O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Stephen Kanitz. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Stephen Kanitz. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de outubro de 2020

A nova hegemonia do agronegócio no Brasil atual - Stephen Kanitz (junho 2020); comentário Paulo Roberto de Almeida

O texto é do Kanitz (de junho último), é interessante, mas impressionista, e foi feito, como vários outros dele, para impactar, de forma enganosa, aqueles que não conhecem verdadeiramente o completo primário-industrial-científico e de serviços do agronegócio brasileiro. 

Isto se deve em parte à passagem da agricultura atrasada  do Brasil tradicional a uma baseada em produtividade na era militar (em grande medida identificada com a Embrapa, hoje menos relevante) e em grande medida aos NOVOS BANDEIRANTES, que são os gaúchos que passaram a ocupar as área de fronteiras agrícolas do vasto interior brasileiro. 

Em nossa infância, era uma vergonha ouvir que o Brasil era um país "essencialmente agrícola", preconceito contra o qual se batia Eugênio Gudin, que lutava para que o Brasil explorasse suas vantagens comparativas absolutas e relativas, pela modernização da agricultura. Ganhou teoricamente o debate com Roberto Simonsen, mas perdeu na prática para o grupo dos industrialistas protecionistas e militares estatizantes, todos eles partidários do stalinismo industrial (para os ricos) que tivemos desde JK e intensificado na era militar. 

Mas não nos iludamos; o vibrante agronegócio brasileiro, vitorioso como é na competitividade externa, é tão, ou mais, protecionista do que seus colegas industriais, que estão na base da nossa "indústria infante", hoje com 70 anos. A visão desenvolvimentista de muitos economistas brasileiros se identifica em parte com o stalinismo industrial dos militares, ao passo que Xico Graziano (ver postagem anterior neste blog) é propenso a esconder o protecionismo agrícola dos capitalistas do campo. O Brasil continua a ser um país avestruz.

Paulo Roberto de Almeida

Entenda Essa Crise Política. É o Poder Mudando de Mão.

Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo.

O poder reinante nesse país nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável.

Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero. Acreditem.

Quem está perdendo miseravelmente nesses últimos 30 anos são as indústrias, os sindicatos, os trabalhadores de chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.

Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás.

Coloca mais serviços de advocacia, transporte, bancos e seu poder econômico passa a 30% mais ou menos.

Significa crescente poder político, que ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola ainda não tem.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e superavit no câmbio, foi sempre a indústria que usou esses superavit importando máquinas estrangeiras.

A Indústria sempre foi muito mais forte politicamente do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro.

Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Netto e Dilson Funaro, por exemplo.

Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu o país e fortaleceu justamente partidos que atendiam as demandas dos bairros pobres.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda.

Que nem sabem mais o significado de “Fazenda”, apropriado para um país destinado à agricultura, como o Brasil e a Argentina.

Foi Raul Prebisch, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, José Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecer nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno, a famosa “substituição das importações”.

Por isso investir fortunas em “incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas, mas que “substituiriam as nossas importações”, importações que geralmente eram dos mais ricos, produzir produtos populares para classe C e D, nem pensar.

Somente a partir de 1994 é que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte.

Além das milícias que invadiam terras, a luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição de pesquisas de aprimoramento genético.

Nossos industriais perceberam tardiamente que foi justamente essa “substituição das importações” que iria gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruímos a nossa indústria nascente a partir de 1987.

De 27% do PIB, a indústria entrou numa espiral descendente para 11% hoje.

Os advogados contratados são na maioria de recuperação financeira. Que reviravolta!

Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas, mas ainda com certo poder político.

É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.

Perdem poder econômico e percebem que estão perdendo o político, do qual nunca mais se recuperarão a curto prazo.

Quem acha o contrário, que pense nos números.

Isso explica o desespero da imprensa, dos artistas subsidiados, dos intelectuais das grandes cidades.

Ele é violento, por ser desesperado.

Mas é simplesmente o canto da sereia desse grupo que vivia da indústria e de seus impostos.

Os números que apontei são inquestionáveis e só tendem a crescer.

A Agricultura, justamente por ter sido esquecida pelo Estado, venceu a Presidência e 15 Estados.

Ronaldo Caiado, representante eterno dos agricultores, vence em Goiás. As grandes cidades foram contra, elegendo Doria e Witzel.

“Bolsonaro é quase unanimidade no setor”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Mais Brasil Menos Brasília, é na realidade o brado “mais campo e comunidade e menos cidades gigantes e em decadência moral”.

Bolsonaro não foi eleito pelos liberais nem pelos conservadores das grandes cidades, que hoje se sentem enganados e só falam mal dele.

Com o Covid, haverá uma fuga das grandes cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom.

E em mais quatro ou cinco anos, a Agricultura terá provavelmente o poder político que merece, elegerá quem quiser, com ou sem Bolsonaro candidato em 2022.

E todos sabemos que no Brasil “dinheiro é poder”.

“Follow the money”, como diria Sérgio Moro.

Na cidade Agronômica, Bolsonaro ganhou com 79% dos votos.

Na cidade de Sorriso teve 74% dos votos.

Na cidade Rio Fortuna teve 68% dos votos.

Em Mato Grosso do Sul teve 61% dos votos.

Vejam os mapas da fronteira agrícola e os votos dados ao Bolsonaro em 2018.

Quem elegerá os nossos Presidentes em 2022, 2026, 2030 será provavelmente a bancada agrícola, não a bancada industrial, sindical, nem a urbana.

A tese de que Bolsonaro não foi eleito, mas que foi Haddad que foi rejeitado não se sustenta numericamente.

Haddad tinha 41% de rejeição contra 40% de Bolsonaro. Ou seja, a diferença era de somente 1 ponto percentual.

Ricardo Salles é que está dando um chega para lá aos ecologistas que querem destruir nossa agricultura, e foi quem ajudou termos esse superavit colossal em 2020.

Nesse caso a agricultura demonstra que consegue colocar pessoas além do Ministério da Agricultura, dando suporte a essa tese.

Bolsonaro colocou uma engenheira agrônoma como Ministra da Agricultura, em vez de um político e advogado como Wagner Rossi, indicado por Lula e Dilma.

Será o constante crescimento do Comunitarismo da pequena cidade daqui para a frente, em detrimento das ideologias do passado que fracassaram.

É o crescimento do interior Comunitário e Solidário.

Sem dúvida, uma batalha que será violenta nos próximos anos, mas tudo indica que o Brasil agrícola será o vencedor.


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Brasil: de país agrícola a... país agrícola, passando pela indústria - Stephen Kanitz

Na minha infância, u seja, anos 1950, o Brasil era definido como um país essencialmente agrícola, e isso era uma vergonha para nós. Era uma agricultura atrasada, incapaz de alimentar o país, e tínhamos de importar muito alimento, a despeito do imenso território.
Aí embarcamos na aventura industrializante, uma espécie de stalinismo industrial, contra as recomendações de Eugênio Gudin, que preconizava modernização e capitalização da agricultura – que correspondência a nossas vantagens comparativas naturais, adquiridas (mas bem mal até ali), relativas – e educação da mão-de-obra, para melhorar a produtividade, contra as recomendações de Roberto Simonsen, dos militares, dos tecnocratas, dos industriais, que ganharam tudo o que queriam: proteção tarifária, câmbio favorável, subsídios, políticas setoriais. 
Deu certo: ou seja, o Brasil se industrializou, mas o custo para o país foi enorme.
Apenas nos anos 1990, com fracasso das políticas econômicas industrializantes, que o Brasil começou a mudar suas políticas, e a agricultura deslanchou, de maneira impressionante.
É ela hoje que SALVA o Brasil, e ficamos essencialmente agrícolas outra vez.
Mas, a agricultura atual é uma verdadeira indústria, ou melhor um complexo econômico que abrange TODAS as áreas da economia e da sociedade.
O artigo de Stephen Kanitz exagera nos contrastes, mas reflete a realidade, que não tem nada a ver com o governo atual, com a "bancada ruralista", a devastação ambiental. É uma realidade ESTRUTURAL, que aproxima o Brasil daquilo que pretendia Eugênio Gudin desde os anos 1940 e 50: ele venceu, embora com mais de meio século de atraso.
Um pouco como Raymond Aron, em relação ao debate socialismo-capitalismo dos anos 1950. Algumas ideias sensatas demoram para entrar na cabeça dos brasileiros.
Paulo Roberto de Almeida

É O Poder Mudando De Mão
Por Stephen Kanitz
09/06/2020 13:25

Stephen Charles Kanitz é consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo
Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muitos dos meus seguidores, na realidade é simplesmente um fim de ciclo.

O poder reinante nesse pais nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável.

Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero.

Quem está perdendo miseravelmente é a indústria, os sindicatos, os partidos desses trabalhadores chão de fábrica, as grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.

Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.

A agricultura por si já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás.

O agro negócio, que incorpora as indústrias que a fornecem, como mineração de fertilizantes, a indústria de tratores, os bancos, as seguradoras, as transportadoras passa a ser 40% do PIB, tranquilo.

Ter 40% do PIB significa dinheiro, crescimento, poupança, prosperidade.

Significa crescente poder político, que ao contrário que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola não tinha comensurável a esses 40%.

Foi sempre a agricultura que gerou exportações e superávit no câmbio, foi sempre a indústria que importava máquinas estrangeiras.

A Indústria sempre foi muito mais forte do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta lucros, não tem mais poder financeiro.

Isso explica as alianças desesperadas, como a do Paulo Scaf com Partido Socialista, da Globo com o Psol, da Folha com o PT, do Abílio com a Dilma.

Desespero total.

Foi sempre a Indústria que indicava os Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como Delfim Neto e Dilson Funaro, por exemplo.

Foi esse total descaso pela nossa Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu esse país e fortaleceu esses partidos de esquerda.

Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda.

Que nem sabem mais o significado de “Fazenda”, apropriado para um país destinado a agricultura, como o Brasil e a Argentina.

Foi Raul Prebish, que convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso Furtado, Jose Serra, FHC e toda a Unicamp, a esquecerem nossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno.

Por isso investirem fortunas com incentivos, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas mas que “substituiriam as nossas importações”, dos mais ricos, num país constituído de pobres.

Somente a partir de 1994 , que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte.

Foi esse êxodo rural que gerou a pobreza e as favelas nas grandes cidades, e que permitiu a esquerda cuidar dos mais pobres e se elegerem por 24 anos.

Mas não tendo percebido o erro de Prebish, é essa “substituição das importações” que irá gerar nossa estagnação e não inovação, e lentamente destruiu a nossa indústria nascente a partir de 1987.

De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a Industria entrou numa espiral descendente para 14,5% hoje.

Em 40 anos passa de 45% do PIB para 14,5%.

Que reviravolta.

Essa atual crise política no fundo é a crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas mas ainda com certo poder político.

É a crise dos sindicatos trabalhistas que vivia dessas contribuições sindicais.

Perderam poder econômico e percebem que estão perdendo o político, da qual nunca mais se recuperarão a curto prazo.

Quem acha o contrário que pense nos números.

Isso explica esse desespero da imprensa, dos artistas subsidiados, dos intelectuais das grandes cidades.

Ela é violenta por ser desesperada.

Mas é simplesmente o canto da sereia desse grupo que vivia da indústria e de seus impostos.

Os números que apontei são inquestionáveis e só tendem a crescer.

A Agricultura, justamente por ter sido esquecida pelo Estado, venceu a Presidencia em 15 Estados.

Ronaldo Caiado, representante eterno dos agricultores, vence em Goiás. As grandes cidades foram contra, elegendo Doria e Witzel.

“Bolsonaro é quase unanimidade no setor”, disse Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

Mais Brasil Menos Brasília, é o brado mais campo menos cidades em decadência.

Bolsonaro foi eleito não pelos liberais nem pelos conservadores das grandes cidades, que hoje se sentem enganados, e só falam mal dele.

Bolsonaro foi eleito pelo seu apoio aos anseios da Agricultura.

Que com esse sucesso da Agricultura em 2020 só irá crescer.

Com o Covid, haverá uma fuga das cidades para o campo, dos apartamentos para casas, dos escritórios para o Zoom.

E em mais 4 ou 5 anos, a Agricultura terá o poder político que merece, elegerá quem quiser, com ou sem Bolsonaro em 2022.

O poder da esquerda e da indústria vinham ultimamente pelo saque ao Estado, vide o mensalão e o petróleo.

E todos sabemos que no Brasil dinheiro é poder político.

“Follow the money”, como diria Sérgio Moro.

Moro não percebeu que não foi o combate a corrupção que elegeu Bolsonaro.

Foi a Agricultura.

Na cidade Agronômica, Bolsonaro ganhou com 79% dos votos.

Na cidade de Sorriso teve 74% dos votos.

Na cidade Rio Fortuna teve 68% dos votos.

Em Mato Grosso do Sul teve 61% dos votos.

Vejam os mapas da fronteira agrícola e os votos dados ao Bolsonaro em 2018.

Quem elegerá os nossos Presidentes em 2022, 2026, 2039 sera a bancada agrícola, não a bancada industrial quebrada e falida.

Quem mandará nesse pais será o pequeno agricultor, e não a FIESP, os Marinhos, os Gerdaus, os intelectuais e artistas da Globo que viram seus impérios empobrecerem de 1987 para cá e nada fizeram.

Que elegeram o Lula e a Dilma, achando que assim permaneceriam no poder político, manipulando os via corrupção.

A tese que Bolsonaro não foi eleito mas que foi Haddad que foi rejeitado, não se sustenta numericamente.

Haddad tinha 41% de rejeição contra 40% de Bolsonaro. Ou seja a diferença é de somente 1%.

Não são Bolsonaro e seus filhos que são a grande ameaça à esquerda, como a imprensa e o Supremo acham.

É a Agricultura.

E ninguém dará um golpe nela.

Ricardo Salles é que está dando um chega para lá aos ecologistas que querem destruir nossa agricultura, e foi quem ajudou termos esse superávit colossal.

Bolsonaro colocou uma engenheira agrônoma como Ministra Da Agricultura, em vez de um político e advogado como Wagner Rossi, indicado por ambos Lula e Dilma.

Será o constante crescimento do Comunitarismo da pequena cidade daqui para a frente, em detrimento da Esquerda das grandes cidades.

É o crescimento do interior Comunitário e Solidário, do Brasil e menos Brasília.

Um mais Brasil administrável, em detrimento das grandes cidades frias, solitárias, sem compaixão que alimentou os votos da esquerda.

Não é o Liberalismo e a Direita que são a grande ameaça para a esquerda, como a imprensa e o Supremo acham.

É a Agricultura.

Uma batalha que ela já ganhou, mas poucos perceberam.

Stephen Kanitz

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pesquisa: o que voce mudaria na Historia do Brasil? - Stephen Kanitz

Apenas agora, 3 1/2 anos depois, tomo conhecimento desta "pesquisa" feita pelo jornalista Stephen Kanitz em seu blog "Artigos para se Pensar".
Interessante, pois vários anos atrás eu escrevi uma primeira versão do que eu pretendia ser um livro completo contendo uma história virtual do Brasil, com uma introdução metodológica (http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1075HistoriaVirtualIntro.html) e um resumo geral dos grandes pontos  (http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1064HistVirtualBr.html).
Em todo caso, vale a pena transcrever a nota de Stephen Kanitz, pois ela ainda é um exercício que pertence ao mesmo universo dos "big ifs", ou seja, "o que teria acontecido se...?".

Paulo Roberto de Almeida 


Pesquisa: Como Você Mudaria A História do Brasil?

(20 January 2011)


Coloquei tempos atrás esta pergunta no ar: 

Imagine que você tem uma máquina do tempo e poderia ir para alguma data do passado, e mudar algum evento histórico do Brasil.
Qual seria este evento? 
Infelizmente tivemos menos que 30 respostas, muitos criticaram a própria pergunta como masturbação histórica. Não é.
Nas nossas escolas de História, prevalece a ideia Marxista de determinismo histórico, que a história segue um percurso mais ou menos previsível, aquela prevista pelo economista Karl Marx, baseada nos inúmeros livros que ele estudou no Museu de Londres.
É tão dominante esta tese no Brasil, que é muito difícil aceitarmos outra tese vindo da teoria de complexidade, que simples eventos podem gerar mudanças espetaculares.
Muitos irão lembrar a frase, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas, tipo um tufão na Indonésia.
Que eventos poderiam ter sido diferentes e que mudariam o Brasil?
A maioria dos votos foi para o Descobrimento dos Portugueses.
Se tivéssemos sido descobertos pelos holandeses ou ingleses, acham que tudo seria diferente.
Talvez, mas como comenta X, as colônias inglesas da África estão piores que o Brasil.
As outras respostas foram: A guerra do Paraguai, a Decretação da República, mudança do governo para Brasília, o nascimento de Getúlio Vargas e a queda do Barão de Mauá que viu a industrialização da Inglaterra antes dos americanos.
Uma opinião interessante vem de Edgar Antonio Sbrogio
Ele opina que foi a Lei da Informática que atrasou o Brasil uns 15 anos, que atrasou a formação de jovens especialistas em software e TI, achando que o futuro seria hardware.
Sbrogio sabe o que diz, segundo a Revista Época.
Revista Época. Da participação de Luciano Coutinho no governo Sarney, o que ficou para a posteridade foi a assinatura da Lei de Informática.
Como secretário executivo do recém-criado Ministério da Ciência e Tecnologia entre 1985 e 1988, Coutinho optou por impedir a entrada de novas tecnologias no país – no momento em que a indústria de computadores pessoais se tornava uma realidade internacional – para estimular o fortalecimento de uma indústria nacional. Não se conhece até hoje uma autocrítica à experiência.
A amigos, ele diz acreditar que estava certo.
Bom, eu endosso a autocrítica de Edgar Antonio Sbrogio.
Minha opção particular seria a mudança para Brasília, mas ainda acho que esta discussão deveria continuar.
Vamos fazer uma segunda rodada, por favor coloquem as suas opiniões.


Um pouco mais de "despikettyzacao" das mentalidades: Stephen Kanitz entrevista Roberto Carlos

Mais pelo lado da ironia, mas não menos correto.
Os "distributivistas" estão excitadissimos com o francês socialista, e se suas políticas forem implementadas, o mundo vai tornar-se um lugar mais pobre, pois teremos menos milionários e megabilionários, e menos dinheiro para ser investido, poupado, distribuído voluntariamente para fins beneficientes.
Essa gente adora o Estado, e por isso o mundo é um lugar tão pobre.
Reparem bem: os países que menos taxam os ricos são os mais ricos e mais igualitários.
Os que pretendem taxar os "capitalistas" acabam tornando seus países mais pobres.
Paulo Roberto de Almeida

Neste link: http://blog.kanitz.com.br/piketty-roberto-carlos/

Piketty Entrevista Roberto Carlos

 
 
       
Nós é que tornamos Roberto Carlos rico. Não foi ele que “ficou” rico, como alega Piketty.


   




Piketty acha que os 40 milhões de reais ganhos e poupados por Roberto Carlos ao longo de sua vida são injustos. “São uma ameaça à democracia e meritocracia, página 1 de “O Capital”, por Thomas Piketty.
Por outro lado, Roberto Carlos acha que ele merece esta sua poupança porque veio da compra de 40 milhões de discos feita por brasileiros que adoram as suas músicas. 
Nós é que tornamos Roberto Carlos rico. Não foi ele que “ficou” rico, como alega Piketty. 
E pior, Roberto não gastou tudo que ganhou em mulheres, sexo e rock and roll. Ele sequer gastou este dinheiro, que continua poupado. 
Piketty quer tirar este dinheiro de Roberto Carlos, picadinho ano a ano entre 5% a 10%. Usando da violência do Estado e do poder “democrático” dos 99% que votaram leis que destroem literalmente os 1%. 
Lembre-se caro leitor que, ato contínuo, os 98% vão votar para acabar com os novos 1%. E os 97% farão o mesmo! Assim por diante, se Piketty for continuamente sendo entrevistado. 
Thomas Piketty: Roberto Carlos, eu gostaria de saber se você doaria 5% a 10% de seu patrimônio todo ano voluntariamente para o Estado gastar, via economistas como eu, em políticas públicas de nossa escolha e não sua, nas nossas ideias keynesianas para erradicar a pobreza neste país. 
Roberto Carlos: Honestamente, não. 
Thomas Piketty: Não, por quê? 
Roberto Carlos: Mostre-me estes pobres que vocês vão ajudar. Quero conhecê-los primeiro. Talvez sabendo dos problemas deles eu doe diretamente, sem intermediários. Talvez possa ajudá-los de forma mais eficiente, o que me custaria menos e me daria muito mais prazer, reconhecimento, e talvez agradecimento. 
Thomas Piketty: Isto dá para fazer porque o governo é um caixa único. Seu dinheiro entra no bolo. Você não pode determinar aonde ele irá, se irá para os programas que tenham mais mérito, como aqueles escolhidos pelo Prêmio Bem Eficiente do meu algoz Stephen Kanitz. Apesar de ter dito na primeira página de meu livro que esta renda não deveria estar concentrada, ela pode sim ser concentrada na mão do Estado, que eu e meus colegas economistas pretendemos continuar controlando. 
Roberto Carlos: E se eu recusar a pagar estes 5% a 10% de imposto sobre o patrimônio todo ano? 
Piketty: Você irá preso, por crime fiscal. 
Roberto Carlos: Eu prezo a minha liberdade, e se eu fugir da prisão? 
Piketty: Você corre o risco de ser morto pelos guardas do presídio que têm instrução de impedir fugas e rebeliões. 
Roberto Carlos: Então você pretende tirar este dinheiro de mim usando a violência? 
Piketty: Exatamente, esta é a única prerrogativa de um Estado, o uso da violência.
Agora vejam como eu entrevistaria Roberto Carlos para conseguir a mesma coisa. Mas eu nunca fui entrevistado pela Veja, Estadão e outros que entrevistaram jornalistas e economistas, para disseminar estas ideias. 
Stephen Kanitz: Roberto Carlos, eu sei que você já fez 40 milhões de brasileiros felizes com sua música. Fico feliz com isto, ao contrário de Piketty e os marxistas. 
Fico triste que foram tão poucos os músicos que seguiram seus passos, criando músicas de amor, religião e esperança. 
Fico feliz também que você poupou este dinheiro, ao contrário de tantos outros artistas brasileiros, como alguns que gastaram sua fortuna consumindo drogas caríssimas. 
Você é 10. 
Roberto Carlos, eu só queria que no final da sua vida você tornasse mais feliz uma parcela da população que você nunca alcançou, e que não foram tocados pela sua música. 
Roberto Carlos: Quem eu nunca alcancei com minha música? Que eu saiba minha música foi e é tocada nos quatro cantos do país. 
Stephen Kanitz: Os surdos do Brasil. Eles fazem parte dos 10% das pessoas que precisam da nossa ajuda. 
Como os cegos, os tetraplégicos, os doentes mentais, os órfãos, os portadores de Huntington, as meninas abusadas sexualmente pelos seus pais. 
Como você sabe, o governo brasileiro se interessa pelos sem terra, homens fortes e parrudos que têm mais condições de se virar sozinhos que tetraplégicos e cegos. 
Nossos jornalistas já entrevistaram João Stedile dezenas de vezes, mas não conhecem o nome de uma entidade sequer que cuida dos surdos. 
Roberto Carlos: Caramba é mesmo, nunca li nada disso nos jornais sobre as “políticas públicas” privadas que cuidam desta gente. 
E quanto você quer tirar de mim? Acabo de ser entrevistado pelo economista Thomas Piketty e parece que vocês querem tudo. 
Stephen Kanitz: Quanto você quiser. Você decide. 
Por isto quero te levar a algumas das melhores e mais eficientes entidades que fazem o bem, e que eu pesquisei por 10 anos e escolhia todo ano no Prêmio Bem Eficiente. 
Roberto Carlos: Prêmio Bem Eficiente? Nunca li sobre o assunto. Elas são sérias? 
Stephen Kanitz: O prêmio existiu por 10 anos, e nenhum jornalista jamais presenciou as lindas cerimônias, nem os jornalistas que eu conhecia da Revista Exame e da Veja. 
Posso garantir que estas 50 premiadas por ano eram sérias, muito mais do que o governo. 
Eu me dediquei por 10 anos a identificar as entidades que os ricos podiam doar sem susto. Piketty, ao contrário, dedicou seus últimos 10 anos a pesquisar os ricos que ele pretende matar se não pagarem o imposto patrimonial pelo uso da violência do Estado. 
Roberto Carlos: Mas você ainda não disse exatamente quanto você quer tirar de mim. 
Stephen Kanitz: Sem o uso da violência, outras pessoas como eu trabalhando desde 1919 nos Estados Unidos conseguiram que os ricos como Warren Buffet e Bill Gates doassem 99% da sua poupança. 
Ao contrário de Thomas Piketty que quer 5% a 10% ao ano, absolutamente inviável, que provavelmente será de 2% como na lei do neoliberal Fernando Henrique Cardoso. 
Isto levará 50 anos para conseguir a mesma coisa. 
E eu não pretendo usar a violência sobre você Roberto Carlos, mas simplesmente informação. Você vai descobrir pelo site filantropia.org, que eu também criei e nunca foi noticiado, que doar é um raro prazer. Muito maior que pagar impostos e nunca saber como foram gastos pela nova classe social, os kleptocratas. 
Pelo uso da informação que nossos intelectuais e jornalistas negaram a vocês ricos. Tanto é que o Prêmio Bem Eficiente morreu por falta de aprovação intelectual. 
E pretendo criar um clima que valoriza os 1% que nos encantam com suas músicas, ideias, produtos inovadores, e que poupam 90% do que ganham. Ao invés de considerar você, Roberto Carlos, um parasita social, como faz o economista Thomas Piketty nas 900 páginas do seu livro e a maioria dos intelectuais do Brasil nas suas 90.000 páginas de teses e críticas sociais. 
Algo para se pensar.