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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Yale: perigosa para jornalistas? Apenas na Faculdade de Direito...

Estive dando uma palestra na Law School da Universidade de Yale duas semanas atrás. Havia segurança para o controle de visitantes externos, mas nada excepcional.
Aparentemente, a peesença de ilustres presidentes de supremas cortes provocou esse excesso de zelo, provavelmente dos dois lados, da jornalista do Estadão, e do segurança da Universidade, que deve ter chamado um policial.  Alguns policiais podem ser perfeitamente trogloditas, mas a maioria é muito bem educada, desde que se cumpra suas instruções...
Consultaram-me sobre esse caso por telefone, desde Washington, mas eu estava, como estou, a 3 mil milhas de distância, na California. Forneci os contatos que tinha na Law School, mas foi tudo...
PRA

Correspondente do 'Estado' é presa e algemada em Yale (EUA)

Destacada para cobrir a visita do ministro Joaquim Barbosa, que fazia uma conferência na universidade, a jornalista foi autuada por 'invasão de propriedade privada', segundo a polícia

27 de setembro de 2013 
O Estado de S. Paulo
A correspondente do Estado em Washington, Cláudia Trevisan, foi detida nesta quinta-feira, 26, na Universidade Yale, uma das mais respeitadas dos Estados Unidos, enquanto tentava localizar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, que fazia uma conferência no local. A jornalista foi algemada e mantida incomunicável por quase cinco horas, inicialmente dentro de um carro policial e depois em uma cela do distrito policial de New Haven, cidade onde fica a universidade. Sua liberação ocorreu apenas depois de sua autuação por "invasão de propriedade privada".
O caso foi acompanhado pelo Itamaraty, em Brasília, e especialmente pela embaixada brasileira em Washington e pelo consulado em Hartford, Connecticut, que colocou à disposição da jornalista seu apoio jurídico. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, estava em Nova York e foi informado por assessores sobre o incidente. Claudia, pouco antes de ser presa, pudera informar um diplomata da embaixada brasileira por telefone.
Claudia Trevisan é correspondente do Estado em Washington desde o final de agosto. Nos últimos cinco anos, atuara em Pequim, na China, onde foi também diretora da Associação de Correspondentes Estrangeiros. Por outros meios de comunicação brasileiros, havia trabalhado como correspondente em Buenos Aires e em Pequim.
"Eu não invadi nenhum lugar", declarou ela, ao mostrar-se indignada pela acusação policial e por sua prisão."Passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por Mianmar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na Universidade de Yale", completou nesta quinta-feira, 26, ainda abalada.
A jornalista havia sido destacada para cobrir a visita do ministro Joaquim Barbosa à Universidade Yale, onde participaria do Seminário Constitucionalismo Global 2013. Ela trocara e-mails com a assessora de imprensa da Escola de Direito da universidade, Janet Conroy, que lhe informara ser o evento fechado à imprensa. Claudia aquiesceu, mas disse que, por dever de ofício, esperaria pelo ministro do lado de fora do Woolsey Hall, o auditório onde se daria o seminário.
Ela também havia conversado previamente, por telefone celular, com o próprio ministro Barbosa, a quem solicitou uma entrevista. Barbosa disse que não estava disposto a falar com a imprensa. Claudia, então, informou o presidente do STF que o aguardaria e o abordaria do lado de fora do prédio.
Portas abertas. O prédio é percorrido constantemente por estudantes e funcionários da universidade e por turistas. Suas portas estavam abertas às 14h30 de quinta-feira. Claudia ingressou e, na tentativa de confirmar se o evento se daria ali, dirigiu-se ao policial DeJesus, em guarda no primeiro andar. Ele pediu para Claudia acompanhá-lo. No piso térreo do prédio, a pedido do policial, Claudia forneceu seu endereço em Washington, telefone e passaporte. Ao alcançarem a calçada, do lado de fora do prédio, DeJesus recusou-se a devolver seu documento.
"Nós sabemos quem você é. Você é uma repórter, temos sua foto. Você foi avisada muitas vezes que não poderia vir aqui", disse o policial, segundo relato de Claudia Trevisan, para em seguida agregar que ela seria presa.
Algemas. O processo de prisão teve uma sequência não usual nos EUA. Os argumentos de Claudia não foram considerados pelo policial. Na calçada, ele a algemou com as mãos nas costas e a prendeu dentro do carro policial sem a prévia leitura dos seus direitos. Ela foi mantida ali por uma hora, até que um funcionário do gabinete do reitor da Escola de Direito o autorizou a conduzi-la à delegacia da universidade, em outro carro, apropriado para o transporte de criminosos.
Na delegacia, Claudia foi revistada e somente teve garantido seu direito a um telefonema depois de quase quatro horas de prisão, às 21h20. O chefe de polícia, Ronnell A. Higgins, registrou a acusação de "transgressão criminosa". Ela deverá se apresentar no próximo dia 4 diante de um juiz de New Haven.
Estado manifestou hoje sua indignação à Escola de Direito da Universidade Yale pela prisão arbitrária de sua correspondente em Washington. Solicitou também respostas a cinco perguntas pontuais sobre o episódio e seu acesso às imagens de câmeras de segurança do prédio de Woolsey Hall, para comprovar o fato de Claudia ter obedecido as instruções do policial. A resposta dessa instituição está sendo aguardada.

Confira as perguntas cujas respostas são aguardadas pelo 'Estado':
Em virtude dos infelizes fatos ocorridos, O Estado de S. Paulo gostaria de obter, nesta sexta-feira, de preferência, alguns esclarecimentos da Escola de Direito da Universidade Yale:
1. Quais foram - especificamente - as instruções recebidas pelo policial DeJesus antes do evento, com relação ao tratamento dado ao jornalistas?
2. Por que a jornalista Cláudia Trevisan foi presa por 'invasão de propriedade privada' se ela não estava no interior de um prédio privado naquele momento, não resistiu às instruções dadas pelo policial DeJesus e não foi agressiva?
3. Qual é o nome do oficial que deu ao policial DeJesus a permissão para conduzir a jornalista Cláudia Trevisan ao distrito policial e processá-la? Por que ele fez isso?
4. O ministro Joaquim Barbosa deu alguma instrução à faculdade de Direito ou para pessoas da organização do evento de como tratar a imprensa?
5. O mesmo procedimento foi usado antes pela Faculdade de Direito em outros episódios parecidos.

Estado gostaria de ter acesso à cópia do vídeo feito pelas câmeras de segurança, capturadas equipamentos instalados no ambiente interno e externo do prédio, com imagens dos movimentos da jornalista.

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Correspondente brasileira é detida nos Estados Unidos
Jornalista Cláudia Trevisan foi algemada enquanto esperava pelo presidente do STF
DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo. 27/09/2013
A jornalista brasileira Cláudia Trevisan, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Washington, foi presa anteontem nos Estados Unidos enquanto esperava pelo fim de uma palestra do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na Universidade Yale, na cidade de New Haven.
Trevisan ficou detida por algumas horas e foi liberada no mesmo dia. Ela foi autuada por "transgressão criminosa". O Itamaraty foi acionado pela Embaixada em Washington e pelo consulado em Hartford. Segundo a assessoria do órgão, a jornalista receberá assistência jurídica. O "Estado" manifestou indignação à Universidade Yale.
Segundo o "Estado", Trevisan não invadiu nenhuma parte da universidade. Ela teria avisado a assessora de imprensa da Escola de Direito da instituição, além do próprio Joaquim Barbosa, que o aguardaria do lado de fora do prédio para entrevistá-lo.

A reportagem da Folha, que também estava na universidade para falar com Barbosa, se identificou e foi alertada de que a conferência seria fechada e de que a mídia não poderia entrar. A reportagem foi escoltada por um policial até a rua e recebeu o aviso de que seria presa caso tentasse entrar no prédio. Ficou esperando na porta.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Maquiavel: teje preso (ok, nao foi assim, mas quase...) - The Telegraph

Seria assim, se tivesse sido no Brasil. Por sorte de Maquiavel não foi; acho que ele não sobreviviria a uma cadeia brasileira, que segundo o ministro da Justiça (justiça?) são medievais.
O Maquiavel teve sorte de já viver no Renascimento (embora isso não tivesse a mínima importância) e de estar na Toscana, onde parece que ainda não existia o Primeiro Comando da Capital, só ratos, pulgas e percevejos.
Embora ele tenha sido torturado, parece que não arrancaram suas unhas, tanto é que terminou de escrever O Príncipe.
Tive a oportunidade de ajudá-lo a reescrever essa obra (vejam no meu site), adaptando aos nossos tempos, muito mais bárbaros (pelo menos politicamente) do que os dele.
Em todo caso, divirtam-se...
Paulo Roberto de Almeida

Briton finds 500-year-old arrest warrant for Machiavelli

A British academic has stumbled upon a 500-year-old "most wanted" notice for the arrest of Niccolo Machiavelli, the infamous Renaissance political operator who wrote The Prince.

Briton finds 500-year-old arrest warrant for Machiavelli
Drawing of the trumpet used by the town crier, left, was found together with the proclamation calling for the arrest of Machiavelli Photo: University of Manchester
Prof Stephen Milner from Manchester University discovered the historic document by accident while researching town criers and the proclamations they read out in archives in Florence.
The 1513 proclamation, which called for the arrest of Machiavelli, eventually led to his downfall and death.
"When I saw it I knew exactly what it was and it was pretty exciting," said Prof Milner.
"When you realise this document marked the fall from grace of one the world's most influential political writers, it's quite a feeling.
"The Prince is a seminal work, with a lasting influence on political thought and culture. The term 'Machiavellian' and the naming of the Devil as 'Old Nick' all derive from this single work, but the circumstances of its composition have often been overlooked."
When the Medici family returned to power in Florence in 1512, Machiavelli was removed from his post in the city's chancery because of his association with the head of a rival faction.
His name was then linked with a conspiracy to overthrow the Medici. They issued the proclamation found by Prof Milner for his arrest.
"On the same day, he was imprisoned, tortured and later released and placed under house arrest outside the city," said the historian, an authority on Renaissance Italy.
Machiavelli, known as the Prince of Darkness, then wrote The Prince in the hope of regaining the approval of the Medicis.
"But there's no evidence to suggest they even read it," said Prof Milner, who is Visiting Professor at the Harvard Centre for Italian Renaissance Studies at Villa I Tatti in Florence.
Machiavelli's fortunes spiralled downwards and he died in abject poverty 14 years later.
The academic found the document while studying hundreds of town crier proclamations issued between 1470 and 1530.
He also found documents relating to the payment of four horsemen who scoured the streets of the Tuscan city for Machiavelli.
Florence is this year celebrating the 500th anniversary of Machiavelli's writing of The Prince, a political treatise which argues that the pursuit of power can justify the use of immoral means.
The celebrations include, on February 19, a reconstruction of the events surrounding his arrest and imprisonment.