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sábado, 2 de agosto de 2014

Prata da Casa: os livros dos diplomatas - edição de autor, julho de 2014

Repetindo uma informação já efetuada aqui, mas que apenas agora pude refazer para atualizar links e arquivos na plataforma Academia.edu.
Os que ainda não tinham tomado conhecimento, podem downloadar este livro que deveria ter sido publicado pela Funag (ou Fundação Alexandre de Gusmão, do Ministério das Relações Exteriores) em novembro de 2013, mas parece que alguém cismou com duas frases pouco politicamente corretas, uma delas sobre o Mercosul, a outra já nem me lembro mais do que era. São dessas coisas totalmente ridículas, mas que podem acontecer numa instituição tão venerável quanto o Itamaraty.
Eu não iria cometer uma violência contra mim mesmo, me autocensurando. Como acho que não sou eu quem perde mais, e sim potenciais leitores e estudantes, não dou a mínima.
Como eles também fariam, a despeito de conseguirem uma audiência provavelmente maior, e mais focada no público universitário, eu também posso colocar o livro inteiro totalmente disponível em meu site e plataformas de produção acadêmica, como faço agora.
Apenas um aviso aos incautos: trata-se de um arquivo pesado, pois é um livro de 700 páginas (e isso que não coloquei todas as resenhas de livros, e sim aquelas que tinham a ver estritamente com a produção dos diplomatas ou sobre temas diplomáticos, de política externa do Brasil e de relações internacionais do Brasil e de política internacional, de forma geral).
Muitas dessas miniresenhas ou mesmo resenhas completas já estão disponíveis individualmente na minha página da plataforma Academia.edu, sendo portanto arquivos menores e dirigidos a uma, ou algumas poucas publicações. Basta ver as resenhas de livros neste link:
https://uniceub.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Book-Reviews
Não transcrevo aqui o sumário pois ele é enorme, mas vou preparar arquivos com o sumário e com índice remissivo.
Aqui vai a ficha do livro:

Prata da Casa: os livros dos diplomatas 
(Hartford: Edição de autor, 2014, 700 p.) 

Disponível nos links: 
Academia.edu: página do livro: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_
link direto para download do arquivo em pdf: https://www.academia.edu/attachments/34209509/download_file?s=work_strip&ct=MTQwNzAwODExOCwxNDA3MDExMjI5LDc4NTEwNjY;
divulgado neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/07/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html).  

Relação de Originais n. 2533. Relação de publicados n. 1136 

Divirtam-se (com perdão da expressão).
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Prata da Casa: 3ro Trimestre de 2014 - Miniresenhas de livros de diplomatas


Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014
 
Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 86, julho-agosto-setembro 2014, p. xx-xx; ISSN: 0104-8503)

(1) Paulo Roberto de Almeida:
Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais
(Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8)

            Tudo o que você sempre quis saber sobre a diplomacia companheira e nunca teve a quem perguntar? Agora talvez já tenha, sobre quase tudo. Em todo caso, figura aqui uma avaliação do que representaram, para a política externa, os anos do lulo-petismo, com a independência de um acadêmico que também integra a diplomacia. Existem episódios que ainda vão requerer pesquisa em arquivos para saber como foram exatamente decididos, e provavelmente lacunas subsistirão, tendo em vista justamente as características especiais de uma diplomacia que não partiu essencialmente de sua casa de origem, mas andou combinada a outros estímulos, não arquivados. Parece que ela foi ativa, altiva e soberana, como nunca antes tinha acontecido. Outros traços emergirão num futuro balanço, ainda sem data. A História a absolverá? A ver...

(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves:
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
(Brasília: Funag, 2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE)

            Prefaciada pelo ex-ministro Pedro Malan, que já trabalhou na ONU, a tese representa a mais ambiciosa análise, histórica e estrutural, do papel do Conselho desde sua origem até 2007, período em que foram empreendidas 42 reformas. A revisão das Metas do Milênio, em 2015, provavelmente exigirá novas reformas. O órgão consome mais de dois terços dos recursos da ONU, comprometidos com o desenvolvimento, ao lado daqueles destinados à paz e segurança, no âmbito do seu Conselho de Segurança. A obra é minuciosa no exame dessas propostas de reforma, sem conter, porém, uma avaliação sobre a eficácia dos recursos investidos nessa missão, o que requereria um outro tipo de estudo, feito por economistas. É uma obra importante para o Itamaraty, que está sempre demandando mais recursos para o desenvolvimento, justamente.

(3) Erika Almeida Watanabe Patriota:
Bens Ambientais, OMC e o Brasil
(Brasília: Funag, 2013, 452 p.; ISBN 978-85-7631-476-9; Coleção CAE)

            Bens ambientais parecem estar no centro das angústias comerciais das próximas décadas, já que o planeta agora, para estar politicamente correto, precisa se guiar pelas regras do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem, justamente, uma grande interface com o assunto, pelo seu potencial produtor e exportador desses bens (ainda que existam dúvidas sobre sua competitividade e avanços tecnológicos em energia solar e eólica). A tese mapeia as discussões multilaterais a respeito, a atuação da China e da Índia, as posições assumidas pelo Brasil e as implicações da regulação no lado doméstico da equação. A autora acha que as premissas da OCDE, entre elas a liberalização comercial, tendem a prejudicar os países em desenvolvimento: seria mais uma manifestação da velha teoria conspiratória que sempre coloca os ricos contra os interesses dos pobres?

(4) Renato L. R. Marques:
Memorábilia
(Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0)

            Como diplomata, Renato Marques é bom um escritor, com sua prosa elegante, frases em latim, vasto conhecimento da cultura humanista, sobretudo da história, e grande tino para a observação dos seres humanos, como Balzac, Dickens ou Flaubert. Como escritor, ele não é um diplomata, já que escreve sem os trejeitos típicos dos colegas, falando tudo com grande sinceridade. Nestas suas memórias sentimentais, ele vai desde as origens familiares nos pagos gaúchos, até os últimos postos, que eram, não muito tempo atrás, partes do império soviético. Mais do que um recorrido pela sua vida em vários continentes, elas são reflexões intelectuais sobre países, pessoas, processos e eventos a que assistiu, de que participou, sobre os quais leu; a referência aos grandes escritores é constante, e as fotos são um complemento agradável ao seu texto cortante.

(5) José A. Lindgren Alves:
Os novos Bálcãs
(Brasília: Funag, 2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras)

            Os “novos Bálcãs” talvez se pareçam um pouco com os “velhos”, no sentido em que os muitos povos eslavos – católicos, ortodoxos, ou islamizados – voltaram a se dividir em meio a conflitos por vezes sanguinários. Depois de algumas décadas de socialismo, quando eles estavam “unidos” pela razão ou pela força, eles estão prontos para receber novamente o Orient Express, que ia das terras cristãs ao império dos otomanos justamente atravessando essas terras complicadas. Lindgren Alves esclarece como o fracionamento étnico reconstruiu a balcanização, com alguns massacres no caminho. Um alerta de como a Europa também pode recriar os velhos demônios da guerra e da violência étnica. O chauvinismo está na origem dessa utopia estilhaçada. Uma síntese que se apoia na melhor bibliografia e num conhecimento direto da região.

(6) Francisco Doratioto:
O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)
(Brasília: Funag, 2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras)

            Metade, ou quase, de toda a política externa brasileira, das origens aos dias de hoje, se fez e se faz no Rio da Prata. Daí a escolha deste “semi-diplomata” para escrever uma história que começa na contenção de Buenos Aires, passa pela guerra do Paraguai – sobre a qual o autor publicou o clássico Maldita Guerra –, avança do americanismo ingênuo para o pragmatismo conciliador, nutre desconfiança e cautela (de 1930 a 1955), retoma o aprendizado da cooperação e da superação de divergências, para finalmente chegar à integração no Mercosul (pelo menos até 1994, numa fase ainda feliz). Mesmo “em poucas palavras”, o autor usou fontes primárias, mas várias das secundárias são de autores hermanos: eles são a nossa “circunstância”. A história trata mais de diplomacia do que de comércio e desenvolvimento; parece que é a política que move a economia.

Paulo Roberto de Almeida
[Hartford, 28/07/2014]

terça-feira, 3 de junho de 2014

Prata da Casa - Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014 - livros de diplomatas

Acabo de completar a série para o segundo trimestre do ano:

Prata da Casa
Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014

Hartford, 3 Junho 2014, 3 p. 
Notas sobre os seguintes livros:

Guilherme Frazão Conduru:
O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitalização
(Brasília: FUNAG, 2013, 370 p.; ISBN 978-85-7631-433-2; Coleção CAE)

             O diplomata e historiador Guilherme Conduru já tinha assinado uma bela dissertação sobre o Pacto ABC (original), iniciado pelo Barão, terminado por seu sucessor. Prosseguindo nos estudos históricos, ele aproveitou uma estada no escritório do velho palácio Itamaraty, no Rio, para preparar esta tese de CAE sobre o Museu Histórico e Diplomático, criado por um estadista, duas vezes ministro das relações exteriores e historiador diplomático, José Carlos de Macedo Soares. Criado por ele, em 1955, em sua segunda gestão, o MHD seria reinaugurado outras vezes, como resultado de revitalizações materiais, que também representam revisões mentais na história diplomática do Brasil. O livro é inédito em sua categoria, e não apenas sobre o MHD, como também sobre os museus históricos do Brasil de forma geral.

Fernando Guimarães Reis:
Por uma academia renovada: formação do diplomata brasileiro
(Brasília: FUNAG, 2013, 398 p.; ISBN 978-85-7631-458-5)

            Dizem que o serviço exterior se caracteriza pela excelência. O que não se sabe é se essa qualidade se deve a seu concurso de ingresso, notoriamente rigoroso, ou à sua academia diplomática, o Instituto Rio Branco. Ou seja, o material já era bom antes do ingresso na carreira, ou se fez melhor ao passar pelos bancos escolares do Rio Branco? Este livro trata dessa dúvida existencial, já revelada na frase introdutória de Heidegger, segundo quem todo questionamento é uma busca. O autor tenta responder, em cinco partes, cobrindo as marcas de nascença, os contrastes de personalidades, uma volta ao barão, a dúvida entre academia e instituto e uma proposta para uma academia renovada.
Termina por uma nota altamente intelectual sobre a filosofia da educação, que talvez confirme que o Itamaraty é excelente a despeito, ou independentemente, do IRBr.

Fernando Cacciatore de Garcia:
Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza
(Porto Alegre: Sulina, 2014, 659 p.; ISBN: 978-85-205-0704-2)

            O autor já tinha assinado uma bela pesquisa histórica sobre a formação das fronteiras sulinas, Fronteira Iluminada: História do Povoamento, Conquista e Limites do Rio Grande do Sul, a partir do Tratado de Tordesilhas (1420-1920), e estava, portanto, perfeitamente habilitado para retomar a pergunta que tinha sido colocada, no início do IHGB, aos candidatos a um concurso sobre essa dúvida metodológica, ganho pelo alemão Martius. O resultado é um monumental volume sobre o nosso iluminismo historiográfico, onde figuram não apenas os grandes nomes da inteligência nacional, mas muitos outros pensadores universais. A história oficial sempre precisa de revisões constantes, e Garcia confirma sua preparação para a missão ao corrigir deformações sempre visíveis. Grandeza e miséria não são apenas conceitos, mas realidades presentes.

Rafael Souza Campos de Moraes Leme:
Absurdos e milagres : um estudo sobre a política externa do Lusotropicalismo (1930-1960)
(Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011, 164 p.; ISBN 978-85-7631-326-7)


            Um estudo de caráter histórico-antropológico-diplomático sobre como o lusotropicalismo, ideologia construída pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, já famoso pelo seu clássico sobre a formação patrimonial do escravismo brasileiro, foi usado e instrumentalizado pelo Estado Novo português para defender seu colonialismo tardio, e sobre como o Brasil foi usado nessa estratégia para manter o império africano. Dos anos 1930, até os anos 1960, o Brasil se dobrou à política externa portuguesa nesse capítulo pouco glorioso de nossa diplomacia contemporânea. Ao mesmo tempo, não se pode negar que a teoria reacionária do genial pernambucano serviu para legitimar algumas das ações e iniciativas tomadas pela diplomacia brasileira na África, na fase recente. Mais um exemplo de como a história dá muitas voltas, em torno de si mesma.

João Augusto Costa Vargas
Um mundo que também é nosso: o pensamento e a trajetória diplomática de Araujo Castro
(Brasília : FUNAG, 2013, 265 p.; ISBN: 978-85-7631-470-7; Coleção política externa brasileira)

            O Itamaraty possui algumas dinastias persistentes ou descontinuadas, entre elas a do próprio barão, preservada na incorporação do título ao nome de família, e a de Araujo Castro, um dos mais distinguidos diplomatas da geração contemporânea. Um novo João Augusto refaz a trajetória intelectual e diplomática do anterior, que deixou sua marca na política externa brasileira e não apenas por ter sido o último chanceler do caótico governo Jango, derrubado em 1964, e pela “teoria” do “congelamento do poder mundial”, mas sobretudo por ter oficializado uma nova “teoria” sobre nossa suposta “condenação à grandeza”, nacional e internacional, talvez por já ser grande no mapa do mundo. Araujo Castro foi um grande diplomata porque estudava intensamente o Brasil, pensava de forma lógica e escrevia claramente. Boas sugestões aos jovens de hoje.

Marcelo P. S. Câmara
A política externa alemã na República de Berlim: de Gerhard Schröder a Angela Merkel
(Brasília : FUNAG, 2013, 326 p.; ISBN: 978-85-7631-447-9; Coleção CAE)

            São poucas as teses de CAE que examinam toda a política externa de um grande país, aliás, importante parceiro do Brasil no cenário diplomático e econômico mundial. A Alemanha de Berlim renovou as tradições criadas em Bonn e, tanto na administração socialdemocrata quanto na conservadora, passou a projetar de modo mais incisivo o país no cenário mundial. O capítulo sobre as relações bilaterais segue o padrão usual no Itamaraty para esse tipo de análise, mas o importante, para a historiografia diplomática brasileira, é o exame minucioso da política externa alemã no período pós-Guerra Fria, especialmente relevante, na fase atual, sobretudo em sua vertente econômica, como visto na crise do euro, que foi basicamente uma crise fiscal de vários membros da UE. A liderança de Angela Merkel restabeleceu padrões aceitáveis de política econômica.
  

Paulo Roberto de Almeida

[Hartford, 3/06/2014]

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Prata da Casa: livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida ( Boletim ADB)


1128. “Prata da Casa - Boletim ADB: 1ro. trimestre 2014”, [Notas sobre os seguintes livros: Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak: O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil (Brasília: FUNAG, 2013, 280 p.; ISBN 978-85-7631-446-2; Coleção CAE); Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.): Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain (Paris: L’Harmattan, 2013, 306 p.; ISBN 978-2-336-30512-7; Recherches Amériques Latines); Eugênio V. Garcia: Conselho de Segurança das Nações Unidas (Brasília: FUNAG, 2013, 133 p.; ISBN 978-85-7631-473-8; Coleção Em Poucas Palavras); Carlos Márcio B. Cozendey: Instituições de Bretton Woods (Brasília: FUNAG, 2013, 181 p.; ISBN 978-85-7631-488-2; Coleção Em Poucas Palavras); Renato Mendonça: História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825) (Brasília: FUNAG, 2013, 246 p.; ISBN 978-85-7631-468-4); Luiz Maria Pio Corrêa: O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional (Brasília: FUNAG, 2013, 282 p.; ISBN 978-85-7631-439-4; Coleção tese de CAE). Publicado no Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 21, n. 84, janeiro-fevereiro-março 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 2567.

Prata da Casa - Boletim ADB: 1ro. trimestre 2014

Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 84, janeiro-fevereiro-março 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)

Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak:
O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil
(Brasília: FUNAG, 2013, 280 p.; ISBN 978-85-7631-446-2; Coleção CAE)

            O Brasil promoveu a criação da Casa, depois convertida em Unasul, porque o governo Lula achava a OEA um veículo de intrusões americanas na região. Depois criou o CDS porque o TIAR já estava morto, segundo alguns. O CDS é de defesa, mas parece mais de segurança, nas suas metas de construção de confiança, de cooperação em aspectos limitados da capacitação militar e, se possível, como alavanca para o fortalecimento da (sua) indústria de equipamentos bélicos. O Brasil, o maior da região, tem de assumir maior responsabilidade pelo CDS, que todavia não ainda tem caráter operacional. Se diminuir os focos regionais de tensão pode ser um ganho. Para a autora, existem grande diferença entre o que seja uma ameaça para a OEA e para a Unasul. Será? Mas o Brasil, ligando o Cone Sul à Amazônia, é o alicerce de uma futura comunidade de segurança na região. Oxalá.

Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.):
Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain
(Paris: L’Harmattan, 2013, 306 p.; ISBN 978-2-336-30512-7; Recherches Amériques Latines)

            Diversos acadêmicos brasileiros participam deste empreendimento coletivo, inclusive colaboradores do Itamaraty e do Instituto Rio Branco, mas um único diplomata: Paulo Roberto de Almeida, que comparece com um texto de síntese bibliográfica sobre a historiografia econômica do final do século 19 ao início do século 21, destacando os grandes nomes da produção nacional nessa área. Em quatro partes são examinadas a historiografia política, a econômica e social, a da cultura e a de relações internacionais, com uma predominância de colaboradores brasileiros, especialmente convidados para a obra. Os organizadores introduzem a obra sublinhando os vínculos tradicionais entre a historiografia francesa e a brasileira, fornecem dados sobre o crescimento da produção histórica brasileira e apresentam os trabalhos dos colaboradores. Uma boa iniciativa, que merece continuidade.

Eugênio V. Garcia:
Conselho de Segurança das Nações Unidas
(Brasília: FUNAG, 2013, 133 p.; ISBN 978-85-7631-473-8; Coleção Em Poucas Palavras)


Carlos Márcio B. Cozendey:
Instituições de Bretton Woods
(Brasília: FUNAG, 2013, 181 p.; ISBN 978-85-7631-488-2; Coleção Em Poucas Palavras)

            As 160 páginas do corpo de texto não perfazem exatamente um livro “em poucas palavras”, mas cada linha da obra está impregnada de um triplo conhecimento: histórico, teórico e prático, sobre as origens, o desenvolvimento, nas décadas seguintes, e sobre o funcionamento atual dos dois irmãos de Bretton Woods, o Banco e o Fundo, que foram criados em 1944 na pequena cidade do New Hampshire para presidir à ordem econômica do pós-guerra. O autor é o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, e como tal segue, no G20 e em outras instâncias, as negociações para a reforma do sistema monetário, que já passou por fases melhores do que a atual. Depois das paridades cambiais estáveis, o regime de flutuação não ajuda a manter a estabilidade mundial, mas o maior perigo advém dos desequilíbrios fiscais nacionais, um tema que todavia foge do escopo deste livro.

Renato Mendonça:
História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825)
(Brasília: FUNAG, 2013, 246 p.; ISBN 978-85-7631-468-4)

            O autor, que entrou no Itamaraty com Guimarães Rosa, em 1934, já tinha escrito A influência africana no Português do Brasil (1933), republicado pela Funag em 2012, quando se comemorou o centenário de seu nascimento. Com 30 anos, ele publicou uma clássica biografia do Barão do Penedo, o mais longevo embaixador brasileiro (na corte da Inglaterra), seu conterrâneo de Alagoas. Este livro foi escrito no México e foi objeto de uma única edição, pelo Instituto Pan-Americano de Geografia e História, em 1945. Agora vem enriquecido por uma introdução de Paulo Roberto de Almeida, que coloca o autor no contexto dos demais historiadores da diplomacia brasileira e destaca as qualidades da obra em face das poucas sínteses históricas então existentes. O livro traz em anexo os principais tratados da história colonial e tem ainda um apêndice sobre a obra demarcadora do Barão.

Luiz Maria Pio Corrêa:
O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional
(Brasília: FUNAG, 2013, 282 p.; ISBN 978-85-7631-439-4; Coleção tese de CAE)

            A criminalidade financeira internacional – lavagem de dinheiro de tráfico de drogas, financiamento do terrorismo, corrupção de agentes governamentais– vem se desenvolvendo pari passu à globalização, representando de 2 a 5% do PIB mundial. O GAFI foi criado para enfrentar esses problemas e o Brasil integrou o órgão por iniciativa do ministro Pedro Malan, em 1999, passando igualmente a atuar no Gafisud, criado em seguida no âmbito da América Latina. A tese analisa os instrumentos internacionais nessa área, a atuação do GAFI e, no terceiro capítulo, a inserção do Brasil no regime global. Desde 2001 o Itamaraty criou uma unidade especializada no tema, atua em coordenação com o COAF (Fazenda) e no âmbito do G-20 financeiro. O Brasil já possui instrumentos para tratar da corrupção e da lavagem de dinheiro, mas ainda não adotou algum adaptado ao terrorismo. Por que será?


[Hartford, 9 de Fevereiro de 2014.]