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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 13 de outubro de 2020

A nova hegemonia do agronegócio no Brasil atual - Stephen Kanitz (junho 2020); comentário Paulo Roberto de Almeida

O texto é do Kanitz (de junho último), é interessante, mas impressionista, e foi feito, como vários outros dele, para impactar, de forma enganosa, aqueles que não conhecem verdadeiramente o completo primário-industrial-científico e de serviços do agronegócio brasileiro. 

Isto se deve em parte à passagem da agricultura atrasada  do Brasil tradicional a uma baseada em produtividade na era militar (em grande medida identificada com a Embrapa, hoje menos relevante) e em grande medida aos NOVOS BANDEIRANTES, que são os gaúchos que passaram a ocupar as área de fronteiras agrícolas do vasto interior brasileiro. 

Em nossa infância, era uma vergonha ouvir que o Brasil era um país "essencialmente agrícola", preconceito contra o qual se batia Eugênio Gudin, que lutava para que o Brasil explorasse suas vantagens comparativas absolutas e relativas, pela modernização da agricultura. Ganhou teoricamente o debate com Roberto Simonsen, mas perdeu na prática para o grupo dos industrialistas protecionistas e militares estatizantes, todos eles partidários do stalinismo industrial (para os ricos) que tivemos desde JK e intensificado na era militar. 

Mas não nos iludamos; o vibrante agronegócio brasileiro, vitorioso como é na competitividade externa, é tão, ou mais, protecionista do que seus colegas industriais, que estão na base da nossa "indústria infante", hoje com 70 anos. A visão desenvolvimentista de muitos economistas brasileiros se identifica em parte com o stalinismo industrial dos militares, ao passo que Xico Graziano (ver postagem anterior neste blog) é propenso a esconder o protecionismo agrícola dos capitalistas do campo. O Brasil continua a ser um país avestruz.

Paulo Roberto de Almeida

Entenda Essa Crise Política. É o Poder Mudando de Mão.

Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo.

O poder reinante nesse país nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável.

Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero. Acreditem.

Quem está perdendo miseravelmente nesses últimos 30 anos são as indústrias, os sindicatos, os trabalhadores de chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.

Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás.

Coloca mais serviços de advocacia, transporte, bancos e seu poder econômico passa a 30% mais ou menos.

Significa crescente poder político, que ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola ainda não tem.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e superavit no câmbio, foi sempre a indústria que usou esses superavit importando máquinas estrangeiras.

A Indústria sempre foi muito mais forte politicamente do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro.

Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Netto e Dilson Funaro, por exemplo.

Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu o país e fortaleceu justamente partidos que atendiam as demandas dos bairros pobres.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda.

Que nem sabem mais o significado de “Fazenda”, apropriado para um país destinado à agricultura, como o Brasil e a Argentina.

Foi Raul Prebisch, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, José Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecer nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno, a famosa “substituição das importações”.

Por isso investir fortunas em “incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas, mas que “substituiriam as nossas importações”, importações que geralmente eram dos mais ricos, produzir produtos populares para classe C e D, nem pensar.

Somente a partir de 1994 é que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte.

Além das milícias que invadiam terras, a luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição de pesquisas de aprimoramento genético.

Nossos industriais perceberam tardiamente que foi justamente essa “substituição das importações” que iria gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruímos a nossa indústria nascente a partir de 1987.

De 27% do PIB, a indústria entrou numa espiral descendente para 11% hoje.

Os advogados contratados são na maioria de recuperação financeira. Que reviravolta!

Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas, mas ainda com certo poder político.

É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.

Perdem poder econômico e percebem que estão perdendo o político, do qual nunca mais se recuperarão a curto prazo.

Quem acha o contrário, que pense nos números.

Isso explica o desespero da imprensa, dos artistas subsidiados, dos intelectuais das grandes cidades.

Ele é violento, por ser desesperado.

Mas é simplesmente o canto da sereia desse grupo que vivia da indústria e de seus impostos.

Os números que apontei são inquestionáveis e só tendem a crescer.

A Agricultura, justamente por ter sido esquecida pelo Estado, venceu a Presidência e 15 Estados.

Ronaldo Caiado, representante eterno dos agricultores, vence em Goiás. As grandes cidades foram contra, elegendo Doria e Witzel.

“Bolsonaro é quase unanimidade no setor”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Mais Brasil Menos Brasília, é na realidade o brado “mais campo e comunidade e menos cidades gigantes e em decadência moral”.

Bolsonaro não foi eleito pelos liberais nem pelos conservadores das grandes cidades, que hoje se sentem enganados e só falam mal dele.

Com o Covid, haverá uma fuga das grandes cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom.

E em mais quatro ou cinco anos, a Agricultura terá provavelmente o poder político que merece, elegerá quem quiser, com ou sem Bolsonaro candidato em 2022.

E todos sabemos que no Brasil “dinheiro é poder”.

“Follow the money”, como diria Sérgio Moro.

Na cidade Agronômica, Bolsonaro ganhou com 79% dos votos.

Na cidade de Sorriso teve 74% dos votos.

Na cidade Rio Fortuna teve 68% dos votos.

Em Mato Grosso do Sul teve 61% dos votos.

Vejam os mapas da fronteira agrícola e os votos dados ao Bolsonaro em 2018.

Quem elegerá os nossos Presidentes em 2022, 2026, 2030 será provavelmente a bancada agrícola, não a bancada industrial, sindical, nem a urbana.

A tese de que Bolsonaro não foi eleito, mas que foi Haddad que foi rejeitado não se sustenta numericamente.

Haddad tinha 41% de rejeição contra 40% de Bolsonaro. Ou seja, a diferença era de somente 1 ponto percentual.

Ricardo Salles é que está dando um chega para lá aos ecologistas que querem destruir nossa agricultura, e foi quem ajudou termos esse superavit colossal em 2020.

Nesse caso a agricultura demonstra que consegue colocar pessoas além do Ministério da Agricultura, dando suporte a essa tese.

Bolsonaro colocou uma engenheira agrônoma como Ministra da Agricultura, em vez de um político e advogado como Wagner Rossi, indicado por Lula e Dilma.

Será o constante crescimento do Comunitarismo da pequena cidade daqui para a frente, em detrimento das ideologias do passado que fracassaram.

É o crescimento do interior Comunitário e Solidário.

Sem dúvida, uma batalha que será violenta nos próximos anos, mas tudo indica que o Brasil agrícola será o vencedor.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Luta de classes na penitenciaria? Nao, apenas privilegios abusivos de quadrilheiros totalitarios...

Juntos, os quadrilheiros presos na Papuda roubaram mais, em menos de um ano de desgoverno do partido dos totalitários, do que todos os outros presos juntos, acumulados, reunidos, conseguiram roubar em todas as suas vidas até aqui e do que todos os 10 mil presos futuros -- ou seja, que ainda vão aparecer por lá, nos dez anos à frente -- conseguirão roubar nas suas futuras carreiras de bandidos, criminosos, larápios, estelionatários, enfim, ladroezinhos pés de chinelo, comuns, sem colarinho branco, como os primeiros criminosos.
Em outros termos, os quadrilheiros petralhas fizeram mais mal ao Brasil do que todos os outros presos reunidos jamais fizeram numa vida inteira dedicada ao crime.
Eles são os verdadeiros bandidos, como NUNCA ANTES houve no Brasil.
E agora querem privilégios.
Como argumentam os demais presos, isso causa instabilidade e revolta.
Vai ver os demais vão querer o mesmo tratamento.
Ou então, vão se vingar dos quadrilheiros, de uma maneira que eles costumam fazer contra traidores e outros bacanas, que pensam que são melhores que os outros...
Paulo Roberto de Almeida

Juízes determinam fim de ‘privilégios’ a presos na Papuda

Decisão da Vara de Execuções Penais do DF estabelece isonomia de tratamento na penitenciária onde estão condenados no mensalão

28 de novembro de 2013
Felipe Recondo - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Justiça do Distrito Federal determinou que os condenados do mensalão recebam, no presídio da Papuda, o mesmo tratamento dado aos demais presos. Na decisão, os juízes da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal afirmam que o tratamento desigual provoca instabilidades no sistema carcerário. Desde que foram presos, os condenados no mensalão receberam visitas fora no horário normal de visitações e chegaram, conforme o Ministério Público, a receber pizzas encomendadas pela Polícia Federal.
Os juízes da Vara de Execuções determinaram ainda que Simone Vasconcelos, ex-diretora da empresa SMPB, e Kátia Rabelo, ex-presidente do Banco Rural, sejam transferidas para o presídio feminino para cumprirem suas penas. As duas estão presas no 19º Batalhão da Polícia Militar no Complexo da Papuda, área reservada para presos militares.
O tratamento dispensado aos condenados foi criticado por familiares de demais presos, que costumam passar horas na fila para conseguirem visitar seus parentes. Um documento feito pelo MP, que inspecionou o local em que o ex-presidente do PT José Genoino está preso, mostrou que a PF chegou a pedir pizza "tarde da noite" no dia em que os condenados foram presos.
"Penso que não há qualquer justificativa para que seja dado a um interno/grupo específico tratamento distinto daquele dispensado a todos os demais reclusos, valendo consignar que é justamente a crença dos presos nesta postura isonômica por parte da Justiça do Distrito Federal que mantém a estabilidade do precário sistema carcerário local", decidiu a Vara.
Os juízes Bruno Silva Ribeiro, Ângelo Fernandes de Oliveira e Mário de Assis Pegado, que assinam a decisão, não mencionam expressamente o grupo de condenados por envolvimento no mensalão. O titular da Vara, Ademar Silva de Vasconcelos, não assinam a decisão. Suas decisões e postura desagradaram o presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Deficiente. O tratamento diferenciado só teria justificativa, dizem os magistrados, se fosse possível admitir a existência de dois grupos de seres humanos: "um digno de sofrer e passar por todas as agruras do cárcere e, outro, o qual deve ser preservado de tais efeitos negativos, o que, evidentemente, não é legítimo admitir".
Os juízes afirmam ainda que é "fato público e notório" que o sistema carcerário brasileiro é deficiente, mas acrescentam que isso não seria justificativa para tratamento diferenciado. Por isso, alegando ser necessário o "restabelecimento da harmonia no sistema prisional", os juízes da Vara de Execuções Penais determinaram a "estrita observância por parte das autoridades penitenciárias locais das prescrições regulamentares, legais e constitucionais, especialmente no que se refere ao tratamento igualitário a ser dispensado".
A decisão decorre de manifestação do Ministério Público do DF, que fez uma inspeção nos dias 25 e 26 de novembro. A inspeção constatou um "clima de instabilidade e insatisfação" na penitenciária.