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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 22 de dezembro de 2024

Carta a mim mesmo, 20 anos à frente (2012, para 2032) - Paulo Roberto de Almeida

Reproduzo uma brincadeira feira em 2012, uma mensagem enviada ao próprio autor, duas décadas no futuro, sem saber se ele vai responder, ou pelo menos ler.

Li agora, no final de 2024, e achei bastante razoáveis, minhas especulações sobre o futuro.

Paulo Roberto de Almeida (Brasília, 22/12/2024)


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Carta a mim mesmo, 20 anos à frente - Paulo Roberto de Almeida


Carta a mim mesmo, 20 anos à frente

Paulo Roberto de Almeida 

(Anywhere), 27 de Agosto de 2032


Bom dia Paulê,
Estou lhe escrevendo vinte anos à frente do seu tempo, no que é, obviamente, apenas um recurso literário para falar de várias coisas destas últimas duas décadas, como uma espécie de balanço, e de especulação sobre o futuro, o que todos temos o direito de fazer. Como você vai receber, vai ler, ou reler, esta carta daqui a exatas duas décadas (vou ajustar minha agenda eletrônica para isso, como uma garrafa atirada ao mar, e programada para chegar ao seu porto, à sua praia, na data exata que vai acima), posso esquecer as questões do presente e me concentrar no que será o seu mundo em 2032. Feita esta introdução técnica, vamos ao que interessa.

Bom dia, portanto!
Em 2032, você já está aposentado há mais de dez anos e suponho que você ainda esteja vivo, se a medicina e a sua saúde assim o permitirem. Enfim, esta carta só tem sentido se você estiver vivo e com plena capacidade de trabalho ainda, a despeito da idade avançada. Se não fosse assim, eu teria feito esta carta apenas uma década mais à frente, quando o Brasil estiver completando dois séculos de independência, e você tendo se aposentado apenas dois anos atrás. Não importa, vamos manter a ficção de que sua boa disposição para o trabalho e as tecnologias médicas o permitirão chegar a 2032 e que ali começa nossa aventura prospectiva. O que serão, como serão o mundo, a América Latina e o Brasil, vinte anos mais a frente, e o que eu terei feito, em face e no contexto dessa interação, no intervalo que nos separa do ponto de destino?
Sei que minhas capacidades prospectivas são limitadas, ou até deficientes, a julgar pelo que pude “prever” nos últimos dez anos. Mas vou tentar mesmo assim. Em 2002, por exemplo, eu tinha absoluta certeza de que os companheiros que então chegavam no poder iriam praticar uma política econômica conservadora, ou de corte neoliberal, como eles depreciativamente se referiam às orientações então em curso no governo anterior. Não estou inventando nada agora: está tudo documentado em meu livro A Grande Mudança e não mudaria uma palavra do que escrevi ainda antes da eleição de Lula (ver aqui: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/58GrdeMudanca.html). Nisso fui presciente, embora esperasse alguma deterioração maior da posição fiscal, em vista dos previsíveis gastos sociais. Não esperava, está claro, a amplitude dos “investimentos” sociais, embora esperasse todos os benefícios feitos a banqueiros, industriais e outros membros da elite (velhas e novas, oportunistas ou não), e já previa, de certa forma, o aumento da carga fiscal, via tributos diretos ou indiretos. Meu grande erro – mas creio que esse foi de todos – foi acreditar que as alegações sobre a “ética na política” eram verdadeiras, e nisso pratiquei a mesma ingenuidade de muitos observadores: o governo dos companheiros revelou-se o mais corrupto já conhecido na história do Brasil, e isso porque o partido – habituado a velhas práticas bolcheviques da pior espécie – já era inerentemente corrupto em sua formação e em suas práticas políticas.
Independentemente dessas previsões, mais ou menos certas, o fato é que o Brasil conheceu certos progressos sociais, mais à custa de redistribuição de renda e de estímulo ao consumo do que de investimentos produtivos, e uma grande involução política, institucional e educacional, com um aumento inédito da corrupção em todas as esferas, e uma deterioração sensível das instituições públicas, a despeito mesmo da relativa profissionalização das carreiras de Estado (mas convertidas numa classe de mandarins que se apossou do Estado como coisa própria). Os mesmos dez anos que vão de 2002 a 2012 foram minha travessia do deserto, em todo caso muito produtivas em termos de diversos trabalhos acadêmicos, alguns livros e muitos artigos publicados, sem contar as centenas de working files, aguardando uma oportunidade para emergir do pipeline da produção intelectual. Os dez anos seguintes, até 2022, foram os mais felizes no plano pessoal, com uma produção ainda mais intensa, embora o Brasil tenha avançado muito pouco, em termos educacionais e institucionais, para grande tristeza minha.
E o que fiz depois, até chegar neste momento, vinte anos à frente desta carta, dez anos além de meu retiro profissional, e bastante mais maduro e satisfeito comigo mesmo? Fiz aquilo que sempre fiz, em toda minha vida, talvez em maior volume e extensão, sempre quando possível: li, intensamente; escrevi, compulsivamente; publiquei, no ritmo possível, dado pelas editoras ou permitido pelas novas formas de comunicação; ensinei, bastante, o tempo todo, diretamente e à distância, para apenas um punhado de alunos presenciais, a cada vez, mas provavelmente para milhares de outros, desconhecidos, à distância, sem sequer saber quem tomava conhecimento de meus materiais didáticos, dispersos nas correntes sempre multiplicadas da internet; viajei, a cada oportunidade oferecida pelos compromissos acadêmicos e visitei dezenas de novos lugares, por puro interesse cultural e curiosidade propriamente turística; também pratiquei gastronomia, das melhores, sempre acompanhando as viagens e desfrutando de novas cidades, grandes e pequenas, nos mais diversos cantos do planeta, que percorri como poucos que conheço.

Chegamos, pois, a 2032, Paulê, e você faz agora a reconsideração dos anos que se passaram, e passa a explicar, ao seu alter ego de 2012, como o mundo, a região, o Brasil se encontram, no estado que é o deles, o que eles são, neste período que já assiste ao meu ocaso. Vou tentar ser apenas sugestivo, uma vez que trabalho com tendências, não com certezas ou determinações obrigatórias.
O mundo não é muito diferente do que era no tempo em que foi pensada esta carta, embora ele certamente seja mais rico, mais seguro e mais estável, no plano da segurança e da paz internacionais. Os EUA e China, e as potências menores (ou seja Rússia e o que sobrou das grandes do século 20) jamais vieram a se enfrentar numa guerra, que necessariamente seria ou global, ou por atores interpostos (ou seja, local, ou “setorial”). Eles sempre mantiveram muitos pontos de conflito entre eles, e continuaram a gastar enormes somas com sua preparação militar, mas foram gastos inúteis, pelo menos no cenário traçado pelos seus estrategistas. Todo esse equipamento foi usado contra “vilões pés-de-chinelo”, se ouso dizer, ou seja, os ditadores remanescentes do planeta, uma espécie em quase extinção, pelo menos aqueles realmente malvados, não os ditadores de opereta, como os temos na América Latina, ou aqueles ridicularizados por Sacha Cohen no cinema. A própria China já enfrentou crises políticas, nos últimos 20 anos, e se encaminhou muito lentamente para um tipo de “democracia”, muito deficiente, é verdade, mas ainda assim, não mais o monopólio absoluto do PCC (enfim, um pouco parecida com aquela “democracia de fachada” que Max Weber apontava no caso do governo provisório saído da revolução de fevereiro de 1917, na Rússia).
Os países da América Latina terão melhorado um pouco, não muito: políticos corruptos, bandidos, traficantes, continuarão a frequentar o cenário, mas não mais dominarão países inteiros, como ainda ocorre atualmente. Infelizmente, a educação e a equalização de chances terão progredido muito lentamente em certos países, entre eles o Brasil, graças às políticas absolutamente erradas que adotamos durante o reinado dos companheiros (que pode se prolongar bem mais do que o desejável, em virtude da mediocridade da oposição política, ou seja, das forças centristas, para lidar com um partido neobolchevique a vocação totalitária).

Não se iluda, portanto, Paulê, você terá passado os vinte anos que o separam desta data exatamente na posição em que estava em 2012: em minoria absoluta no país e na região, lutando contra a mediocridade intelectual, contra a erosão da moralidade na vida política, contra a indigência intelectual (acho que o segundo termo não se aplica) na academia, contra os mandarins do Estado extorsivo, ou seja, em verdadeiro bunker isolado, em uma espécie de quilombo de resistência contra os novos bárbaros. Não fique triste, Paulê, seu trabalho será reconhecido por alguns poucos, um pequeno bando de libertários que acredita naqueles velhos valores que não mais prevalecem – talvez nunca tenham prevalecido – entre nós, o da honestidade intelectual, o da tolerância política, o da democracia sem adjetivos, o da responsabilidade individual, do mérito e do esforço próprio. Tudo isso vai ser muito difícil de defender, mas eles acabarão prevalecendo, um dia... Talvez não para que você possa contemplar uma sociedade que você gostaria de ver implantada no Brasil, mas vai ocorrer. Seu trabalho é o de não desistir, persistir, lutar, resistir, continuar...
Os vinte anos decorridos desde então terão sido os melhores de sua vida, Paulê, e você estará orgulhará disso, mesmo sem glórias e sem vitórias. A paz com sua consciência, o fato de estar bem consigo mesmo, a certeza de que você estará lutando pelas boas causas são suas maiores recompensas.
Fique tranquilo e trabalhe. Até 2032, quando você abrir esta carta novamente...

Paulo Roberto de Almeida
[Brasília, 27 de agosto de 2012; revisto em 30/09/2012]

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Premio Nobel de Literatura 2012: Mo Yan - Ian Buruma (NYTRBooks)

Folk Opera

‘Sandalwood Death’ and ‘Pow!’ by Mo Yan

Mo Yan, winner of the 2012 Nobel Prize in Literature, has a deft way with similes: salty, sometimes gross, usually unexpected. Comparing women’s breasts to “ripe mangoes” is almost a cliché, but to describe the nipples as “rising gracefully, like the captivating mouths of hedgehogs” is arresting. Passengers disembarking from a train do so “like beetles rolling their precious dung.” A rich meal of pork lies on a man’s stomach, “churning and grinding like a litter of soon-to-be-born piglets.”
Yuko Shimizu

SANDALWOOD DEATH

By Mo Yan
Translated by Howard Goldblatt
409 pp. University of Oklahoma Press. Paper, $24.95.

POW!

By Mo Yan
Translated by Howard Goldblatt
386 pp. Seagull Books. $27.50.
Yan Bo/European Pressphoto Agency
Mo Yan
What gives Mo Yan’s novels their highly idiosyncratic tone is the combination of a great literary imagination and a peasant spirit. Howard Gold­blatt’s translations catch this atmosphere brilliantly. The prose reads well in English, without losing a distinctly Chinese feel, but it is very far from the classical Chinese tradition. There is nothing mandarin, or even urbane, about Mo Yan’s work. He has retained the earthy character of rural Shandong, where he grew up in a farming family.
Like most of his stories, both “Sandalwood Death” and “Pow!” are set in a rustic place resembling Mo Yan’s native village in Gaomi County. Of “Sandalwood Death,” he has written that it might be less suited to sophisticated readers than “to hoarse voices in a public square, surrounded by an audience of eager listeners.” In fact, it is artfully written in the style of a local folk opera called Maoqiang, now almost defunct. One of the main characters is an opera singer. The rhythms, idioms and narrative techniques of ­Maoqiang are ­woven into the text in a seamless way that only a master storyteller can pull off. The art of telling stories is actually the main theme of both novels.
The narrator of “Pow!,” Luo Xiaotong, is a young man who has a horror of growing up, of entering the corrupt adult world where the powerful prey on the weak. As Mo Yan explains in his afterword, Luo is the reverse of little Oskar in Günter Grass’s “Tin Drum,” the boy whose body stops growing even as his mental age progresses. Luo has a child’s mind in a grown-up body. He is the sort of wise simpleton, a kind of Chinese Soldier Schweik, that often turns up in Mo Yan’s novels. When Luo looks at Aunty Wild Mule, his father’s mistress, he feels “like a boy of 7 or 8,” and yet “the pounding of my heart and the stirrings of that thing between my legs declare to me that I am that child no longer.” By observing the adults, Luo realizes that sex can lead people into some very dark places. And so he clings to a kind of innocence. But, as so often happens when the strain of growing up in a corrupted world becomes intolerable, innocence explodes in an act of extraordinary violence. “Pow” can mean two things: It is the bang of an old Japanese Army mortar, used by Luo to blow the adult world to smithereens; it also means to brag, to tell stories, and even, in Beijing slang, to have sex.
Luo’s bizarre story of his childhood is told to a monk in a decaying temple dedicated to the worship of a lecherous idol named the Horse Spirit. Greed, lust and the abuse of power are the main features of the world observed by Luo. The greediest, most lecherous, most powerful figure in the story is also his benefactor, a man named Lao Lan, scion of a landowning family, who sleeps with Luo’s mother and exploits human greed by monopolizing the production of meat in a village dedicated to animal slaughter.
In this fantasy world of meat-eating gluttony, there is even a Meat God Temple and a Carnivore Festival. Lust for meat isn’t really condemned (nor, for that matter, is sex); it’s the natural response of people who have gone hungry for too long, a grotesque binge after a history of famines. Mo Yan himself was born only a few years before Chairman Mao starved China’s rural population in his monstrous Great Leap Forward.
Luo, the meat-eater, is a highly useful asset to Lao Lan’s business. He has a limitless capacity for food. The champion of a meat-eating contest, Luo adores meat and meat loves him back, to the point of speaking to him in voices. He is an artist of meat-eating, the best in China. Eating, sex and power are closely related in Luo’s fantastic tales, as they are in other novels by Mo Yan, including “Red Sorghum,” made into a much-praised film by Zhang Yimou, and indeed in “Sandalwood Death,” to my mind an even better novel than “Pow!”
Indulging our appetites for food and sex is one way of asserting our individual freedom. Perfecting an art, even of meat-eating, is another. The two artists in “Sandalwood Death” are Sun Bing, an opera singer, and Zhao Jia, his executioner, whose son is married to Sun Bing’s daughter. Zhao is a master at his trade, a genius at administering the slow death by a thousand cuts, the greatest artist of the sandalwood death, able to keep his victim alive for five days while spliced on a sandalwood stake.
Sun Bing has been sentenced to this agonizing death because he dared to attack German soldiers involved in crushing the Boxer Rebellion in 1901. A heroic local patriot, Sun Bing hates these arrogant foreigners for strutting about his native region, building a railway line that will change its ways forever. Like many tales of peasant rebellion, Mo Yan’s reworking of the Boxers’ war with the foreign devils is deeply anti-modern. Loyalty to tradition is part of Mo Yan’s peasant spirit, yet he is not sentimental about the past.
Maoqiang opera is the symbol of Chinese tradition in the novel. But so is the art of inflicting cruel punishments “beyond the imagination of any European.” Chinese executions could be seen, in the words of one of the narrators of “Sandalwood Death,” as stage performances “acted out by the executioner and his victim.” At the end of the novel, the two types of theater come together when Sun Bing sings his last aria while spitted on the wooden stake. His fellow actors defy the German soldiers and their treacherous Chinese helpers by performing an opera on the execution ground to honor their dying master. The theater troupe is mowed down by foreign bullets. Sun Bing dies, stabbed in the chest by a compassionate Chinese official who can no longer stand to witness his suffering. In the last words of the novel: “The opera . . . has ended. . . . ”
In sum: Without art, myths, stories, imagination, life isn’t worth living. And that brings us to Mo Yan’s politics. He has been widely criticized for not being more politically outspoken. Salman Rushdie called him “a patsy of the regime.” According to Mo Yan’s fellow Nobel laureate Herta Müller, awarding him the literature prize was “a catastrophe.”
Mo Yan is certainly no dissident. He might even be accused of cowardice. He could have used his prestige to speak up more forcefully for Liu Xiaobo, the brave literary critic who won the Nobel Peace Prize in 2010 while imprisoned for advocating democracy in China. Defending censorship, as Mo Yan did in Stockholm, was also an odd, not to say craven, act for a writer who sets such store on the freedom to tell stories.
Indeed, he refuses to speak out almost as a matter of principle. He has said that his pen name, Mo Yan, meaning “Don’t Speak,” was chosen because his parents warned him not to say things that might cause trouble. “I’ve always taken pride in my lack of ideology,” he writes in the afterword to “Pow!,” “especially when I’m writing.”
Mo Yan does in fact have some strong views. The targets of his satirical barbs are clear: the gross materialism of contemporary China, the venality of government officials, the abuses of political power, the abject opportunism of Chinese collaborators with foreign invaders. But these are rather easy marks. Party leaders are forever denouncing corruption and materialism. It is also a tenet of Communist propaganda that only the party can protect China against foreign depredations.
Perhaps Mo Yan really is in tune with the current Communist regime. Perhaps he simply wants to play it safe. But the political perspective of his fiction is also a reflection of his peasant spirit. To a villager, all politics are strictly local, especially in China, with its vast distances. The capital is far away. National politics aren’t the peasant’s concern. What counts is food on the table, fertility, sex and staying out of trouble, if necessary by appeasing the powerful, be they local or foreign.
This narrow perspective has its advantages. By concentrating on human appetites, including the darkest ones, Mo Yan can dig deeper than political commentary. And like the strolling players of old, the jesters and the public-square storytellers he so admires, Mo Yan is able to give a surprisingly accurate impression of his country. Distorted, to be sure, but sharply truthful, too. In this sense, his work fits into a distinguished tradition of fantasists in authoritarian societies: alongside Mikhail Bulgakov or the Czech master, Bohumil Hrabal.
To demand that Mo Yan also be a political dissident is not only what the Dutch describe as “trying to pluck feathers from a frog.” It’s also unfair. A novelist should be judged on literary merit, not on his or her politics, a principle the Nobel committee hasn’t always lived up to. This time, I think it has. It would be nice if Mo Yan were more courageous, but he has given us some great stories. And that should be enough. 


Ian Buruma is Henry R. Luce professor of democracy, human rights and journalism at Bard College. His most recent book is “Taming the Gods: Religion and Democracy on Three Continents.”

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

The Globalist's Top Books of 2012

The Globalist's Top Books of 2012
December 25, 2012

From the legacy of British colonialism and the possibility of Hitler's assassination to Turkey's role in the Arab Middle East and Afghanistan's cotton fields, The Globalist Bookshelf crisscrossed the world and spanned centuries of history in 2012. As a year-end special, we present ten of the best books featured on The Globalist this year (along with five others for good measure).

1.    Ghosts of Empire: Britain's Legacies in the Modern World
By Kwasi Kwarteng
Excerpt: How has the British and U.S. to desire to control Iraqi oil shaped the
 country's recent history?   

2.    Plutocrats: The Rise of the New Global Super-Rich and the Fall of Everyone Else
By Chrystia Freeland
Excerpt: Why have Americans been so tolerant of the rising gulf between rich and poor?   

3.    Who Stole the American Dream?
By Hedrick Smith
Excerpt: Why has the American Dream slipped out of the reach of more and more of the middle class?   

4.    Waging War on Corruption: Inside the Movement Fighting the Abuse of Power
By Frank Vogl
Excerpt: How can transparency help end the fleecing of resource-rich countries by their corrupt leaders?   

5.    Economics After the Crisis: Objectives and Means
By Adair Turner
Excerpt: Why do economists — and the policymakers who heed their advice — need to reconsider the conventional wisdoms of their profession?   

6.    Full Planet, Empty Plates: The New Geopolitics of Food Scarcity
By Lester Brown
Excerpt: What can be done to help those on the lower rungs of the global economic ladder cope with rising food prices?   

7.    The Economics of Enough: How to Run the Economy as If the Future Matters
By Diane Coyle
Excerpt: What policies should governments focus on to ensure that future generations live at least well as the current generation?   

8.    Borrow: The American Way of Debt
By Louis Hyman
Excerpt: What is "patriotic" about cutting taxes for the rich? And how is the middle class "empowered" by piling up mountains of debt?   

9.    The Revenge of Geography
By Robert D. Kaplan
Excerpt: Will water make Turkey a greater power in the Arab Middle East in the 21st century than it was in the 20th?   

10.    Hitlerland: American Eyewitnesses to the Nazi Rise to Power
By Andrew Nagorski
Excerpt: How did Hitler's relationship with a young American woman change history in the 20th century?   

Honorable mention:
Doing Capitalism in the Innovation Economy
By William H. Janeway
Excerpt: Can the United States muster the will to step into the 21st century world of energy?   

Bull by the Horns
By Sheila Bair
Excerpt: Mitt Romney badly lost the women's vote. But are Republicans the only party with a "woman problem?"   

Little America: The War Within the War for Afghanistan
By Rajiv Chandrasekaran
Excerpt: Why would USAID not get behind an effort to turn Afghan farmers from poppy to cotton?   

No One's World
By Charles A. Kupchan
Excerpt: Western dominance will wane in the 21st century, but what will take its place?   

Exits from the Rat Race
By Robert Skidelsky and Edward Skidelsky
Excerpt: How did mid-century concerns about economic fairness give way to today's crisis-prone, Darwinian capitalism?   

For a complete listing of books featured on The Globalist Bookshelf in 2012, click here.

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terça-feira, 24 de abril de 2012

Dia do diplomata: os discursos como eles foram...

Os links abaixo retomam toda a cerimônia de formatura do Itamaraty, o que é melhor do que simplesmente ler os discursos, pois o que vai falado é o que corresponde efetivamente à verdade, com as emoções e reações do momento, não o que pode ter sido consignado oficialmente a posteriori:
1) Discursos iniciais: http://www.youtube.com/watch?v=T04TtI70Nl4
2) Discurso da presidente: http://www.youtube.com/watch?v=ak51lm3-QMo&feature=related
Em todo caso, foi feita a transcrição do discurso da presidente, reproduzido abaixo, o que deve resumir, segundo alguns, as diretrizes efetivas para a política externa do Brasil. Ainda que se afirme que ele transmite exatamente o que foi dito, comparando-se o que ela falou, no video, com o texto aqui abaixo transcrito, podem-se detectar pequenas diferenças gramaticais. Apenas curiosidade...



Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de formatura da Turma de 2010-2012 do Instituto Rio Branco 

Eu queria iniciar cumprimentando, e quebrando o protocolo – porque o Itamaraty também tem de quebrar o protocolo -, cumprimentando a turma dos formandos, porque essa turma é o presente e é o futuro do Brasil. Então, começo por cumprimentar a todos.
Cumprimentar também o embaixador Antonio Patriota, ministro de Estado das Relações Exteriores, e aproveito e cumprimento o decano dos diplomatas, o Antonio Patriota pai.
Queria cumprimentar as senhoras e os senhores chefes de missão diplomática aqui presentes,
O embaixador Ruy Nogueira, secretário-geral das Relações Exteriores,
Queria dirigir um cumprimento muito especial ao Samuel Pinheiro Guimarães, paraninfo da turma,
Milena Oliveira de Medeiros,
E também a uma pessoa que deu grandes contribuições para o nosso país, no que se refere a uma visão de Brasil e de presença do Brasil no mundo, de forma bastante inovadora, e que sempre lutou pelo desenvolvimento deste país.
Queria cumprimentar a senhora Raimunda Carneiro, mãe da secretária Milena Oliveira de Medeiros, que dá nome à turma 2011-2012 [2010-2012], e dizer a ela que nós temos na Milena um exemplo deste novo Brasil que está surgindo. E a mim comove imensamente que essa turma tenha escolhido a Milena. Porque a Milena representa este Brasil de oportunidades, este Brasil que, de fato, poderia ter na Milena uma ministra, uma grande diplomata e uma presidenta.
Queria também cumprimentar aqui o senhor embaixador Georges Lamazière, diretor do Instituto Rio Branco,
A secretária Maria Eugênia Zabotto Pulino, oradora da Turma de 2010-2012, que evidenciou algo que nós temos muito orgulho. Primeiro, a boa formação, a clareza na elaboração de suas ideias, e também mostrou a força do que este nosso Brasil, que está surgindo, é capaz de desempenhar e, portanto, é capaz de ajudar a essas mudanças tão necessárias no país.
Queria cumprimentar os senhores e as senhoras embaixadores aqui presentes,
As senhoras e senhores familiares.
Dirigir um especial cumprimento aos pais e às mães por terem este orgulho de verem seus filhos aqui se formando.
Queria também cumprimentar os senhores jornalistas, os senhores fotógrafos e cinegrafistas.

Senhoras e senhores,

A minha palavra inicial é de apreço, como eu disse, às alunas e aos alunos que concluem sua formação no Instituto Rio Branco e passam a integrar, formalmente, o corpo diplomático brasileiro. Eu quero dirigir uma saudação a cada um deles, pela responsabilidade, pelo papel que eles vão desempenhar daqui para frente para o nosso país. Associo-me mais uma vez à perda e ao pesar que nós todos temos pela perda da Milena Oliveira de Medeiros, morta no cumprimento das suas responsabilidades.
Queridas formandas e queridos formandos,
O lugar que um país ocupa no mundo está muito ligado e está prioritariamente vinculado ao papel que esse país ocupa em relação ao seu povo. Enfim, está vinculado às mudanças internas que ele é capaz de realizar ou que ele realizou. E o Brasil não foge a essa regra. A importância que nós temos decorre de todas nossas ações que, de uma forma ou de outra, são reconhecidas nesse mundo absolutamente interconectado, por redes sociais, por jornais, enfim, por todos sistemas de comunicação modernos. E as transformações recentes na nossa economia, a afirmação da nossa sociedade, através do processo de desenvolvimento que distribuiu renda, que abriu oportunidades para o nosso povo, dá uma dimensão a um país firmemente comprometido com a questão da democracia, firmemente comprometido com os direitos humanos, firmemente comprometido com a igualdade e os princípios da distribuição de renda e da melhoria de vida do povo.
Essa visão que transforma hoje o Brasil numa grande nação, numa nação – e aí eu vou divergir um pouco do Samuel – eu acredito que nós temos uma imensa capacidade de nos relacionarmos, não só na América Latina, mas na África, na Ásia, na Europa, inclusive na América do Norte. E creio que esse posicionamento do Brasil é um reconhecimento por duas coisas. Num mundo crescentemente desigual, num mundo em que todo o desenvolvimento, todo o crescimento tem levado não a uma diminuição das diferenças, não a uma diminuição das diferenças sociais, nem territoriais, mas numa ampliação, num mundo em que, por exemplo, 1% controla 40% por cento da riqueza, e isso tende a se ampliar, num mundo em que a saída da crise tem levado à perda de direitos, à precarização do trabalho e a imensas chagas sociais, o Brasil corre em trilha completa e totalmente diferente.
Primeiro, nesse mundo, nós provamos que no Brasil e não era só no Brasil, algo que era de uma certa forma uma visão distorcida e muito especializada para países em desenvolvimento, que não era possível crescer e distribuir renda. Nós rompemos com isso. O grande respeito que nós temos é porque nós não governamos sem olhar o nosso povo. Um país que deixa seu povo à margem do seu desenvolvimento e do seu crescimento, não é respeitado por ninguém. Nós temos a nossa capacidade de produzir respeito, porque produzimos antes melhorias econômicas e sociais. Estabilizamos a economia brasileira. Não somos mais dependentes do Fundo Monetário. Temos mais de US$ 360 bilhões em reserva. Controlamos a inflação, mas, sobretudo, tiramos 40 milhões e os elevamos, de situações de miséria, e os elevamos à classe média. Além disso, temos hoje uma política muito clara de continuar o trabalho e prosseguir no rumo de incluir na sociedade brasileira os 16 milhões que ainda vivem à margem, em situação de extrema miséria.
Tudo isso mostra que não somos só um país que valoriza o desenvolvimento econômico – valorizamos sim, até porque precisamos dele. Precisamos crescer mais rápido para poder distribuir renda, mas, sobretudo, porque melhoramos a vida do nosso povo e transformamos um povo, que era marginalizado e não podia participar dos benefícios do desenvolvimento econômico. Transformamos esse povo em consumidor, em trabalhador, em pequeno empresário e demos a ele oportunidades, através de programas estratégicos, como é o programa de educação, que permitiu que mais jovens tivessem acesso à educação profissional. E garantimos a internalização no nosso país de universidades através do ProUni, que é o acesso do estudante mais pobre a escolas privadas universitárias. Ampliamos as universidades públicas. E mais, hoje percebemos, cada vez mais, que o grande motor para mudar é ciência, tecnologia e inovação.
Nós temos que fazer as duas atividades. As duas tarefas muito diferentes, mas, por isso, que mostram a complexidade do nosso país. Ao tempo que nós combatemos a miséria, nós temos de ser capazes a responder aos desafios do Século XXI: ciência, tecnologia e inovação.
Nós temos, hoje, um bônus que se chama, um bônus ligado à nossa distribuição etária, à nossa matriz de idades, vamos dizer assim. O fato de que durante, até em torno de 2030, nós seremos um país que todos os trabalhadores, todos os empresários, enfim, todas as pessoas ativas, o número delas ultrapassará aqueles que dependem socialmente como as crianças, os jovens em idade de não trabalho e, sobretudo, os idosos. Esse bônus demográfico do país, ele permitirá que o país se desenvolva, e mais do que isso, se nós formos capazes de capacitar a nossa força de trabalho, se nós formos capazes de dar educação de qualidade a todos, de transformar este país, de fato, numa grande potência.
Nós somos, hoje, e isso é algo extremamente volátil, nós somos a sexta potência. Depende da taxa de câmbio, tem uma variável taxa de câmbio. Mas não é isso que importa. O que importa é que nós sejamos, do ponto de vista do nosso país, do ponto de vista da nossa população, de fato, a sexta economia em matéria de renda per capita e de acesso à educação e aos serviços públicos de qualidade.
É esse país que nós estamos projetando internacionalmente, é esse país que tem o pré-sal, é esse país que é uma potência alimentar, é esse país que não vai deixar a sua indústria, que é uma indústria razoavelmente complexa, ser sucateada por nenhum processo de desvalorização de moedas e nem por guerras comerciais, que usam métodos não muito, eu diria assim, não muito éticos.
Esse país tem uma imensa capacidade de projeção internacional, porque esse país se encontrou internamente. Isso é extremamente importante. É só por isso que nós, hoje, temos extrema capacidade de projeção internacional. Deve-se a nós mesmos. Não se deve a nenhuma simpatia ou nenhuma preferência. Deve-se à força do próprio país. Por isso, eu acredito que é muito importante perceber as relações entre política interna e política externa no Brasil. O que nós defendemos lá fora é o que nós fazemos aqui dentro. E isso é crucial.
Ao mesmo tempo, vivemos num mundo em transformação, num mundo multipolar, um mundo que está mudando, que mudou. Primeiro de uma situação bipolar para uma situação de quase hegemonia unipolar, mas que hoje, percebe-se claramente a multipolarização que existe. Neste mundo, o Brasil tem um papel especial, extremamente complexo. Não é um papel simples que nós podemos fazer uma lista e falar: “primeiro isso, segundo aquilo, terceiro aquilo”. Não é assim, é simultâneo. Simultaneamente, nós temos de ter uma presença fortíssima na América Latina e uma presença que transforma as fronteiras da América Latina e as responsabilidades do Brasil em relação à América Latina na responsabilidade do país com maior PIB, com maior poder econômico e, ao mesmo tempo, um país que tem de mostrar que uma outra política, de relacionamento internacional é possível. Uma outra política não imperialista, não de subordinação do país menor, não de aproveitamento da força e da imposição de modelos.
Nós temos de mostrar, aqui na América Latina, que é possível uma relação econômica mais equilibrada. Uma relação econômica de integração de cadeias produtivas e que os países, diferenciadamente, ganhem, reconhecendo o papel de cada país nesse cenário, sabendo, inclusive, que há diferenças. Sabendo que há relações diferenciadas também desses países com o mundo.
É importantíssimo que, simultaneamente, saibamos que os BRICS são estratégicos para o Brasil. Nós, os BRICS, somos quase hoje responsáveis por 56%, se não me falha a memória, da taxa de expansão da economia internacional. Os BRICS são diferentes. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, somos completamente diferentes, mas somos representantes de continentes diversos. Implica num reconhecimento da presença do Brasil em um fórum em que países bastantes significativos e com presença internacional ocupam na cena. Significa que o Brasil tem um diálogo especial e uma relação com, tanto dentro dos BRICS, quanto dentro dos IBAS, que é Índia, Brasil e África do Sul, nós temos um fórum no qual o Brasil não é só ouvido, o Brasil é protagonista.
Acredito que a relação com os países da Ásia é estratégica para o Brasil. É estratégica, porque o Brasil é um grande fornecedor e será sempre um grande fornecedor de commodities, mas será, e eu asseguro a vocês, um grande fornecedor também de manufaturas.
Nós temos de equacionar três amarras do país e construir o caminho, o chamado quarto caminho. As três amarras são: taxa de juro, taxa de câmbio e impostos altos. E o caminho é a educação de qualidade.
Nós temos, porque somos mais homogêneos, uma grande de possibilidade de presença no mundo. Além disso, nós temos de manter os nossos relacionamentos com a União Europeia e com os Estados Unidos. Nós não só temos, como devemos e podemos. E, hoje, temos também um fórum muito importante que é o G-20, no qual essas discussões podem, em alguns momentos parecer que não saem do lugar, mas elas constituem um espaço completamente diferente do G-8, do G-7 ou do G-9, que várias vezes ocorria no passado. É inimaginável que nós não estejamos sentados na mesa, na negociação. Hoje, é inimaginável.
O Brasil também tem uma característica que nós temos de preservar, de respeitar nós mesmos. O fato de nós sermos um país com uma tradição muito forte de paz, de democracia. Agora, no passado não foi, mas agora, nós construímos o nosso processo democrático.
Temos de respeitar os direitos humanos. Esse processo é um valor. É um valor por que? É um valor, porque o nosso povo é um povo que tem espaço de manifestação, a nossa imprensa tem liberdade e nós estamos acostumados com a diferença.
Nós não nos assustamos quando alguém tem uma posição diversa, nós não deixamos de convidá-lo para comparecer às reuniões. Nós não achamos que nós temos de nos reunir só com as pessoas que pensam igual a nós. É essa característica profunda do Brasil que nos torna um país respeitado em todas as áreas, porque somos um país capaz de diálogo. E isso é um valor que nós temos, um grande valor que nós temos.
Eu queria dizer que todo esse cenário mais complexo vai exigir dos diplomatas brasileiros duas características. Vocês têm, de fato, de ser generalistas, mas não se iludam. Vocês tem de ser também especialistas. É impossível debater, no plano internacional, se você não souber do que você está falando. Se isso é exigido para um presidente, quanto mais do diplomata, que é fundamental para o presidente ter as informações necessárias. Então, eu digo para vocês o seguinte: não tem só generalista, não. Eu perguntei há pouco para o Patriota: “Patriota, quantos engenheiros?”. Sabe por que eu perguntei quantos engenheiros? Porque nós vamos discutir ciência, tecnologia e inovação. Eu quero saber quem é melhor em biotecnologia. Eu quero saber como é que eu faço a ponte. Isso é fundamental. A gente não precisa, eu perguntei para o Patriota, mas quero dizer a vocês que a gente não precisa ser formado em engenheiro para entender de algumas coisas. Mas é importante que o Itamaraty tenha engenheiros. É importante. É importante que o Itamaraty tenha físicos. É importante. É importante que o Itamaraty tenha matemáticos. É importante. Porque nós vamos entrar no Século XXI a partir de toda uma situação em que nós já estamos, mas será mais exigida daqui para frente. Esse é o século do conhecimento. Esse é, sobretudo, o século do conhecimento. É o século da capacidade de se dominar certas tecnologias e é o século da capacidade nossa de inventar, de criar. É o século, também, que permitirá que aqueles países que tenham na sua força de trabalho, no seu povo, a sua maior riqueza, seja o país que estará mais bem condicionado internacionalmente. Apesar de nós termos tudo aquilo, petróleo, indústria, nós temos de apostar na qualidade do ensino da população brasileira. Isso é o estratégico e isso vale para o Itamaraty também. E eu acredito que nós temos um caminho de muitas transformações que nós temos que entender rapidamente e estar prontos para atuar. Essa flexibilidade também é característica do Brasil. Eu acho que é essa combinação de criatividade com imensa capacidade, ser flexível, de entender rapidamente, de conviver com a diferença que distingue esse país. E torna ele imbatível.
Queria dizer a vocês que para mim foi muito emocionante o fato de vocês escolherem a Milena e não o Barão [do Rio Branco]. Eu acho o Barão uma das personagens mais importantes desse país, porque o Barão foi responsável pelo mapa do país, pela definição do nosso território sem guerra. O Barão foi, talvez, um dos mais hábeis diplomatas que o mundo já viu. Nós sabemos, todos nós, da importância dele, mas eu acho que o ato de escolha não é um ato em detrimento do Barão, é um ato de afirmação das oportunidades que esse país tem de dar para as pessoas.
A Milena Oliveira de Medeiros, e aqui eu encerro dizendo, que esse país, ele tem que ter muitas mulheres. E que eu espero que nós todos aqui, presidentes, diplomatas, alunos, enfim, todos nós aqui presentes sejamos capazes de permitir que esse país tenha muitas Milenas.
Muito obrigada.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Grandes tendencias economicas para 2012 - Wall Street Journal


Um primeiro post de 2012, pode começar com estas previsões, moderadamente pessimistas, ou pessimisticamente realistas, sobre as grandes tendências nas economias da Europa, dos EUA e da China.
Paulo Roberto de Almeida

Five Economic Trends to Watch in 2012

By Sudeep Reddy

Blog Real Time Economics
Economic insight and analysis from The Wall Street Journal, December 30, 2011

The Council on Foreign Relations polled economists to identify five trends to watch in the coming year. They all fall under the increasingly common theme of “uncertainty,” and most of them touch on U.S. or euro-zone policies. Brief excerpts of their conclusions, which you can read in full here:
U.S. political polarization: “The increasing partisan and ideological division between the two parties constitutes the single most important influence on future economic policymaking. … We face the possibility that a political impasse will leave the government without a budget for essential federal functions and without the borrowing capacity to fund normal operations.” – Gary Burtless, Brookings Institution
Global volatility: “The main trend in 2012 is volatility, with the preponderance of extreme macroeconomic risk on the downside. It is a two-scenarios environment with roughly equal weight, with the center of global risk located in Europe. … Virtually all of the risk stems from uncertainty about bold policy action and coordination within and among advanced countries. As the probabilities attached to political gridlock shift, expectations about market and economic trajectories will move with them.” – Michael Spence, Council on Foreign Relations
China’s rise under stress: “History will note that 2012 marked China’s shift to a slower growth trajectory and the anointment of its ‘fifth generation’ of leaders. This comes at a time when the country faces formidable internal and external challenges. … With weak financial institutions and its infrastructure-led growth model under attack, [China] may not have all the tools to achieve its goals.” – Yukon Huang, Carnegie Endowment for International Peace
Shortage of AAA assets: “Unlike the Internet bubble, the household and sovereign credit boom was fueled less by dreams of fabulous growth than by the promise of safety. Financial engineering was supposed to turn risky mortgages into safe-as-houses, AAA-rated bonds; similarly, the euro was supposed to turn previously irresponsible countries into paragons of German fiscal discipline. With those illusions shattered, 2012 will witness a widening gap between the preferences of savers and the needs of borrowers.” – NYU’s Thomas Philippon and Morgan Stanley’s Ashley Lester
New appetite for risk: “The new trend to look for in the euro area in 2012 will manifest itself in financial markets rather than in the political realm. At some point, the economic fundamentals of the euro area–as well as the messy [policy responses of] its governments –will have ensured that market fears surrounding, for instance,  Italian government debt will be surpassed by the greed of yield-hungry investors.” – Jacob Kirkegaard, Peterson Institute for International Economics