnished feedback,” the “Harry Potter” author adopted the pseudonym Robert Galbraith when she published “The Cuckoo’s Calling,” a book for adults, in 2013. It wasn’t the first time she had concocted a name: Joanne Rowling started going by initials, including a fictitious “K,” when a publisher warned her that boys might not buy books by a woman

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Mario Vargas Llosa e os esquerdistas da Suecia - Cato Institute

Meu amigo Orlando Tambosi me chama a atenção para esta matéria, do Cato Institute, que reflete a geografia universal dos néscios...
Paulo Roberto de Almeida

A Suécia também tem seus estúpidos ideológicos
Orlando Tambosi, 26/01/2014

A Suécia, tão festejada pelos amantes do Estado benfeitor, também tem lá seus estúpidos ideológicos esquerdistas. Convém lembrar que eles gritaram contra o "traidor" Mário Vargas Llosa, quando a Academia Sueca lhe concedeu o Prêmio Nobel de Literatura. (2010). Leiam o artigo de Joahan Norberg, que revela o nefando preconceito contra um dos raros intelectuais liberais da América Latina. Ah, não deem o prêmio a um "direitista", bradaram os estúpidos do estatismo. Segue o texto, na íntegra:

“Estoy un poco molesta”, dijo la crítica de literatura Ulrika Miles durante el anuncio en televisión sueca del Premio Nóbel de Literatura del 2010. La elite cultural del país se demoró segundos en darse cuenta de que se había cometido un error en el proceso de votación de la Academia Sueca: como sabrán, Mario Vargas Llosa, el ganador, ya no es socialista. “Lo perdí cuando se convirtió en un neoliberal”, se lamentaba Miles. Muchos otros hacían eco de su queja.
La gente que nunca tuvo reparos sobre la orientación política de otros ganadores del Premio Nóbel —como Wislawa Szymborska, quien escribió celebraciones poéticas de Lenin y Stalin; Günter Grass, quien alabó a la dictadura cubana; Harold Pinter, quien respaldó a Slobodan Milosevic; José Saramago, quien purgó a los anti-estalinistas del periódico que él editaba— pensó que la Academia Sueca finalmente había cruzado la línea. La orientación política de Mario Vargas Llosa aparentemente debería haberlo descalificado de cualquier consideración para el premio. Él es, después de todo, un liberal clásico que sigue la tradición de John Locke y Adam Smith.
Los periodistas y escritores de la izquierda estatista de Suecia explicaron que Vargas Llosa se había convertido en “traidor” durante los ochenta, cuando se opuso públicamente al socialismo e incluso se lanzó para la presidencia del Perú con un programa de gobierno liberal. Sugirieron que fue probablemente su estilo de vida privilegiado de escritor exitoso lo que socavó su simpatía y solidaridad con los pobres y los oprimidos.
En el periódico más importante de Suecia, Aftonbladet, tres escritores lo acribillaron el primer día del anuncio del Premio Nóbel. Uno escribió que el premio era un triunfo para la derecha sueca; otro dijo que era una victoria para la derecha autoritaria de América Latina; otro lo acusó de ser no solamente un neoliberal, sino también un “machista” (lo que Vargas Llosa ignoraba es que hoy en día solamente es aceptable que las mujeres escriban sobre sexo; cuando los hombres lo hacen, aparentemente, es algo machista y de mal gusto).
Martin Ezpeleta de Aftonbladet incluso dijo que el premio era una victoria para los racistas porque Vargas Llosa una vez escribió un ensayo atacando la ideología del multiculturalismo. Que en ese mismo ensayo también haya pedido que se adopte una política de inmigración más abierta no fue de importancia para Ezpeleta —hasta que otros detectaron su distorsión y él silenciosamente omitió la acusación de “racismo” de su artículo y pretendió que nunca estuvo ahí.
Al periódico de extrema izquierda Flamman le tocó decirles a sus lectores que se calmaran. Sí, Vargas Llosa es un liberal, pero también es un escritor fantástico y una “excelente elección” para el Premio Nóbel. Bueno, de hecho él lo es. Incluso si uno odia los mercados libres, el libre comercio y otras cosas que Vargas Llosa respalda, es difícil negar que es uno de los mejores novelistas de nuestros tiempos.
Vargas Llosa ha escrito cuentos sencillos, incluso unos cómicos, pero las novelas comoLa fiesta del chivo y La guerra del fin del mundo son ese tipo de relatos ambiciosos que ya no se cuentan, en una época en que gran parte de los escritores no tienen la paciencia de compartir algo más allá de sus bares favoritos y sus trágicas vidas amorosas. En sus mejores momentos, Vargas Llosa es la respuesta del mundo literario a una serie de científicos teóricos: él trata con más dimensiones que las que gran parte de nosotros podemos experimentar con nuestros sentidos. Como Víctor Hugo, captura toda una era o la tragedia de un país en unos cuantos capítulos, pero como los mejores escritores de novelas de crimen, él también nos mantiene en suspenso con intrigas dramáticas. Y también administra un gran número de personajes, como los grandes escritores rusos —personajes cuyas relaciones, conversaciones y desarrollos internos constituyen el verdadero escenario de la novela.
Vargas Llosa va y viene entre estas dimensiones, cambia la narración y los tiempos para contar la misma historia desde distintos ángulos, para hacerla más completa pero también más compleja. Es algo técnicamente complejo, pero fácilmente accesible y legible, incluso resulta difícil soltar un libro suyo una vez que se empieza a leerlo. Puede hacer que temas ligeros parezcan serios e importantes y puede escribir acerca de la miseria y la tragedia de una manera humorística e irónica.
Pero antes de que se deje llevar y concluya que Vargas Llosa se merece el premio: ¿me olvidé de decirle que no es socialista? Bueno, antes lo era. Era un comunista convencido que respaldaba la revolución cubana. Cambió de parecer no porque ya no era capaz de simpatizar con los pobres y los oprimidos, sino porque todavía lo hacía cuando otros empezaron a identificarse más con los revolucionarios que con la gente en cuyo nombre se hacía la revolución. Él vio que Castro perseguía a los homosexuales y encarcelaba a los disidentes. Mientras que otros socialistas se quedaron callados y pensaron que el sueño justificaba los medios, Vargas Llosa empezó a hacerse preguntas incómodas acerca de cómo sus ideales, una vez realizados, se parecían más a los campos de concentración que a las utopías socialistas.
Ahí es cuando el autor empezó a pensar que la centralización del poder y de la riqueza en el Estado derivaba en autoritarismo y que las barreras comerciales, las regulaciones y la ausencia de los derechos de propiedad protegían a los poderosos y hacían imposible que los pobres inicien un negocio y se construyan una vida. Se convirtió en un liberal clásico, siempre luchando en contra de los corruptos y los autoritarios, sin importar como se disfrazaran —ya sea como juntas militares, o como personas de la derecha mercantilista o como dictadores socialistas— y emprendió en la lucha por el Estado de Derecho y los derechos de propiedad para los pobres y los oprimidos.
Los intentos de presentar a Vargas Llosa como un partidario de la derecha autoritaria en América Latina son simplemente vergonzosos. La única pieza de evidencia en el artículo de Aftonbladet fue que respaldó a Sebastián Piñera en la última elección presidencial de Chile —lo cual, sin embargo, no tiene sentido ya que Piñera es un político democrático moderado que ha criticado la tradición autoritaria de la derecha chilena y que votó en contra de Pinochet en el referéndum sobre su mandato en 1988.
El intento de Vargas Llosa de someter a todos los gobernantes a los mismos estándares es lo que hace algo sumamente revelador la aseveración de que él traicionó a la izquierda. Muchos intelectuales han condenado a las dictaduras derechistas de Perú y de Chile y muchos intelectuales han condenado a las dictaduras izquierdistas de Cuba y de Nicaragua, pero pocos han condenado ambos grupos de dictaduras como Vargas Llosa.
Si eso es un ataque para la izquierda, lo es solamente porque la izquierda ha puesto su esperanza en generaciones sucesivas de caudillos como Castro y Chávez. Para la izquierda, cualquiera que insiste en que las mismas reglas democráticas deberían aplicarse a sus héroes se vuelve un traidor, un derrotista, un derechista. Él es el esclavo dentro de sus filas, murmurando que toda la gloria es efímera y que ustedes son mortales. Y ese no es un papel popular. Como Vargas Llosa escribió una vez: “Por razones que no entiendo, cualquiera que defiende la libertad de expresión, las elecciones libres y el pluralismo político en América Latina es visto como un derechista entre los intelectuales de la región”.
Los intentos de politizar el premio de literatura y las demandas de que los autores deberían ser izquierdistas confesos no son muy atractivos. Pero tal vez los críticos han señalado algo válido. Tal vez no podemos separar a las novelas de Vargas Llosa de su pensamiento político, su literatura de su creencia en la libertad. En un ensayo acerca de la literatura él explicó que “toda la literatura buena es radical y hace preguntas radicales acerca del mundo en el que vivimos”, y que toda la literatura es “el alimento de los que tienen un espíritu rebelde, la promulgadora de las inconformidades”.
Incluso se puede decir que la Academia Sueca está de acuerdo, porque le dio el premio a Vargas Llosa “su cartografía de las estructuras de poder y por sus incisivas imágenes de la resistencia, la rebelión y la derrota del individuo”. La diferencia entre él y sus viejos amigos que ahora son sus opositores es que él toma en serio a ese poder y a esa resistencia. No son solo meras ficciones. (El Cato).

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Elogio da Inteligencia: renovo meu convite a ver Vargas Llosa (Roda Viva - TV Cultura-SP)

Tendo já feito a "publicidade" aqui anteriormente, na imediata sequência do programa televisionado, mas ao qual assisti apenas aos pedaços, por necessidade de trabalho, gostaria de renovar aqui meu convite a todos para assistir à entrevista de Mario Vargas Llosa no programa Roda Vida da TV Cultura de SP, que acabo de assistir por inteiro agora: 

http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/roda-viva-mario-vargas-llosa-13-05-2013

Poucas vezes na televisão, aliás raríssimas vezes, temos a oportunidade de assistir a inteligência em estado puro. Não que eu aprove totalmente o que Vargas Llosa disse, mas simplesmente porque ele o diz com uma rara elegância e refinamento que não encontramos quase mais -- e na TV brasileira quase nunca -- nos meios de comunicação de massa, que afundam na vulgaridade.
Mas, mesmo na academia, o que assistimos é a expansão da mediocridade.
Esse programa foi um dos raros momentos de prazer intelectual que tive oportunidade de ver na mídia brasileira, de onde sai pouca coisa que valha.
Acho que Vargas Llosa cometeu o pecado normal dos "velhos escritores", ao lamentar a erosão de qualidade da literatura atual, como se apenas os escritores de sua geração fossem ou pudessem ser grandes.
Também tem algumas ilusões sobre o caráter democrático de alguns governos atuais na América Latina, mas essencialmente foi muito enfático, duro mesmo, na condenação do chavismo e da ditadura bolivariana.
Nem tudo está perdido. A inteligência sobrevive, ainda que acuada, no meio da mediocridade reinante, da fraude e da mentira, que parecem prevalecer atualmente na América Latina.
Convido a todos a assistir ao programa...
Paulo Roberto de Almeida 
Hartford, 16/05/2013
=======
Abaixo, um artigo atribuído a Vargas Llosa, mas que não tive ainda oportunidade de conferir, para verificar onde foi publicado originalmente. Aparentemente é dele, mas vou verificar.


Mario Vargas Llosa sobre a Argentina
11/05/2013

Argentina, un país que era democrático, cuando tres cuartas partes de Europa no lo eran, un país que era uno de los más prósperos de la Tierra, cuando América Latina era un continente de hambrientos, de atrasados.

El primer país del mundo que acabó con el analfabetismo no fue Estados Unidos, no fue Francia, fue la Argentina con un sistema educativo que era un ejemplo para todo el mundo. Ese país que era un país de vanguardia ¿Como puede ser que sea el país empobrecido, caótico, subdesarrollado que es hoy? ¿Qué pasó? ¿Alguien lo invadió? ¿Estuvieron enfrascados en alguna guerra terrible? No, los argentinos se hicieron eso ellos mismos. Los argentinos eligieron a lo largo de medio siglo las peores opciones.

¿Cómo se entiende eso? Un país con gentes cultas, absolutamente privilegiado, una minoría de habitantes en un enorme territorio que concentra todos los recursos naturales. ¿Por qué no son el primer país de la Tierra? ¿Por qué no tienen el mismo nivel de vida que Suecia, que Suiza?

Porque los argentinos no han querido. Han querido en cambio ser pobres. Seguir a “caudillos” de pacotilla, “salvadores” de porquería, locos, desquiciados por su mismo odio a todo lo que sea diferente a su locura. Han querido vivir bajo dictaduras, han querido vivir dentro del mercantilismo más espantoso. Hay en esto una responsabilidad del pueblo argentino.

Para mí es espantoso lo que ha ocurrido en Argentina. La primera vez que fui allí quedé maravillado. Un país de clases medias, donde no había pobres en el sentido latinoamericano de la pobreza. ¿Cómo pudo llegar a la presidencia una pareja tan diabólica, manipuladora, populistas en grado extremo, corruptos de calle como los Kirchner gobernando ese país?. Al menos ya uno no está!.

Esperemos que la que queda no pueda seguir hundiendo a ese otrora gran país argentino!

Sin embargo, a juzgar por sus diabólicas relaciones estrechísimas con el desquiciado, paria, bestia troglodita, de la extinta y queridísima República de Venezuela, todo parece indicar que ahora “Cristinita” se apegará aún más a ese escoria, aprendiz de dictadorzuelo, quien ya bastante le ha financiado su mandato a costa del noble pero incomprensiblemente inerte pueblo Venezolano.

¡Qué degradación política, qué degradación intelectual! Argentina y Venezuela, dos países extraordinarios vueltos pedazos por una sarta de demoníacos desquiciados!!! Por eso me pregunto ¿Cómo es eso posible?

Mario Vargas Llosa
Madrid, España

=============
De fato, o artigo não é dele, de acordo com a matéria abaixo:

El Nobel niega autoría de artículos 
“Elogio a la mujer”” y “Sí, lloro por ti Argentina”, textos que circulan en Internet con el nombre de Mario Vargas Llosa no son suyos, asegura en una columna
La Razón (Mexico), 22 Octubre 2012
 
“Elogio a la mujer” y “Sí, lloro por ti Argentina”, son dos artículos que circulan en Internet con la firma de una de las plumas más importantes del mundo, Mario Vargas Llosa; sin embargo, el Nobel de Literatura 2010 dejó claro que esos trabajos no son suyos.
Por medio de su columna dominical en el diario La República, el escritor peruano criticó los ataques contra la identidad de figuras conocidas.
“Vivimos en una época en que aquello que creíamos el último reducto de la libertad, la identidad personal, es decir, lo que hemos llegado a ser mediante nuestras acciones, decisiones, creencias, aquello que cristaliza nuestra trayectoria vital, ya no nos pertenece sino de una manera muy provisional y precaria”, escribe en su columna.
El escritor lamenta que la tecnología audiovisual se haya convertido en un arma para combatir lo que se creía imperdible, la identidad. Señala “como perverso e impremeditado efecto, el de poner en manos de la canalla intelectual y política, del resentido, el envidioso, el acomplejado, el imbécil o simplemente el aburrido, un arma que le permite violar y manipular lo que hasta ahora parecía el último santuario sacrosanto del individuo: su identidad”.
El laureado autor señala que este tipo de acciones delictivas son realizadas por “pobres diablos que tratan de combatir el tedio o la pavorosa sequedad de sus vidas”, no por empresarios y políticos; así que confía en que ese enemigo de la libertad sea derrotado, aunque no está seguro de ver ese resultado.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Premio Nobel de Literatura 2012: Mo Yan - Ian Buruma (NYTRBooks)

Folk Opera

‘Sandalwood Death’ and ‘Pow!’ by Mo Yan

Mo Yan, winner of the 2012 Nobel Prize in Literature, has a deft way with similes: salty, sometimes gross, usually unexpected. Comparing women’s breasts to “ripe mangoes” is almost a cliché, but to describe the nipples as “rising gracefully, like the captivating mouths of hedgehogs” is arresting. Passengers disembarking from a train do so “like beetles rolling their precious dung.” A rich meal of pork lies on a man’s stomach, “churning and grinding like a litter of soon-to-be-born piglets.”
Yuko Shimizu

SANDALWOOD DEATH

By Mo Yan
Translated by Howard Goldblatt
409 pp. University of Oklahoma Press. Paper, $24.95.

POW!

By Mo Yan
Translated by Howard Goldblatt
386 pp. Seagull Books. $27.50.
Yan Bo/European Pressphoto Agency
Mo Yan
What gives Mo Yan’s novels their highly idiosyncratic tone is the combination of a great literary imagination and a peasant spirit. Howard Gold­blatt’s translations catch this atmosphere brilliantly. The prose reads well in English, without losing a distinctly Chinese feel, but it is very far from the classical Chinese tradition. There is nothing mandarin, or even urbane, about Mo Yan’s work. He has retained the earthy character of rural Shandong, where he grew up in a farming family.
Like most of his stories, both “Sandalwood Death” and “Pow!” are set in a rustic place resembling Mo Yan’s native village in Gaomi County. Of “Sandalwood Death,” he has written that it might be less suited to sophisticated readers than “to hoarse voices in a public square, surrounded by an audience of eager listeners.” In fact, it is artfully written in the style of a local folk opera called Maoqiang, now almost defunct. One of the main characters is an opera singer. The rhythms, idioms and narrative techniques of ­Maoqiang are ­woven into the text in a seamless way that only a master storyteller can pull off. The art of telling stories is actually the main theme of both novels.
The narrator of “Pow!,” Luo Xiaotong, is a young man who has a horror of growing up, of entering the corrupt adult world where the powerful prey on the weak. As Mo Yan explains in his afterword, Luo is the reverse of little Oskar in Günter Grass’s “Tin Drum,” the boy whose body stops growing even as his mental age progresses. Luo has a child’s mind in a grown-up body. He is the sort of wise simpleton, a kind of Chinese Soldier Schweik, that often turns up in Mo Yan’s novels. When Luo looks at Aunty Wild Mule, his father’s mistress, he feels “like a boy of 7 or 8,” and yet “the pounding of my heart and the stirrings of that thing between my legs declare to me that I am that child no longer.” By observing the adults, Luo realizes that sex can lead people into some very dark places. And so he clings to a kind of innocence. But, as so often happens when the strain of growing up in a corrupted world becomes intolerable, innocence explodes in an act of extraordinary violence. “Pow” can mean two things: It is the bang of an old Japanese Army mortar, used by Luo to blow the adult world to smithereens; it also means to brag, to tell stories, and even, in Beijing slang, to have sex.
Luo’s bizarre story of his childhood is told to a monk in a decaying temple dedicated to the worship of a lecherous idol named the Horse Spirit. Greed, lust and the abuse of power are the main features of the world observed by Luo. The greediest, most lecherous, most powerful figure in the story is also his benefactor, a man named Lao Lan, scion of a landowning family, who sleeps with Luo’s mother and exploits human greed by monopolizing the production of meat in a village dedicated to animal slaughter.
In this fantasy world of meat-eating gluttony, there is even a Meat God Temple and a Carnivore Festival. Lust for meat isn’t really condemned (nor, for that matter, is sex); it’s the natural response of people who have gone hungry for too long, a grotesque binge after a history of famines. Mo Yan himself was born only a few years before Chairman Mao starved China’s rural population in his monstrous Great Leap Forward.
Luo, the meat-eater, is a highly useful asset to Lao Lan’s business. He has a limitless capacity for food. The champion of a meat-eating contest, Luo adores meat and meat loves him back, to the point of speaking to him in voices. He is an artist of meat-eating, the best in China. Eating, sex and power are closely related in Luo’s fantastic tales, as they are in other novels by Mo Yan, including “Red Sorghum,” made into a much-praised film by Zhang Yimou, and indeed in “Sandalwood Death,” to my mind an even better novel than “Pow!”
Indulging our appetites for food and sex is one way of asserting our individual freedom. Perfecting an art, even of meat-eating, is another. The two artists in “Sandalwood Death” are Sun Bing, an opera singer, and Zhao Jia, his executioner, whose son is married to Sun Bing’s daughter. Zhao is a master at his trade, a genius at administering the slow death by a thousand cuts, the greatest artist of the sandalwood death, able to keep his victim alive for five days while spliced on a sandalwood stake.
Sun Bing has been sentenced to this agonizing death because he dared to attack German soldiers involved in crushing the Boxer Rebellion in 1901. A heroic local patriot, Sun Bing hates these arrogant foreigners for strutting about his native region, building a railway line that will change its ways forever. Like many tales of peasant rebellion, Mo Yan’s reworking of the Boxers’ war with the foreign devils is deeply anti-modern. Loyalty to tradition is part of Mo Yan’s peasant spirit, yet he is not sentimental about the past.
Maoqiang opera is the symbol of Chinese tradition in the novel. But so is the art of inflicting cruel punishments “beyond the imagination of any European.” Chinese executions could be seen, in the words of one of the narrators of “Sandalwood Death,” as stage performances “acted out by the executioner and his victim.” At the end of the novel, the two types of theater come together when Sun Bing sings his last aria while spitted on the wooden stake. His fellow actors defy the German soldiers and their treacherous Chinese helpers by performing an opera on the execution ground to honor their dying master. The theater troupe is mowed down by foreign bullets. Sun Bing dies, stabbed in the chest by a compassionate Chinese official who can no longer stand to witness his suffering. In the last words of the novel: “The opera . . . has ended. . . . ”
In sum: Without art, myths, stories, imagination, life isn’t worth living. And that brings us to Mo Yan’s politics. He has been widely criticized for not being more politically outspoken. Salman Rushdie called him “a patsy of the regime.” According to Mo Yan’s fellow Nobel laureate Herta Müller, awarding him the literature prize was “a catastrophe.”
Mo Yan is certainly no dissident. He might even be accused of cowardice. He could have used his prestige to speak up more forcefully for Liu Xiaobo, the brave literary critic who won the Nobel Peace Prize in 2010 while imprisoned for advocating democracy in China. Defending censorship, as Mo Yan did in Stockholm, was also an odd, not to say craven, act for a writer who sets such store on the freedom to tell stories.
Indeed, he refuses to speak out almost as a matter of principle. He has said that his pen name, Mo Yan, meaning “Don’t Speak,” was chosen because his parents warned him not to say things that might cause trouble. “I’ve always taken pride in my lack of ideology,” he writes in the afterword to “Pow!,” “especially when I’m writing.”
Mo Yan does in fact have some strong views. The targets of his satirical barbs are clear: the gross materialism of contemporary China, the venality of government officials, the abuses of political power, the abject opportunism of Chinese collaborators with foreign invaders. But these are rather easy marks. Party leaders are forever denouncing corruption and materialism. It is also a tenet of Communist propaganda that only the party can protect China against foreign depredations.
Perhaps Mo Yan really is in tune with the current Communist regime. Perhaps he simply wants to play it safe. But the political perspective of his fiction is also a reflection of his peasant spirit. To a villager, all politics are strictly local, especially in China, with its vast distances. The capital is far away. National politics aren’t the peasant’s concern. What counts is food on the table, fertility, sex and staying out of trouble, if necessary by appeasing the powerful, be they local or foreign.
This narrow perspective has its advantages. By concentrating on human appetites, including the darkest ones, Mo Yan can dig deeper than political commentary. And like the strolling players of old, the jesters and the public-square storytellers he so admires, Mo Yan is able to give a surprisingly accurate impression of his country. Distorted, to be sure, but sharply truthful, too. In this sense, his work fits into a distinguished tradition of fantasists in authoritarian societies: alongside Mikhail Bulgakov or the Czech master, Bohumil Hrabal.
To demand that Mo Yan also be a political dissident is not only what the Dutch describe as “trying to pluck feathers from a frog.” It’s also unfair. A novelist should be judged on literary merit, not on his or her politics, a principle the Nobel committee hasn’t always lived up to. This time, I think it has. It would be nice if Mo Yan were more courageous, but he has given us some great stories. And that should be enough. 


Ian Buruma is Henry R. Luce professor of democracy, human rights and journalism at Bard College. His most recent book is “Taming the Gods: Religion and Democracy on Three Continents.”

sábado, 28 de julho de 2012

A Espada e a Pluma - um poema alegórico na era das trevas


A Espada e a Pluma: um poema alegórico na era das trevas

A espada é muito mais poderosa do que a pluma,
infinitas vezes mais poderosa, e de forma mais contundente.
A espada pode cortar quantas plumas quiser, à vontade;
a pluma não consegue vencer uma só espada, ainda que multiplicada em mil.

A espada corta, fere, penetra, rasga, decepa e esquarteja
a pluma não tem qualquer poder contundente nas coisas da matéria.
A espada impõe respeito, intimida, aterroriza e submete;
uma pluma mal consegue provocar cócegas nas pessoas.

A espada tem o poder de comandar vontades, mesmo contra a vontade;
a pluma, no máximo, só consegue influenciar as mentes, nunca os músculos.
A espada desperta a adrenalina, faz o coração bater forte, o sangue subir à cabeça;
a pluma, se tanto, conquista alguma consciência mais aberta aos conhecimentos.

A espada sempre vence, pelo argumento da força,
a pluma nem consegue se impor pela força do argumento.
A espada sempre tem razão, mesmo quando nenhuma razão tem,
a pluma pode até tê-la de sobra, mas a razão do mais forte é sempre a melhor.

A espada dobra os seres, pela sua presença cortante, definitiva;
a pluma busca converter consciências, mesmo ausente ou distante.
A espada não pede licença a ninguém: ela se instala, sem pedir permissão;
a pluma sempre tem de negociar alguma licença para se exercer.

A espada compra mercenários, torna os homens seus escravos;
a pluma é libertária, e quer sempre livrar as pessoas da opressão.
A espada manipula súditos, envia espiões, aprisiona os cortesãos;
a pluma pretende, apenas e tão somente, formar livres cidadãos.

Todos os impérios foram construídos na base da espada, do ferro e do fogo;
nenhum império ruiu apenas pela força da pluma, mesmo coalizada a outras plumas.
A soberania começa onde existe o monopólio da força por algum dono de espadas;
a pluma é anarquista, não quer deuses ou senhores; só promete autonomia.

A espada é o último argumento de defesa, e a última instância da liberdade;
mas ela também serve para dominar, mesmo o cidadão sem qualquer pluma.
A pluma pode gritar, mas o tilintar da espada fala mais alto, bem mais alto;
aliás, a espada não precisa dizer nada: o simples desembainhar já é um discurso.

A espada invade casas, destrói culturas, mata animais e outros homens;
a pluma não consegue mover um grão de centeio, não traz água, nem abrigo.
A espada impõe a ordem, lá onde reinava a mais perfeita desordem;
a pluma  contribui para a desordem, ao pretender desobedecer à espada.

A espada serve para resguardar viúvas e órfãos, os fracos e os indefesos,
mas também desperta ambições e cobiças desmedidas, sempre crescentes.
A pluma pode falar em prol dos de menor poder, dos desvalidos e dos ingênuos,
mas ela não impede a corrupção dos costumes e o roubo da riqueza alheia.

A espada alicia servidores, áulicos e até mesmo conselheiros emplumados,
mas ela não consegue dominar o que lhes vai nas mentes e sentimentos.
A pluma agita os corações, desperta vontades, cria novas aspirações,
mas ela não dá aos que a seguem qualquer alavanca ou motor de arranque.

A espada sempre predomina, mesmo quando o fio se desgasta e a visão fica míope;
a pluma sozinha não faz nada: precisa de um tinteiro e de um papel, ou pergaminho.
A espada é o prolongamento natural de mãos fortes, másculas, decididas;
a pluma hesita ao simples tracejar das letras, e só funciona com mentes atiladas.

E no entanto, e no entanto...
a espada enferruja, fica cega, e pode quebrar, num simples embate mais feroz.
A pluma é móvel, flutua com o vento, mesmo nas mais fortes tempestades,
Ela é mais durável que a espada, pois as palavras voam, e as ideias se transmitem...

Uma espada fere gravemente, mas uma ideia mergulha mais fundo.
A espada geralmente está nas mãos de mercenários e de esbirros a soldo,
as ideias só podem sobreviver e se disseminar na mais completa liberdade.
Espadas agridem a esmo; ideias possuem lógica, sentido, direção e propósitos.

Por mais fortes que sejam os braços, as pernas, por mais couraças e capacetes,
por mais afiadas que sejam as espadas, elas só podem alcançar um de cada vez.
Ideias, ao contrário, atingem todos e cada um, num raio de 360 graus,
elas perfuram os elmos mais duros, atravessam cotas do aço mais temperado.

Espadas enferrujam, guerreiros morrem ou ficam estropiados, desaparecem...
Ideias, se são boas, permanecem, por séculos e até milhares de anos, sempre jovens.
As ideias, finalmente, são mais fortes que as espadas, elas vencem as espadas.
Espadas deixam apenas destruição e morte; as plumas semeiam conhecimento.

Espadas, no fundo, têm inveja das plumas, queriam ser livres como as plumas,
não viver em coldres cheirando a sangue e a mofo, asfixiadas em couro velho.
As plumas são ágeis, leves, flexíveis; mudam de acordo com as circunstâncias;
plumas expressam o que de melhor a humanidade produziu, em todos os tempos.

Espadas têm ódio das plumas, pois nunca poderão ser o que estas são:
instrumentos de beleza, de saber e de conhecimento, de paixão e de ciência.
Espadas são instrumentos profundamente complexados, e com razão:
Elas estão do lado da morte e do sofrimento; as plumas são o eterno renascer...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Como fazer alguem ficar rico, com algum ilusionismo a respeito...

Falando em respeito, eu confesso que tenho o maior respeito por essas histórias romanceadas que sempre recebo, de viúvas desesperadas me oferecendo a possibilidade de ficar muito rico a partir do nada.
Eu sempre me arrependo de não guardar toda a literatura de alta qualidade, e as histórias mais hollywoodizáveis que recebo continuamente, com cenas a la Nelson Rodrigues e cenários a la Spielberg. Os nigerianos são especialistas nisso, e também os russos, e agora, ao que parece os líbios, que estão precisando de alguma ajuda para reconstruir o país.
Se eu tivesse guardado toda essa boa literatura, provavelmente já teria acumulado material suficiente para editar duas Encyclopaedia Britannica, daquelas antigas, em 31 volumes...
Pena que não guardei, mas sempre está em tempo de começar.
Esta mensagem abaixo, por exemplo: tive certa dificuldade para entender o Português de certo personagem importante em nosso país, e o inglês digno do Tiririca...


Vamos prestar atenção nas histórias, minha gente, elas têm sabor literário.
O dinheiro não é o mais importante nessa história; vale mais a literatura.

Olá querida


Complemento do dia para você,


Por favor, perdoe-me se eu interferir na sua privacidade, meu nome é Miss Adrianah Adivi Jali, de 23 anos, altura 5 pés 11 polegadas, peso 62 Eu sou a única filha de Late Mr. Adivi Jali Líbia Norte da África meu pai era o chefe-executivo oilibya líbio de capital Tripoli, você percebeu uma personalidade é importante antes de eu decidi entrar em contato com você.


Por favor, eu gostaria de saber mais sobre você, porque eu gostaria de compartilhar com vocês truelove e, mais importante, eu tenho alguns fundos para mim que eu gostaria de investir em um bom negócio. Eu gostaria que você pudesse ser honesto comigo para que eu possa ir para este investimento com você ao meu lado e eu preciso do seu bom conselho.


Primeiro de tudo, eu me pergunto o que você faz para viver, lembrar que você me impressionou foi por isso que entrei em contato com você primeiro. Você vai saber mais sobre mim e como nos comunicamos. Vou mandar minhas fotos para você em meu e-mail seguinte, eu gostaria que você me enviar suas fotos para a minha leitura.


Obrigado por sua compreensão, esperando ouvir de você em breve.


Do meu coração


senhorita Adrianah

Hello dear
Complement of the day for you,
Please forgive me if I interfere in your privacy, my name is Miss Adrianah Adivi Jali, age 23, height 5 feet 11 inches, weight 62 I am the only daughter of Late Mr. Adivi Jali Libya North Africa my father was the chief executive oilibya Libyan capital Tripoli, you noticed a personality is important before I decided to contact you.
Please, I would like to know more about you, because I would like to share with you truelove and more importantly, I have some funds to me that I would like to invest in a good deal. I wish you could be honest with me so I can go into this investment with you by my side and I need your good advice.
First of all, I wonder what you do for a living, remember that you struck me was why I contacted you first. You will know more about me and how we communicate. I will send my pictures to you in my next email, I will like you to send me your photos for my reading.
Thank you for your understanding, hoping to hear from you soon.
From my heart
Miss Adrianah

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um caixao na revolucao cultural chinesa - Wenguang Huang


Coming of Age In Mao's China
Michael Fathers
The Wall Street Journal, April 30, 2012
The Little Red Guard
By Wenguang Huang
(Riverhead, 262 pages, $25.95)


Death cannot be controlled by the party, but disposing of a body can. 
So the author's father built a coffin in secret at his mother's request.

If you are looking for a book that brings a corner of modern China alive—a book filled with humor, family squabbles and ordinary life in a large city in a one-party state—look no further than "The Little Red Guard." The focus of this delightful family memoir by Wenguang Huang, a Chinese-born writer now based in Chicago, is a simple wooden coffin that a lowly member of the Communist Party, the author's father, had secretly built for his mother in the mid-1970s, as a present for her 73rd birthday. She had been pestering her son for a coffin in preparation for her death, though she showed no sign of dying. The coffin, hidden by a tablecloth and painted with a fresh coat of black lacquer each year, became the family's unwelcome and dangerous guest.
Natural death cannot be controlled by China's Communist Party, but disposing of a body can. Burial is outlawed as a feudal, superstitious practice; cremation is considered modern and officially approved. But as Mr. Huang's grandmother keeps saying, if you end up as a jar of ash or the leftover dust from the bottom of a furnace, there is no way you can join your ancestors and loved ones on the other side in the next life.
Grandma Huang, ruling over her son, his short-tempered wife and their four children, emerges as one of the more memorable figures of modern memoir. Her parents, as we learn, were rich landowners. As was the custom, her feet were bound at the age of 6. Her husband and most of his family, also rich landowners, died when a tuberculosis epidemic swept through central China in the 1930s. Their farmland was flooded by the Yellow River, their livestock was taken by the invading Japanese and famine turned them into beggars.
Come 1949 and the communist victory, Grandma Huang and her young son were given the exalted status of "poor peasants." Their suffering, the author writes, turned out to be a blessing. Automatically they became members of the "true proletariat," and the opportunities of the new society were open to them and members of their family—a job in a factory, an education, housing, food rations, status.
The author of this memoir, the son of Grandma Huang's son, describes his father as a "poster child of the revolution." His photo was pinned on the factory notice board year after year as a model worker and later as a model Communist Party member. At one point Grandma Huang observes that, when the author's father was invited to his son's school to speak, it was a lucky thing that the family had lost its fortune before the revolution. "Otherwise," she said, "you could have been standing on the stage with a big dunce's cap to receive public denunciations."



When the violent, anti-bourgeois Cultural Revolution of the late 1960s and early 1970s arrived in Xian, the city in central China where the Huang family lived, Grandma Huang showed kindness toward its victims. She protected the children of her former landlord, a once prosperous jeweler. He was dragged away by the student Red Guards, paraded through the streets and vilified as an enemy of the people. Around this time, the title Little Red Guard was given to the author, the eldest son of the family, by his teachers because as a youngster he was a model pupil.
In public, the Huangs were a model family. In private they were constantly bickering—grandmother versus daughter-in-law, husband versus wife, younger son and daughter versus elder son and daughter. Grandma Huang's son, much to his wife's anger, set aside their puny savings for the expected costs of his mother's funeral. These included payments to distant relatives and minor officials to secretly transport her corpse in the coffin to neighboring Henan Province, where she was born. The coffin cost a small banquet of delicacies and the best rice wine for the carpenters who built it inside the Huang's two-roomed house over a weekend. Apart from Grandma, the family can't stop worrying that the illegally made coffin will undermine their revolutionary credentials, bring shame on them and lead to their downfall.
Oddly, "The Little Red Guard" is a very American book. The humor and the angst it contains are built around a dysfunctional family living in cramped accommodations in a big city. There are echoes of J.D. Salinger and his stories of the Glass family in New York. The usual run of Chinese memoirs, understandably, describe suffering, persecution and the fight to survive. The Huang family, because of its proletarian status, escaped the worst effects of Mao Zedong's policies, making their ordeals less dire though no less instructive.
When economic reform and the seductive breeze of political liberalization come to China in the 1980s, the author's cautious father tells his children that if they want to succeed they should be discreet. He urges his son, who is at Shanghai's Fudan University, not to waste his time on useless foreign books. When the son first reads Shakespeare, he thinks that the expression "to be or not to be" is taken from Confucius. His father tells him that asking for too much freedom can land you in jail. "If you are not careful the government could crush you like a bug." Not long after this warning, the student democracy movement was smashed apart at Tiananmen Square, though Mr. Huang's father did not live to see it.
In the end, it is the father who suffers as his world collapses. Toward the end of his life he was told by the Party that he was to be rewarded for devising a money-saving program at his state factory with promotion and a better wage. Instead the promotion went to the girlfriend of the local Party secretary, and the firm's bosses split his wage rise among themselves. Embittered and exhausted, he died of a heart attack in 1988, ahead of his mother. Thirteen months later Grandma Huang died. She never made it home to Henan Province, but lay in her coffin with the ashes of her son at her feet. Her funeral procession of three vans and a truck set off at 4 a.m. through Xian city to avoid the police to a burial site beside an abandoned brick factory.
Mr. Fathers is co-author of "Tiananmen: The Rape of Peking," an account of China's 1989 democracy movement.