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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Sobre alguns alinhamentos, na ou da política externa, raras vezes da diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

Sobre alguns alinhamentos, na ou da política externa, raras vezes da diplomacia

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota complementar aos trabalhos n. 5105 e 5119, para o seminário do IRICE.

(Ainda a propósito do evento do Irice: Política Externa e Interesse Nacional)

        O Brasil, por escolha de suas oligarquias dominantes e dirigentes (entre as quais se incluíam os barões da diplomacia, antes de sua democratização no último meio século), quase nunca foi alinhado a qualquer grande potência. Portugal o fazia por conveniência existencial, pelas ameaças existentes no continente, ali ao lado e na França.
        O Brasil imperial chegou a romper com essas potências, por problemas diplomáticos, ainda que delas dependente por razões óbvias.
Nosso “alinhamento” mais evidente, na política externa e na diplomacia, durante algum tempo na primeira Guerra Fria, se deu também por conveniência momentânea, inclusive por falta de qualquer outra opção, ao final da Segunda Guerra Mundial: os poderosos EUA eram o que tinha “sobrado” da destruição total.
        Mas logo nos desalinhamos, depois de um pequeno gesto negociado de “agradecimento”, na nossa participação nas “Forças Interamericanas de Paz”, em 1965, na República Dominicana. Começamos nas votações da ONU, com nossa orientação fortemente unctadiana, em favor de teses sobre a não reciprocidade e o tratamento especial e mais favorável aos países em desenvolvimento, propostas em certa medida ilusórias, mas que davam algumas pequenas vantagens aos produtos de exportação, no SGP (que nunca foi um sistema, sequer geral).
        Depois tivemos muitas fricções comerciais e vários outros desentendimentos “tecnológicos”. Não fomos à Coreia, nem ao Vietnã, como outros parceiros, e sempre nos opusemos a qualquer tomada de posição nos enfrentamentos entre as grandes potências, preservando nossa plena autonomia decisória e independência na política externa, mas sempre defendendo a solução pacificação de controvérsias e a via do multilateralismo na cooperação internacional, com a busca incessante dos acordos bilaterais para projetos específicos de desenvolvimento.
        Assim foi desde os anos 1950, que sinaliza o início da Política Externa Independente, até muito recentemente, quando se consentiu, ao arrepio de uma avaliação mais ponderada por parte da diplomacia profissional, formar uma aliança política com duas grandes potências, no BRIC original (2006-2009), depois com maiores constrangimentos ao termos de aceitar teses, ou limitações de posturas, por injunção dessas potências, o que representou um desajustamento com a doutrina e a prática do Itamaraty, por força de uma política externa mais que presidencial, personalista ao extremo.
        Ainda estamos nessa, tendo de nos submeter a imposições de algumas delas (e que se reflete em algumas declarações, e até de adesão irrefletida a um vago projeto de “nova ordem global multipolar”.
        Não sei até quando vão persistir essas ilusões, que considero um descompasso entre a política externa e o interesse nacional.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5120, 20 novembro 2025, 2 p.

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